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SERVIÇOS DE ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: A EXPERIÊNCIA DOS EDUCADORES DE MUSEUS

ACCESSIBILITY SERVICES FOR PERSONS WITH INTELLECTUAL DISABILITIES: THE EXPERIENCE OF MUSEUM EDUCATORS

RESUMO

Este artigo apresenta um estudo sobre os serviços de acessibilidade museal voltados para adultos com deficiência intelectual na Pinacoteca do Estado e no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM–SP). Buscamos saber quais serviços são oferecidos a essa clientela. A partir da análise do que esses visitantes levam do museu e deixam ali, também investigamos, do ponto de vista dos educadores, como a presença desse grupo impacta no discurso a favor da diversidade, ajudando a desconstruir estigmas atribuídos à pessoa com deficiência intelectual.

Palavras-chave
Acessibilidade; Museus de arte; Deficiência intelectual; Pinacoteca do estado de São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo

ABSTRACT

This article presents a study on accessibility services for adults with intellectual disabilities in two art museums—the Pinacoteca do Estado and the Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM–SP). We researched the various services that are designed with this audience in mind. By looking at what these visitors take from the museum and leave there, we also analyzed, from the educators’ point of view, how the presence of this group impacts on the museum discourse in favor of diversity, helping to deconstruct social stigmas associated with people with intellectual disabilities.

Keywords
Accessibility; Art museums; Intellectual disability; Pinacoteca of the State of São Paulo; Museum of Modern Art of São Paulo

Introdução

Em uma manhã fria de outubro, sob a marquise do Ibirapuera, em frente à fachada do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM–SP), um grupo de adultos com deficiência intelectual se reúne para realizar uma visita. A educadora que acompanha o grupo propõe uma experiência poética: os visitantes recebem pequenos cartões com trechos das obras da exposição e são instigados a fazer um desenho que dê continuidade a essa pista da imagem total. Enquanto os visitantes trabalham, a educadora inicia uma conversa descontraída, colhendo depoimentos sobre como esse grupo vê e entende o conceito de museu: “quando você pensa em museu, o que vem na sua cabeça?”.

Solange1 1 Nome fictício a fim de garantir o sigilo da identidade das pessoas com deficiência que não são os sujeitos diretos desta pesquisa. , mulher com deficiência intelectual que aparenta ter entre 45 e 50 anos, desata a falar em ritmo frenético e atordoante “o museu é um monte de cacareco, junta tralha, um monte de coisas velhas para ficar olhando”, diz incorporando uma expressão de desprezo. “Você sabia que os cacarecos que estão lá dentro nos fazem pensar?”, a educadora questiona Solange referenciando a obra “Armazém”2 2 Armazém. 1994-97. Técnica: figuras de gesso, azulejos, gaiolas em madeira e metal, pinturas sobre tela e tecido, objetos de papel machê, borracha, vidro e madeira. Dimensões: 247 × 1060 cm. Doação Galeria Brito Cimino Arte Contemporânea e Moderna. Fonte: https://mam.org.br/acervo/1998-167-000-leirner-nelson/. Acesso em: 31 out. 2021. de Nelson Leirner3 3 Nelson Leirner (São Paulo, São Paulo, 1932 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020) é um “artista intermídia e professor universitário e suas obras e ações se caracterizam pelo teor reflexivo e polemista. Alternando entre crítica política e social, remissões à arte e ao mercado e referências a divindades e animais, transforma objetos cotidianos em alegorias das situações que pretende destacar”. Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9429/nelson-leirner. Acesso em: 27 out. 2021. , aproximando os repertórios da visitante à exposição que logo ela iria adentrar, buscando desconstruir possíveis hierarquias de conhecimento e repertório entre o público e as obras da exposição.

Essa cena de mediação e criação no espaço do museu com um grupo de adultos com deficiência intelectual, utilizando recursos diversos, foi retirada do diário de campo de pesquisa de doutorado realizada sobre a experiência dos educadores no atendimento de pessoas com deficiência intelectual pelos serviços de acessibilidade do MAM–SP e da Pinacoteca do Estado, ambos de São Paulo (BRIGATTO, 2021BRIGATTO, A. C. Serviços de acessibilidade para pessoas com deficiência intelectual: a experiência dos educadores de museus de arte. 2021. 244f. Tese (Doutorado em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2021.).

A questão levantada aqui por Solange aponta tanto para uma visão comum e antiquada do que é o museu, como para o estranhamento diante de um local ao qual poucos têm o direito de frequentar. Sua fala revela uma complexa rede de tensões que criam abismos entre o objeto artístico e o público que constitui uma das preocupações do museu ao reavaliar seu papel social e suas posturas políticas, éticas e pedagógicas, com o objetivo de estimular a diversidade do seu público.

