Resumo
Objetivo Mapear e caracterizar o estado da arte das produções científicas sobre a prática de terapia ocupacional em saúde e trabalho.
Método Revisão de escopo norteada pelas diretrizes do Joanna Briggs Institute e apresentada a partir do guideline PRISMA ScR. O protocolo de revisão foi registrado na plataforma OSF. A busca por artigos foi realizada em cinco bases de dados eletrônicas: BVS, PubMed, Scielo, CINAHL e Scopus, compreendendo o período de janeiro de 2014 a março de 2024.
Resultados A amostra final foi composta de 22 artigos. O país com maior número de publicações foi o Canadá (7), a língua predominante adotada para redação dos manuscritos foi a inglesa (16) e foram publicados majoritariamente no ano de 2015. Sobre as práticas, abrangem, em sua maioria, ações individuais, grupais, no ambiente laboral, e podem ser realizadas em diferentes contextos, como hospitais, serviços especializados, clínicas públicas e particulares e no ambiente de trabalho.
Conclusão Ainda existe um desafio no que tange à contribuição e constituição identitária de terapeutas ocupacionais que atuam na interface entre saúde e trabalho. Além disso, faz-se de suma importância a compreensão do que se configura como modelo, base teórico-metodológica e meta de intervenção para que não se confundam ou se sobreponham à caracterização das práticas de fato realizadas.
Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Saúde; Trabalho; Prática Profissional
Abstract
Objective To map and characterize the state of the art of scientific productions on the practice of occupational therapy in health and work.
Method Scope review guided by the guidelines of the Joanna Briggs Institute and presented according to the PRISMA ScR guideline. The review protocol was registered on the OSF platform. The search for articles was conducted in five electronic databases: BVS, PubMed, Scielo, CINAHL, and Scopus, covering the period from January 2014 to March 2024.
Results The final sample consisted of 22 articles. The country with the highest number of publications was Canada (7), the predominant language used for manuscript writing was English (16), and most publications occurred in 2015. Regarding the practices, they mostly involve individual and group actions in the workplace and can be carried out in different contexts, such as hospitals, specialized services, public and private clinics, and the work environment.
Conclusion There is still a challenge regarding the contribution and identity constitution of occupational therapists working at the interface between health and work. Additionally, understanding what constitutes a model, theoretical-methodological basis, and intervention goal is crucial to avoid confusion or overlapping with the characterization of the actual practices performed.
Keywords:
Occupational Therapy; Health; Work; Professional Practice
Introdução
A interface entre terapia ocupacional e o mundo do trabalho possui raízes históricas significativas no Brasil, intrinsecamente ligadas à própria construção da profissão. No país, na década de 1950, a terapia ocupacional se inseriu, primordialmente, no âmbito da reabilitação física, com o objetivo de restaurar funções motoras e biomecânicas em indivíduos com incapacidades. Em um cenário de intensa industrialização e exploração da força de trabalho, as primeiras intervenções terapêuticas ocupacionais junto aos trabalhadores, especialmente os operários acidentados, visavam à recuperação de estruturas e funções do corpo para promover o retorno à atividade profissional (Malfitano & Ferreira, 2011; Rodrigues et al., 2020; Lancman & Barros, 2022; Rodrigues & Souza, 2023).
No entanto, marcos importantes, como a aprovação da Lei nº 3.724, em 1919, que tratava de indenizações por acidentes de trabalho, e a Lei Eloy Chaves, em 1923, que marcou o início da Previdência Social no Brasil, já sinalizavam para a crescente preocupação com as questões que inter-relacionavam o trabalho à saúde. A democratização da saúde propiciada pela criação do Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Lei nº 8.080/90, representou condição sine qua non para favorecer a ampliação da atuação da terapia ocupacional no âmbito das políticas públicas brasileiras (Malfitano & Ferreira, 2011; Oliver et al., 2018; Rodrigues et al., 2020; Lancman & Barros, 2022).
A Saúde do Trabalhador passou a ser constitucionalmente incorporada, favorecendo maior aproximação da terapia ocupacional com disciplinas como a Saúde Coletiva, Ergonomia, Psicologia Social e do Trabalho e Psicodinâmica do Trabalho. Neste contexto, a criação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast), em 2002, por meio da Portaria nº 1.679, visou estruturar a atenção à saúde do trabalhador no SUS (Brasil, 2009), fortalecendo os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) e propondo o desenvolvimento de ações a partir da atenção básica. Já a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), instituída pela Portaria nº 1.823, de 2012, preconizou os pressupostos de atuação na área, com ênfase na vigilância, na promoção e proteção da saúde dos trabalhadores (Brasil, 2012, 2022; Rodrigues et al., 2020; Lancman & Barros, 2022; Rodrigues, 2023; Rodrigues & Souza, 2023).
No que se refere especificamente à terapia ocupacional, a Resolução nº 459, de 2015, do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), dispõe sobre as competências desse profissional na saúde do trabalhador, atuando em programas de estratégias inclusivas, de prevenção, proteção e recuperação da saúde (Brasil, 2015).
