Open-access A percebida superioridade das visões de mundo ocidentais na formação em terapia ocupacional: as experiências de terapeutas ocupacionais indígenas

Resumo

Introdução  Em resposta à Ação da Verdade e Reconciliação, cada vez mais estudantes indígenas estão sendo recrutados para programas de terapia ocupacional. No entanto, a profissão depende quase exclusivamente das visões de mundo ocidentais e não considera suficientemente o valor de múltiplas formas de saber e fazer. Como os estudantes indígenas se saem nesses sistemas educacionais ocidentais é amplamente inexplorado e não documentado.

Objetivo  Este trabalho integra um estudo maior que explora as experiências de terapeutas ocupacionais indígenas no Canadá. Explora-se aqui as experiências educacionais retrospectivas de terapeutas ocupacionais indígenas.

Métodos  Estudo colaborativo, envolvendo terapeutas ocupacionais indígenas canadenses, utilizando métodos de pesquisa tanto indígenas quanto ocidentais. A Fase 1 utilizou sessões individuais de narração de histórias (n=13) para ouvir as experiências cotidianas dos participantes. A Fase 2 consistiu em um círculo de compartilhamento presencial (n=8) para construir relações e comunidade e para refinar os dados da Fase 1.

Resultados  Os terapeutas ocupacionais indígenas experimentaram isolamento imposto, falta de apoio, exclusão, desvalorização do mérito e habilidade e "visões de mundo fragmentadas" em seus programas. Essas experiências são sustentadas pelo imperialismo cultural perpetuado pela profissão.

Conclusão  Para realmente cumprir nosso compromisso com a reconciliação, a profissão deve ir além da inclusão indígena nos programas, em direção à Indigenização decolonial, que exige a renúncia ao privilégio colonial e às ideologias em direção a algo dinâmico e novo. Considerar profundamente o valor e a necessidade de múltiplas perspectivas (Etuaptmumk) e se apoiar na experiência e conhecimento de estudantes, terapeutas ocupacionais, pesquisadores e educadores indígenas para esse trabalho é urgentemente necessário.

Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Saúde Indígena; Educação Superior; Colonialismo; Cultura Indígena; Formação

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