Editorial Desafios e limitações do uso de dias livres de ventilador como desfecho em estudos de cuidados intensivos Bruhn, Alejandro Kattan, Eduardo Cavalcanti, Alexandre Biasi |
Editorial Delirium e qualidade do sono na unidade de terapia intensiva: o papel da melatonina |
Editorial À espera da Pediatric Acute Lung Injury Consensus Conference 3 |
EDITORIAL A ciência acima do idioma: um apelo à consideração do preconceito linguístico na publicação científica González-Dambrauskas, Sebastián Salluh, Jorge Ibrain Figueira Machado, Flávia Ribeiro Rotta, Alexandre Tellechea |
Editorial De unidades de terapia intensiva a unidades de cuidados pós-agudos: quanto mais cedo, melhor? |
Editorial A suspensão e a não implementação de intervenções de suporte de vida em cuidados paliativos |
Editorial Liberação do ventilador em unidades de terapia intensiva pediátrica ibero-americanas |
Editorial Os efeitos da internação em unidades de terapia intensiva em pacientes com câncer: aumento da sobrevida em longo prazo por meio de um melhor entendimento |
Editorial Desafios no uso dos componentes dinâmicos do escore SOFA em bancos de dados de assistência médica |
Editorial Preenchendo a lacuna de conhecimento em cuidados intensivos: a importância das publicações de países de baixa e média renda Salluh, Jorge Ibrain Figueira Besen, Bruno Adler Maccagnan Pinheiro González-Dambrauskas, Sebastián Ranjit, Suchitra Souza, Daniela Carla Veiga, Viviane Cordeiro Mer, Mervyn Bruhn, Alejandro Ranzani, Otavio T. Pisani, Luigi Aryal, Diptesh Hashmi, Madiha Myatra, Sheila Nainan Ferreira, Juliana Carvalho Nassar Junior, Antonio Paulo |
Editorial Indicadores prognósticos de pacientes oncológicos em unidades de terapia intensiva: conectando a sobrevida em curto e longo prazo |
Diretrizes e Consensos Posicionamento da Academia Nacional de Cuidados Paliativos sobre suspensão e não implementação de intervenções de suporte de vida no âmbito dos cuidados paliativos Vidal, Edison Iglesias de Oliveira Ribeiro, Sabrina Correa da Costa Kovacs, Maria Júlia Máximo da Silva, Luciano Sacardo, Daniele Pompei Iglesias, Simone Brasil de Oliveira Silva, Josimário João da Neves, Cinara Carneiro Ribeiro, Diego Lima Lopes, Fernanda Gomes Resumo em Português: RESUMO O tema da suspensão e da não implementação de intervenções de suporte de vida constitui importante fonte de controvérsia entre profissionais de saúde que lidam com pacientes com doenças graves. Decisões equivocadas, tanto em termos de introdução/manutenção, como de suspensão/não introdução dessas medidas representam fonte de sofrimento evitável para pacientes, seus entes queridos e profissionais de saúde. O presente documento representa o posicionamento do Comitê de Bioética da Academia Nacional de Cuidados Paliativos sobre essa questão e estabelece sete princípios para guiar, do ponto de vista da bioética, a abordagem de situações relacionadas a tal tema no contexto dos cuidados paliativos no Brasil. O posicionamento estabelece a equivalência entre a retirada e a não implementação de intervenções de suporte de vida e a inadequação relacionada a iniciar ou manter tais medidas em contextos em que elas estejam em desacordo com os valores e os objetivos de cuidado definidos em conjunto com pacientes e seus familiares. Adicionalmente, o posicionamento distingue tratamentos fúteis em senso estrito de tratamentos potencialmente inapropriados e elucida sua implicação crucial para a adequação do processo de tomada de decisão médica nesse contexto. Finalmente, o texto aborda a questão da objeção de consciência e seus limites; determina que o compromisso ético pelo alívio do sofrimento não deve ser influenciado pela decisão por empregar ou não intervenções de suporte de vida e adverte contra o uso de linguagem que induza pacientes/familiares a acreditarem que apenas uma das opções disponíveis relacionadas à utilização ou não dessas medidas possibilitará o alívio do sofrimento.Resumo em Inglês: ABSTRACT The issue of withrawing and withholding life-sustaining interventions is an important source of controversy among healthcare professionals caring for patients with serious illnesses. Misguided decisions, both in terms of the introduction/maintenance and the withdrawal/withholding of these measures, represent a source of avoidable suffering for patients, their loved ones, and healthcare professionals. This document represents the position statement of the Bioethics Committee of the Brazilian Palliative Care Academy on this issue and establishes seven principles to guide, from a bioethical perspective, the approach to situations related to this topic in the context of palliative care in Brazil. The position statement establishes the equivalence between the withdrawal and withholding of life-sustaining interventions and the inadequacy related to initiating or maintaining such measures in contexts where they are in disagreement with the values and care goals defined together with patients and their families. Additionally, the position statement distinguishes strictly futile treatments from potentially inappropriate treatments and elucidates their critical implications for the appropriateness of the medical decision-making process in this context. Finally, we address the issue of conscientious objection and its limits, determine that the ethical commitment to the relief of suffering should not be influenced by the decision to employ or not employ life-sustaining interventions and warn against the use of language that causes patients/families to believe that only one of the available options related to the use or nonuse of these interventions will enable the relief of suffering. |
Artigo Original Associação entre biomarcadores e sucesso do desmame ventilatório em pacientes com COVID-19: um estudo observacional Schneider, Bruna Oliveira, Raquel Almeida de Friedman, Gilberto Moraes, Rafael Barberena Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Avaliar a associação de biomarcadores com o sucesso do desmame ventilatório em pacientes com COVID-19. Métodos: Trata-se de estudo observacional, retrospectivo e de centro único realizado entre março de 2020 e abril de 2021. Foram avaliados a proteína C-reativa, os linfócitos totais e a relação neutrófilos/linfócitos durante o atrito e a extubação; mediu-se a variação desses valores de biomarcadores. O desfecho primário foi o sucesso da extubação. As curvas ROC foram desenhadas para encontrar os melhores pontos de corte dos biomarcadores segundo a sensibilidade e a especificidade. A análise estatística foi realizada por meio de regressão logística. Resultados: Dos 2.377 pacientes admitidos na unidade de terapia intensiva, 458 foram incluídos na análise, 356 no Grupo Sucesso do desmame e 102 no Grupo Fracasso do desmame. Os pontos de corte encontrados nas curvas ROC foram −62,4% para proteína C-reativa, +45,7% para linfócitos totais e −32,9% para relação neutrófilo/linfócito. Esses pontos foram significativamente associados ao maior sucesso da extubação. Na análise multivariada, apenas a variação da proteína C-reativa permaneceu estatisticamente significativa (RC 2,6; IC95% 1,51 – 4,5; p < 0,001). Conclusão: Neste estudo, uma diminuição nos níveis de proteína C-reativa foi associada ao sucesso da extubação em pacientes com COVID-19. Os linfócitos totais e a relação neutrófilos/linfócitos não mantiveram a associação após a análise multivariada. No entanto, uma diminuição nos níveis de proteína C-reativa não deve ser usada como única variável para identificar pacientes com COVID-19 adequados para o desmame; como em nosso estudo, a área sob a curva ROC demonstrou baixa precisão na discriminação dos resultados de extubação, com baixas sensibilidade e especificidade.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To evaluate the association of biomarkers with successful ventilatory weaning in COVID-19 patients. Methods: An observational, retrospective, and single-center study was conducted between March 2020 and April 2021. C-reactive protein, total lymphocytes, and the neutrophil/lymphocyte ratio were evaluated during attrition and extubation, and the variation in these biomarker values was measured. The primary outcome was successful extubation. ROC curves were drawn to find the best cutoff points for the biomarkers based on sensitivity and specificity. Statistical analysis was performed using logistic regression. Results: Of the 2,377 patients admitted to the intensive care unit, 458 were included in the analysis, 356 in the Successful Weaning Group and 102 in the Failure Group. The cutoff points found from the ROC curves were −62.4% for C-reactive protein, +45.7% for total lymphocytes, and −32.9% for neutrophil/lymphocyte ratio. These points were significantly associated with greater extubation success. In the multivariate analysis, only C-reactive protein variation remained statistically significant (OR 2.6; 95%CI 1.51 – 4.5; p < 0.001). Conclusion: In this study, a decrease in C-reactive protein levels was associated with successful extubation in COVID-19 patients. Total lymphocytes and the neutrophil/lymphocyte ratio did not maintain the association after multivariate analysis. However, a decrease in C-reactive protein levels should not be used as a sole variable to identify COVID-19 patients suitable for weaning; as in our study, the area under the ROC curve demonstrated poor accuracy in discriminating extubation outcomes, with low sensitivity and specificity. |