Soma-se a isso a contribuição recente de um conjunto de autores e pesquisadores contemporâneos que destacam que toda e qualquer atuação profissional situada no campo do trabalho remete a uma compreensão mais ampla e interdisciplinar, fundamentada no conceito de “campo de atuação”, proposto por Campos (2000). Nessa perspectiva, quase todos os campos científicos ou de práticas podem ser considerados como espaços interdisciplinares e multiprofissionais. O campo se configura, assim, como uma área de fronteiras fluidas, na qual cada disciplina e profissão recorre a outras para subsidiar o cumprimento de suas funções teóricas e práticas (Campos, 2000; Silva et al., 2016; Rodrigues et al., 2020; Lancman & Barros, 2022; Rodrigues, 2023; Rodrigues & Souza, 2023).
Neste contexto, a terapia ocupacional, ao atuar no “campo do trabalho”, considera as questões postas pelo mundo do trabalho contemporâneo, suas problemáticas tradicionais e emergentes, e busca construir saberes e fomentar práticas que dialoguem com a complexidade dessa realidade (Silva et al., 2016; Rodrigues et al., 2020; Lancman & Barros, 2022; Rodrigues, 2023; Rodrigues & Souza, 2023).
Sendo assim, a “atuação no campo do trabalho” pode envolver a saúde do trabalhador, mas também abrange outras dimensões como os aspectos legais, trabalhistas e previdenciários, a reabilitação profissional em diferentes contextos (não apenas nos serviços públicos de saúde), a inclusão de populações vulneráveis e marginalizadas no mercado de trabalho, o impacto das políticas econômicas e sociais sobre a vida dos trabalhadores, entre outros (Lancman et al., 2020; Rodrigues, 2023; Rodrigues & Souza, 2023).
Compreende-se, portanto, que a terapia ocupacional enquanto profissão que busca promover a saúde, bem-estar e participação social, por meio do envolvimento em ocupações (American Occupational Therapy Association, 2015), quando se aproxima do campo do trabalho, almeja o desenvolvimento de ações que previnam o adoecimento relacionado ao trabalho, promovam o retorno e a sustentabilidade na situação laboral, assim como a inclusão de pessoas com deficiência no trabalho, reabilitação profissional, entre outras ações (Silva et al., 2016).
Mesmo atualmente localizada no bojo das práticas que acontecem na interface com o campo do trabalho, historicamente, compreende-se que houve uma evolução na compreensão e na prática da terapia ocupacional em saúde do trabalhador especificamente, desde uma abordagem inicial focada na reabilitação física individual para o retorno ao trabalho, até uma perspectiva mais ampla que considera o trabalho como determinante social de saúde, articulando ações de prevenção, promoção, vigilância e assistência em saúde do trabalhador, em diálogo com diferentes saberes e setores (Silva et al., 2016; Rodrigues et al., 2020; Lancman & Barros, 2022; Rodrigues, 2023; Rodrigues & Souza, 2023).
Diante do cenário assinalado, torna-se relevante conhecer como as práticas profissionais dos terapeutas ocupacionais que atuam na interface entre os campos da saúde e do trabalho têm acontecido na atualidade. Para tanto, foi realizada uma revisão de escopo, de modo a responder à seguinte questão norteadora: qual é o estado da arte das produções científicas nacionais e internacionais sobre a prática da terapia ocupacional em saúde e trabalho nos últimos 10 anos? Almeja-se conhecer/reconhecer como os profissionais estão construindo e aprimorando cotidianamente sua prática profissional e de que modo estão contribuindo para o fortalecimento da área, do ensino, da pesquisa e da própria manutenção dos serviços onde estão inscritas estas práticas.
Metodologia
A revisão de escopo foi realizada de acordo com as diretrizes do Joanna Briggs Institute e em consonância com o guideline PRISMA-ScR (Tricco et al., 2018). Foi registrada na plataforma OSF (Center for Open Science, 2024).
Critérios de elegibilidade
Os critérios de elegibilidade usados no processo de seleção dos artigos foram definidos de acordo com a estratégia PCC – População, Conceito e Contexto: 1) População: terapeutas ocupacionais; 2) Conceito: ações de terapia ocupacional em saúde e trabalho; 3) Contexto: serviços de saúde.
Foram incluídos estudos de natureza quantitativa, qualitativa e de métodos mistos; ensaios clínicos randomizados e não randomizados; estudos de coorte; caso-controle; estudo de caso; pesquisa-ação; estudos com desenhos metodológicos etnográficos e fenomenológicos. Foram considerados textos publicados em inglês, português, espanhol e francês. Os critérios de exclusão adotados foram: artigos que não especificassem, detalhadamente, as práticas de terapia ocupacional e abordassem somente para o resultado da ação desenvolvida; estudos de revisão e resumos de congressos; editorias; textos de opinião; protocolos de estudos e comentários.
Fontes de informação
A busca por artigos foi realizada usando 5 bases de dados eletrônicas: BVS, PubMed, Scielo, CINAHL e Scopus, em 22 de março de 2024.
Estratégia de busca
A estratégia de busca foi montada por uma das revisoras, em parceria com uma bibliotecária da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, utilizando os termos do DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) em combinação com os operadores booleanos AND e OR. A estratégia de busca detalhada utilizada na base de dados PubMed foi apresentada na Tabela 1, a seguir:
Seleção de fontes de evidência
Os artigos encontrados foram exportados para o software Zotero, a fim de eliminar as duplicatas e depois para o software Rayyan, para realizar a triagem necessária para a respectiva seleção. Assim, foram realizadas duas etapas de seleção: 1) dos títulos e resumos; 2) dos textos na íntegra. A primeira e a segunda seleção foram realizadas por duplas de pesquisadoras. Em ambas, os casos de conflito foram resolvidos por terceira e quarta revisoras. Ao final, um dos artigos foi excluído mediante discussão conjunta de três pesquisadoras. Todo esse processo, bem como os resultados da busca e inclusão dos artigos, foi esquematizado e apresentado nos resultados, no fluxograma PRISMA ScR.
