RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS A dor neuropática e a espasticidade são complicações frequentes em pacientes com trauma raquimedular (TRM). Embora compartilhem diversas características, não há dados suficientes na literatura que sustentem sua correlação em pacientes com TRM. Este estudo teve como objetivo caracterizar a dor neuropática em pacientes com TRM e investigar sua correlação com a espasticidade.
MÉTODOS Estudo transversal realizado com 20 pacientes com TRM, atendidos em uma unidade de reabilitação em Belo Horizonte. Foram coletados dados clínicos e demográficos, além de um questionário semiestruturado para caracterizar a dor. A intensidade da dor foi medida pela Escala Visual Numérica (EVN), enquanto a frequência e a gravidade dos espasmos foram avaliadas pela Escala de Penn. Análises estatísticas incluíram os testes de Kolmogorov-Smirnov, correlação de Spearman e Qui-quadrado (p ≤ 0,05).
RESULTADOS Dos pacientes, 90% eram do sexo masculino, e 79% apresentavam paraplegia. A dor neuropática foi observada em 50% dos casos, com escore médio de 7,2 ± 2,2, afetando principalmente a região lombar e descrita como queimação pela maioria (70%). Espasmos foram relatados por 85%, com 55% apresentando espasmos moderados a graves com frequência. Não foi encontrada correlação significativa entre a intensidade da dor e a frequência (r = 0,191; p = 0,43) ou gravidade (r = -0,239; p = 0,32) dos espasmos. Além disso, não foi encontrada associação entre a presença de dor e a ocorrência de espasmos (p = 0,86).
CONCLUSÃO A dor neuropática e a espasticidade são problemas comuns após TRM, porém neste estudo, não houve correlação significativa entre elas.
Descritores:
Dor; Dor crônica; Espasticidade muscular; Traumatismo da medula espinhal
DESTAQUES
A dor neuropática foi frequente em pacientes com trauma raquimedular, geralmente intensa e localizada na região lombar
A espasticidade foi comum, muitas vezes acompanhada de espasmos moderados a graves
Não houve relação significativa entre a intensidade da dor e os espasmos