Redução da produção de sedimentos pela recuperação da vegetação ripária em níveis distintos de erosão do solo em uma bacia hidrográfica tropical

RESUMO

Considera-se que a vegetação ripária desempenha papel importante na retenção de sedimentos e, portanto, na diminuição da produção de sedimentos em bacias hidrográficas. A Lei Florestal (Lei 12.651/2012) determina a manutenção da vegetação ripária em faixas de largura fixa, mas permite a continuidade das atividades agrossilvipastoris em parte das Áreas de Preservação Permanente (APPs). Buscou-se, por meio deste estudo, avaliar a redução da produção de sedimentos pela recuperação da vegetação das APPs em 5, 8, 15 e 30 m, larguras admitidas pela Lei Florestal, considerando três cenários de uso do solo, que apresentam diferentes taxas de erosão: predomínio de áreas de floresta, pastagem e agricultura. O modelo SWAT (Soil and Water Assessment Tool) foi utilizado para simular a produção de sedimentos nesses cenários na bacia hidrográfica do rio Jundiaí-Mirim, localizada no estado de São Paulo, Brasil. O SWAT foi calibrado e validado para a vazão em escala mensal, obtendo-se os seguintes índices estatísticos: NS = 0,77 e 0,70, PBIAS = -10,2 e -12,5, RSR = 0,48 e 0,55 nos processos de calibração e validação, respectivamente. O maior valor de redução da produção sedimentos gerados (30%) foi observado com a recuperação total das APPs (30 m) no uso atual da bacia. Recuperando-se as APPs em 5, 8 e 15 m, a redução da produção de sedimentos ficou abaixo de 10%, nos cenários alternativos. As faixas reduzidas de APPs recuperadas mantêm alta a produção de sedimentos. E, ainda, mesmo com a recuperação total das APPs é necessário adotar práticas de conservação do solo em toda a área agrícola da bacia, a fim de minimizar os impactos nos cursos hídricos.

Termos para indexação:
SWAT; recuperação das APPs; Legislação Florestal Brasileira; cenários de mudança do uso do solo.