Obtenção de dados
A extração de dados dos artigos selecionados após a triagem foi realizada por duas revisoras independentes, por meio de uma ferramenta desenvolvida pelos autores, a partir das diretrizes do JBI (Aromataris et al., 2014). Os dados extraídos contemplaram detalhes específicos sobre a população, conceito, contexto e principais achados, respondendo à pergunta de revisão. Ressalta-se que, durante o processo de extração de dados, mais um artigo foi excluído mediante discussão das autoras, por não corresponder aos critérios de inclusão.
Dados
As variáveis que foram buscadas em cada artigo incluído na revisão foram separadas em dois quadros para melhor compreensão do leitor. No primeiro quadro, constam os seguintes dados: título, autor, ano, país, periódico, língua, metodologia e objetivo. Já no segundo quadro, encontram-se os dados mais específicos para a prática de terapia ocupacional, sendo eles: população, contexto, queixa inicial, ações, stakeholders, tempo de duração da intervenção, barreiras/desafios e resultados esperados.
Síntese de resultados
Além da criação do quadro síntese, a partir das principais características e achados dos artigos, os estudos foram narrados, descritos e discutidos, à luz de referências contemporâneas do campo.
Resultados
Seleção de estudos
A busca na literatura resultou em 3140 artigos elegíveis para seleção; 567 foram excluídos em razão de duplicidade. Após triagem, 2521 artigos foram excluídos por não responderem aos critérios de elegibilidade do estudo. Ficaram 52 para leitura do texto na íntegra, dos quais foram eliminadas 30: 10 artigos por não estarem disponíveis na íntegra gratuitamente via VPN da instituição acadêmica de filiação das autoras e 20 por não responderem aos critérios de elegibilidade. Logo, foram incluídos na presente revisão 22 artigos. A Figura 1, a seguir, ilustra o fluxograma PRISMA ScR.
Características dos estudos
Quanto às características dos artigos, foram publicados nos seguintes países, por ordem decrescente de publicações: Canadá, 7; Brasil, 5; Austrália, 2; Estados Unidos, 2; Japão, 1; Bélgica, 1; África do Sul, 1; Zimbabwe, 1; Dinamarca, 1, e Suíça, 1. A língua predominante na qual os estudos foram escritos foi a língua inglesa: 16 estudos dos 22 estudos foram apresentados em inglês. Quanto aos demais, 5 foram escritos em português e um em francês.
Os autores se utilizam de diferentes metodologias; nota-se que há predominância de estudos de abordagem qualitativas, exploratórias e descritivas, assim como relatos de experiência e estudos de caso. Ademais, os artigos foram publicados majoritariamente em 2015, 2018, 2021, 2022 e 2023 e, por fim, com um estudo em 2017. Todas essas informações estão resumidas no Tabela 2.
Sobre as práticas dos terapeutas ocupacionais, nota-se que as demandas das populações atendidas se organizam em torno de 2 grupos predominantes, sendo aqueles que possuem problemáticas relacionadas à saúde mental (9/22 - 40,9%) (Choudhary et al., 2015; Christensen et al., 2021; Tanaka et al., 2023; Rennhack et al., 2021; Lecours & Groleau, 2022; Ferro et al., 2015; Edgelow et al., 2023; Torchalla & Killoran, 2022; Moll et al., 2018), e à saúde física (10/22 - 45,4%) (Christensen et al., 2021; Baracho de Alencar, 2015; Scott & Bondoc, 2018; Buchanan & van Niekerk, 2022; Hoosain et al., 2022; Coutu et al., 2015; Mavindidze et al., 2021; Sundar & Brucker, 2021; Désiron et al., 2015). Ambas as populações, destacadas por demandas de saúde mental e física, estão representadas de maneira equilibrada na amostra. O recorte de gênero e a faixa etária não foram especificados, apesar do conjunto das publicações sugerir abordagem junto à população economicamente ativa.
No que tange à saúde mental, alguns dos estudos ressaltam transtornos específicos, como os de humor, de ansiedade e transtornos psicóticos (Moll et al., 2018), assim como transtorno do estresse pós-traumático decorrente de diversos eventos traumáticos ao longo da carreira (Torchalla & Killoran, 2022).
Quanto à saúde física, foram apontados diferentes fatores, como dor ao realizar tarefas, ritmo de trabalho acelerado, com poucas pausas e alta exigência física (Baracho de Alencar, 2015); risco de desenvolvimento de distúrbios dos membros superiores por atividade laboral (Hoosain et al., 2022); limitações para o desempenho de atividades no ambiente de trabalho, por condição de saúde e deficiência (Sundar & Brucker, 2021); e câncer de mama que levou ao afastamento do trabalho (Désiron et al., 2015).
Além do recorte populacional, as principais queixas destacadas pelas populações atendidas foram: a dificuldade nos relacionamentos interpessoais (Alfaia dos Santos et al., 2015); inserção no mercado de trabalho (Choudhary et al., 2015; Rennhack et al., 2021; Ferro et al., 2015); transição para a aposentadoria (Eagers et al., 2022) e falta de conhecimento sobre saúde no local de trabalho de alunos em um curso de cabeleireiro (Lecours & Therriault, 2017).