Artigo Original Pronação consciente em pacientes com COVID-19 não intubados e com síndrome do desconforto respiratório agudo: revisão sistemática e metanálise Vásquez-Tirado, Gustavo Adolfo Meregildo-Rodríguez, Edinson Dante Asmat-Rubio, Martha Genara Salazar-Castillo, María José Quispe-Castañeda, Claudia Vanessa Cuadra-Campos, María del Carmen Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Revisar sistematicamente o efeito da posição prona na intubação endotraqueal e na mortalidade em pacientes com COVID-19 não intubados com síndrome do desconforto respiratório agudo. Métodos: Registramos o protocolo (CRD42021286711) e pesquisamos quatro bancos de dados e literatura cinzenta desde o início até 31 de dezembro de 2022. Incluímos estudos observacionais e ensaios clínicos. Não houve limite de data ou idioma de publicação. Excluímos relatos de casos, séries de casos, estudos não disponíveis em texto completo e estudos que incluíram pacientes < 18 anos de idade. Resultados: Incluímos 10 estudos observacionais, 8 ensaios clínicos, 3.969 pacientes, 1.120 eventos de intubação endotraqueal e 843 mortes. Todos os estudos tinham baixo risco de viés (ferramentas Newcastle-Ottawa Scale e Risk of Bias 2). Observamos que a pronação consciente reduziu as chances de intubação endotraqueal em 44% (RC 0,56; IC95% 0,40 - 0,78) e a mortalidade em 43% (RC 0,57; IC95% 0,39 - 0,84) em pacientes com COVID-19 não intubados com síndrome do desconforto respiratório agudo. Esse efeito protetor sobre a intubação endotraqueal e a mortalidade foi mais robusto naqueles que passaram > 8 horas por dia na pronação consciente (RC 0,43; IC95% 0,26 - 0,72 e OR 0,38; IC95% 0,24 - 0,60, respectivamente). A certeza da evidência, de acordo com os critérios GRADE, foi moderada. Conclusão: A pronação consciente diminuiu as chances de intubação endotraqueal e mortalidade, especialmente quando os pacientes passaram > 8 horas por dia na pronação consciente e tratamento na unidade de terapia intensiva. Contudo, nossos resultados devem ser interpretados com cautela devido às limitações na avaliação de ensaios clínicos randomizados, ensaios clínicos não randomizados e estudos observacionais. Não obstante, apesar das revisões sistemáticas com metanálises de ensaios clínicos randomizados, devemos ter em mente que esses estudos permanecem heterogêneos do ponto de vista clínico e metodológico.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To systematically review the effect of the prone position on endotracheal intubation and mortality in nonintubated COVID-19 patients with acute respiratory distress syndrome. Methods: We registered the protocol (CRD42021286711) and searched for four databases and gray literature from inception to December 31, 2022. We included observational studies and clinical trials. There was no limit by date or the language of publication. We excluded case reports, case series, studies not available in full text, and those studies that included children < 18-years-old. Results: We included ten observational studies, eight clinical trials, 3,969 patients, 1,120 endotracheal intubation events, and 843 deaths. All of the studies had a low risk of bias (Newcastle-Ottawa Scale and Risk of Bias 2 tools). We found that the conscious prone position decreased the odds of endotracheal intubation by 44% (OR 0.56; 95%CI 0.40 - 0.78) and mortality by 43% (OR 0.57; 95%CI 0.39 - 0.84) in nonintubated COVID-19 patients with acute respiratory distress syndrome. This protective effect on endotracheal intubation and mortality was more robust in those who spent > 8 hours/day in the conscious prone position (OR 0.43; 95%CI 0.26 - 0.72 and OR 0.38; 95%CI 0.24 - 0.60, respectively). The certainty of the evidence according to the GRADE criteria was moderate. Conclusion: The conscious prone position decreased the odds of endotracheal intubation and mortality, especially when patients spent over 8 hours/day in the conscious prone position and treatment in the intensive care unit. However, our results should be cautiously interpreted due to limitations in evaluating randomized clinical trials, nonrandomized clinical trials and observational studies. However, despite systematic reviews with meta-analyses of randomized clinical trials, we must keep in mind that these studies remain heterogeneous from a clinical and methodological point of view. |
Artigo Original Eficácia da melatonina na redução da incidência de delirium em pacientes adultos graves: um ensaio clínico randomizado Bandyopadhyay, Anjishnujit Yaddanapudi, Lakshmi Narayana Saini, Vikas Sahni, Neeru Grover, Sandeep Puri, Sunaakshi Ashok, Vighnesh Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Determinar se a melatonina enteral diminui a incidência de delirium em adultos em estado grave. Métodos: Neste estudo controlado e randomizado, os adultos foram admitidos à unidade de terapia intensiva e/ou receberam apenas o padrão de cuidado habitual (Grupo Controle) ou o tratamento combinado com 3mg de melatonina enteral uma vez ao dia às 21h (Grupo Melatonina). A ocultação da alocação foi feita por meio de envelopes selados opacos e numerados sequencialmente. O intensivista que avaliou o delirium e o pesquisador que realizou a análise dos dados foram cegados quanto à alocação do grupo. O desfecho primário foi a incidência de delirium dentro de 24 horas de internação na unidade de terapia intensiva. Os desfechos secundários foram a incidência de delirium nos dias 3 e 7, a mortalidade na unidade de terapia intensiva, a duração da internação na unidade de terapia intensiva, a duração da ventilação mecânica e o escore da escala de desfecho de Glasgow (na alta). Resultados: Foram incluídos 108 pacientes na análise final, com 54 sujeitos em cada grupo. Em 24 horas de internação na unidade de terapia intensiva, a incidência de delirium não foi diferente entre os Grupos Melatonina e Controle (29,6% versus 46,2%; RR = 0,6; IC95% 0,38 - 1,05; p = 0,11). Nenhum desfecho secundário apresentou diferenças estatisticamente significativas. Conclusão: Em adultos em estado grave, 3mg de melatonina enteral não foi mais eficaz que os cuidados padrão na redução da incidência de delirium.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To determine whether enteral melatonin decreases the incidence of delirium in critically ill adults. Methods: In this randomized controlled trial, adults were admitted to the intensive care unit and received either usual standard care alone (Control Group) or in combination with 3mg of enteral melatonin once a day at 9 PM (Melatonin Group). Concealment of allocation was done by serially numbered opaque sealed envelopes. The intensivist assessing delirium and the investigator performing the data analysis were blinded to the group allocation. The primary outcome was the incidence of delirium within 24 hours of the intensive care unit stay. The secondary outcomes were the incidence of delirium on Days 3 and 7, intensive care unit mortality, length of intensive care unit stay, duration of mechanical ventilation and Glasgow outcome score (at discharge). Results: We included 108 patients in the final analysis, with 54 patients in each group. At 24 hours of intensive care unit stay, there was no difference in the incidence of delirium between Melatonin and Control Groups (29.6 versus 46.2%; RR = 0.6; 95%CI 0.38 - 1.05; p = 0.11). No secondary outcome showed a statistically significant difference. Conclusion: Enteral melatonin 3mg is not more effective at decreasing the incidence of delirium than standard care is in critically ill adults. |
Artigo Original Avaliação físico-funcional abrangente de sobreviventes de internação em unidade de terapia intensiva devido à COVID-19 Volpe, Marcia Souza Santos, Ana Carolina Cardoso dos Gaspar, Sílvia Melo, Jade Lara de Harada, Gabriela Ferreira, Patrícia Rocha Alves Silva, Karina Ramiceli Soares da Souza, Natália Tiemi Simokomaki Toufen Junior, Carlos Chiavegato, Luciana Dias Amato, Marcelo Britto Passos Feltrim, Maria Ignez Zanetti Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Examinar a função física e a força muscular respiratória de pacientes que se recuperaram da COVID-19 grave após a alta da unidade de terapia intensiva para a enfermaria nos Dias 1 e 7 e investigar as variáveis associadas ao comprometimento funcional. Métodos: Trata-se de estudo de coorte prospectivo de pacientes adultos com COVID-19 que necessitaram de ventilação mecânica invasiva, ventilação mecânica não invasiva ou cânula nasal de alto fluxo e tiveram alta da unidade de terapia intensiva para a enfermaria. Os participantes foram submetidos aos testes Medical Research Council sum-score, força de preensão manual, pressão inspiratória máxima, pressão expiratória máxima e short physical performance battery. Os participantes foram agrupados em dois grupos conforme a necessidade de ventilação mecânica invasiva: o Grupo Ventilação Mecânica Invasiva (Grupo VMI) e o Grupo Não Ventilação Mecânica Invasiva (Grupo Não VMI). Resultados: Os pacientes do Grupo VMI (n = 31) eram mais jovens e tinham pontuações do Sequential Organ Failure Assessment mais altas do que os do Grupo VMI (n = 33). As pontuações do short physical performance battery (intervalo de zero a 12) nos Dias 1 e 7 foram 6,1 ± 4,3 e 7,3 ± 3,8, respectivamente para o Grupo Não VMI, e 1,3 ± 2,5 e 2,6 ± 3,7, respectivamente para o Grupo VMI. A prevalência de fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva no Dia 7 foi de 13% para o Grupo Não VMI e de 72% para o Grupo VMI. A pressão inspiratória máxima, a pressão expiratória máxima e a força de preensão manual aumentaram no Dia 7 em ambos os grupos, porém a pressão expiratória máxima e a força de preensão manual ainda eram fracas. Apenas a pressão inspiratória máxima foi recuperada (ou seja, > 80% do valor previsto) no Grupo Não VMI. As variáveis sexo feminino, e necessidade e duração da ventilação mecânica invasiva foram associadas de forma independente e negativa à pontuação do short physical performance battery e à força de preensão manual. Conclusão: Os pacientes que se recuperaram da COVID-19 grave e receberam ventilação mecânica invasiva apresentaram maior incapacidade do que aqueles que não foram ventilados invasivamente. No entanto, os dois grupos de pacientes apresentaram melhora funcional marginal durante a fase inicial de recuperação, independentemente da necessidade de ventilação mecânica invasiva. Esse resultado pode evidenciar a gravidade da incapacidade causada pelo SARS-CoV-2.