Acessibilidade / Reportar erro

NATURISMO, TURISMO E ESPORTES: À CONQUISTA DE SI (FRANÇA, SÉCULOS XIX-XX)

NATURISM, TOURISM AND SPORTS: TO THE CONQUEST OF THE SELF (FRANCE, 19TH-20TH CENTURIES)

RESUMO

Tomando como eixo das reflexões a realidade francesa entre os séculos XIX e XX, o artigo examina o fenômeno de constituição e difusão do naturismo, partindo da sua emergência em terras germânicas. Menos que um exame minucioso das várias facetas assumidas pelo naturismo e o apelo de um “retorno à natureza” no período, interessa aos propósitos deste artigo flagrar algumas das dimensões desse movimento e as representações de natureza em torno das quais se articulam os seus promotores e suas iniciativas.

Palavras-chave
Natureza; Naturismo; Esportes; Turismo; História

ABSTRACT

Taking the French reality between the 19th and 20th centuries as an axis of reflection, this article examines the phenomenon of the constitution and diffusion of naturism, starting from its emergence in Germanic lands. Less than a thorough examination of the various facets assumed by naturism and the call for a “return to nature” in the period, it is of interest to the purposes of this article to capture some of the dimensions of this movement and the representations of nature around which its promoters and its initiatives are articulated.

Keywords
Nature; Naturism; Sports; Tourism; History

Introdução

Há muitos anos, a França vem se impondo como o “primeiro destino naturista do mundo” (CHALLENGES.FR, 2015CHALLENGES, FR. La France, première destination naturiste mondiale, passe à l’offensive. Challenges.fr, Paris, 02 jul. 2015. Economie. Disponível em: https://www.challenges.fr/economie/la-france-premiere-destination-naturiste-mondiale-passe-a-l-offensive_72576. Acesso em: 30 abr. 2019.
https://www.challenges.fr/economie/la-fr...
). Em 2016, a Federação Francesa de Naturismo assinalava o número de quatro milhões de pessoas que praticavam naturismo no país a cada ano. Desse total, quase dois milhões vinham do exterior (FFN, 2016FFN. Fédération Française de Naturisme. Présentation de notre mouvement. Archives de la FFN. Paris: FFN, 1982.). Do ponto de vista do turismo, essa prática revela-se, assim, como um setor próspero de atividade, registrando quase 350 milhões de euros de faturamento em 2016.

As raízes desse fenômeno mergulham profundamente no século XIX. De fato, o naturismo se desdobra precocemente na esfera do turismo e dos lazeres. Ainda assim, antes de se converter em uma atividade de lazer muito popular durante as férias, ele se resume fundamentalmente a uma terapêutica e uma higiene de vida que repousa sobre uma ideia de “retorno à natureza”. Sua base médica determina, assim, o engajamento turístico de seus primeiros praticantes. Por boas razões, os estabelecimentos naturistas, implantados inicialmente em lugares recuados, áreas montanhosas em particular, levam os pacientes provenientes de toda a Europa, em busca da conquista da saúde, a efetuar uma longa viagem, que lhes permite descobrir, por vezes, se não um outro país, pelo menos, outro ambiente.

Com base no exame de um grande acervo de publicações naturistas dos séculos XIX e XX, busca-se interrogar sobre as formas assumidas historicamente pelo turismo naturista na França, bem como sobre as motivações que impulsionaram seus praticantes e os significados a ele conferidos. Assim, cabe interrogar: quais são suas competências? Que fatores respondem pela sua dinâmica? O turismo naturista apresenta especificidades? Como coabitam ou se mesclam turismo e ativismo? E, ainda, como esse tipo de turismo é considerado em escala nacional e, também, internacional?

Partindo deste conjunto de questões, procura-se destacar o fato de que o turismo naturista se assemelha tanto a uma aventura interior, introspectiva, que passa pela exploração de estados extremos, recorrendo a agentes naturais, quanto a uma aventura que se estende exteriormente, na qual desafios físicos e a busca de exotismo se aproximam e se misturam. Finalmente, essas duas dimensões se agregam e encontram seu ponto de convergência em uma busca de identidade gerada pelas grandes mudanças que acompanham a modernidade.

A Cura Naturista: Um Turismo Médico Antes de Tudo (Fim do Século Xviii – Início do Século XX)

Um naturismo reinventado pelas curas naturais germânicas

A invenção do naturismo ocorre na França no século XVIII, no âmbito dos debates sobre a herança hipocrática e sua atualização, em um contexto de profunda renovação da arte médica. Os médicos naturistas pleiteiam/advogam uma abordagem neo-hipocrática, que repousa sobre a fé na vis naturae medicatrix. Segundo eles, deixar a natureza agir e acompanhar a reação curativa que se opera naturalmente no interior do organismo são os princípios fundamentais que devem guiar todos os praticantes. Não se trata aqui, de forma alguma, de turismo, já que esse modo operatório é recomendado para a prática cotidiana da medicina. Também não se trata de recorrer à força bruta dos elementos naturais como a água, o ar e o sol.

Ainda assim, a história do naturismo é feita, antes de tudo, de circulações, intercâmbios ininterruptos em escala internacional, especialmente entre a França e alguns estados alemães. Gradualmente relegado, marginalizado no interior da instituição médica francesa, em favor da medicina alopática, o naturismo busca uma nova vitalidade nas curas naturais, que se desenvolvem nos estados alemães, do outro lado do Reno, no início do século XIX.