A partir da abordagem histórico-social, essa pesquisa identificou que a compreensão do diagnóstico pela perspectiva estigmatizante da incapacidade privou uma parcela significativa das pessoas com deficiência intelectual de práticas escolares e culturais que possibilitam a alfabetização visual e podem aproximar esse público da arte e do hábito de frequentar museus (CARNEIRO, 2008CARNEIRO, M. S. C. Adultos com síndrome de Down: A deficiência mental como produção social. Campinas: Papirus, 2008., 2015CARNEIRO, M. S. C. O uso de métodos narrativos na pesquisa sobre deficiência mental. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED. 29., 2015, Caxambu. Anais [...]. Rio de Janeiro: ANPEd, 2015.; DIAS; OLIVEIRA, 2013DIAS, S. S.; OLIVEIRA, M. C. S. L. Deficiência intelectual na perspectiva histórico-cultural: contribuições ao estudo do desenvolvimento adulto. Revista Brasileira de Educação Especial, Bauru, v. 19, n. 2, p. 169-182, 2013. https://doi.org/10.1590/S1413-65382013000200003
https://doi.org/10.1590/S1413-6538201300...
; DINIZ, 2007DINIZ, D. O que é deficiência intelectual? São Paulo: Brasiliense, 2007.; PACHECO; OLIVEIRA, 2012PACHECO, W.; OLIVEIRA, M. Aprendizagem e desenvolvimento da criança com síndrome de Down: representações sociais de mães e professoras. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, 2012.; SANTOS, 2011SANTOS, W. R. Deficiência e BPC: o que muda na vida das pessoas atendidas? Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, supl. 1, p. 787-796, 2011. https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000700009
https://doi.org/10.1590/S1413-8123201100...
, 2016SANTOS, W. R. Deficiência como restrição de participação social: desafios para avaliação a partir da Lei Brasileira de Inclusão. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 10, p. 3007-3015, 2016. https://doi.org/10.1590/1413-812320152110.15262016
https://doi.org/10.1590/1413-81232015211...
).

A partir dos anos 1990, em São Paulo, com o objetivo de tornar o conhecimento artístico disponível, os museus descentralizaram sua atenção exclusivamente do objeto museal para se preocuparem também com a experiência e com o pertencimento de públicos não habituais. Minimizando a perspectiva do museu como um ambiente para poucos escolhidos, essa instituição passou a se colocar mais disponível a desenvolver serviços de acessibilidade e um discurso ligado a questões de diversidade. É claro que esse movimento não se deve, exclusivamente, às transformações do museu, mas decorre de diversos eixos de ações, pois a luta pelos direitos da pessoa com deficiência conquistou novos espaços sociais e clamou por agendas que priorizassem a eliminação de barreiras que impedem a participação social dessa população.

Este artigo apresenta um estudo sobre os serviços de acessibilidade museal voltados para adultos com deficiência intelectual na Pinacoteca do Estado e no MAM–SP valorizando a perspectiva dos educadores. A análise permite perceber como a presença desse grupo impacta no discurso a favor da diversidade, ajudando a desconstruir estigmas atribuídos à pessoa com deficiência intelectual. A escolha dessas instituições foi determinada em razão do pioneirismo dos seus serviços de inclusão e pelo reconhecimento público por meio de prêmios e publicações.

Monte de Cacarecos: O Pertencimento do Museu pela Pessoa com Deficiência Intelectual

O termo “monte de cacarecos” utilizado por Solange, durante a visita ao MAM–SP, contido na descrição que abre esse artigo, aponta para uma visão antiquada — e mais comum do que se gostaria — para referenciar a percepção individual do que é um museu. Na análise desta pesquisa, esse termo, utilizado de forma pejorativa por Solange, foi atribuído ao estranhamento sentido por essa mulher diante do hábito de frequentar espaços culturais, demonstrando que ela não se sente pertencente a esses espaços.

Ao estudar o público que chega ao museu, Demarchi (2015)DEMARCHI, R. C. Ver aquele que vê: um olhar poético sobre os visitantes em museus e exposições de arte. 2015. Tese (Doutorado em Educação, Arte e História da Cultura) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015. aborda a precária formação básica e alfabetização visual que dificultam a leitura das obras e geram o estranhamento do público em relação ao discurso artístico contemporâneo.