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To examine the physical function and respiratory muscle strength of patients - who recovered from critical COVID-19 – after intensive care unit discharge to the ward on Days one (D1) and seven (D7), and to investigate variables associated with functional impairment. Methods: This was a prospective cohort study of adult patients with COVID-19 who needed invasive mechanical ventilation, non-invasive ventilation or high-flow nasal cannula and were discharged from the intensive care unit to the ward. Participants were submitted to Medical Research Council sum-score, handgrip strength, maximal inspiratory pressure, maximal expiratory pressure, and short physical performance battery tests. Participants were grouped into two groups according to their need for invasive ventilation: the Invasive Mechanical Ventilation Group (IMV Group) and the Non-Invasive Mechanical Ventilation Group (Non-IMV Group). Results: Patients in the IMV Group (n = 31) were younger and had higher Sequential Organ Failure Assessment scores than those in the Non-IMV Group (n = 33). The short physical performance battery scores (range 0 - 12) on D1 and D7 were 6.1 ± 4.3 and 7.3 ± 3.8, respectively for the Non-Invasive Mechanical Ventilation Group, and 1.3 ± 2.5 and 2.6 ± 3.7, respectively for the IMV Group. The prevalence of intensive care unit-acquired weakness on D7 was 13% for the Non-IMV Group and 72% for the IMV Group. The maximal inspiratory pressure, maximal expiratory pressure, and handgrip strength increased on D7 in both groups, but the maximal expiratory pressure and handgrip strength were still weak. Only maximal inspiratory pressure was recovered (i.e., > 80% of the predicted value) in the Non-IMV Group. Female sex, and the need and duration of invasive mechanical were independently and negatively associated with the short physical performance battery score and handgrip strength. Conclusion: Patients who recovered from critical COVID-19 and who received invasive mechanical ventilation presented greater disability than those who were not invasively ventilated. However, they both showed marginal functional improvement during early recovery, regardless of the need for invasive mechanical ventilation. This might highlight the severity of disability caused by SARS-CoV-2. |
Artigo Original Driving pressure, em oposição ao volume corrente ajustado para o peso corporal predito, associa-se com a mortalidade: resultados de uma coorte prospectiva de pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo por COVID-19 Carvalho, Erich Vidal Reboredo, Maycon Moura Gomes, Edimar Pedrosa Martins, Pedro Nascimento Mota, Gabriel Paz Souza Costa, Giovani Bernardo Colugnati, Fernando Antonio Basile Pinheiro, Bruno Valle Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Avaliar a associação entre driving pressure e volume corrente ajustado pelo peso predito com a mortalidade em uma coorte de pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo por COVID-19. Métodos: Estudo prospectivo e observacional que incluiu pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo por COVID-19 admitidos em duas unidades de terapia intensiva. Foi realizada análise multivariada para determinar se a driving pressure e o volume corrente/kg de peso predito, aferidos no primeiro dia de ventilação mecânica, associavam-se de forma independente com a mortalidade hospitalar. Resultados: Foram incluídos 231 pacientes. A mediana de idade foi de 64 (53 - 74) anos, e a mediana do Simplified Acute and Physiology Score 3 foi de 45 (39 - 54). A mortalidade hospitalar foi de 51,9%. A driving pressure se associou de forma independente com a mortalidade hospitalar (razão de chance de 1,21; IC95% de 1,04 - 1,41 para cada cm H2O de aumento da driving pressure, p = 0,01). Com base na análise de dupla estratificação, encontrou-se que, para o mesmo nível de volume corrente/kg de peso predito, o risco de mortalidade hospitalar aumentava com o incremento da driving pressure. No entanto, mudanças no volume corrente/kg de peso predito não se associaram com a mortalidade quando não resultavam em aumento da driving pressure. Conclusão: Em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo por COVID-19, exposição a maior driving pressure, ao contrário da exposição a maior volume corrente/kg de peso predito, associou-se com maior mortalidade hospitalar. Os resultados sugerem que a driving pressure poderia ser o alvo primário para a condução da ventilação mecânica protetora nesses pacientes.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To evaluate the association between driving pressure and tidal volume based on predicted body weight and mortality in a cohort of patients with acute respiratory distress syndrome caused by COVID-19. Methods: This was a prospective, observational study that included patients with acute respiratory distress syndrome due to COVID-19 admitted to two intensive care units. We performed multivariable analyses to determine whether driving pressure and tidal volume/kg predicted body weight on the first day of mechanical ventilation, as independent variables, are associated with hospital mortality. Results: We included 231 patients. The mean age was 64 (53 - 74) years, and the mean Simplified Acute and Physiology Score 3 score was 45 (39 - 54). The hospital mortality rate was 51.9%. Driving pressure was independently associated with hospital mortality (odds ratio 1.21, 95%CI 1.04 - 1.41 for each cm H2O increase in driving pressure, p = 0.01). Based on a double stratification analysis, we found that for the same level of tidal volume/kg predicted body weight, the risk of hospital death increased with increasing driving pressure. However, changes in tidal volume/kg predicted body weight were not associated with mortality when they did not lead to an increase in driving pressure. Conclusion: In patients with acute respiratory distress syndrome caused by COVID-19, exposure to higher driving pressure, as opposed to higher tidal volume/kg predicted body weight, is associated with greater mortality. These results suggest that driving pressure might be a primary target for lung-protective mechanical ventilation in these patients. |
ARTIGO ORIGINAL Terapia guiada por metas utilizando o sensor FloTrac em cirurgia de grande porte: revisão sistemática e metanálise Alves, Márcia Regina Dias Saturnino, Saulo Fernandes Zen, Ana Beatriz Albuquerque, Dayane Gabriele Silveira de Diegoli, Henrique Resumo em Português: RESUMO Objetivo Fornecer informações sobre os possíveis benefícios da terapia guiada por metas utilizando o sensor FloTrac na redução de complicações pós-operatórias e na melhoria dos desfechos. Métodos Realizamos uma revisão sistemática e uma metanálise de estudos controlados e randomizados para avaliar a terapia guiada por metas utilizando o sensor FloTrac em cirurgias de grande porte, comparando a terapia guiada por metas com os cuidados habituais ou o monitoramento invasivo em subgrupos de cirurgias cardíacas e não cardíacas. A qualidade dos artigos e das evidências foi avaliada com uma ferramenta de risco de viés e o GRADE. Resultados Incluímos 29 estudos controlados e randomizados com 3.468 pacientes. A terapia guiada por metas reduziu significativamente a duração da internação hospitalar (diferença média de -1,43 dia; IC95% 2,07 - -0,79; I2 81%), a internação na unidade de terapia intensiva (diferença média de -0,77 dia; IC95% -1,18 - -0,36; I2 93%) e a ventilação mecânica (diferença média de -2,48 horas, IC95% -4,10 - -0,86; I2 63%). Não houve diferença estatisticamente significativa na mortalidade, no infarto do miocárdio, na lesão renal aguda e nem na hipotensão, mas a terapia guiada por metas reduziu significativamente o risco de insuficiência cardíaca ou edema pulmonar (risco relativo de 0,46; IC95% 0,23 - 0,92; I2 0%). Conclusão A terapia guiada por metas utilizando o sensor FloTrac melhorou os desfechos clínicos e reduziu o tempo de internação no hospital e na unidade de terapia intensiva em pacientes submetidos a cirurgias de grande porte. Outras pesquisas podem validar esses resultados usando protocolos específicos e entender melhor os possíveis benefícios do FloTrac além desses desfechos.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective To provide insights into the potential benefits of goal-directed therapy guided by FloTrac in reducing postoperative complications and improving outcomes. Methods We performed a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials to evaluate goal-directed therapy guided by FloTrac in major surgery, comparing goal-directed therapy with usual care or invasive monitoring in cardiac and noncardiac surgery subgroups. The quality of the articles and evidence were evaluated with a risk of bias tool and GRADE. Results We included 29 randomized controlled trials with 3,468 patients. Goal-directed therapy significantly reduced the duration of hospital stay (mean difference -1.43 days; 95%CI 2.07 to -0.79; I2 81%), intensive care unit stay (mean difference -0.77 days; 95%CI -1.18 to -0.36; I2 93%), and mechanical ventilation (mean difference -2.48 hours, 95%CI -4.10 to -0.86, I2 63%). There was no statistically significant difference in mortality, myocardial infarction, acute kidney injury or hypotension, but goal-directed therapy significantly reduced the risk of heart failure or pulmonary edema (RR 0.46; 95%CI 0.23 - 0.92; I2 0%). Conclusion Goal-directed therapy guided by the FloTrac sensor improved clinical outcomes and shortened the length of stay in the hospital and intensive care unit in patients undergoing major surgery. Further research can validate these results using specific protocols and better understand the potential benefits of FloTrac beyond these outcomes. |
