Acessibilidade / Reportar erro

Sobrevida e evolução leucêmica de portadores de síndromes mielodisplásicas

Survival and leukemic evolution of patients with myelodysplastic syndromes

Resumos

As síndromes mielodisplásicas constituem um grupo de doenças de ordem clonal hematopoética evidenciadas por estudos em todo o mundo. A estimativa de sobrevida dos pacientes e de casos que apresentam evolução leucêmica requer investigação na população brasileira, pois não se conta com nenhum dado dessa natureza. Assim, este estudo objetivou caracterizar e estimar a sobrevida e evolução leucêmica de portadores de síndromes mielodisplásicas acompanhados em um serviço de referência. Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva realizada de janeiro de 2000 a dezembro de 2010. Para análise descritiva foi utilizado o programa Epi Info 2002, versão 3.5.2, e para os cálculos das probabilidades de sobrevida foi empregado o método de Kaplan-Meier pelo uso do programa Statistic Package for Social Sciences (SPSS), versão 10.0. Os cálculos da probabilidade de associação entre as características analisadas e o gênero foram realizados pelos testes do qui-quadrado de tendência, de Fisher, Mann Whitney, e de Log Rank. O nível de significância considerado foi de 0,05. O trabalho foi aprovado em seus aspectos ético e metodológico pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), sob o Protocolo n. 432/10. Dos 29 pacientes selecionados, houve predomínio de idosos, do sexo masculino, com baixa escolaridade. Apresentaram baixa probabilidade acumulada de sobrevida e índices de evolução leucêmica em torno de 27%, sem nenhum resultado satisfatório para o tratamento quimioterápico, bem como nenhuma indicação de transplante de medula óssea como possibilidade de cura. Fazem-se necessárias pesquisas com populações maiores para caracterização em todo território nacional.

análise de sobrevida; prognóstico; pré-leucemia; anemia refratária; anemia refratária com excesso de blastos; epidemiologia


Myelodysplastic syndromes constitute a group of clonal hematopoietic diseases shown by studies all around the world. The survival estimation of the patients and the cases presenting leukemic evolution demand investigation in the Brazilian population, as there's no data with regard to this theme. Thus, this study aimed to characterize and estimate the survival and leukemic evolution of patients with myelodysplastic syndromes followed up in a reference service. This is a retrospective cohort study carried out from January 2000 to December 2010. The software Epi Info 2002, version 3.5.2, was used for descriptive analysis, and for the calculations of survival probabilities the Kaplan-Meier method was employed through the software Statistic Package for Social Sciences (SPSS), version 10.0. The calculations of the association probability between the characteristics analyzed and gender were performed using the chi-square for trend, Fisher, Mann Whitney, and Log Rank tests. The significance level was 0.05. The ethical and methodological aspects of the study were approved by the Research Ethics Committee of HUOL, under the Protocol 432/10. Out of the 29 selected patients, there was a predominance of elderly people, males, with low education. They showed low cumulative probability of survival and leukemic evolution rates around 27%, with no satisfactory outcome from chemotherapy, as well as no indication of bone marrow transplantation as a possible cure. There is a need for researches with larger populations for the characterization all over the national territory.

survival analysis; prognosis; preleukemia; refractory anemia; anemia, refractory, with excess of blasts; epidemiology