Partindo da definição de que a arte é um campo do conhecimento, contrapondo-se à visão de habilidade inata (COLI, 1995COLI, J. O que é arte? São Paulo: Brasiliense, 1995.), a alfabetização visual se dá pela apropriação dos códigos da linguagem imagética (SARDELICH, 2006SARDELICH, M. E. Leitura de imagens e cultura visual: desenredando conceitos para a prática educativa. Educar em Revista, Curitiba, n. 27, p. 203-219, 2006. https://doi.org/10.1590/S0104-40602006000100013
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) que está sujeita à ampliação da percepção e de repertórios que possibilitem descrever e compreender representações simbólicas e composicionais de uma imagem. Portanto, como conhecimento, a arte pode ser apreendida por meio do acesso à sua fruição, à mediação entre público e obra e ao fazer artístico. Tal acesso pode acontecer na educação básica, por meio das aulas de arte, ou na educação informal oferecida pelos educativos dos museus.

No entanto a construção histórico-social do conceito de deficiência ligado ao estigma da incapacidade, segregou uma parcela importante desse público em instituições especializadas que apresentavam um caráter mais terapêutico e assistencialista que educativo (KASSAR, 2011KASSAR, M. C. M. Educação especial na perspectiva da educação inclusiva: desafios da implantação de uma política nacional. Educar em Revista, Curitiba, n. 41, p. 61-79, 2011. https://doi.org/10.1590/S0104-40602011000300005
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; MENDES, 2010MENDES, E. G. Breve histórico da educação especial no Brasil. Revista Educación y Pedagogía, Medellín, v. 22, n. 57, p. 93-110, 2010.).

Se por um lado, a luta da pessoa com deficiência possibilitou reivindicar a participação em diversos espaços da sociedade, como na educação formal e espaços culturais, por outro, a museologia foi, gradativamente, ampliando as discussões sobre sua responsabilidade social. Os museus, centrando-se menos nos objetos museais, desenvolveu maior interesse pelos visitantes (CUMMINS, 2013CUMMINS, A. Prólogo. In: DESVALLÉES, A.; MAIRESSE, F (eds.). Conceitos-chave de Museologia. São Paulo: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus, 2013. p. 11-13.), pelo caráter político, humano e pedagógico do discurso museal e por criar ações que possibilitem a apropriação desse espaço por públicos diversos.

A Lei Brasileira de Inclusão – LBI (BRASIL, 2015BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 28 out. 2016.
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) e a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF (OMS, 2004ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Lisboa: OMS, 2004. Disponível em: https://catalogo.inr.pt/documents/11257/0/CIF+2004/4cdfad93-81d0-42de-b319-5b6b7a806eb2. Acesso em: 05 ago. 2016.
https://catalogo.inr.pt/documents/11257/...
), partem da definição de que pessoa com deficiência é aquela que apresenta algum impedimento de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que, ao se deparar com barreiras sociais, tem impedida sua participação. Tais documentos afirmam que o foco da deficiência não está na característica fisiológica do sujeito e que sua inclusão se dá, por meio da eliminação dessas barreiras, o que se define como acesso.

Constituindo um processo de mão dupla, a luta pela acessibilidade leva o público com deficiência a espaços nos quais antes não adentravam e, ao mesmo tempo, influenciado pela chegada e demanda dessas pessoas, o museu se abre à diversidade de visitantes e se remodela, seja no âmbito individual, na perspectiva de seus educadores e profissionais, seja no âmbito institucional, visando à eliminação de barreiras para promoção da fruição e do fazer artístico.

Acesso: O que os Museus Oferecem?

Retomando a LBI, entende-se por acesso a eliminação de barreiras de ordem urbanística, arquitetônica, de transporte, comunicacional, atitudinal ou tecnológica que impeçam o exercício dos direitos da pessoa com deficiência (BRASIL, 2015BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 28 out. 2016.
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). Para a análise das experiências aqui descritas, focalizaremos o aspecto comunicacional e atitudinal dos serviços de acessibilidade que, contrariando o conceito de incapacidade, acolhe no museu repertórios diversos e, em alguns casos, promove e divulga a criação artística da pessoa com deficiência como produtora de cultura.

Segundo Patrícia Martins (2015)MARTINS, P. R. Museus (In)capacitantes: Deficiência, acessibilidades e inclusão em museus de arte: Volume 1.2015. Tese (Doutorado em Ciência da Arte) – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2015. e Tojal (2007)TOJAL, A. P. F. Políticas Públicas Culturais de Inclusão de Públicos Especiais em Museus. 2007. Tese (Doutorado em Cultura e Informação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007., considerando as ações inclusivas do museu, a acessibilidade de informação (ou comunicacional) refere-se à promoção de conteúdos e de mediação entre público e a arte que, para além da função tradicional de transmitir uma mensagem pré-determinada, seja mais flexível e democrática, a fim de possibilitar a interação entre seus interlocutores. Ainda, de acordo com Martins (2015)MARTINS, P. R. Museus (In)capacitantes: Deficiência, acessibilidades e inclusão em museus de arte: Volume 1.2015. Tese (Doutorado em Ciência da Arte) – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2015., a acessibilidade atitudinal se refere ao modo como o museu recebe a pessoa com deficiência, e também à forma como o museu promove ações, formações, processos educativos, eventos e publicações que propagam o discurso sobre a deficiência, distanciando-a dos estigmas historicamente vinculados a ela.