Artigo Original Abordagens alternativas para analisar dias livres de ventilador, mortalidade e duração da ventilação em estudos de cuidados intensivos Serpa Neto, Ary Bailey, Michael Shehabi, Yahya Hodgson, Carol L Bellomo, Rinaldo Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Discutir os pontos fortes e as limitações dos dias livres de ventilador e fornecer uma discussão abrangente dos diferentes métodos analíticos para analisar e interpretar esse desfecho. Métodos: Por meio de simulações, avaliou-se o poder de diferentes métodos analíticos, a saber: regressão quantílica (mediana), regressão logística cumulativa, comparação generalizada entre pares, abordagem condicional e abordagem truncada. No total, foram computadas 3.000 simulações de um estudo de dois braços com n = 300 por braço, usando uma hipótese alternativa bilateral e uma taxa de erro tipo I de α = 0,05. Resultados: Ao considerar o poder, a regressão mediana não teve bom desempenho em estudos em que o efeito do tratamento foi impulsionado principalmente pela mortalidade. A regressão mediana teve desempenho melhor em situações com efeito fraco na mortalidade, mas forte na duração, somente na duração e na mortalidade e duração moderadas. Verificou-se que a regressão logística cumulativa produziu um poder semelhante ao do teste de soma de postos de Wilcoxon em todos os cenários, sendo a melhor estratégia nos cenários de mortalidade e duração moderadas, mortalidade fraca e duração forte, e apenas duração. Conclusão: Neste estudo, descrevemos o poder relativo de novos métodos para analisar os dias livres de ventilador em estudos de cuidados intensivos. Nossos dados fornecem validação e orientação quanto ao uso do modelo logístico cumulativo, regressão mediana, comparações generalizadas entre pares e a abordagem condicional e truncada em cenários específicos.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To discuss the strengths and limitations of ventilator-free days and to provide a comprehensive discussion of the different analytic methods for analyzing and interpreting this outcome. Methods: Using simulations, the power of different analytical methods was assessed, namely: quantile (median) regression, cumulative logistic regression, generalized pairwise comparison, conditional approach and truncated approach. Overall, 3,000 simulations of a two-arm trial with n = 300 per arm were computed using a two-sided alternative hypothesis and a type I error rate of α = 0.05. Results: When considering power, median regression did not perform well in studies where the treatment effect was mainly driven by mortality. Median regression performed better in situations with a weak effect on mortality but a strong effect on duration, duration only, and moderate mortality and duration. Cumulative logistic regression was found to produce similar power to the Wilcoxon rank-sum test across all scenarios, being the best strategy for the scenarios of moderate mortality and duration, weak mortality and strong duration, and duration only. Conclusion: In this study, we describe the relative power of new methods for analyzing ventilator-free days in critical care research. Our data provide validation and guidance for the use of the cumulative logistic model, median regression, generalized pairwise comparisons, and the conditional and truncated approach in specific scenarios. |
ARTIGO ORIGINAL Avaliação das classificações de gravidade na síndrome do desconforto respiratório agudo na infância pelo Consenso de Berlim e pelo Pediatric Acute Lung Injury Consensus Conference Capela, Roberta Costa Souza, Raquel Belmino de Sant’Anna, Maria de Fátima Pombo Sant’Anna, Clemax Couto Resumo em Português: RESUMO Objetivo Comparar dois métodos para definição e classificação de gravidade na síndrome do desconforto respiratório agudo pediátrica: a classificação de Berlim, que utiliza a relação entre pressão parcial de oxigênio e fração inspirada de oxigênio e a classificação do Pediatric Acute Lung Injury Consensus Conference, que utiliza o índice de oxigenação. Métodos Estudo prospectivo com pacientes de 0 - 18 anos com diagnóstico de síndrome do desconforto respiratório agudo e ventilados mecanicamente de forma invasiva, que forneceram de uma a três amostras de gasometria arterial, totalizando 140 medidas válidas. Essas medidas foram avaliadas quanto à correlação pelo teste de Spearman e à concordância pelo coeficiente kappa entre as duas classificações, inicialmente usando a população geral do estudo e, depois, subdividindo-a em pacientes com e sem broncoespasmo e com e sem o uso do bloqueador neuromuscular. Também foi verificado o efeito desses dois fatores (broncoespasmo e bloqueador neuromuscular) de forma separada e conjunta sobre ambas as classificações por meio da análise de variância para dois fatores. Resultados Na população geral, composta de 54 pacientes com idades de 0 - 18 anos, foi encontrada forte correlação negativa pelo teste de Spearman (ρ -0,91; p < 0,001) e forte concordância pelo coeficiente kappa (0,62; p < 0,001) na comparação entre Berlim e Pediatric Acute Lung Injury Consensus Conference. Nas populações com e sem broncoespasmo e com e sem o uso do bloqueador neuromuscular, os coeficientes de correlação mantiveram valores semelhantes aos da população geral. Entretanto, para os pacientes sem uso do bloqueador neuromuscular, houve maior concordância entre as classificações em relação aos pacientes com uso do bloqueador neuromuscular (kappa 0,67 versus 0,56 com p < 0,001 em ambos). Acrescenta-se ainda o efeito significativo do uso do bloqueador neuromuscular sobre a relação entre pressão parcial de oxigênio e fração inspirada de oxigênio (análise de variância; F: 12,9; p < 0,001) e o índice de oxigenação (análise de variância; F: 8,3; p = 0,004). Conclusão Houve forte correlação e concordância entre as duas classificações na população geral e nos subgrupos estudados, entretanto, há efeito significativo do uso do bloqueador neuromuscular sobre as classificações de gravidade da síndrome do desconforto respiratório agudo.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective To compare two methods for defining and classifying the severity of pediatric acute respiratory distress syndrome: the Berlin classification, which uses the relationship between the partial pressure of oxygen and the fraction of inspired oxygen, and the classification of the Pediatric Acute Lung Injury Consensus Conference, which uses the oxygenation index. Methods This was a prospective study of patients aged 0 - 18 years with a diagnosis of acute respiratory distress syndrome who were invasively mechanically ventilated and provided one to three arterial blood gas samples, totaling 140 valid measurements. These measures were evaluated for correlation using the Spearman test and agreement using the kappa coefficient between the two classifications, initially using the general population of the study and then subdividing it into patients with and without bronchospasm and those with and without the use of neuromuscular blockers. The effect of these two factors (bronchospasm and neuromuscular blocking agent) separately and together on both classifications was also assessed using two-way analysis of variance. Results In the general population, who were 54 patients aged 0 - 18 years a strong negative correlation was found by Spearman’s test (ρ -0.91; p < 0.001), and strong agreement was found by the kappa coefficient (0.62; p < 0.001) in the comparison between Berlin and Pediatric Acute Lung Injury Consensus Conference. In the populations with and without bronchospasm and who did and did not use neuromuscular blockers, the correlation coefficients were similar to those of the general population, though among patients not using neuromuscular blockers, there was greater agreement between the classifications than for patients using neuromuscular blockers (kappa 0.67 versus 0.56, p < 0.001 for both). Neuromuscular blockers had a significant effect on the relationship between the partial pressure of oxygen and the fraction of inspired oxygen (analysis of variance; F: 12.9; p < 0.001) and the oxygenation index (analysis of variance; F: 8.3; p = 0.004). Conclusion There was a strong correlation and agreement between the two classifications in the general population and in the subgroups studied. Use of neuromuscular blockers had a significant effect on the severity of acute respiratory distress syndrome. |
Artigo Original Índice de oxigenação respiratória para identificar risco de intubação orotraqueal em pacientes com COVID-19 que recebem oxigênio por cânula nasal de alto fluxo Pereira, Aline Braz Pizzol, Felipe Dal Veiga, Viviane Cordeiro Taniguchi, Leandro Utino Misquita, Aline Finoti Carvalho, Gustavo Augusto Couto Silva, Ligia Maria Coscrato Junqueira Dadam, Michelli Marcela Fernandes, Ruthy Perotto Maia, Israel Silva Zandonai, Cassio Luis Cavalcanti, Alexandre Biasi Romano, Marcelo Luz Pereira Westphal, Glauco Adrieno Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Avaliar se o índice de oxigenação respiratória medido após o início da terapia de oxigênio com cânula nasal de alto fluxo pode ajudar a identificar a necessidade de intubação em pacientes com insuficiência respiratória aguda devido à COVID-19. Métodos: Este estudo retrospectivo, observacional e multicêntrico foi realizado nas unidades de terapia intensiva de seis hospitais brasileiros, de março a dezembro de 2020. O desfecho primário foi a necessidade de intubação até 7 dias após o início da cânula nasal de alto fluxo. Resultados: O estudo incluiu 444 pacientes; 261 (58,7%) foram submetidos à intubação. Uma análise da área sob a curva receiver operating characteristic (ASC ROC) mostrou que a capacidade de discriminar entre o sucesso e o fracasso da oxigenoterapia com cânula nasal de alto fluxo dentro de 7 dias foi maior para o índice de oxigenação respiratória medido em 24 horas (ASC ROC 0,80; IC95% 0,76 - 0,84). O intervalo médio entre o início da cânula nasal de alto fluxo e a intubação foi de 24 horas (24 - 72), e o preditor mais preciso de intubação obtido antes de 24 horas foi o índice de oxigenação respiratória medido em 12 horas (ASC ROC 0,75; IC95% 0,70 - 0,79). As curvas de Kaplan-Meier revelaram maior probabilidade de intubação em 7 dias em pacientes com índice de oxigenação respiratória ≤ 5,54 em 12 horas (razão de risco 3,07; IC95% 2,24 - 4,20) e ≤ 5,96 em 24 horas (razão de risco 5,15; IC95% 3,65 - 7,27). Conclusões: O índice de oxigenação respiratória pode ajudar na identificação precoce de pacientes com insuficiência respiratória aguda devido à COVID-19 que evoluirão para o fracasso da terapia de suporte com cânula nasal de alto fluxo e a necessidade de intubação.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To assess whether the respiratory oxygenation index (ROX index) measured after the start of high-flow nasal cannula oxygen therapy can help identify the need for intubation in patients with acute respiratory failure due to coronavirus disease 2019. Methods: This retrospective, observational, multicenter study was conducted at the intensive care units of six Brazilian hospitals from March to December 2020. The primary outcome was the need for intubation up to 7 days after starting the high-flow nasal cannula. Results: A total of 444 patients were included in the study, and 261 (58.7%) were subjected to intubation. An analysis of the area under the receiver operating characteristic curve (AUROC) showed that the ability to discriminate between successful and failed high-flow nasal cannula oxygen therapy within 7 days was greater for the ROX index measured at 24 hours (AUROC 0.80; 95%CI 0.76 - 0.84). The median interval between high-flow nasal cannula initiation and intubation was 24 hours (24 - 72), and the most accurate predictor of intubation obtained before 24 hours was the ROX index measured at 12 hours (AUROC 0.75; 95%CI 0.70 - 0.79). Kaplan-Meier curves revealed a greater probability of intubation within 7 days in patients with a ROX index ≤ 5.54 at 12 hours (hazard ratio 3.07; 95%CI 2.24 - 4.20) and ≤ 5.96 at 24 hours (hazard ratio 5.15; 95%CI 3.65 - 7.27). Conclusion: The ROX index can aid in the early identification of patients with acute respiratory failure due to COVID-19 who will progress to the failure of high-flow nasal cannula supportive therapy and the need for intubation. |
