Resumo
Este artigo discute, a partir das transformações históricas ocorridas no território de uma população rural autodenominada Povo de Joselândia, no interior do Pantanal Mato-grossense, situada no entorno de uma área de proteção ambiental, as ações de políticas públicas em saúde humana e ambiente realizada na área, no período de 2003 a 2013. Tomando como ponto de ancoragem a territorialização e desterritorialização do campesino brasileiro, cotejamos a discussão sobre a ação estratégica das instituições envolvidas com a comunidade desde a instalação da Reserva do Patrimônio Natural Particular (RPPN), em 1997, e das políticas públicas federais, estaduais e municipais e sobre o papel da ciência na área. Os moradores foram alijados do processo de uso e manejo da terra. Em 2007 essa população foi classificada como comunidade tradicional e foi garantida por lei a sua reprodução cultural. No cotidiano da assistência à saúde humana, a disputa entre estado e município resultou numa ausência da assistência médica regular por longos períodos, ficando a assistência restrita à medicina popular. O papel das pesquisas científicas tem sido arbitrar o que e quem pode manejar os recursos naturais na área, inviabilizando o modo de vida campesino.
proteção ambiental; população rural; serviços de saúde; ciência