Tanto o MAM–SP quanto a Pinacoteca oferecem serviços de acessibilidade a pessoas com deficiência intelectual e criaram esses programas de forma pioneira: a Pinacoteca instituiu o Programa para Públicos Especiais (PEPE), em 2003, e o Programa Igual Diferente foi institucionalizado, em 2002.

O PEPE, voltado a pessoas com deficiência e transtornos mentais, compõe os Programas Educativos Inclusivos (PEIs) que fazem parte do Núcleo de Ação Educativa (NAE) do museu (Fig.1), tem “como objetivo incentivar e ampliar o acesso desse público ao importante patrimônio artístico e cultural brasileiro representado pelo acervo da Pinacoteca” (OLIVEIRA, 2015OLIVEIRA, M. Cultura e inclusão na educação em museus: processos de formação em mediação para educadores surdos. 2015. Dissertação (Mestrado em Museologia) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015., p. 29) e promover o acesso por meio de uma série de abordagens e recursos multissensoriais4 4 Mais informações em https://museu.pinacoteca.org.br/programas-desenvolvidos/. Acesso em: 8 fev. 2020. .

Figura 1
Organograma que localiza institucionalmente os serviços de acessibilidade no MAM–SP e na Pinacoteca.

O Programa oferece semanalmente cursos gratuitos, de duração semestral, em diferentes linguagens artísticas para pessoas com e sem deficiência e transtornos mentais — o que o museu chama de públicos heterogêneos — que “convidam o público a fazer e pensar a arte em um ambiente criativo e acessível a todos, independentemente de sua condição física, social e psíquica” (LEYTON, 2015LEYTON, D. Introdução. In: MAM. Programa Igual diferente. Vol. 1. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2015., p. 4).

Voltados à pessoa com deficiência intelectual, os educativos, tanto no MAM–SP quanto na Pinacoteca, oferecem visitas mediadas (pontuais ou continuadas), acolhimento do grupo e customização das visitas de acordo com suas especificidades, recursos multissensoriais e mediação de visitantes espontâneos (não agendados), caso esse serviço seja solicitado. Ambos os museus realizam parcerias com instituições especializadas, que atendem a pessoas com deficiência intelectual e que solicitam o agendamento de grupos para visitarem o museu.

Durante as visitas, os recursos multissensoriais, que podem ser tocados, cheirados, montados, jogados, produzir sons ou podem ser vestidos, despertam outros sentidos além do visual. Podem ser materiais pré-elaborados e localizados em algumas obras ou salas específicas, o que é comum na Pinacoteca. Ou podem ser flexíveis, improvisados e criados para um grupo ou situação específica, como é mais comum no MAM–SP,seja pelo educativo ou pelo Programa Igual Diferente, valorizando mais a experiência poética do que a relação do público com alguma obra em particular.

Os recursos multissensoriais utilizam os sentidos durante o processo de percepção e possibilitam a fruição do objeto cultural a partir de todos os canais sensoriais (BALLESTERO-ÁLVAREZ, 2003BALLESTERO-ÁLVAREZ, J. A. Multissensorialidade no ensino de desenho a cegos. 2003. Dissertação (Mestrado em Artes) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.). Criados nos museus, inicialmente, para fins de acessibilidade para o público com deficiência visual, permitem a compreensão e a significação do objeto cultural (TOJAL, 2007TOJAL, A. P. F. Políticas Públicas Culturais de Inclusão de Públicos Especiais em Museus. 2007. Tese (Doutorado em Cultura e Informação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.), por isso possibilitam a aprendizagem e passam a ser usados para acesso cognitivo e de comunicação do público com deficiência intelectual.

A vestimenta da baiana (Fig. 2), semelhante à retratada no quadro de Guiomar Fagundes5 5 Pintor paulistano, que, nascido em 1896, falece no Rio de Janeiro em 1975. Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23492/guiomar-fagundes. Acesso em: 2 nov. 2021. (Fig. 3), é oferecida ao público da Pinacoteca durante visita mediada, enquanto a educadora faz perguntas diante da obra “Quem é ela? Onde ela mora? Que cor é a blusa dela... e a saia... e o lenço? Quem quer ser a baiana?” Em uma das ocasiões observadas durante a pesquisa, um menino com síndrome de Down pediu para vestir a roupa. Já vestido, o garoto olhou para a obra, olhou para a própria roupa com o intuito de se ver e, sorrindo, girou em volta de si mesmo, rodando no ar o tecido da volumosa saia vermelho terra.