ARTIGO ORIGINAL Fatores associados à transferência de dióxido de carbono em um modelo experimental de lesão renal aguda grave e hipoventilação durante terapia de substituição renal contínua com alto teor de bicarbonato e suporte com membrana de oxigenação Santos, Yuri de Albuquerque Pessoa dos Cardozo Junior, Luis Carlos Maia Mendes, Pedro Vitale Besen, Bruno Adler Maccagnan Pinheiro Park, Marcelo Resumo em Português: RESUMO Objetivo Investigar os fatores que influenciam a transferência de dióxido de carbono em um sistema que integra uma membrana de oxigenação em série com terapia de substituição renal contínua com alto teor de bicarbonato em animais hipercápnicos. Métodos Em um ambiente experimental, induzimos lesão renal aguda grave e hipercapnia em cinco porcos Landrace fêmeas. Em seguida, iniciamos terapia de substituição renal contínua com alto teor de bicarbonato (40mEq/L) com uma membrana de oxigenação em série para manter o pH acima de 7,25. Em intervalos de 1 hora, 6 horas e 12 horas após o início da terapia de substituição renal contínua, realizamos uma titulação padronizada do fluxo de gás de varredura para quantificar a transferência de dióxido de carbono. Avaliamos os fatores associados à transferência de dióxido de carbono através da membrana pulmonar com um modelo linear misto. Resultados Realizamos 20 procedimentos de titulação do fluxo de gás de varredura, produzindo 84 medições de transferência de dióxido de carbono. A análise multivariada revelou associações entre os seguintes itens (coeficientes ± erros padrão): temperatura central (+7,8 ± 1,6 °C, p < 0,001), pressão parcial pré-membrana de dióxido de carbono (+0,2 ± 0,1mmHg, p < 0,001), nível de hemoglobina (+3,5 ± 0,6g/dL, p < 0,001), fluxo de gás de varredura (+6,2 ± 0,2L/minuto, p < 0,001) e saturação de oxigênio (-0,5% ± 0,2%, p = 0,019). Entre essas variáveis, e dentro das faixas fisiológicas avaliadas, o fluxo do gás de varredura foi o principal fator modificável que influenciou a eficácia da remoção de dióxido de carbono de baixo fluxo sanguíneo. Conclusão O fluxo do gás de varredura é a principal variável relacionada à remoção de dióxido de carbono durante a terapia de substituição renal contínua com um alto nível de bicarbonato acoplado a um oxigenador. Outras variáveis moduladoras da transferência de dióxido de carbono incluíram o nível de hemoglobina, a saturação de oxigênio, a pressão parcial de dióxido de carbono e a temperatura central. Esses resultados devem ser interpretados como exploratórios para informar outros estudos experimentais ou clínicos bem planejados.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective To investigate the factors influencing carbon dioxide transfer in a system that integrates an oxygenation membrane in series with high-bicarbonate continuous veno-venous hemodialysis in hypercapnic animals. Methods In an experimental setting, we induced severe acute kidney injury and hypercapnia in five female Landrace pigs. Subsequently, we initiated high (40mEq/L) bicarbonate continuous veno-venous hemodialysis with an oxygenation membrane in series to maintain a pH above 7.25. At intervals of 1 hour, 6 hours, and 12 hours following the initiation of continuous veno-venous hemodialysis, we performed standardized sweep gas flow titration to quantify carbon dioxide transfer. We evaluated factors associated with carbon dioxide transfer through the membrane lung with a mixed linear model. Results A total of 20 sweep gas flow titration procedures were conducted, yielding 84 measurements of carbon dioxide transfer. Multivariate analysis revealed associations among the following (coefficients ± standard errors): core temperature (+7.8 ± 1.6 °C, p < 0.001), premembrane partial pressure of carbon dioxide (+0.2 ± 0.1/mmHg, p < 0.001), hemoglobin level (+3.5 ± 0.6/g/dL, p < 0.001), sweep gas flow (+6.2 ± 0.2/L/minute, p < 0.001), and arterial oxygen saturation (-0.5 ± 0.2%, p = 0.019). Among these variables, and within the physiological ranges evaluated, sweep gas flow was the primary modifiable factor influencing the efficacy of low-blood-flow carbon dioxide removal. Conclusion Sweep gas flow is the main carbon dioxide removal-related variable during continuous veno-venous hemodialysis with a high bicarbonate level coupled with an oxygenator. Other carbon dioxide transfer modulating variables included the hemoglobin level, arterial oxygen saturation, partial pressure of carbon dioxide and core temperature. These results should be interpreted as exploratory to inform other well-designed experimental or clinical studies. |
ARTIGO ORIGINAL Influência da obesidade na mortalidade, na duração da ventilação mecânica e na mobilidade de pacientes críticos com COVID-19 Martinato, Luísa Helena Machado Schmidt, Débora Piva, Taila Cristina Deponti, Gracieli Nadalon Graboski, Maricene Colissi Plentz, Rodrigo Della Méa Sbruzzi, Graciele Resumo em Português: RESUMO Objetivo Identificar a influência da obesidade na mortalidade, no tempo de desmame da ventilação mecânica e na mobilidade na alta da unidade de terapia intensiva em pacientes com COVID-19. Métodos Trata-se de estudo de coorte retrospectivo realizado entre março e agosto de 2020. Foram incluídos todos os pacientes adultos internados na unidade de terapia intensiva com necessidade de suporte ventilatório e diagnosticados com COVID-19. Os desfechos incluíram mortalidade, duração da ventilação mecânica e mobilidade na alta da unidade de terapia intensiva. Resultados Identificamos 429 pacientes, dos quais 36,6% estavam acima do peso e 43,8% eram obesos. Em comparação com os pacientes com índice de massa corporal normal, os pacientes com sobrepeso e obesidade apresentaram menor mortalidade (p = 0,002) e maior sobrevida na unidade de terapia intensiva (log-rank p < 0,001). Em comparação com pacientes com índice de massa corporal normal, aqueles com sobrepeso tiveram risco 36% menor de morte (p = 0,04), enquanto os pacientes com obesidade apresentaram risco 23% menor (p < 0,001). Não houve associação entre obesidade e duração da ventilação mecânica. O nível de mobilidade na alta da unidade de terapia intensiva não diferiu entre os grupos e apresentou correlação inversa moderada com o tempo de internação na unidade de terapia intensiva (r = -0,461; p < 0,001). Conclusão Os pacientes com sobrepeso e obesidade tiveram menor mortalidade e maior tempo de sobrevida na unidade de terapia intensiva. A duração da ventilação mecânica e o nível de mobilidade na alta da unidade de terapia intensiva não diferiram entre os grupos.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective To identify the influence of obesity on mortality, time to weaning from mechanical ventilation and mobility at intensive care unit discharge in patients with COVID-19. Methods This retrospective cohort study was carried out between March and August 2020. All adult patients admitted to the intensive care unit in need of ventilatory support and confirmed to have COVID-19 were included. The outcomes included mortality, time on mechanical ventilation, and mobility at intensive care unit discharge. Results Four hundred and twenty-nine patients were included, 36.6% of whom were overweight and 43.8% of whom were obese. Compared with normal body mass index patients, overweight and obese patients had lower mortality (p = 0.002) and longer intensive care unit survival (log-rank p < 0.001). Compared with patients with a normal body mass index, overweight patients had a 36% lower risk of death (p = 0.04), while patients with obesity presented a 23% lower risk (p < 0.001). There was no association between obesity and time on mechanical ventilation. The level of mobility at intensive care unit discharge did not differ between groups and showed a moderate inverse correlation with length of stay in the intensive care unit (r = -0.461; p < 0.001). Conclusion Overweight and obese patients had lower mortality and higher intensive care unit survival rates. The duration of mechanical ventilation and mobility level at intensive care unit discharge did not differ between the groups. |