Graças ao seu sucesso e à notoriedade que rapidamente conquistou, Vincenz Prießnitz desempenhou um papel determinante no progresso dos tratamentos naturais nos estados alemães. No interior da instituição de cuidados médicos que criou em Gräfenberg, no ano de 1822, ele efetivamente tratou seus pacientes por meio da Wasserkur, ou seja, da cura pela água. O tratamento baseava-se em uma ampla gama de aplicações à base de água que atuavam tanto nas polaridades térmicas quanto nas áreas do corpo a serem tratadas. Mas a cura consistia, acima de tudo, em um retorno à natureza baseado em uma higiene de vida estrita, rústica (HELFRICHT, 2006HELFRICHT, J. Vincenz Prießnitz (1799-1851) und die Rezeption seiner Hydrotherapie bis 1918: Ein Beitrag zur Geschichte der Naturheilbewegung. Husum: Matthiesen, 2006.).

O sucesso econômico de Prießnitz, um simples camponês que se tornou milionário, muito rapidamente criou concorrentes. Inúmeros estabelecimentos de cura natural foram abertos em todos os estados alemães. Seus promotores assumiram as aplicações hidroterapêuticas de Prießnitz enquanto se esforçavam por dar uma especificidade ao seu tratamento. Eles eram, assim, levados a dar lugar de destaque a algum agente natural em particular (HELFRICHT, 2006HELFRICHT, J. Vincenz Prießnitz (1799-1851) und die Rezeption seiner Hydrotherapie bis 1918: Ein Beitrag zur Geschichte der Naturheilbewegung. Husum: Matthiesen, 2006.). Um dos primeiros, Johann Schroth associou os tratamentos hidroterapêuticos com o consumo de vinho, no âmbito dos cuidados naturistas, em local aberto, em Lindewiese, no ano de 1842. Arnold Rikli concentrou-se nos “banhos de ar e sol” (RIKLI, 1895RIKLI, A. Grundlhere der Naturheilkunde. Leipzig, 1895.).

Com o tempo, agregou-se a cura pela água às curas do ar e do sol, da lama, às curas vegetarianas, tantas declinações em aparência díspares, mas repousando todas elas sobre a crença na ação vitalizante e curativa dos elementos naturais. Frequentemente resultantes de iniciativas de empiristas e de curandeiros, esses tratamentos naturais se inscrevem no prolongamento das medicinas populares e se veem progressivamente circunscritos à esfera das medicinas ditas “paralelas” (VILLARET, 2019VILLARET, S. D’une médecine officielle à une médecine parallèle: l’itinéraire mouvementé de la médecine naturiste française (XVIIIe – XXe siècles). Histoire, médecine et santé, Paris, v. 14, p. 83-99, 2019.). A mobilização que os rodeia rapidamente se traduz na sua institucionalização sob a forma de naturheilverein, isto é, de associações de medicina natural estruturadas no último terço do século XIX, no interior de grandes federações. A difusão de curas naturais não se limitou às fronteiras dos estados alemães. Os nomes de pioneiros como Vincenz Prießnitz, Johan Schroth, Arnold Rikli, Sebastian Kneipp e Theodore Hahn atravessaram rapidamente os seus limites, para chegar à França e à Inglaterra.

Para encontrar as razões desse fenômeno, deve-se constatar que ele se inscreve em um amplo movimento de redescoberta da natureza, catalisada, em particular, pelos escritos de Jean-Jacques Rousseau e pela ascensão do romantismo. Esse massivo entusiasmo por um “retorno à natureza” é compreensível no contexto das grandes agitações pelas quais passam as sociedades europeias naquele momento. Diante da desintegração das referências políticas, culturais e sociais sobre as quais se basearam as sociedades do Antigo Regime, a natureza se torna um refúgio. Ela se afirma como a única fonte de verdade, de estabilidade. Não é por acaso que muitos pacientes se voltam para ela e que os médicos franceses, ligados à tradição hipocrática, percebem ali uma aplicação das teses do pai da medicina em que convém se inspirar.

Finalmente, sem romper com sua base hipocrática, o naturismo francês é profundamente renovado na segunda metade do século XIX. Sobre um fundo mítico do retorno à natureza, do mito do paraíso perdido, ele agrega tratamentos naturais e método científico, sob a influência de médicos que controlam sua difusão. De filosofia de tratamento, eis que o naturismo é alçado a uma terapêutica e, mais ainda, a uma higiene de vida. Como nos estados alemães, a França, por sua vez, acolhe seus primeiros estabelecimentos voltados aos tratamentos naturais no último terço do século XIX. Os institutos kneippistas abrem caminho e são implantados nas grandes cidades, tais como Paris e Lyon. O estabelecimento do Dr. Albert Monteuuis, criado em 1905 nos arredores de Nice, é inspirado pelo de Rikli.

Um turismo terapêutico

É nesse contexto que se desenvolve um turismo naturista internacional com finalidade terapêutica. O estabelecimento criado em 1822 por Prießnitz na Silésia austríaca abre o caminho. Ele constitui rapidamente um protótipo, um modelo do gênero. Implantado em Gräfenberg, pequena cidade situada no coração de uma cadeia de montanhas, ele acolhe, desde os anos de 1830, multidões de pacientes provenientes do mundo inteiro. Em 1842, o Dr. Henri Scoutetten, aproxima-se dos “pacientes vindos de Saint-Petersburgo, de Moscou e de Paris, de Londres e da Filadélfia, de Astracã e de Constantinopla; Viena, Berlim, Varsóvia, toda a Alemanha, a Hungria e a Itália, fornecem também seu contingente” (SCOUTETTEN, 1844SCOUTETTEN, H. Rapport sur l’hydrothérapie, adressé Ã M. le Maréchal ministre de la Guerre, après un voyage fait en Allemagne. Boulogne-Billancourt: Berger-Levrault, 1844., p. 17).