Dentre os contextos onde as práticas são realizadas, destacaram-se: ambientes hospitalares, no nível terciários, hospitais dia e departamento de psiquiatria (7/22 - 31,8%)2,5,6,7,8,19,22; clínicas privadas e públicas (5/22 - 22,7%)8,10,11,16,19; atendimento ambulatorial (3/22 - 13.6%)2,7,10; serviço de geração de renda, associações ou iniciativas (3/22 - 13,6%)2,12,13; atendimento no local de trabalho ou domiciliar (3/22 - 13,6%)7,9,15; específicos da saúde e trabalho (3/22 - 13,6%)3,4,21, e contextos não específicos (2/22 - 9,1%)16,14. Nota-se também que alguns estudos apresentaram mais de um serviço, nos quais as ações não eram específicas para apenas um local de trabalho1,7,8.
O tempo de duração da prática variou em cada uma das situações compartilhadas, de forma que alguns especificaram o tempo de cada intervenção e a quantidade de sessões realizadas, enquanto outros estudos somente citaram com qual frequência ocorriam as práticas e a quantidade final de encontros até a alta do usuário. Assim, o mínimo de encontros foi uma sessão e o usuário já estava apto para o retorno ao trabalho (Christensen et al., 2021); já o máximo foi de 172 atendimentos individuais (Baracho de Alencar, 2015). Para o tempo de duração de uma sessão, o menor foi de 30 minutos (Alfaia dos Santos et al., 2015; Hoosain et al., 2022; Sundar & Brucker, 2021), enquanto o maior foi de 1 dia inteiro (Tanaka et al., 2023).
Dentre os stakeholders (pessoas envolvidas), destacam-se terapeutas ocupacionais, usuários e seus familiares, os empregadores e profissionais da saúde mental (psicólogo e psiquiatra)1,2,3,4,5,6,7,8,10,11,13,14,15,16,18,19,20,21,22. Alguns estudos mencionam planos de saúde/ seguradoras e outros possíveis profissionais que compõem uma equipe multidisciplinar, como nutricionista, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta e médico - muitos dos textos não especificaram a quais profissionais da equipe multiprofissional eles se referiam, apenas colocavam equipe de reabilitação, por exemplo3,10,11,13,19,20,22. Também trouxeram como parte do time profissional chefia de setores, auxiliar administrativo, e outros serviços da rede, assim como o professor1,21.
Entre as barreiras destacadas nos estudos com relação à atuação neste campo, foram referidas a falta de investimento financeiro (Eagers et al., 2022; Désiron et al., 2015), de espaço e de materiais (Mavindidze et al., 2021); a dinâmica difícil com o seguro e com serviços de reembolso e a pouca influência sobre o ambiente de trabalho e os valores de produção (Scott & Bondoc, 2018; Rennhack et al., 2021; Lecours & Groleau, 2022).
Além disso, os estudos apontaram que há uma falta de clareza quanto às práticas dos profissionais da terapia ocupacional, tanto por parte dos próprios terapeutas ocupacionais quanto por parte da equipe (Morato & Lussi, 2015; Eagers et al., 2022; Désiron et al., 2015). Essa barreira perpassa por fatores como falta de diretrizes e modelos de avaliação de prontidão para retorno ao mercado (Choudhary et al., 2015), a dificuldade na hora de evoluir prontuário (Hoosain et al., 2022), bem como a inexperiência dos terapeutas (Edgelow et al., 2023).
Há também uma inflexibilidade do próprio usuário, como faltas (Baracho de Alencar, 2015), resistência de retornar ao mercado de trabalho e a consequente perda de benefícios (Choudhary et al., 2015), dificuldade de manejar horas de trabalho e reabilitação (Hoosain et al., 2022; Edgelow et al., 2023). Além disso, o profissional encontra dificuldades em acessar o empregador, existe uma falta de apoio do mesmo, e uma resistência no trabalho em equipe, acarretando ausência de um cuidado integrado (Edgelow et al., 2023; Désiron et al., 2015; Moll et al., 2018). Alguns estudos citaram barreiras específicas decorrentes da população atendida, como complexidade das lesões nos casos de impedimentos de ordem física (Buchanan & van Niekerk, 2022).
Dentre os resultados esperados das intervenções, destacaram-se o retorno ao ambiente laboral (Scott & Bondoc, 2018) e medidas de permanência (Christensen et al., 2021; Tanaka et al., 2023; Lecours & Groleau, 2022); a melhora da dinâmica das relações interpessoais (Alfaia dos Santos et al., 2015); o favorecimento da produtividade e autoeficácia (Rennhack et al., 2021; Sundar & Brucker, 2021); a ampliação da rede de apoio e da autopercepção corporal para melhoria de vida cotidiana e manejo de dor (Baracho de Alencar, 2015); a diminuição de demissões injustas e ilegais (Buchanan & van Niekerk, 2022); e o favorecimento da relação terapeuta-paciente (Coutu et al., 2015).
Vale ressaltar que muitos dos autores não especificaram algumas das informações relevantes no âmbito deste estudo; apenas um deles (Baracho de Alencar, 2015) apresentou o conjunto de informações extraídas, de maneira completa. Os principais dados que não foram apresentados pelos estudos foram: tempo de duração das intervenções e resultados esperados; seguidos das queixas iniciais e barreiras/desafios – os demais dados foram majoritariamente apresentados.