ARTIGO ORIGINAL Análise dos fatores associados ao internamento na unidade de terapia intensiva de crianças e adolescentes com COVID-19: aplicação de um modelo multinível Damascena, Lecidamia Cristina Leite Faria, Aline Roseane Queiroz de Paiva Lucena, Nyellisonn Nando Nóbrega de Silva, Ana Hermínia Andrade e Almeida, Talita Tavares Alves de Pinto, Diana de Fátima Alves Coêlho, Hemílio Fernandes Campos Valença, Ana Maria Gondim Resumo em Português: RESUMO Objetivo Identificar fatores associados ao internamento na unidade de terapia intensiva de crianças e adolescentes com COVID-19. Método Estudo de coorte retrospectiva, com dados secundários, de crianças e adolescentes hospitalizados (zero a 18 anos), notificados com COVID-19 na Paraíba, de abril de 2020 a julho de 2021, totalizando 486 registros. Foram realizadas análise descritiva, regressão logística e regressão multinível, considerando o nível de significância de 5%. Resultados Na regressão logística sem níveis hierárquicos, ocorreu aumento da chance de internamento na unidade de terapia intensiva em pacientes do sexo masculino (RC = 1,98; IC95% 1,18 - 3,32), com desconforto respiratório (RC = 2,43; IC95% 1,29 - 4,56), dispneia (RC = 3,57; IC95% 1,77 - 7,18) e residentes em cidades com grande porte populacional (RC = 2,70; IC95% 1,07 - 6,77). Foi observada diminuição da chance de cuidados intensivos com aumento da idade em anos (RC = 0,94; IC95%=0,90 - 0,97), presença de tosse (RC = 0,32; IC95% 0,18 - 0,59), febre (RC = 0,42; IC95% 0,23 - 0,74) e aumento no Índice de Gini (RC = 0,003; IC95% 0,000 - 0,243). Na análise multinível, a chance de internamento na unidade de terapia intensiva aumentou no sexo masculino (RC = 1,70; IC95%=1,68-1,71) e por conta do aumento no porte populacional do município a cada 100 mil habitantes (RC = 1,01; IC95% 1,01 - 1,03); a chance de internamento na unidade de terapia intensiva diminuiu em pacientes pardos versus não pardos (RC = 0,981; IC95% 0,97 - 0,99) e por conta do aumento a cada pontuação do Índice de Gini (RC = 0,02; IC95% 0,02 - 0,02). Conclusão Os efeitos das condições próprias do paciente e do contexto social na necessidade de cuidados intensivos em crianças e adolescentes com infecção pelo SARS-CoV-2 são mais bem estimados com a inclusão de um modelo de regressão multinível nas análises.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective To identify factors associated with hospitalization in the intensive care unit in children and adolescents with COVID-19. Methods This was a retrospective cohort study using secondary data of hospitalized children and adolescents (zero to 18 years old) with COVID-19 reported in Paraíba from April 2020 to July 2021, totaling 486 records. Descriptive analysis, logistic regression and multilevel regression were performed, utilizing a significance level of 5%. Results According to logistic regression without hierarchical levels, there was an increased chance of admission to the intensive care unit for male patients (OR = 1.98; 95%CI 1.18 - 3.32), patients with respiratory distress (OR = 2.43; 95%CI 1.29 - 4.56), patients with dyspnea (OR = 3.57; 95%CI 1.77 - 7.18) and patients living in large cities (OR = 2.70; 95%CI 1.07 - 6.77). The likelihood of requiring intensive care was observed to decrease with increasing age (OR = 0.94; 95%CI = 0.90 - 0.97), the presence of cough (OR = 0.32; 95%CI 0.18 - 0.59) or fever (OR = 0.42; 95%CI 0.23 - 0.74) and increasing Gini index (OR = 0.003; 95%CI 0.000 - 0.243). According to the multilevel analysis, the odds of admission to the intensive care unit increased in male patients (OR = 1.70; 95%CI = 1.68-1.71) and with increasing population size of the municipality per 100,000 inhabitants (OR = 1.01; 95%CI 1.01-1.03); additionally, the odds of admission to the intensive care unit decreased for mixed-race versus non-brown-skinned patients (OR = 0.981; 95%CI 0.97 - 0.99) and increasing Gini index (OR = 0.02; 95%CI 0.02 - 0.02). Conclusion The effects of patient characteristics and social context on the need for intensive care in children and adolescents with SARS-CoV-2 infection were better estimated with the inclusion of a multilevel regression model. |
ARTIGO ORIGINAL Identificação de fenótipos distintos e melhoria do prognóstico usando biomarcadores metabólicos em pacientes com COVID-19 Santana, Andressa Prestes, Gabriele da Silveira Silva, Marinara Dagostin da Girardi, Carolina Saibro Silva, Lucas dos Santos Moreira, José Cláudio Fonseca Gelain, Daniel Pens Westphal, Glauco Adrieno Kupek, Emil Walz, Roger Dal-Pizzol, Felipe Ritter, Cristiane Resumo em Português: RESUMO Objetivo Investigar a relação entre os níveis de adipocinas e outros biomarcadores endócrinos e os desfechos em pacientes hospitalizados com COVID-19. Métodos Estudo prospectivo que incluiu 213 indivíduos com COVID-19 internados na unidade de terapia intensiva, em que foram medidos os níveis de cortisol, peptídeo-C, peptídeo-1 semelhante ao glucagon, insulina, peptídeo YY, grelina, leptina e resistina; analisamos suas contribuições para o agrupamento de pacientes, gravidade da doença e previsão de mortalidade hospitalar. Resultados Os níveis de cortisol, resistina, leptina, insulina e grelina diferiram significativamente entre os grupos por gravidade, conforme definido pela escala de gravidade da Organização Mundial da Saúde. Além disso, níveis mais baixos de grelina e mais altos de cortisol foram associados à mortalidade. A adição de biomarcadores aos preditores clínicos de mortalidade melhorou significativamente a precisão na determinação do prognóstico. A fenotipagem de indivíduos com base nos níveis de biomarcadores plasmáticos produziu dois fenótipos diferentes, que foram associados à gravidade da doença, mas não à mortalidade. Conclusão Como único biomarcador, apenas o cortisol foi independentemente associado à mortalidade; no entanto, os biomarcadores metabólicos podem melhorar a previsão de mortalidade quando associados a parâmetros clínicos. Os fenótipos dos biomarcadores metabólicos foram distribuídos diferencialmente, conforme a gravidade da COVID-19, mas não foram associados à mortalidade.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective To investigate the relationship between the levels of adipokines and other endocrine biomarkers and patient outcomes in hospitalized patients with COVID-19. Methods In a prospective study that included 213 subjects with COVID-19 admitted to the intensive care unit, we measured the levels of cortisol, C-peptide, glucagon-like peptide-1, insulin, peptide YY, ghrelin, leptin, and resistin.; their contributions to patient clustering, disease severity, and predicting in-hospital mortality were analyzed. Results Cortisol, resistin, leptin, insulin, and ghrelin levels significantly differed between severity groups, as defined by the World Health Organization severity scale. Additionally, lower ghrelin and higher cortisol levels were associated with mortality. Adding biomarkers to the clinical predictors of mortality significantly improved accuracy in determining prognosis. Phenotyping of subjects based on plasma biomarker levels yielded two different phenotypes that were associated with disease severity, but not mortality. Conclusion As a single biomarker, only cortisol was independently associated with mortality; however, metabolic biomarkers could improve mortality prediction when added to clinical parameters. Metabolic biomarker phenotypes were differentially distributed according to COVID-19 severity but were not associated with mortality. |
Artigo Original Trajetórias clínicas de pacientes graves que recebem alta diretamente de uma unidade de terapia intensiva para uma unidade de cuidados pós-agudos: uma coorte retrospectiva Ramos, João Gabriel Rosa Souza Neto, Milton José de Rezende, Alef Santiago Ferreira, Flavia dos Santos Amorim, Yanne Danielly Santos Souza, Flaviane Ribeiro de Andrade, Lucas Freire de Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Descrever as trajetórias clínicas de pacientes que receberam alta diretamente de uma unidade de terapia intensiva para uma unidade de cuidados pós-agudos. Métodos: Trata-se de estudo de coorte retrospectivo de pacientes que foram transferidos de uma unidade de terapia intensiva ou unidade de cuidados intermediários para uma unidade de cuidados pós-agudos entre julho de 2017 e abril de 2023. O estado funcional foi determinado pelo escore da Medida de Independência Funcional. Resultados: Foram incluídos no estudo 847 pacientes, e a idade média foi de 71 anos. Foram admitidos 692 (82%) pacientes para reabilitação, enquanto 155 (18%) foram admitidos para cuidados paliativos. O tempo médio de internação na unidade de cuidados pós-agudos foi de 36 dias; 389 (45,9%) pacientes receberam alta para casa, 173 (20,4%) foram transferidos para um hospital de cuidados intensivos, e 285 (33,6%) morreram durante a internação, dos quais 263 (92%) tinham uma ordem de não ressuscitar. Dos pacientes admitidos para fins de reabilitação, 61 (9,4%) tiveram agravamento do estado funcional, 179 (27,6%) não tiveram alteração do estado funcional, e 469 (63%) tiveram melhora do estado funcional durante a hospitalização. Além disso, 234 (33,8%) pacientes tiveram suas metas de tratamento alteradas para cuidados paliativos - a maioria dos quais estava no grupo que não teve melhora no estado funcional. Os pacientes cujo estado funcional melhorou durante a hospitalização eram mais jovens, tinham menos comorbidades, menos hospitalizações anteriores, menores taxas de alimentação enteral e traqueostomia, pontuações mais altas na Medida de Independência Funcional na admissão à unidade de cuidados pós-agudos e maior probabilidade de receber alta para casa com assistência médica menos complexa. Conclusões: As unidades de cuidados pós-agudos podem desempenhar papel importante no cuidado dos pacientes após a alta das unidades de terapia intensiva, tanto para aqueles que recebem reabilitação, quanto cuidados paliativos, especialmente para aqueles com doenças mais graves que não podem receber alta diretamente para casa.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To describe the clinical trajectories of patients discharged directly from a critical unit to a postacute care facility. Methods: This was a retrospective cohort study of patients who were transferred from an intensive care unit or intermediate care unit to a postacute care facility between July 2017 and April 2023. Functional status was measured by the Functional Independence Measure score. Results: A total of 847 patients were included in the study, and the mean age was 71 years. A total of 692 (82%) patients were admitted for rehabilitation, while 155 (18%) were admitted for palliative care. The mean length of stay in the postacute care facility was 36 days; 389 (45.9%) patients were discharged home, 173 (20.4%) were transferred to an acute hospital, and 285 (33.6%) died during hospitalization, of whom 263 (92%) had a do-not-resuscitate order. Of the patients admitted for rehabilitation purposes, 61 (9.4%) had a worsened functional status, 179 (27.6%) had no change in functional status, and 469 (63%) had an improved functional status during hospitalization. Moreover, 234 (33.8%) patients modified their care goals to palliative care, most of whom were in the group that did not improve functional status. Patients whose functional status improved during hospitalization were younger, had fewer comorbidities, had fewer previous hospitalizations, had lower rates of enteral feeding and tracheostomy, had higher Functional Independence Measure scores at admission to the postacute care facility and were more likely to be discharged home with less complex health care assistance. Conclusion: Postacute care facilities may play a role in the care of patients after discharge from intensive care units, both for those receiving rehabilitation and palliative care, especially for those with more severe illnesses who may not be discharged directly home. |