Estima-se em torno de 17.700 o número de pacientes tratados entre 1822 e 1851 (HELFRICHT, 2006HELFRICHT, J. Vincenz Prießnitz (1799-1851) und die Rezeption seiner Hydrotherapie bis 1918: Ein Beitrag zur Geschichte der Naturheilbewegung. Husum: Matthiesen, 2006.). Se Prießnitz cuidou no início de uma população local, seu estabelecimento logo passou a ser frequentado pela “melhor sociedade”. Por exemplo, conforme as observações feitas pelo Dr. Scoutetten, o príncipe de Nassau, o príncipe de Lichtenstein, a princesa polonesa Sapieha, a princesa Gortschakoff, o filho do duque de Sussex e o tio da rainha da Inglaterra estiveram naquele estabelecimento em 1842. Entre os clientes, encontramos também franceses, alguns dos quais não hesitaram em testemunhar, por escrito, sua gratidão a Prießnitz. Suas publicações são, ao mesmo tempo, manuais médicos, histórias de vida, mas, em certa medida, os primeiros guias turísticos. Ao fornecer informações práticas, elas facilitam novas saídas, seja de pacientes ou de médicos.

Com efeito, esse turismo médico não atrai apenas indivíduos em busca de saúde, mas é também usado por médicos interessados em estudar os tratamentos naturais. A especificidade das curas, próprias a certos estabelecimentos, estruturam, assim, um circuito de turismo médico, que se prolonga até o século XIX. Além do Dr. Scoutetten, citam-se aqui, entre aqueles que fizeram esse circuito por volta de 1900, o Dr. Henry Schedel, o Dr. Jean Favrichon, adepto da cura Kneipp, mas também o Dr. Albert Monteuuis e o Dr. Joseph Malgat.

Do lado dos pacientes, a problemática é próxima, mas com nuances importantes. É possível supor que seus deslocamentos visassem testar os diferentes sistemas de cuidados para determinar aquele que se apresentava como o mais salutar. Seu retorno à natureza se constrói, assim, em função dos lugares de cura. Seja como for, esse “caminho da saúde” os leva, finalmente, a experimentar a ação da natureza em sua inteireza.

Sem perder de vista as análises de Vigarello (2014)VIGARELLO, G. Le Sentiment de soi: Histoire de la perception du corps. Paris: Seuil, 2014. e Garden (2008, p. 414)GARDEN, M. Médecine « savante » et médecine « naturelle » en Allemagne (fin xixe - début xxe siècle): Un essai de compréhension d’un conflit par la lecture de la presse corporative et de la littérature de vulgarisation. In: GARDEN, M.; FAVIER, R.; FONTAINE, L. (Ed.). Un historien dans la ville. Paris: Maison des Sciences de L’homme, 2008. p. 399-422. https://doi.org/10.4000/books.editionsmsh.9982
https://doi.org/10.4000/books.editionsms...
, para quem essas curas consistem “mais em uma didática que em uma terapia”, considera-se, entretanto, outra interpretação. De fato, pode-se interrogar sobre as motivações que levam pacientes abastados, acostumados ao conforto, a suportar a fome, o frio, a fadiga, as crises de vômito e as erupções cutâneas (BIGEL, 1840BIGEL, J. Manuel d’hydrosudopathie, ou Traitement des maladies par l’eau froide, la sueur, l’exercice et le régime, suivant la méthode employée par V. Priessnitz à Graefenberg. Paris: Baillière, 1840.). Além da saúde, pode-se supor que é uma busca de sentido que anima a maioria daqueles que se submetem a essas curas difíceis de suportar, sofridas. Como argumenta Vigarello, a exploração de estados extremos que se desenvolve no século XIX visa “sentir o corpo para aprofundar mais amplamente o sentimento de si mesmo” (VIGARELLO, 2014VIGARELLO, G. Le Sentiment de soi: Histoire de la perception du corps. Paris: Seuil, 2014., p. 132). As curas naturais são exemplares. O indivíduo se conhece, revela-se a si mesmo pela natureza. Além disso, é possível supor que as sensações experimentadas pela representação dos elementos naturais contribuem para forjar um sentimento de identidade que lhe faltava. Tais sensações reconstroem os eixos, as referências que “a aceleração da história”, que caracteriza o século XIX, embaralhou. Compreende-se melhor, assim, a importância dada aos invólucros úmidos usados pelos pioneiros e adeptos da medicina natural e, mais amplamente, a importância dada à pele. Esta última, estimulada, marcada pela ação de coadjuvantes naturais, desempenha plenamente seu papel de superfície identitária (LE BRETON, 2008LE BRETON, D. Signes d’identité: Tatouages, piercings et autres marques corporelles. Paris: Métailié, 2008.).

