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Influência do desempenho cognitivo na resposta às orientações de educação sobre a dor em pacientes com disfunção temporomandibular dolorosa crônica

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

Pacientes com disfunção temporomandibular (DTM) dolorosa podem apresentar alterações de desempenho cognitivo dificultando a compreensão e adesão às estratégias de automanejo oferecidas em intervenções de educação sobre dor. O objetivo deste estudo foi analisar a resposta às orientações de automanejo em pacientes com DTM dolorosa crônica em função do desempenho cognitivo.

MÉTODOS:

Amostra de 45 pacientes, com idade média de 35,5 anos, com DTM dolorosa crônica segundo o Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (DC/TMD). O desempenho cognitivo foi avaliado por meio do teste Montreal Cognitive Assessment (MoCA). Foi também aplicado o Brazilian Portuguese Central Sensitization Inventory (CSI-BP) para mensuração da sensibilização central e a escala numérica para avaliar a percepção de intensidade dolorosa. A intervenção consistiu em orientações de autocuidado para o manejo da dor com métodos caseiros, por meio de um vídeo e de um tutorial impresso. Após um intervalo de 15 dias, foi feita nova avaliação para verificar se as orientações de automanejo promoveram mudanças relacionadas à dor na amostra estudada e se houve diferenças entre os participantes com desempenho cognitivo adequado e alterado (grupos obtidos após a aplicação do teste).

RESULTADOS:

A média do MoCA para a amostra foi de 23,3 ± 2,5 (desempenho cognitivo abaixo do esperado). Foi encontrada forte correlação inversa entre os escores do desempenho cognitivo e da intensidade de dor, indicando a tendência de haver menor desempenho cognitivo ao passo que há maior intensidade de dor (r=-0,77 e p=0,03). Não houve correlação entre o desempenho cognitivo e a sensibilização central (p>0,05). O grupo com melhor desempenho cognitivo apresentou melhor resposta às estratégias de educação sobre a dor.

CONCLUSÃO:

Há uma tendência de pior desempenho cognitivo de acordo com o aumento na percepção de intensidade dolorosa. Além disso, o baixo desempenho cognitivo parece prejudicar o aproveitamento e eficácia da intervenção baseada em educação sobre a dor para pacientes com DTM dolorosa, a qual é considerada importante estratégia para seu manejo.

Descritores:
Cognição; Disfunção temporomandibular; Dor crônica

DESTAQUES

A intensidade de dor tem associação inversa com o desempenho cognitivo em pacientes com disfunção temporomandibular dolorosa.

O desempenho cognitivo parece interferir no aproveitamento e eficácia da intervenção baseada em educação sobre a dor para pacientes com disfunção temporomandibular dolorosa.

Pacientes com disfunção temporomandibular dolorosa tendem a apresentar desempenho cognitivo abaixo do esperado.

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