Artigo Original Características da mecânica respiratória na apresentação do barotrauma em pacientes com infecção grave pela COVID-19 Steckert, Gabriela Vieira Borba, Sophia Andreola Marchese, Gabriela Meirelles Medeiros, Fabrício Schultz Garcia, Tiago Severo Boniatti, Marcio Manozzo Wawrzeniak, Iuri Christmann Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Avaliar como o suporte ventilatório, o tempo de uso do suporte ventilatório invasivo e a mecânica pulmonar estão relacionados ao desenvolvimento de barotrauma em pacientes com infecção grave pela COVID-19 admitidos na unidade de terapia intensiva. Métodos: Trata-se de estudo de coorte retrospectivo de pacientes com infecção grave pela COVID-19 que desenvolveram barotrauma pulmonar secundário à ventilação mecânica. Resultados: Este estudo incluiu 60 pacientes com barotrauma pulmonar divididos em dois grupos: 37 com barotrauma precoce e 23 com barotrauma tardio. O grupo com barotrauma precoce incluiu mais indivíduos que precisaram de ventilação não invasiva (62,2% versus 26,1%, p = 0,01). O volume corrente/kg de peso corporal previsto no dia do barotrauma foi medido e, 24 horas depois, foi significativamente maior no grupo com barotrauma tardio do que no grupo com barotrauma precoce. Durante o dia, o barotrauma foi acompanhado pela pressão de platô e pela pressão de distensão acompanhada do volume corrente, o qual aumentou significativamente no grupo com barotrauma tardio. De acordo com o SAPS 3, os pacientes do grupo com barotrauma precoce apresentaram mais tromboembolia pulmonar e doença mais grave. Entretanto, as taxas de mortalidade na unidade de terapia intensiva não diferiram significativamente entre os dois grupos (66,7% para barotrauma precoce versus 76,9% para barotrauma tardio). Conclusão: Investigamos o efeito da mecânica respiratória no barotrauma em pacientes com COVID-19 graves e descobrimos que um quarto dos pacientes estava em parâmetros de ventilação não protetores quando desenvolveram barotrauma. No entanto, 50% dos pacientes estavam em parâmetros de ventilação protetora, sugerindo que outros fatores não ventilatórios podem contribuir para o barotrauma.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To evaluate how ventilatory support, the duration of invasive ventilatory support use and lung mechanics are related to barotrauma development in patients who are severely infected with COVID-19 and who are admitted to the intensive care unit and develop pulmonary barotrauma. Methods: Retrospective cohort study of patients who were severely infected with COVID-19 and who developed pulmonary barotrauma secondary to mechanical ventilation. Results: This study included 60 patients with lung barotrauma who were divided into two groups: 37 with early barotrauma and 23 with late barotrauma. The early barotrauma group included more individuals who needed noninvasive ventilation (62.2% versus 26.1%, p = 0.01). The tidal volume/kg of predicted body weight on the day of barotrauma was measured, and 24 hours later, it was significantly greater in the late barotrauma group than in the early barotrauma group. During the day, barotrauma was accompanied by plateau pressure and driving pressure accompanied by tidal volume, which significantly increased in the late barotrauma group. According to the SAPS 3, patients in the early barotrauma group had more pulmonary thromboembolism and more severe illness. However, the intensive care unit mortality rates did not significantly differ between the two groups (66.7% for early barotrauma versus 76.9% for late barotrauma). Conclusion: We investigated the effect of respiratory mechanics on barotrauma in patients with severe COVID-19 and found that 25% of patients were on nonprotective ventilation parameters when they developed barotrauma. However, 50% of patients were on protective ventilation parameters, suggesting that other nonventilatory factors may contribute to barotrauma. |
Artigo Original Práticas clínicas de desmame da ventilação mecânica em unidades de terapia intensiva pediátrica da América Latina: inquérito do Grupo de Liberação da Ventilação Mecânica da Sociedad Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos Retta, Alejandra Fernández, Analía Monteverde, Ezequiel Johnston, Cintia Castillo-Moya, Andrés Torres, Silvio Dominguez-Rojas, Jesus Herrera, Matias G. Aguilera-Avendaño, Vlademir López-Alarcón, Yúrika Flores, Davi Pascual Rojas Munaico-Abanto, Manuel Eduardo Acuña, Júlia León, Rosa Ferreira, Carla Sequeira, Gabriela Camilo, Cristina Yunge, Mauricio Fernández, Yolanda López Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Abordar a prática atual de desmame da ventilação mecânica invasiva de pacientes em unidades de terapia intensiva pediátrica, com foco no uso de protocolos, critérios, parâmetros e indicações padronizados para suporte respiratório não invasivo após a extubação. Métodos: Realizou-se uma busca eletrônica de novembro de 2021 a maio de 2022 em unidades de terapia intensiva pediátrica ibero-americanas. Participaram médicos e terapeutas respiratórios, com um único representante de cada unidade de terapia intensiva pediátrica incluída. Não houve intervenções. Resultados: A taxa de resposta foi de 48,9% (138/282), representando 10 países ibero-americanos. Em apenas 34,1% (47/138) das unidades de terapia intensiva pediátrica havia protocolos escritos de desmame de ventilação mecânica invasiva, e seu uso estava associado à presença de terapeutas respiratórios (RC 3,85; IC95% 1,79 - 8,33; p = 0,0008). O método mais comum de desmame envolveu uma redução gradual do suporte ventilatório mais um teste de respiração espontânea (47,1%). A duração média da tentativa de respiração espontânea foi de 60 a 120 minutos em 64,8% das respostas. A presença de um terapeuta respiratório na unidade de terapia intensiva pediátrica foi a única variável associada ao uso de um teste de respiração espontânea como o principal método de desmame da ventilação mecânica invasiva (RC 5,1; IC95% 2,1 - 12,5). Os protocolos de suporte respiratório não invasivo não foram usados com frequência após a extubação (40,4%). Quase metade dos respondentes (43,5%) relatou preferência pelo uso de pressão positiva de dois níveis nas vias aéreas como modo de ventilação não invasiva após a extubação. Conclusão: Uma grande proporção de unidades de terapia intensiva pediátrica ibero-americanas não possui protocolos de desmame. Nosso estudo destaca uma variabilidade substancial nas práticas de prontidão para extubação, ressaltando a necessidade de padronização desse processo. No entanto, a presença de um terapeuta respiratório foi associada a uma maior adesão às diretrizes.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To address the current practice of liberating patients from invasive mechanical ventilation in pediatric intensive care units, with a focus on the use of standardized protocols, criteria, parameters, and indications for noninvasive respiratory support postextubation. Methods: Electronic research was carried out from November 2021 to May 2022 in Ibero-American pediatric intensive care units. Physicians and respiratory therapists participated, with a single representative for each pediatric intensive care unit included. There were no interventions. Results: The response rate was 48.9% (138/282), representing 10 Ibero-American countries. Written invasive mechanical ventilation liberation protocols were available in only 34.1% (47/138) of the pediatric intensive care units, and their use was associated with the presence of respiratory therapists (OR 3.85; 95%CI 1.79 - 8.33; p = 0.0008). The most common method of liberation involved a gradual reduction in ventilatory support plus a spontaneous breathing trial (47.1%). The mean spontaneous breathing trial duration was 60 - 120 minutes in 64.8% of the responses. The presence of a respiratory therapist in the pediatric intensive care unit was the only variable associated with the use of a spontaneous breathing trial as the primary method of liberation from invasive mechanical ventilation (OR 5.1; 95%CI 2.1 - 12.5). Noninvasive respiratory support protocols were not frequently used postextubation (40.4%). Nearly half of the respondents (43.5%) reported a preference for using bilevel positive airway pressure as the mode of noninvasive ventilation postextubation. Conclusion: A high proportion of Ibero-American pediatric intensive care units lack liberation protocols. Our study highlights substantial variability in extubation readiness practices, underscoring the need for standardization in this process. However, the presence of a respiratory therapist was associated with increased adherence to guidelines. |