Foi possível observar que, apesar de estarem em contextos distintos e atuando com populações com demandas diferentes, algumas das práticas dos terapeutas ocupacionais convergiram, podendo ser agrupadas de acordo com tipo de intervenção, que variaram a depender do dispositivo adotado e número de pessoas (individuais ou grupais) ou nos ambientes e contextos profissionais; ações de educação em saúde; trabalho administrativo e políticas públicas e, por fim, aquelas de caráter interdisciplinar, conforme apontado na Tabela 2.
Intervenções individuais
As intervenções individuais foram as mais citadas dentre as ações, compondo uma gama de possibilidades de práticas. A avaliação para a prontidão ao retorno ao trabalho, referenciada por dois artigos (Choudhary et al., 2015; Buchanan & van Niekerk, 2022), ressalta a importância de analisar a motivação do cliente, habilidades cognitivas e interpessoais e responsabilidade, por meio de entrevistas informais. Faz-se necessária, também, a análise da capacidade do usuário em seguir rotinas e manejo do seu autocuidado (Choudhary et al., 2015), assim como avaliar a capacidade do cliente e o quão pronto este está para o retorno ao trabalho (Buchanan & van Niekerk, 2022).
Christensen et al. (2021) apresenta como ação dos terapeutas ocupacionais a reabilitação vocacional, que tem início na avaliação das descrições individuais de como realizam as tarefas de trabalho e as ocupações relevantes, por meio da técnica de zona proximal. Instrumentos padronizados para a avaliação do indivíduo podem ser utilizados pelo terapeuta. Baracho de Alencar (2015) cita, por exemplo, o “Health Assessment Questionnaire”. Dessa forma, o plano terapêutico se desenvolve em conjunto com o usuário, com os seguintes passos: 1) Entrevista inicial; 2) Avaliação; 3) Identificação dos problemas a serem resolvidos; 4) Planejamento; 5) Execução; 6) Monitoramento; e 7) Revisão do plano (Tanaka et al., 2023). Rennhack et al. (2021) também evidencia a construção de um plano de tratamento em conjunto entre o cliente e o terapeuta.
Outro método, elucidado pelo artigo de Coutu et al. (2015), é o de decisão compartilhada, o qual se baseia em 12 passos para estimular o usuário a tomar uma decisão, sendo um dos passos avaliar com o usuário qual abordagem é mais adequada para o cuidado. Ademais, Désiron et al. (2015) utiliza a definição de metas junto ao cliente para executar uma reabilitação singular, vinculando avaliação de habilidades e trabalho.
Os profissionais podem lançar mão de práticas para o equilíbrio ocupacional (Tanaka et al., 2023; Buchanan & van Niekerk, 2022), práticas de relação interpessoal (Tanaka et al., 2023) e estruturação da rotina (Lecours & Groleau, 2022), com o intuito de otimizar o seu tempo. Baracho de Alencar (2015) e Edgelow et al. (2023) utilizaram técnicas de relaxamento corporal, toques terapêuticos e um tratamento focado no enfrentamento por meio de meditação, relaxamento e autorregulação. Foi citados também o treinamento para ativar as habilidades cognitivas, motoras, perceptuais e cognitivas (Rennhack et al., 2021; Scott & Bondoc, 2018) relacionadas às demandas de trabalho, a fim de operar ferramentas materiais (Tanaka et al., 2023).
O terapeuta ocupacional desenvolve a simulação de atividades do trabalho (Scott & Bondoc, 2018) e avalia os clientes ao realizá-la (Buchanan & van Niekerk, 2022). Pode modificar as atividades laborais (Hoosain et al., 2022), redesenhar o trabalho e propor outras práticas dentro do ambiente de trabalho (Edgelow et al., 2023). Igualmente, proporciona medidas de permanência no trabalho, como antecipar recaídas, promoção do trabalho em equipe, desarmar medos (Lecours & Groleau, 2022) e facilitar a capacidade de performance para manter os trabalhadores mais velhos no mercado de trabalho (Eagers et al., 2022). A prescrição de Tecnologia Assistiva se apresenta como uma das ações do terapeuta, na qual realiza o seu fornecimento e assistência no período de adaptação (Christensen et al., 2021; Scott & Bondoc, 2018; Buchanan & van Niekerk, 2022; Hoosain et al., 2022).
Alguns artigos citam a construção de um plano para o retorno ao trabalho (Torchalla & Killoran, 2022), e a necessidade de viabilizá-lo (Morato & Lussi, 2015; Moll et al., 2018). Edgelow et al. (2023) e Moll et al. (2018) propõem como tratamento ocupacional o fortalecimento (hardening) do trabalho cognitivo, bem como conexões como recursos comunitários, planejamento de retorno ao trabalho e a exposição avaliada.
O cuidado em saúde mental relacionado ao trabalho foi mencionado por alguns artigos, apresentando atividades de cunho terapêutico ou não (Morato & Lussi, 2015), como a realização de identificação, discriminação e confronto de gatilhos, além da visita aos locais de traumas; e a melhora da funcionalidade em áreas como o autocuidado, lazer e produtividade, fornecendo o suporte necessário para o enfrentamento de situações gatilhos no ambiente laboral (Torchalla & Killoran, 2022).