Figura 2
Vestimenta que referencia a personagem da obra Baiana quitandeira.
Figura 3
Guiomar Fagundes, Baiana quitandeira, 1931. Óleo sobre tela, 114 x 140,5.

Observando esse grupo, é possível perceber que muitos ali não conheciam conceitos artísticos como gêneros pictóricos, ou o nacionalismo temático característico do Modernismo desse período histórico, ou, ainda, as regras composicionais e cromáticas que compõem o quadro. No entanto, a ação do garoto que se vestiu de baiana indica que, provavelmente, ele já viu uma baiana carnavalesca girando sua saia brilhante e decorada, na televisão.

Na Pinacoteca, esses recursos, usados na mediação, fazem parte de um acervo constituído ao longo de aproximadamente 20 anos, são permanentes, referem-se a obras específicas e costumam nortear a elaboração do roteiro das visitas.

Considerando a mediação no museu como um processo de estabelecimentos de relações entre os repertórios individuais dos visitantes com a obra de arte (ou com ações criativas), é importante que o educador busque romper a hierarquia de conhecimento e possibilite pontos de encontro entre as “referências pessoais e sociais com o que nossos olhos veem, com o que nossos ouvidos ouvem, com que nosso corpo sente” (MARTINS, M., 2005MARTINS, M. C. A Mediação e as brechas de acesso. In: MARTINS, M. C. (org.). Mediação: Provocações estéticas. Instituto de artes (USP), São Paulo, v. 1, n. 1, 2005., p. 14). Dessa forma, os recursos multissensoriais são ferramentas que o educador utiliza para estabelecer relações entre o público e a obra.

No caso do MAM–SP, o educativo oferece, durante as visitas mediadas, o que o museu nomeia como Experiências Poéticas, que são experiências criativas que podem ser atividades de artes visuais, corporais, literárias, etc. e se constituem situações de experimentação com resultados imprevisíveis que possibilitam processos em que algo possa ser criado (LEYTON, 2018LEYTON, D. Visitas mediadas + experiências poéticas. In: LEYTON, D. Educação e acessibilidade: Experiências do Museu de Arte Moderna de São Paulo. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2018. p. 19-27.).

No entanto nem sempre essas experiências são vinculadas à exposição ou relacionadas a obras específicas. Os materiais multissensoriais podem ser fruto de improvisos e criações dos próprios educadores a fim de promover vivências poéticas no espaço do museu, utilizando esses recursos como ferramentas de alterações perceptivas.

A exemplo disso, a educadora do MAM–SP relatou em entrevista uma experiência em que ofereceu aos visitantes espelhos para que, ao andarem sob a Marquise do Parque do Ibirapuera, eles pudessem posicionar esse objeto sob o nariz, para onde deveriam olhar. Segundo a educadora, os visitantes foram expressando relatos de estranhamento e vertigem e narraram a experiência com frases de intenso teor poético como “Eu estou caindo no abismo do céu!

Além das Experiências Poéticas, o MAM–SP também oferece os cursos do Programa Igual Diferente que promovem a experiência artística em linguagens diversas para o público com deficiência. O Programa constitui um importante espaço de difusão da expressão do público heterogêneo, pois realiza publicações, materiais midiáticos, exposições e eventos que divulgam a produção dos participantes que frequentam os cursos.

O videoarte Lembrar não é acontecer, por exemplo, disponível no canal do MAM–SP na plataforma do YouTube6 6 Para ter acesso ao vídeo na integra: https://www.youtube.com/watch?v=4gKl7gBiZ24. Acesso em: 4 nov. 2021. , é o registro do processo de criação do curso de Performance do Programa Igual Diferente, realizado em 2019. O título do vídeo se refere às falas de Lia, aluna com deficiência intelectual que, dotada de uma memória impressionante, lembra-se vividamente de situações que comumente costumamos esquecer. Tal característica de Lia poderia ser compreendida como um comportamento estereotipado vinculado a seu diagnóstico, mas foi ressignificada pela professora e se tornou um disparador dos processos de criação do curso, baseando-se em datas importantes para cada um dos participantes.

Esse tipo de produção impacta o museu, seja com materiais físicos que ali permanecem, seja despertando a reflexão sobre a acessibilidade. A divulgação dessa produção dissemina o discurso a favor da diversidade, tem potencial de influenciar outros espaços culturais e coloca esse público no lugar de produtores de cultura.