Visto desse ângulo, o turismo naturista toma um sentido que o desloca, em certa medida, das curas propostas no interior das estações termais. Não obstante, seu sucesso deve muito à moda das curas pela natureza que se desenvolve em toda a Europa, ao longo do século XIX (GERBOD, 2004GERBOD, P. Loisirs et santé: le thermalisme en Europe des origines à nos jours. Paris: Honoré Champion, 2004.), na medida em que ele retoma, progressivamente, uma parte dos códigos e usos dessas curas. A exemplo de Friedrich Eduard Bilz, em Radebeul (1895), localizado perto de Dresden, os estabelecimentos se expandem e se modernizam, passando a recrutar também médicos, para se protegerem de qualquer risco de processos judiciais. A rusticidade dos tratamentos e da vida no interior dos centros de cura é atenuada com a finalidade de atrair um público mais amplo, feminino e infantil. As distrações surgem para suavizar os tratamentos. Os centros de curas naturais, por sua vez, tornam-se lugares de sociabilidade próprios da aristocracia e da burguesia. O ascetismo dos primeiros tempos deixa cada vez mais espaço para uma derivação mais hedonista, até mesmo lúdica, que, em contrapartida, enfraquece sua carga identitária.

A influência das curas naturais se faz sentir rapidamente no âmbito das estações termais, mas, também, balneárias e climáticas, que se difundem na França e em numerosas nações europeias. Sob o termo genérico hidroterapia encontram-se, na maioria de estabelecimentos desse gênero, as aplicações dos pioneiros em tratamentos naturais, Prießnitz e Kneipp.

Um Turismo Naturista Antes de Tudo Militante no Período Entreguerras

Viajar para descobrir o caráter arbitrário das normas sociais

O fim do século XIX é marcado, na Alemanha unificada, pela extensão dos movimentos de reforma da vida (KRÜGER, 1991KRÜGER, A. There goes this art of manliness: Naturism and racial hygiene in Germany. Journal of Sport History, Illinois, v. 18, n. 1, p. 135-158, 1991. Edição especial. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/43636122?seq=1#metadata_info_tab_contents. Acesso em: 30 abr. 2019.
https://www.jstor.org/stable/43636122?se...
), com base em uma matriz que aponta para a mobilização em favor dos tratamentos naturais. Reformar a higiene de vida para melhor respeitar as leis da natureza passa a ser considerado, desde então, insuficiente. Os modos de vida e a organização social, política e econômica subjacentes devem mudar. Com o livre desenvolvimento das organizações que fazem da nudez integral a base de um retorno à natureza (PUDOR, 1906PUDOR, H. Katechismus der Nacktkultur: (Leitfaden für Sonnenbäder und Nacktpflege.). Berlin-Steglitz: Pudor, 1906.), inúmeras normas sociais, notadamente aquelas do pudor, são colocadas em xeque.

Esse ponto de viragem se manifesta tardiamente na França. Embora os sinais de alerta fossem perceptíveis já em 1890, a emancipação do naturismo da sua matriz médica ocorreu no período imediato do pós-guerra. O primeiro conflito mundial desempenha um papel de catalisador, de acelerador. Ele renova a natureza exemplar do naturismo alemão, não mais no nível médico, mas do ponto de vista de suas implicações sociais e de sua tomada de consciência política. O trauma que ele suscita também estilhaça muitas das certezas da sociedade moderna, científica e industrial, reativando o mito do retorno à natureza. Mas o desafio reformista não se limita mais à luta contra a degenerescência, uma obsessão do século XIX. Trata-se de prevenir uma nova guerra e, ainda mais, de salvar uma humanidade que se perdeu, ao se desligar da natureza e de suas leis.

Os anos 1920 dão lugar, assim, ao surgimento de muitos movimentos naturistas na França. Entre os mais importantes, destacam-se: o movimento hebertista, fundado por Georges Hébert, associado à Sociedade Naturista Francesa do Dr. Paul Carton (1922), a Liga Vida de Marcel Kienné de Mongeot e do Dr. Marcel Viard (1927), a Sociedade Naturista (1927) dos doutores Gaston e André Durville, a Aliança de Jacques Demarquette (1912). Essas organizações rapidamente adquirem revistas e centros, que se transformam em fontes de difusão de ideias reformistas. Se ainda se cuida de doentes, se assegura, antes de tudo, uma cultura alternativa, a “cultura humana” (DURVILLE, 1931DURVILLE, G. La Cure Naturiste: pour entretenir sa vigueur et se guerir sans medicaments. Paris: Naturisme, 1931., p. 25) como a denomina o Dr. Gaston Durville.

Aderir a um centro é, então, necessariamente engajar-se em favor do projeto de reforma da sociedade protegida. Tal projeto ganha contornos distintos, em função da sensibilidade política de seus promotores; sensibilidade que vai da extrema direita à extrema esquerda do espectro político da época. A importância atribuída ao ato de despir-se constitui outro critério de diferenciação entre os movimentos. Pudica, com o uso de calções ou de túnicas, entre os hebertistas, a nudez é integral nos centros da Liga Vida e em certos grupos anarquistas.

É essencial sublinhar que o engajamento naturista passa, antes de tudo, pelo corpo. A transformação do corpo é considerada, efetivamente, como um pré-requisito, uma condição para uma transformação mais geral, psicológica, social. Nesse sentido, as atividades corporais são o suporte privilegiado da transmissão da cultura naturista. O desenvolvimento corporal é inseparável de uma elevação intelectual, artística, espiritual, necessária à formação de um espírito crítico, considerado imprescindível para combater normas e convenções sociais falsas.

