RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:
Na atuação profissional do professor, há elevado nível de estresse, ansiedade e incidência de dor. Com o advento do COVID-19 e a emergência do ensino remoto, é possível que este cenário tenha sido agravado. O objetivo deste estudo foi avaliar quadros de dor crônica, sensibilização central e catastrofização da dor em professores da rede básica durante o ensino remoto ofertado devido à pandemia.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo observacional analítico do tipo transversal. Participaram 200 professores de diferentes regiões do Brasil que responderam, através de um formulário online, perguntas sobre aspectos sociodemográficos e suas condições de trabalho, além de serem avaliadas a intensidade de dor por meio da escala analógica visual de dor, o estado de sensibilização central por meio do Questionário de Sensibilização Central (CSI) e a catastrofização da dor por meio da Escala de Pensamento Catastrófico sobre a Dor.
RESULTADOS:
A maioria dos professores eram do sexo feminino, brancos, da região sudeste, com especialização lato sensu, apresentavam renda de 2 a 2,5 salários-mínimos e jornada de trabalho de 21 a 40 horas semanais. A maioria dos professores relatou intensidade de dor igual a oito e a região do corpo mais afetada foi a coluna lombar. Observou-se que professores com baixo salário, ambiente desconfortável e maior jornada dedicada ao ensino remoto apresentaram maior tendência à sensibilização central e à catastrofização da dor. Professores com mobiliário desconfortável relataram aumento da dor, em especial, na coluna lombar e no pescoço. Apresentaram também maiores níveis de sensibilização central à dor, inversamente proporcional à sua renda salarial e, de maneira somatória, professores com maior sensação de desconforto catastrofizaram mais o que reflete os prejuízos físicos e emocionais que a dor pode causar.
CONCLUSÃO:
O ensino remoto durante a pandemia do COVID-19 impactou alterações físicas e emocionais nos professores da rede básica de ensino. Os profissionais perceberam que seu mobiliário não era o mais adequado para a alta permanência de tempo que tiveram de trabalhar em atividades acadêmicas pelo computador (em geral, acima de 40 horas semanais), relataram aumento da dor, em especial na coluna lombar e no pescoço, apresentaram maiores níveis de sensibilização central à dor, que foi influenciado por baixa renda salarial e, de maneira somatória, professores com maior sensação de desconforto catastrofizaram mais, o que reflete os prejuízos físicos e emocionais que a dor pode causar. Todos estes acometimentos tendem a reduzir a qualidade de vida do professor e, consequentemente, afetar o processo de ensino e aprendizagem.
Descritores:
Catastrofização; COVID-19; Dor crônica; Pandemias; Professores escolares; Sensibilização do sistema nervoso central
DESTAQUES
A dor lombar foi apontada pelos professores como a mais frequente durante o ensino remoto.
Tempo superior a oito horas em frente ao computador influencia a sensibilidade à dor.
A maior renda salarial está associada a menor sensibilização da dor