Se os serviços de acessibilidade aqui descritos podem transformar, acolher e mediar as experiências das pessoas que visitam o museu a partir da perspectiva da acessibilidade atitudinal e de informação, a participação cultural desse público, por sua vez, apresentando corpos e atitudes diversas, coloca o espaço do museu em constante reflexão. Essa pesquisa questionou os educadores sobre o que eles supõem que a pessoa com deficiência leva e o que ela deixa do museu capaz de promover mudanças nos educadores, assim como na instituição.

O que a Pessoa com Deficiência Leva do Museu?

Consideremos os exemplos anteriores de mediação apontados neste texto até aqui: a intervenção da educadora que aproxima a fala de Solange — “monte de cacarecos” — à obra de Nelson Leirner; a experiência de vestir-se de baiana vivenciada pelo garoto durante a fruição da obra de Guiomar Fagundes; o caminhar com espelhos proposto pela educadora que gerou relatos poéticos e, ainda, o uso das falas de Lia sobre sua memória como disparador de processos de criação do grupo de performance. Em todas essas experiências há um educador que, partindo da concepção de que a arte pode ser aprendida por todos, acolhe e media os repertórios individuais criando, assim, relações com as obras do museu ou com processos de criação. Mas como os educadores percebem o impacto de suas ações? Em entrevista, esses educadores responderam à questão “o que você acha que esse público leva da experiência no museu?”

Em resposta, uma educadora relatou desejar que o público leve, da experiência na Pinacoteca, uma sensação agradável: “Eu acho que o ideal é quando eles levam um dia gostoso”. Essa afirmação, no entanto, que parece remeter exclusivamente à sensação de bem-estar, logo se desenvolve para uma concepção mais ampla que ela nomeou como uma “vontade de ir de novo”. A educadora espera que o público se sinta pertencente e à vontade tanto na Pinacoteca como em outros espaços culturais da cidade.

Os educadores entrevistados do MAM–SP presumem, também, que a experiência vivenciada no museu, durante a mediação, pode enriquecer o repertório artístico desse público. Mas, pela minha observação, essa ampliação acontece quando o educador acolhe os repertórios prévios do público que chega ao museu e suas formas de comunicação.

A professora do curso de performance relatou o exemplo de Belinha que, durante os exercícios propostos “sempre fazia um gesto de pôr a mão perto da boca e cair”. A educadora descobriu posteriormente que esse gesto fazia referência ao personagem da Branca de Neve, fato que hoje não acontece mais. Hoje, a movimentação de Belinha é sutil e singela, mas variada e contextualizada com os exercícios apresentados pela educadora.

Os professores do Projeto Igual Diferente dizem perceber que os alunos do curso de performance têm alta adesão às propostas, frequência assídua e um desejo verbalizado de voltar na semana seguinte. O que denominaram como afeto, eles atribuem à liberdade vivenciada nesse espaço, onde a pessoa com deficiência pode ser ela mesma, sem ser colocada no lugar de eterna criança e pode se expressar de formas particulares e diversas.

Usando os termos “corpo mais poroso” e “sensível”, outra entrevistada do MAM–SP considerou que as experiências vividas no museu podem mobilizar alterações perceptivas, possibilitando novas formas de perceber o mundo à sua volta.

Durante a pesquisa, verifiquei que, além desses apontamentos apresentados pelos educadores, os visitantes também levam do museu folders explicativos, suas próprias produções artísticas, imagens de obras do acervo dos museus e convites de gratuidade para que possam retornar para apreciar outra exposição. No Programa Igual Diferente a pessoa com deficiência pode levar para casa sua produção ou um registro de seu processo semestral.

Os relatos aqui descritos vêm de encontro com as experiências de mediação oferecidas por ambos museus. O educativo da Pinacoteca e do MAM–SP e o Programa Igual Diferente, sob a ótica da acessibilidade de comunicação e atitudinal, buscam promover vivências significativas, agradáveis e acolhedoras para o público com deficiência intelectual e, ao mesmo tempo, acolhem seus repertórios prévios a fim de ampliar os conhecimentos e as experiências artísticas a partir da comunicação de cada um. A professora do curso de performance relatou em entrevista que busca encontrar uma gramática comum a todos do curso durante os processos de criação. Se a vivência é agradável, se todos podem ser autênticos, se o público tem suas capacidades evidenciadas, se a comunicação é clara e acessível a todos, o pertencimento desse público por esse espaço pode florescer.

O que o Público com Deficiência Intelectual Deixa no Museu?

É importante ressaltar que, durante as entrevistas realizadas, os educadores dos museus pesquisados apontaram ter consciência dos estigmas e preconceitos associados à deficiência intelectual e da importância da ação do museu para possibilitar o acesso à arte para esse público. Eles consideraram que o acolhimento desse público nesse espaço deve partir de uma concepção não estigmatizante e levar em conta os diversos repertórios e formas de comunicação desse público.