O turismo naturista segue essa nova orientação. Ele faz parte de um percurso no qual somos confrontados com diferentes abordagens do naturismo, atravessando diferentes graus de comprometimento, mas também de despojamento. Vai-se igualmente à procura de um guia, um mestre, em uma conquista de sentidos, o que pode ser lido como uma consequência do trauma da Grande Guerra. Nesse contexto, muitas obras foram utilizadas como guias (SALARDENNE, 1932SALARDENNE, R. Le nu intégral chez les nudistes français (Reportage dans les principaux centres). Paris: Prima, 1932.).

Esse turismo naturista se estende a outros países, particularmente à Alemanha (SALARDENNE, 1929SALARDENNE, R. Le culte de la nudité. Paris: Prima, 1929.; ROYER, 1929ROYER, L.-C. Au pays des hommes nus. Paris: Les éditions de France, 1929.). Para os naturistas franceses, nesse caso, trata-se de descobrir a referência que se tornou a Alemanha em matéria de naturismo, desde o fim do século XIX. Em certos estados alemães, o naturismo é reconhecido e apoiado por autoridades públicas. Para os turistas franceses, em particular, trata-se de viver durante um tempo limitado um “naturismo de massa”, fazendo da nudez integral um acontecimento; o que é curioso, pois, na França, os prosélitos do nudismo não contavam mais que alguns milhares.

Compreende-se, nesse sentido, a publicidade veiculada no órgão de imprensa da Liga Vida, voltada às temporadas nos grandes centros naturistas alemães, como aquele de Klingberg, aberto por Paul Zimmerman em Lübeck, no ano de 1903. As resistências que retardam a ascensão do naturismo na França, particularmente em sua vertente nudista, derivam, com efeito, daquilo que se encontra nos artigos 330 e 238 do Código Penal francês, relacionados, respectivamente, à ofensa ao pudor e aos bons costumes. Despir-se em locais púbicos é passível de uma pena de prisão e de uma elevada multa. O turismo naturista na Alemanha é, assim, considerado pelos líderes dos inúmeros movimentos como o melhor meio de tomada de consciência do caráter arbitrário das leis e das normas sociais francesas. A Liga Vida trabalha, nesse sentido, por meio de sua revista e de seus centros, para reunir interessados em ir à Alemanha e obter todas as indicações práticas necessárias. Gradualmente, um mapa europeu e depois mundial dos centros naturistas é estabelecido e difundido. Estrutura-se, então, um turismo naturista internacional.

O Impulso de um Naturismo de Prazer e de Lazer

Uma das razões que explicam a ascensão do naturismo entre as duas guerras articula-se a uma problemática identitária. A natureza é uma vez mais convocada para dar uma direção à existência. E, como no passado, parte dos naturistas não hesita em multiplicar as estadias em diferentes centros escolhidos em razão de sua especificidade. Os hebertistas são assim encontrados em Physiopolis, campo naturista fundado pelos Drs. Durville na ilha de Platais (Sena e Oise), mas também no Manoir Jan, criado em 1931 por Kienné de Mongeot. Com a criação em 1932 de Heliópolis, o primeiro vilarejo naturista na França torna-se, a cada verão, uma espécie de parada obrigatória para qualquer naturista.

Essas circulações são, às vezes, mal vistas pelos dirigentes preocupados em fidelizar seus clientes e atrair os de outros estabelecimentos. Não se podem negligenciar as apostas econômicas que subjazem à ampla ascensão do naturismo. Os centros naturistas são, ao mesmo tempo, lugares de conversão a um projeto particular de sociedade, mas também uma fonte de renda para os líderes desses movimentos. Observe-se, nesse sentido, que Hébert, Kienné de Mongeot e os Drs. Durville acabam se tornando “empresários da natureza”. A ambição de reformar a vida se conjuga com as perspectivas comerciais, fazendo do naturismo um mercado lucrativo, recolocando-o na esfera do lazer e do bem-estar. Os dois desafios são complementares. Eles demonstram, aliás, o uso e o lugar que são dados aos esportes e à educação física nos centros naturistas. Na verdade, eles desempenham um papel estruturante entre as duas guerras.

De um lado, eles são o suporte de escolhas para as aplicações naturistas (banhos de ar, água e sol), inscrevendo-as em um processo de melhoramento de si mesmo, de desempenho. Sob sua forma ascética, eles dão sentido ao engajamento militante. Certas figuras-chave do naturismo, como Hébert e os Drs. Durville, formalizam um naturismo que é, acima de tudo, esportivo. Após as curas do ar, da água e do sol, chega a hora da “cura do movimento” (DURVILLE, 1931DURVILLE, G. La Cure Naturiste: pour entretenir sa vigueur et se guerir sans medicaments. Paris: Naturisme, 1931., p. 263). Ser naturista é, necessariamente, ser musculoso e bronzeado, bem como participar dos treinos coletivos organizados nos centros naturistas.

Por outro lado, esportes e educação física servem como produtos de atração. Eles se inscrevem em uma lógica do divertimento, da animação. Sob esse ângulo, é o prazer do jogo e o aspecto lúdico que são privilegiados. A concorrência econômica favorece, assim, a construção de equipamentos esportivos de qualidade, resistentes.

Essa orientação, no entanto, tem o efeito de trazer ao naturismo um público mais atraído pelo desenvolvimento pessoal e pelo hedonismo do que pelo compromisso com uma causa superior. A importância dada às paisagens se afirma, atestando a busca pelo exotismo ou até pela aventura. Apesar dos riscos, a prática selvagem da nudez em alguns locais naturais remotos, começa a surgir. Nos centros da Liga Vida, os regulamentos interiores estritos são contestados. O turismo naturista favorece, desse modo, os comportamentos consumistas. As pessoas vão buscar sensações em um tempo limitado e um espaço preciso. Em outros lugares, se recusam a abraçar a luta conduzida pelos líderes do naturismo.

