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Transmissão transgeracional do trauma psicossocial em comunidades indígenas na Argentina: a percepção de dano no passado, presente e ações autorreparatórias

O presente artigo investigou, a partir da perspectiva do sujeito, a transmissão transgeracional do trauma psicossocial sofrido pelas comunidades Wichí no Norte Argentino. Pretendeu-se identificar as experiências percebidas como traumáticas pelas comunidades Wichí, tanto no passado como no presente, descrevendo os relatos sobre a experiência do trauma e os modos de socialização gerados em tal comunidade. Foram levadas em conta as situações ou ações realizadas nos últimos anos, que poderiam ser consideradas como autorreparatórias. Tratou-se de um trabalho qualitativo exploratório, realizado nas comunidades Wichí da Província de Salta, durante 2009, 2010 e 2011. Foram realizadas 30 entrevistas com chefes, mulheres, líderes e pessoas das comunidades Wichí. Entre os resultados, é possível reconhecer a influência dos danos nos grupos originais e os mecanismos utilizados pelo Estado e pela sociedade para manter esta situação. Também destacam-se o comportamento de isolamento e a fuga perante o trauma. Foram identificadas as sequelas e a maneira que tais pessoas reproduzem a situação de trauma. Também mostraram-se, na comunidade Wichí, os mecanismos de autorreparação sobre a situação de trauma. A experiência específica com relação ao povo Wichí reafirma os mecanismos da transmissão transgeracional do trauma psicossocial, surgindo novas formas de organização emergente espontaneamente que revelam o caminho para superar o trauma.

saúde indígena; população indígena; transtornos de estresse pós-traumáticos


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