Ao descrever os significados pessoais em atender pessoas com deficiência intelectual, alguns educadores relatam que nunca haviam tido contato com pessoas com deficiência intelectual antes do trabalho no museu.

Um educador do MAM–SP destacou que a diversidade de público pode criar novas possibilidades de leituras e relações com as obras, trazendo reflexões aos educadores e ao próprio museu, criando demandas institucionais em relação ao acesso.

Com relação ao acesso comunicacional e à informação, uma educadora da Pinacoteca relatou que, ao identificar certa dificuldade de memorização e concentração no público com deficiência intelectual, o PEPE elaborou um conjunto de imagens referenciais que acompanham a apresentação das histórias de algumas obras ou da história do próprio museu. Essas imagens são usadas, por exemplo, para contar a história literária referente à obra Moema7 7 Moema, 1894–1895, escultura em bronze, 0,25 × 2,18 × 0,95 cm. — escultura de Rodolfo Bernardelli8 8 José Maria Oscar Rodolfo Bernardelli, escultor mexicano, mudou-se para o Brasil em 1866, onde residiu até sua morte em 1931. — e ao apresentar o histórico da construção do prédio da Pinacoteca (Fig. 4).

Figura 4
A educadora utiliza imagens antigas da cidade de São Paulo para contar sobre a origem da Pinacoteca.

Uma educadora do MAM–SP contou sobre uma mulher que, durante a visita, às vezes, vocalizou a expressão “miau”, enquanto apontava para uma obra. Por um lado, a educadora se sentiu desconcertada e disse não saber como prosseguir a visita. Por outro, refletiu sobre como fazer uma escuta atenta às sutilezas que permitem identificar a pertinência daquele som perante a obra. Outro educador ressaltou que durante as visitas continuadas é possível criar vínculos com os visitantes e desenvolver maior conhecimento das especificidades comunicacionais do grupo. Ou seja, o acesso à informação se refere à forma como o museu utiliza a linguagem simples ao comunicar o conhecimento artístico, mas também a forma como os educadores acolhem a diversidade expressiva do público com deficiência.

Com relação à acessibilidade atitudinal, os educadores apontam para as potências reflexivas de se receber esse público. As entrevistas demonstram que o atendimento ao público diverso pode gerar, no educador, reflexões sobre si, sobre como compreende e vivencia a arte, sobre sua prática, sobre o funcionamento da própria cognição e, ainda, ajuda a perceber suas próprias limitações.

Para uma educadora da Pinacoteca, esse público, às vezes, traz leituras surpreendentes. Quando não se identifica com uma obra de alguma exposição, ela gosta de levar os grupos que atende até lá e se nutrir das outras possibilidades de leitura daquela imagem. E que outras mil possibilidades podem se apresentar diante de repertórios e vivências tão distintas?

As produções das pessoas com deficiência também podem deixar marcas individuais e institucionais no museu, como vemos no caso das criações realizadas no Programa Igual Diferente com potencial de influenciar outros espaços culturais. Rechena (2011)RECHENA, A. Teoria as Representações Sociais: uma ferramenta para a análise de exposições museológicas. Cadernos de sociomuseologia, Lisboa, v. 41, p. 211-244, 2011. e Martins (2015)MARTINS, P. R. Museus (In)capacitantes: Deficiência, acessibilidades e inclusão em museus de arte: Volume 1.2015. Tese (Doutorado em Ciência da Arte) – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2015. apontam para a potência da instituição museal como um agente capaz de divulgar outros discursos possíveis sobre determinados públicos que sofreram com representações sociais segregacionistas e discriminatórias.

A produção do Igual Diferente não está nas principais salas do museu, mas sua divulgação, com a assinatura do MAM–SP, confere importância e visibilidade ao trabalho criativo da pessoa com deficiência tão diverso e ao mesmo tempo tão próximo da arte contemporânea exibida nas mostras temporárias sediadas pela instituição.

Portanto, vemos que ambos museus se preocupam em ampliar a qualidade da experiência e o pertencimento da pessoa com deficiência intelectual promovendo ações de acessibilidade atitudinal e de comunicação. Segundo uma educadora do MAM–SP, essa mediação que acolhe diversos corpos, formas de estar, expressões e maneiras de agir no museu aponta para o fato de que “a gente não precisa hoje, nesse museu, ficar com a mão para trás, não é esse corpo que a gente quer, porque esse corpo que não está rígido ele vê diferente”. Dessa forma, diante da ação inclusiva, o educador e, consequentemente, o museu também se transformam por meio de reflexões e demandas despertadas no contato com esse público.