Tal situação nutre a cólera e o rancor de Kienné de Mongeot, que denuncia, desde o início dos anos 1930, a falta de disciplina em certos centros, julgando que muitos “‘nudo-naturistas’, nudistas para usar o termo que realmente lhes convém, não compartilham [seu] ideal e não consideram a nudez apenas como um meio, mas como um objetivo, erro profundo que causará o desaparecimento do nudismo” (MONGEOT, 1934MONGEOT, M. K. Editorial. Unité d’action. Vivre Santé, 1934. p. 3., p. 3).

A Conquista do Grande Público: A Aposta em um Turismo Naturista de Massa (1945-1980)

Um naturismo solidamente ligado à sociedade de lazer

A Segunda Guerra Mundial teve um efeito contrastante sobre o fenômeno naturista na França. Ela é o ponto de partida do enfraquecimento de muitas organizações, como o hebertismo e a Aliança de Jacques Demarquette. Como consequência, certos movimentos escapam a seus fundadores. Esse é o caso de Kienné de Mongeot, que se encontra cada vez mais marginalizado, assim como Hébert e, finalmente, os Drs. Durville. Com seu desaparecimento ou isolamento, as perspectivas reformistas e o engajamento militante enfraquecem gradualmente em favor de um declínio do naturismo, tanto higiênico quanto hedonista. É certo que a guerra apressou essa evolução ao desacreditar os discursos eugênicos que ocupavam um lugar importante na retórica naturista.

A recomposição dos movimentos que se opera beneficia o nudo-naturismo com a criação, em 1950, da Federação Francesa de Naturismo (FFN). Em última análise, é a nudez integral que se torna a base do retorno à natureza, que a FFN promove, em detrimento de outras sensibilidades. Além disso, sob a influência de Albert Lecocq, seu secretário-geral, a FFN opta por uma estratégia de conquista pública e de reconhecimento político que aposta explicitamente no lazer e no turismo. Três tipos de centros são formalizados sob sua liderança. Em primeiro lugar estão os clubes locais, base do movimento, devendo permitir uma prática de naturismo regular aos membros mais próximos. Em seguida, os centros intermediários, cuja vocação é receber os naturistas de passagem ou aqueles que vêm do exterior. Para completar o conjunto, vêm os centros de férias, vitrines do movimento federativo, a serviço do naturismo de massa. Suas instalações, seu ambiente e seu tamanho fazem deles lugares privilegiados para estadias longas. No total, dois dos três tipos de estruturas estão posicionados no contexto do turismo.

O tempo dos grandes ordenamentos foi impulsionado pela criação, em 1954, da Sociedade de Financiamento de Centros de Natureza. No ano de 1951, o Centre-Hélio-Marin Guyenne, localizado na pequena cidade de Vendays-Montalivet, abre suas portas. Passados 18 anos, esse carro-chefe dos centros naturistas de férias se estende por 150 hectares à beira do Oceano Atlântico e acolhe quase 20.000 pessoas, principalmente no verão. Ao mesmo tempo, Heliópolis bate recordes de frequência com quase 70.000 pessoas que desembarcam na ilha do Levant. Nesse meio tempo, em 1961, o centro de férias Héliomonde, que dispõe de uma superfície de 70 hectares, inicia suas atividades nos arredores da capital Saint-Chéron.

No final dessa fase de expansão, em 1982, a FFN tem 200 clubes e 45 centros de férias. Tal sucesso baseia-se, notadamente, sobre o lugar dado aos jogos e esportes como instrumentos de animação dos centros. De fato, em 1982, a FFN pode orgulhar-se de manter 500 campos de esporte e 400 parquinhos infantis (FFN, 1982FFN. Fédération Française de Naturisme. La France, première destination naturiste au monde. Dossier de presse pour le Salon Mondial du Tourisme de Paris. Paris: FFN, 2016.). Para completar o quadro, é necessário, ainda, fazer alusão ao caso particular que constitui o centro naturista de Cap d’Agde, que simboliza a simbiose perfeita entre naturismo e turismo de massa. Os irmãos Oltra, organizadores, desde 1956, de um acampamento naturista na pequena cidade de Agde, conseguiram integrar o naturismo nos planos de ordenamento costeiro estabelecidos pela Missão Interministerial “Languedoc-Roussillon” (1963). Além do novo camping naturista de 45 hectares, o ano de 1971 marca o final dos trabalhos do Port Ambonne, pequena cidade-anfiteatro construída em torno de um porto para naturistas que desejam desfrutar das alegrias e belezas à beira-mar. Pouco tempo depois, o edifício Heliópolis é construído, estendendo-se por quase um quilômetro. Mais tarde, é em torno do Porto Natureza que as construções começam a se instalar. O Cap d’Agde torna-se, assim, o novo eldorado naturista. A aposta é, de fato, um sucesso e, em 1978, constata-se uma frequência anual de 50.000 pessoas.

O tempo do “naturismo para si”?

Durante esse último período, o naturismo se inscreve plenamente na esfera dos lazeres. A tendência hedonista trabalhada entre as duas guerras ultrapassa um novo patamar. A ideia de reformar a humanidade em profundidade, como base e motor do naturismo, perde sua força. As reivindicações se reorientam, gradualmente, em torno da defesa do direito de praticar a nudez integral, certamente de acordo com uma perspectiva de vida em harmonia com a natureza. As novas gerações de líderes buscam o reconhecimento político e social de uma forma de cultura baseada em uma relação particular do corpo com a natureza.