Sundar & Brucker (2021) citam o Job Crafting, um processo utilizado com a finalidade dos funcionários tomarem medidas ativas na definição e design de suas próprias experiências de trabalho de uma forma pessoal e significativa. Há a realização de um diário com escalas que incluem níveis de engajamento no trabalho e seu comportamento de modelagem (Sundar & Brucker, 2021). Por fim, a terapia ocupacional intervém no campo de transição para aposentadoria. Eagers et al. (2022) foi o único a citar práticas para esse momento, com orientações vocacionais, ajudando a pensar o timing para a aposentadoria, a reintegrar a pessoa em atividades significativas durante esse processo e no planejamento para a vida futura.
Intervenções grupais
As intervenções grupais tiveram bastante contribuição do universo lúdico. Alfaia dos Santos et al. (2015) aborda práticas grupais para integração entre trabalhadores por meio de dinâmicas de grupo reflexivas, lúdicas e recreativas; assim como técnicas de relaxamento, terapia corporal e alongamento laboral. Atividades lúdicas também foram abordadas por Tanaka et al. (2023), envolvendo culinária, esportes, competições em equipes, entre outros; e Baracho de Alencar (2015), que relata o uso de grupo temáticos, nos quais se realizaram atividades que facilitasse a expressão de expectativas, desejos e sentimentos.
Dos temas que surgiram a partir dessas atividades, foram feitas atividades expressivas, entre elas, a colagem, o desenho, filmes etc. O autor também traz a simulação de AVDs e AIVDs por meio do teatro, em que trabalha formas alternativas para realizar determinadas atividades. Há, ainda, grupos terapêuticos direcionados à avaliação, treinamento e reflexão sobre habilidades laborais, que incluem habilidades sociais, troca de visões e experiências relacionais e reintegração (Rennhack et al., 2021).
No universo da economia solidária, há forte presença de grupos. Dentro do trabalho em grupos nesse contexto, foram destacadas algumas atuações dos terapeutas ocupacionais, sendo elas: coordenar oficinas, mediar relações dentro do grupo (Ferro et al., 2015), organizar e executar o processo produtivo e, em alguns momentos, participar de feiras e eventos para comercialização (Morato & Lussi, 2015).
Ademais, o terapeuta ocupacional pode auxiliar na auto-organização do grupo, assumindo ações dirigidas e estruturais, como captação, consolidação de parcerias e negociação de funcionamento, visando incentivar a autogestão do grupo e formação de sujeitos capazes de exercer a Economia Solidária. Ainda, cabe ao terapeuta ocupacional oferecer acolhimento e contorno aos usuários, clareza quanto aos objetivos do grupo e garantir a participação de todos (Ferro et al., 2015).
Intervenções no ambiente de trabalho
Cabe aos terapeutas ocupacionais realizar ações no ambiente de trabalho ou visitas a estes locais (Désiron et al., 2015). Nas visitas, os profissionais podem avaliar os tipos de adaptações que serão necessárias para o sujeito com quem estão trabalhando (Buchanan & van Niekerk, 2022); assim como retornar ao local no qual aconteceu o trauma junto com o usuário, usando comportamentos de segurança (Torchalla & Killoran, 2022).
Quanto às ações no ambiente de trabalho, primeiro, deve ser realizada a visita nas situações de trabalho, para que seja feita uma análise do local e uma comparação entre as demandas do trabalho e as habilidades do indivíduo, com o objetivo de, assim, realizar mudanças/ adaptações (Christensen et al., 2021; Tanaka et al., 2023). Dentre as possíveis adaptações, menciona-se mudança na estação de trabalho, modificação da tarefa e tecnologia assistiva (Hoosain et al., 2022). Ademais, Lecours & Groleau (2022) abordam o estabelecimento de um ambiente organizacional favorável ao retorno ao trabalho e a transmissão de informações para os demais trabalhadores sobre o retorno do usuário, como práticas cabíveis ao profissional da terapia ocupacional.
Educação em saúde
A educação em saúde se demonstrou um elemento importante para facilitar a comunicação entre aspectos do trabalho e o usuário. Scott & Bondoc (2018) trazem esse elemento por meio de disseminação de informação sobre serviços relacionados ao trabalho que podem ser acessados, enquanto Buchanan & van Niekerk (2022) abordam a educação em saúde no sentido de conscientização do empregador quanto às necessidades de saúde do seu trabalhador, negociação com o empregador para que o cliente participe de atividades que condizem com as suas habilidades, medidas de educação ao cliente sobre sua atividade laboral, e conversas com os indivíduos sobre higiene da vida.
Já Lecours & Therriault (2017) trazem os princípios de conservação de energia, a condição de saúde, a disponibilização de possíveis recursos para o manejo em saúde e técnicas de trabalho segura.
Por fim, terapeutas ocupacionais criam projetos voltados à saúde do trabalho/ trabalhador, como afirma Lancman et al. (2021), por meio do projeto ProTost, o qual busca desenvolver ações de educação em saúde, favorecer as relações entre trabalhadores em diferentes níveis e aspectos, compreender a organização laboral e situação de trabalho e seus impactos na saúde dos trabalhadores.
