Resumo
Introdução
Estudos feministas contribuíram para o entendimento dos papéis de gênero atribuídos à mulher e ao homem enquanto processos socialmente construídos e não biologicamente determinados. No trabalho em saúde no Brasil, marcado pela predominância numérica de mulheres, a divisão sexual do trabalho é influenciada pela naturalização do cuidado como atributo feminino. Na terapia ocupacional, segundo o Conselho Regional da categoria, apenas 3,7% dos profissionais do Estado de São Paulo são homens, o que confere singularidade às relações entre gêneros na profissão.
Objetivo
Busca-se identificar e analisar experiências e percepções relacionadas ao gênero entre terapeutas ocupacionais autodeclarados homens.
Método
Estudo qualitativo de tipo exploratório, realizado por meio de entrevistas em profundidade com cinco terapeutas ocupacionais no município de São Paulo, SP, Brasil, posteriormente analisadas por meio de análise temática.
Resultados
Os entrevistados identificaram experiências que consideram ser privilégios de gênero não dissimulados, principalmente no que tange ao acesso ao emprego e à valorização profissional. Percebem que, no ambiente profissional, atuam estereótipos ligados ao padrão de comportamento atribuído ao gênero masculino, associando-o à força, autoridade e poder. Em se tratando de relações de cuidado com usuários, alguns participantes não percebem a presença de normas de gênero, o que parece convergente com a invisibilidade social desses processos.
Conclusão
Questões de gênero estão presentes nas vivências profissionais dos entrevistados, os quais, de modo geral, percebem-nas sob uma perspectiva crítica. Mostra-se relevante para a terapia ocupacional brasileira que novos estudos adensem reflexões e abordem distintas faces das relações de gênero na prática profissional.
Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Ocupações em Saúde; Divisão de Trabalho Baseada no Gênero