Desde então, o naturismo é cada vez mais vivido como uma atividade de lazer, entre tantas outras, reconhecido por seus benefícios para a saúde pública. Nessa perspectiva, a filiação com os naturistas precedentes se mantém, mesmo se a saúde não é mais considerada sob o ângulo reformista. Divertir-se e relaxar são formas igualmente complementares de se considerar o naturismo. A atenção dada aos prazeres corporais ganha em intensidade nos discursos que circulam nas páginas de certas revistas. A sedução e o prazer que ela obtém transparecem nas preocupações de alguns naturistas. Por meio de textos e ilustração, a revista Naturisme 50 joga sobre essa sensibilidade, compondo uma ode ao corpo musculoso, sexy (BASSAUD, 1951BASSAUD, J. L’usine à beau garçon. Naturisme, v. 51, 1951. p. 14-16.). Com ela, a maneira de considerar o corpo naturista e, portanto, o trabalho sobre o corpo, tinge-se de erotismo. Tal ótica está em desacordo com a doutrina cunhada pelos líderes naturistas do período entreguerras, na qual o corpo é, acima de tudo, assexuado.

Se o naturismo é um espaço de entretenimento, relaxamento, ele é também um lugar de desenvolvimento, não mais voltado para um ideal coletivo, mas para si mesmo, encerrado no próprio indivíduo. Essa perspectiva de desenvolvimento pessoal combina, por vezes, corpo e mente. A atenção dada ao relaxamento e à valorização da experiência corporal nas revistas naturistas o ilustra. Ela testemunha a lógica que, diante do enfraquecimento das grandes matrizes de sentido, faz do corpo e da aparência a prova de identidade. Esta se fecha nas sensações que buscam a prática da nudez em contato com elementos naturais, mas também o fato de romper com o universo cotidiano, ou seja, transgredir certos tabus. Isso tem o efeito de alimentar a ascensão do turismo naturista “selvagem”. Não há mais aqui a questão de se restringir a espaços naturistas fechados e controlados. São a beleza dos lugares naturais e sua autenticidade vivida livremente que vêm buscar esses neonaturistas.

Nos centros naturistas, os responsáveis devem conviver com diferentes públicos vinculados a esses ideais. Juntamente com os ativistas que atravessaram a década de 1930, há uma nova geração de naturistas que veio para “consumir” sensações, o prazer do corpo, atraída pelo fenômeno da moda, que o naturismo se tornou no contexto dos anos sessenta1 1 Cf. o sucesso do filme de Jean Girault, Biquínis de Saint Tropez, de 1964. Cinco outros filmes o seguiram. . Os regulamentos são contestados, os princípios que fundamentam a doutrina naturista, negligenciados. A liberação dos costumes, que se afirma com a geração baby boom e o ano 1968, encontra-se no público que vem em busca do naturismo. Assim, a ilha do Levant “exibe descaradamente sua marginalidade, sua vontade de abertura e o seu gosto pela liberdade” (MIAILLE, J.; MIAILLE, L., 1988MIAILLE, J.; MIAILLE, L. Bribes Levantines. Île du Levant: Agir O Levant, 1998., p. 6).A liberdade sexual faz seu caminho. Alguns anos mais tarde, é a vez do Cap d’Agde confrontar-se com uma forma, ainda que marginal, mas muito presente, de turismo sexual (HARP, 2014HARP, S. Au Naturel: Naturism, Nudism, and Tourism in Twentieth-Century France. Baton Rouge: Louisiana State University, 2014.). Em 1981, Paul Oltra faz uma observação amarga: “Agora eles fazem tudo o que você quer, exceto o verdadeiro naturismo! Eles se exibem, se expõem... Enfim, qualquer coisa!” (PLOMBAT, 1981PLOMBAT, A. Où va le naturisme. Les philosophes se font rares... Montpellier: Midi Libre, 1981., n.p.).

Conclusão

Como se pode observar, a ascensão de um turismo naturista acompanha muito pouco a invenção do próprio naturismo. Terapêutico em um primeiro momento, militante em seguida, esse turismo toma uma forma mais convencional na segunda metade do século XX. A oferta naturista responde, então, a uma demanda de lazeres e de mudança de hábitos em um ambiente mais autêntico e natural. No entanto, seria equivocado ter uma visão muito fixa dessa evolução. As diferentes formas e motivações de turismo naturista coexistem, confundem-se, alimentam-se, mesmo se uma tende a prevalecer sobre as outras. O ideal reformista, por exemplo, enraíza-se no turismo médico e a mudança completa de direção do lazer tomada pelo naturismo não encerra esse movimento. Observa-se, aliás, outras continuidades, como no caso da busca da saúde e do desejo de cura pela natureza.

Continuidade certamente, mas também crises, rupturas, geradas por um contexto em que a nudez se banaliza e o naturismo é capturado pela rede da sociedade de consumo. Permanece, no entanto, a ideia de que esse turismo extrai, regularmente, uma nova vitalidade nas grandes mudanças que marcam o fim do século XX e o começo do século XXI: maio de 1968, crise ecológica, ascensão de movimentos religiosos. Seus sobressaltos nos lembram, assim, que a essência do naturismo, seu dinamismo, sustenta-se no papel identitário que lhe é conferido. Eles sublinham o lugar cada vez mais importante que o corpo assume na vida dos indivíduos e em sua busca de referências, de identidade.