Trabalho em equipe multidisciplinar
Observa-se que o trabalho em equipe multidisciplinar foi tema recorrente ao longo dos artigos (Désiron et al., 2015) – se não abordado diretamente, fica implícito quando os autores mencionam os diferentes stakeholders que estão envolvidos no processo de trabalho. A realização de grupos terapêuticos, por exemplo, com outros profissionais, pode ser uma das práticas que contemplam a contribuição dos terapeutas ocupacionais. Baracho de Alencar (2015) exemplifica essa prática por meio de um grupo temático realizado por terapeuta ocupacional e psicólogo para trabalhar questões relacionadas ao trabalho, cujos temas foram emergindo no decorrer das discussões.
Em contextos como os da Economia Solidária, entende-se que faz parte da atuação do terapeuta ocupacional participar de reuniões internas de organização das iniciativas, reuniões da rede de atenção psicossocial e até de reuniões sobre economia solidária – o que requer parceria com outros profissionais (Morato & Lussi, 2015). A terapia ocupacional ainda realiza a ponte entre o trabalho e a saúde, facilitando a colaboração entre estes (Désiron et al., 2015; Christensen et al., 2021) e, em certos casos, prevê-se o trabalho em rede (Morato & Lussi, 2015).
Administração e políticas públicas
Para além das práticas supracitadas, no campo Saúde e Trabalho, é importante que o terapeuta ocupacional tenha participação ativa em atividades administrativas e em questões de políticas públicas. Para tanto, foram elucidadas como ações: auxiliar o indivíduo no entendimento de leis trabalhistas, seus direitos e as etapas administrativas exigidas, advogando em nome do usuário (Scott & Bondoc, 2018; Buchanan & van Niekerk, 2022). Assim, para Ferro et al., (2015), cabe ao terapeuta atuar no campo das políticas, a fim de fortalecer as iniciativas de diversas frentes.
Morato & Lussi (2015) apontam que, na esfera da economia solidária, o terapeuta participa de funções administrativas, reuniões internas e reuniões sobre a economia solidária. Ademais, as políticas públicas também foram citadas por outros estudos como o de Moll et al. (2018).
A caracterização das práticas profissionais identificadas está sintetizada no Tabela 3, a seguir:
Dados sobre as práticas de terapia ocupacional em Saúde e Trabalho, de acordo com os estudos levantados na busca nas bases de dados.
Discussão
O mapeamento de estudos sobre a prática de terapia ocupacional na interface entre os campos da saúde e do trabalho nos últimos dez anos, de 2014 a 2024, demonstra a diversidade de estratégias e intervenções que o profissional pode utilizar para o cuidado integral do usuário.
Fica evidente que as intervenções encontradas visam à assistência, promoção da saúde, prevenção de agravos e vigilância de ambientes de trabalho. De acordo com a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, estes objetivos devem ser articulados e organizados com base no desenvolvimento de ações individuais, de planejamento e coletivas, o que implica mudanças nos processos de trabalho, atuação multiprofissional e organização da rede (Brasil, 2012).
Após análise dos resultados, percebe-se que os autores, ao citarem as práticas de terapia ocupacional, não detalham como elas acontecem; somente um artigo descreveu todos os aspectos que foram analisados (Baracho de Alencar, 2015). Nesse sentido, a falta de informações, como a população (alvo da intervenção), o contexto, queixa inicial e objetivo da ação, configura-se como uma barreira para o entendimento completo da prática do terapeuta ocupacional no campo da saúde e trabalho.
De acordo com Rodrigues et al. (2020), para uma avaliação e intervenção neste campo, é necessário escuta ativa e acolhedora do sujeito, colocando como centro suas necessidades e o seu contexto. Dessa forma, a ausência de descrição sobre a população-alvo, bem como as queixas iniciais do sujeito, evidenciam lacunas a respeito de informações fundamentais para o planejamento da intervenção. Assim, evidencia-se uma fragilidade na medida em que as práticas parecem não articular fatores individuais ao contexto coletivo e social, incluindo a própria atividade de trabalho (Rodrigues, 2023).
Além disso, alguns artigos colocaram como descrição da intervenção suas premissas teóricas e metodológicas, objetivos e estratégias utilizadas, porém, não citaram as etapas de sua prática, bem como de que maneira foi realizada. Há, nesse sentido, uma sobreposição dos modelos e bases teóricas norteadoras da atuação e metas para a intervenção, com o que, de fato, realiza-se na prática, aspecto que implica, por exemplo, a falta de clareza quanto às práticas dos TOs, tanto pela equipe quanto pelos próprios profissionais (Cruz, 2018; Morato & Lussi, 2015; Eagers et al., 2022; Désiron et al., 2015).
Há um conflito que atravessa os usuários: escolher retornar ao mercado formal de trabalho, ou manter seus benefícios; na maioria dos casos não é possível ter ambos. Choudhary et al. (2015) trouxe como barreira para a prática a inflexibilidade dos clientes que recebem tais benefícios de retornarem ao trabalho. Este cenário não ocorre somente internacionalmente, ou seja, no Brasil, a depender de como o benefício é conduzido, não há a possibilidade de o indivíduo se inserir no mercado formal sem perder o auxílio. Esta situação, por vezes, faz com que o usuário se sinta inseguro para o trabalho formal e opte por continuar com o auxílio.