Conclusões

A imagem historicamente construída de que o museu é o local previsto para poucos elegidos ainda circula na contemporaneidade. Somado a isso, a pessoa com deficiência, historicamente estigmatizada, foi segregada do acesso ao conhecimento artístico e, consequentemente, das práticas culturais. No entanto a discussão sobre modos de abrir-se para outros setores sociais, além das elites intelectuais está cada vez mais em pauta nos museus.

Este estudo buscou mostrar como dois museus em São Paulo construíram práticas de mediação que promovam acessibilidade comunicacional e atitudinal para esses novos públicos, minimizando a ótica da incapacidade e valorizando os repertórios individuais durante o processo de fruição e criação artística.

Os resultados desta pesquisa sobre os serviços de acessibilidade do MAM–SP e da Pinacoteca apontam que ambos museus apresentam serviços de acessibilidade para públicos com deficiência intelectual, incluindo visitas mediadas, parcerias com instituições especializadas, recursos multissensoriais diversos, acolhimento de distintos repertórios, conhecimentos e formas de se expressar. Além disso, o MAM–SP ainda oferece espaços de criação artística e divulgação da produção da pessoa com deficiência, sendo esta última uma ferramenta importante de disseminação da imagem da pessoa com deficiência como produtora de cultura.

A acessibilidade de comunicação e atitudinal foi identificada pois verificou-se que os educadores partem do pressuposto da potência criativa e perceptiva e acolhem todos os tipos de comunicação, para além da expressão verbal, incluindo manifestações que podem comumente ser compreendidas como estereótipos vinculados à deficiência.

O estudo mostrou que a pessoa leva do museu algo de muito valioso para a sua vida: a experiência! Se a pessoa com deficiência leva algo do museu, nessa via de mão dupla, ela deixa indícios de sua presença nesse espaço. As evidências dessa presença podem ser destacadas, gerar reflexões e, ainda, serem transformadas em um discurso político a favor da diversidade. O museu pode, então, converter sua experiência de acesso a todos em produtos, ações e atividades que influenciam outras instituições culturais e outros setores sociais.

O casamento entre arte, museu e pessoas com deficiência se dá pela presença desse público no museu, que demanda novas formas de interação em seu espaço. Se dá também pela oferta de serviços de acessibilidade e por uma busca ativa de parcerias dos museus com instituições que atendem esse público, demonstrando a consciência da responsabilidade social do museu. Esses dois movimentos se alimentam e se transformam mutuamente. E o resultado disso pode influenciar outros museus e espaços sociais em prol da diversidade de público.

Notas

  • 1
    Nome fictício a fim de garantir o sigilo da identidade das pessoas com deficiência que não são os sujeitos diretos desta pesquisa.
  • 2
    Armazém. 1994-97. Técnica: figuras de gesso, azulejos, gaiolas em madeira e metal, pinturas sobre tela e tecido, objetos de papel machê, borracha, vidro e madeira. Dimensões: 247 × 1060 cm. Doação Galeria Brito Cimino Arte Contemporânea e Moderna. Fonte: https://mam.org.br/acervo/1998-167-000-leirner-nelson/. Acesso em: 31 out. 2021.
  • 3
    Nelson Leirner (São Paulo, São Paulo, 1932 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020) é um “artista intermídia e professor universitário e suas obras e ações se caracterizam pelo teor reflexivo e polemista. Alternando entre crítica política e social, remissões à arte e ao mercado e referências a divindades e animais, transforma objetos cotidianos em alegorias das situações que pretende destacar”. Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9429/nelson-leirner. Acesso em: 27 out. 2021.
  • 4
    Mais informações em https://museu.pinacoteca.org.br/programas-desenvolvidos/. Acesso em: 8 fev. 2020.
  • 5
    Pintor paulistano, que, nascido em 1896, falece no Rio de Janeiro em 1975. Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23492/guiomar-fagundes. Acesso em: 2 nov. 2021.
  • 6
    Para ter acesso ao vídeo na integra: https://www.youtube.com/watch?v=4gKl7gBiZ24. Acesso em: 4 nov. 2021.
  • 7
    Moema, 1894–1895, escultura em bronze, 0,25 × 2,18 × 0,95 cm.
  • 8
    José Maria Oscar Rodolfo Bernardelli, escultor mexicano, mudou-se para o Brasil em 1866, onde residiu até sua morte em 1931.

Agradecimentos

Agradecimento ao Programa Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas por sediar essa pesquisa.

  • Financiamento

    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
    Grant no.: Finance Code 001.
  • Número temático organizado por: Lucia Reily e Selma Machado Simão

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Editado por

Editoras Associadas:

Elizabeth dos Santos Braga e Silvia Cordeiro Nassif

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2022

Histórico

  • Recebido
    06 Maio 2020
  • Aceito
    11 Dez 2021
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