Notas

  • 1
    Cf. o sucesso do filme de Jean Girault, Biquínis de Saint Tropez, de 1964. Cinco outros filmes o seguiram.

Agradecimento

O Comitê Editorial dos Cadernos Cedes agradece à Carmen Lucia Soares pela tradução do artigo para o português e André Dalben pela revisão.

  • Comitê Editorial dos Cadernos Cedes/Coordenação deste número: Alessandra Arce Hai e Ana Clara Bortoleto Nery

REFERÊNCIAS

  • BASSAUD, J. L’usine à beau garçon. Naturisme, v. 51, 1951. p. 14-16.
  • BIGEL, J. Manuel d’hydrosudopathie, ou Traitement des maladies par l’eau froide, la sueur, l’exercice et le régime, suivant la méthode employée par V. Priessnitz à Graefenberg Paris: Baillière, 1840.
  • CHALLENGES, FR. La France, première destination naturiste mondiale, passe à l’offensive. Challenges.fr, Paris, 02 jul. 2015. Economie. Disponível em: https://www.challenges.fr/economie/la-france-premiere-destination-naturiste-mondiale-passe-a-l-offensive_72576 Acesso em: 30 abr. 2019.
    » https://www.challenges.fr/economie/la-france-premiere-destination-naturiste-mondiale-passe-a-l-offensive_72576
  • DURVILLE, G. La Cure Naturiste: pour entretenir sa vigueur et se guerir sans medicaments. Paris: Naturisme, 1931.
  • FFN. Fédération Française de Naturisme. Présentation de notre mouvement. Archives de la FFN Paris: FFN, 1982.
  • FFN. Fédération Française de Naturisme. La France, première destination naturiste au monde. Dossier de presse pour le Salon Mondial du Tourisme de Paris Paris: FFN, 2016.
  • GARDEN, M. Médecine « savante » et médecine « naturelle » en Allemagne (fin xixe - début xxe siècle): Un essai de compréhension d’un conflit par la lecture de la presse corporative et de la littérature de vulgarisation. In: GARDEN, M.; FAVIER, R.; FONTAINE, L. (Ed.). Un historien dans la ville Paris: Maison des Sciences de L’homme, 2008. p. 399-422. https://doi.org/10.4000/books.editionsmsh.9982
    » https://doi.org/10.4000/books.editionsmsh.9982
  • GERBOD, P. Loisirs et santé: le thermalisme en Europe des origines à nos jours. Paris: Honoré Champion, 2004.
  • HARP, S. Au Naturel: Naturism, Nudism, and Tourism in Twentieth-Century France. Baton Rouge: Louisiana State University, 2014.
  • HELFRICHT, J. Vincenz Prießnitz (1799-1851) und die Rezeption seiner Hydrotherapie bis 1918: Ein Beitrag zur Geschichte der Naturheilbewegung. Husum: Matthiesen, 2006.
  • MONGEOT, M. K. Editorial. Unité d’action. Vivre Santé, 1934. p. 3.
  • KRÜGER, A. There goes this art of manliness: Naturism and racial hygiene in Germany. Journal of Sport History, Illinois, v. 18, n. 1, p. 135-158, 1991. Edição especial. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/43636122?seq=1#metadata_info_tab_contents Acesso em: 30 abr. 2019.
    » https://www.jstor.org/stable/43636122?seq=1#metadata_info_tab_contents
  • LE BRETON, D. Signes d’identité: Tatouages, piercings et autres marques corporelles. Paris: Métailié, 2008.
  • MIAILLE, J.; MIAILLE, L. Bribes Levantines Île du Levant: Agir O Levant, 1998.
  • PLOMBAT, A. Où va le naturisme. Les philosophes se font rares... Montpellier: Midi Libre, 1981.
  • PUDOR, H. Katechismus der Nacktkultur: (Leitfaden für Sonnenbäder und Nacktpflege.). Berlin-Steglitz: Pudor, 1906.
  • RIKLI, A. Grundlhere der Naturheilkunde Leipzig, 1895.
  • ROYER, L.-C. Au pays des hommes nus Paris: Les éditions de France, 1929.
  • SALARDENNE, R. Le culte de la nudité Paris: Prima, 1929.
  • SALARDENNE, R. Le nu intégral chez les nudistes français (Reportage dans les principaux centres). Paris: Prima, 1932.
  • SCOUTETTEN, H. Rapport sur l’hydrothérapie, adressé Ã M. le Maréchal ministre de la Guerre, après un voyage fait en Allemagne Boulogne-Billancourt: Berger-Levrault, 1844.
  • VIGARELLO, G. Le Sentiment de soi: Histoire de la perception du corps. Paris: Seuil, 2014.
  • VILLARET, S. D’une médecine officielle à une médecine parallèle: l’itinéraire mouvementé de la médecine naturiste française (XVIIIe – XXe siècles). Histoire, médecine et santé, Paris, v. 14, p. 83-99, 2019.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Out 2020
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2020

Histórico

  • Recebido
    30 Ago 2019
  • Aceito
    10 Fev 2020
CEDES - Centro de Estudos Educação e Sociedade Caixa Postal 6022 - Unicamp, 13084-971 Campinas SP - Brazil, Tel. / Fax: (55 19) 3289 - 1598 / 7539 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: revistas.cedes@linceu.com.br