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), auxílio previsto na Lei Orgânica da Assistência Social – L OAS, foi atualizado em 2011, no Brasil, garantindo um salário mínimo às pessoas com deficiência de qualquer idade e a possibilidade de contratação como aprendiz durante dois anos, podendo haver, então, o acúmulo do benefício e remuneração. A partir da atualização, tornou-se possível, também, suspender o benefício perante ocupação de uma posição laboral; não se faz mais necessário seu cancelamento. Essas alterações demonstram um avanço na discussão de acessibilidade e a inserção no mercado formal, porém, ainda é considerada uma barreira para o pleno exercício da cidadania das Pessoas com Deficiência (Brasil, 1991).
No que tange à prática da terapia ocupacional, é importante que o profissional esteja atento a esta reformulação da seguridade social e possa dialogar com a sua prática. Assim, ele pode fornecer espaços para os indivíduos ocuparem posições no mercado de trabalho, bem como esclarecer possíveis dúvidas sobre a legislação e trâmites legais, o que, para Scott & Bondoc (2018) e Buchanan & van Niekerk (2022), seria advogar em nome do usuário.
Dentre as intervenções mapeadas, as ações grupais citadas foram, em sua maioria, de artigos redigidos no Brasil (Alfaia dos Santos et al., 2015; Baracho de Alencar, 2015; Morato & Lussi, 2015; Ferro et al., 2015; Lancman et al., 2021). Nesse sentido, este cenário já era esperado, visto que a terapia ocupacional brasileira construiu seu escopo teórico também por meio de autores que atuavam a partir da abordagem grupal, como Pichon-Rivière (1998), Benetton (1994), Maximino (2001), entre outros (Samea, 2008).
No campo saúde e trabalho, a atividade em grupo é uma abordagem importante para que o sujeito possa, por meio do compartilhamento, da dinâmica vincular e da interação com os outros (Quiroga como citado em Samea, 2008, p. 86), humanizar as relações de trabalho e repensar os fatores concretos de seu processo laboral, bem como as questões subjetivas que o permeiam.
Os principais artigos redigidos no Brasil foram publicados em 2015 (Alfaia dos Santos et al., 2015; Baracho de Alencar, 2015; Morato & Lussi, 2015; Ferro et al., 2015), período que antecede a Reforma Trabalhista sancionada em 2017 pela lei 13.467 (Brasil, 2017). Tal marco possibilitou a terceirização do trabalho, uma maior jornada, menores salários e alterações nos períodos de férias, assim como um aumento dos acidentes de trabalho. Isso reflete de maneira negativa e direta na saúde mental e física dos trabalhadores, bem como em um maior número de pessoas em situação de desemprego (Krein & Krein, 2018).
Essas alterações afetaram não só os usuários dos serviços de saúde e assistência social, mas também os profissionais da área que prestam atendimento, uma vez que há um aumento na demanda pelos serviços prestadores, mas não há contratação de recursos humanos (Lacaz, 2019). Dessa forma, os artigos, por serem redigidos, em sua maioria, em 2015, não auxiliam na produção de um panorama sobre a ocorrência de impacto direto na prática dos terapeutas ocupacionais após a reforma.
Em suma, os resultados apresentados nesta revisão permitem construir um mapa das práticas de terapia ocupacional nacional e internacionalmente, e podem se constituir como referência para os profissionais que compõem este campo de atuação. Porém, é importante ressaltar que foram achados poucos artigos se comparado à amplitude da pergunta de pesquisa, o que pode ser compreendido enquanto limitação da área e, consequentemente, do estudo, assim como a falta de metadados apresentados por algumas das produções incluídas.
Conclusão
Este estudo contribui para identificar as intervenções desenvolvidas por terapeutas ocupacionais que atuam na interface entre os campos da saúde e do trabalho, que se caracterizam pela variedade, abrangendo indivíduos, coletivos, ambientes e cenários de trabalho, realizadas em diferentes contextos, como hospitais, serviços especializados, clínicas públicas e particulares, e internamente às empresas (públicas e privadas).
Os obstáculos vivenciados e a consequente resistência em retornar ao mercado formal de trabalho apresentada pelos usuários dos serviços também é algo que deve ser levado em consideração no planejamento das intervenções. Compreende-se que existe, ainda, uma dificuldade de construção da identidade de terapeutas ocupacionais que atuam nesta interface, tanto pelos próprios quanto por outros profissionais da equipe.
Quanto a futuras pesquisas e trabalhos na área, faz-se de suma importância a compreensão do que se configura como modelo, base teórico-metodológica e meta de intervenção para que isso não se confunda com as práticas de fato realizadas.
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Como citar:
Gomes, V. C., Lancman, S., Rocha, T. O., Bicudo, S. P. B. C., & Barros, J. O. (2025). Práticas profissionais em terapia ocupacional, saúde e trabalho: uma revisão de escopo. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 33, e3984. https://doi.org/10.1590/2526-8910.cto407139841
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Disponibilidade de Dados
Os dados que sustentam os resultados deste estudo estão disponíveis com o autor correspondente, mediante solicitação.
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Fonte de Financiamento
Programa Unificado de Bolsas de Estudo para Apoio à Formação de Estudantes de Graduação da USP – Edital 2023/2024, projeto 580, vertente pesquisa (Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da USP).
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Editado por
-
Editora de seção
Profa. Dra. Roseli Esquerdo Lopes
Disponibilidade de dados
Os dados que sustentam os resultados deste estudo estão disponíveis com o autor correspondente, mediante solicitação.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
17 Nov 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
08 Nov 2024 -
Revisado
12 Abr 2025 -
Revisado
15 Jul 2025 -
Aceito
19 Jul 2025