  • 1
    Chauffaille MLLF. Alterações cromossômicas em síndrome mielodisplásica. Rev Bras Hematol Hemoter. 2006;28(3):182-7.
  • 2
    Geary CG, Macheta AT. Myelodysplasia and preleukaemia. In: Leukaemia and related disorders. Whittaker JA and Holmes JA. 3th edition. Blackwell Science Ltd, Oxford, 1998, p. 195-228.
  • 3
    Lowenthal RM, Marsden KA. Myelodysplastic syndromes. Int J Hematol 1997;65(3):318-38.
  • 4
    Steensma DP, Bennett JM. The Myelodysplastic syndromes: diagnosis and treatment. Mayo Clin Proc. 2006;81(1):104-30.
  • 5
    Magalhães SMM. Síndromes mielodisplásicas - diagnóstico de exclusão. Rev Bras Hematol Hemoter. 2006;28(3):175-7.
  • 6
    The Myelodysplastic Syndromes Foundation's Awareness program for 2005-2006. Understanding MDS - a Primer for Practicing Clinicians, segment 1 and 2.
  • 7
    Apa AG, Gutz CNRM. Fatores prognósticos nas síndromes mielodisplásicas. Rev Bras Hematol Hemoter. 2006;28(3):198-200.
  • 8
    Bennet JM, Catovsky D, Daniel MT, et al. Proposals for the classification of the myelodysplastic syndromes. Br J Haematol. 1982;51:189-99.
  • 9
    Vardiman JW, Harris NL, Brunning RD. The Word Health Organization (WHO) classification of myeloid neoplasms. Blood. 2002;100:2292-302.
  • 10
    Moraes ACR, Licínio MA, Pagnussat L, Del Moral JAG, Santos-Silva MC. Síndromes mielodisplásicas: aspectos moleculares, laboratoriais e a classificação OMS 2008. Rev Bras Hematol Hemoter. 2009;31(6):463-70.
  • 11
    Magalhães SMM, Lorand-Metze I. Síndromes mielodisplásicas - protocolo de exclusão. Rev Bras Hematol Hemoter. 2004;26(4):263-7.
  • 12
    Aul C, Gattermann N, Schneider W. Epidemiological and etiological aspects of myelodysplastic syndromes. Leuk Lymphoma. 1995;16:247-62.
  • 13
    Chang G, Meadows ME, Jones JA, Antin JH, Orav EJ. Substance Use and Survival after Treatment for Chronic Myelogenous Leukemia (CML) or Myelodysplastic Syndrome (MDS). Am J Drug Alcohol Abuse. 2010;36(1):1-6.
  • 14
    Callegari-Jacques SM. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed; 2003.
  • 15
    Dawson B, Trapp RG. Análise dos temas de pesquisa sobre sobrevivência. In: Dawson B, Trapp RG. Bioestatística básica e clínica. Rio de Janeiro: McGrawHill; 2003. p.187-205.
  • 16
    Maynadie M, Verret C, Moskovtchenko P, Mugneret F, Petrella T, Caillot D, et al. Epidemiological characteristics of myelodysplastic syndrome in a well-defined French population. Br J Cancer. 1996;74(8):288-90.
  • 17
    Phekoo KJ, Richards MA, Moller H, Schey AS. The incidence and outcome of myeloid malignancies in 2.112 adult patients in south East-England. Haematologica. 2006;91(10):1400-4.
  • 18
    Ma X, Does M, Raza A, Mayne ST. Myelodysplastic syndromes: incidence and survival in the United States. Cancer. 2007;109(8):1536-42.
  • 19
    Aul C, Gattermann N, Schneider W. Age-related incidence and other epidemiological aspects of myelodysplastic syndromes. Br J Haematol. 1992;82:358-67.
  • 20
    Cortes J, Kantarjian H, Albitar M, Thomas D, Faderl S, Kokker C, et al. A randomized trial of liposomal daunorubicim and cytarabine versus liposomal daunorubicin and topotecan with or without thalidomide as initial therapy for patients with poor prognosis acute myelogenous leukemia or myelodysplastic syndromes. Cancer. 2003;97(1):234-41.
  • 21
    Tabak DG, Pereira SCM, Nogueira MC. Transplante de célula-tronco para síndrome mielodisplásica. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010;32(Suppl 1):66-70.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 2013

Histórico

  • Recebido
    23 Out 2012
  • Aceito
    15 Maio 2013
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro Avenida Horácio Macedo, S/N, CEP: 21941-598, Tel.: (55 21) 3938 9494 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@iesc.ufrj.br