ARTIGO ORIGINAL Avanços na compreensão da COVID-19 grave: desvendar a linfopenia por meio da correspondência da pontuação de propensão – Resultados do estudo multicêntrico LYMPH-COVID Cidade, José Pedro Souza-Dantas, Vicente Cês Mamfrim, Rafaela Braga Miranda, Renata Carnevale Caroli, Henrique Tommasi Oliveira, Natália Almeida Thompson, Alessandra e Figueiredo Oliveira, Gabriela E. Póvoa, Pedro Resumo em Português: RESUMO Objetivo Elucidar o impacto da linfopenia nos desfechos críticos de pacientes com COVID-19. Métodos Trata-se de estudo de coorte prospectivo multicêntrico realizado em cinco hospitais de Portugal e do Brasil entre 2020 e 2021. O estudo incluiu pacientes adultos internados na unidade de terapia intensiva com pneumonia por SARS-CoV-2. Os pacientes foram categorizados em dois grupos com base em suas contagens de linfócitos dentro de 48 horas da admissão na unidade de terapia intensiva: o Grupo Linfopenia (contagem sérica de linfócitos < 1 × 109/L) e o Grupo sem Linfopenia. Foram utilizadas regressão logística multivariada, correspondência de escore de propensão, análise da curva de sobrevida de Kaplan-Meier e análise de regressão de riscos proporcionais de Cox. Resultados Participaram 912 pacientes, sendo 191 (20,9%) no Grupo sem Linfopenia e 721 (79,1%) no Grupo com Linfopenia. Os pacientes com linfopenia apresentaram índices de gravidade da doença significativamente elevados, incluindo a Sequential Organ Failure Assessment e o Simplified Acute Physiology Score 3, na admissão na unidade de terapia intensiva (p = 0,001 e p < 0,001, respectivamente). Além disso, eles apresentaram maior necessidade de suporte vasopressor (p = 0,045) e internações prolongadas na unidade de terapia intensiva e no hospital (ambos p < 0,001). A análise de regressão logística multivariada após a correspondência da pontuação de propensão revelou significativa contribuição da linfopenia para a mortalidade, com razão de chances de 1.621 (IC95% 1.275 - 2.048; p < 0,001). Os modelos de interação revelaram aumento de 8% na mortalidade para cada década de longevidade em pacientes com linfopenia concomitante. Na subanálise que utilizou a estratificação em três grupos, o Grupo com Linfopenia grave apresentou a maior taxa de mortalidade, não apenas em comparações diretas, mas também na análise de sobrevida de Kaplan-Meier (teste log-rank p = 0,0048). Conclusão A linfopenia em pacientes com COVID-19 está associada ao aumento da gravidade da doença e ao aumento do risco de mortalidade, ressaltando a necessidade de suporte imediato para pacientes críticos de alto risco. Esses achados oferecem informações importantes para melhorar as estratégias de assistência a pacientes com COVID-19.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective To elucidate the impact of lymphopenia on critical COVID-19 patient outcomes. Methods We conducted a multicenter prospective cohort study across five hospitals in Portugal and Brazil from 2020 to 2021. The study included adult patients admitted to the intensive care unit with SARS-CoV-2 pneumonia. Patients were categorized into two groups based on their lymphocyte counts within 48 hours of intensive care unit admission: the Lymphopenia Group (lymphocyte serum count < 1 × 109/L) and the Nonlymphopenia Group. Multivariate logistic regression, propensity score matching, Kaplan‒Meier survival curve analysis and Cox proportional hazards regression analysis were used. Results A total of 912 patients were enrolled, with 191 (20.9%) in the Nonlymphopenia Group and 721 (79.1%) in the Lymphopenia Group. Lymphopenia patients displayed significantly elevated disease severity indices, including Sequential Organ Failure Assessment and Simplified Acute Physiology Score 3 scores, at intensive care unit admission (p = 0.001 and p < 0.001, respectively). Additionally, they presented heightened requirements for vasopressor support (p = 0.045) and prolonged intensive care unit and in-hospital stays (both p < 0.001). Multivariate logistic regression analysis after propensity score matching revealed a significant contribution of lymphopenia to mortality, with an odds ratio of 1,621 (95%CI: 1,275 - 2,048; p < 0.001). Interaction models revealed an increase of 8% in mortality for each decade of longevity in patients with concomitant lymphopenia. In the subanalysis utilizing three-group stratification, the Severe Lymphopenia Group had the highest mortality rate, not only in direct comparisons but also in Kaplan‒Meier survival analysis (log-rank test p = 0.0048). Conclusion Lymphopenia in COVID-19 patients is associated with increased disease severity and an increased risk of mortality, underscoring the need for prompt support for critically ill high-risk patients. These findings offer important insights into improving patient care strategies for COVID-19 patients. |
Artigo Original Associação entre concentração de cortisol capilar e sintomas de estresse agudo em familiares de pacientes graves: um estudo transversal Eugênio, Cláudia Severgnini Viola, Thiago Wendt Lumertz, Francisco Sindermann Daltrozo, Adriana Valéria Hoffmeister Saraiva, Maria Eduarda Ramos Casagrande, Júlia Borges Zanin, Rafael Fernandes Boniatti, Márcio Manozzo Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Este estudo pretendeu investigar se existe uma associação entre concentrações de cortisol capilar e sintomas de estresse agudo em familiares de pacientes graves. Métodos: Trata-se de estudo transversal realizado em uma unidade de terapia intensiva de adultos de um hospital terciário em Porto Alegre (RS), de agosto de 2021 a fevereiro de 2022. Os familiares de pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva por mais de 10 dias foram abordados para inscrição. Coletamos dados sociodemográficos e avaliamos a resiliência, a religiosidade e os sintomas de estresse agudo entre os familiares. Coletaram-se amostras de cabelo dos familiares logo após a entrevista para medir a concentração de cortisol capilar. Resultados: O estudo incluiu 110 familiares. Foram identificados sintomas de estresse agudo em 88 (80,0%) familiares. A mediana da concentração de cortisol capilar foi de 2,37pg/mg (1,16 - 5,06pg/mg). Não houve diferença significativa na concentração de cortisol capilar entre os familiares com e sem sintomas de estresse agudo (p = 0,419). De acordo com a análise multivariada, apenas o fato de o paciente estar alerta no momento da entrevista do familiar foi significativamente associado à prevalência de sintomas de estresse agudo no familiar. Conclusão: Não encontramos uma associação entre a concentração de cortisol capilar dos familiares em segmentos de cabelo nos meses anteriores à admissão na unidade de terapia intensiva e a ocorrência de sintomas de estresse agudo.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: The aim of this study was to investigate whether there is an association between hair cortisol concentrations and acute stress symptoms in family members of critically ill patients. Methods: A cross-sectional study was conducted in an adult intensive care unit of a tertiary hospital in Porto Alegre, Brazil, from August 2021 to February 2022. Family members of intensive care unit patients admitted for more than 10 days were approached for enrollment. We collected sociodemographic data and assessed resilience, religiosity, and symptoms of acute stress among family members. Samples of family members’ hair were collected shortly after the interview to measure the hair cortisol concentration. Results: A total of 110 family members were included in this study. Eighty-eight (80.0%) family members presented with symptoms of acute stress. The median hair cortisol concentration was 2.37pg/mg (1.16 - 5.06pg/mg). There was no significant difference in hair cortisol concentration between family members with and without acute stress symptoms (p = 0.419). According to the multivariate analysis, only the fact that the patient was alert at the time of the family member's interview was significantly associated with the prevalence of acute stress symptoms in the family member. Conclusion: We did not find an association between the hair cortisol concentration of family members in hair segments in the months prior to admission to the intensive care unit and the occurrence of acute stress symptoms. |
ARTIGO ORIGINAL Perfil do ar exalado no diagnóstico precoce de pneumonia associada à ventilação mecânica Figueiredo, Rodrigo Cruvinel Silva, Jackelyne Lopes Bianchini, Igor Rocha, Luana Bezerra Gonçalves Goncalves, Renata Casagrande Ritter, Cristiane Dal-Pizzol, Felipe Resumo em Português: RESUMO Objetivo Demonstrar a predição do ar exalado dos pacientes submetidos à ventilação mecânica no diagnóstico à beira leito da pneumonia associada à ventilação mecânica. Métodos Foram coletadas amostras de ar através do ramo expiratório do circuito de ventilação mecânica ao longo da internação de pacientes na unidade de terapia intensiva do Hospital São José, em Criciúma (SC). O trabalho analisou 83 participantes subdivididos em dois grupos, com e sem pneumonia associada à ventilação mecânica. Resultados Por meio da análise de três padrões de ar identificados, conseguiu-se um valor preditivo para diagnóstico de pneumonia associada à ventilação mecânica. As análises das amostras das primeiras 12 horas de ventilação mecânica invasiva foram capazes de predizer a pneumonia associada à ventilação mecânica (p = 0,018). Entretanto, nenhuma das outras amostras de ar coletadas ao longo da internação dos pacientes foi capaz de caracterizar gravidade ou predizer, em precoce ou tardia, a pneumonia associada à ventilação mecânica. Conclusão A utilização de um aparelho analisador de gases pode ser útil na identificação precoce dos pacientes que desenvolverão pneumonia associada à ventilação mecânica internados em terapia intensiva.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective To predict exhaled air in patients undergoing mechanical ventilation during bedside diagnosis of ventilator-associated pneumonia. Methods Air samples were collected through the expiratory branch of the mechanical ventilation circuit during the hospitalization of patients at the intensive care unit of Hospital São José in Criciúma (SC), Brazil. In this study, 83 participants were divided into two groups, namely, the group with and the group without ventilator-associated pneumonia. Results The analysis of three air patterns revealed a predictive value for the diagnosis of ventilator-associated pneumonia. The analyses of samples from the first 12 hours of invasive mechanical ventilation were able to predict ventilator-associated pneumonia (p = 0.018). However, none of the other air samples collected during hospitalization were useful in identifying the severity or predicting early or late ventilator-associated pneumonia. Conclusion The use of a gas analyzer may be helpful for the early identification of patients admitted to intensive care who will develop ventilator-associated pneumonia. |
Artigo Original Importância prognóstica da disfunção gastrintestinal em pacientes graves com COVID-19 Lima, Ricardo Antônio Correia Blaser, Annika Reintam Ramalho, Júlia Falconiere Paredes Lacerda, Barbara Cristina de Almeida Campos Sadigurschi, Gabriela Aarestrup, Paula Fonseca Sales, Rafael Aguilar Mansur Filho, João Ferreira, Roberto Muniz Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Analisar a morbidade e a mortalidade intra-hospitalar e em 1 ano associadas à disfunção gastrintestinal aguda em pacientes graves com COVID-19 por meio de um sistema de pontuação predefinido. Métodos: Entre março e julho de 2020, pacientes consecutivos hospitalizados com COVID-19 de uma única instituição foram analisados retrospectivamente por meio de revisão de prontuários médicos. Foram incluídos somente aqueles que permaneceram na unidade de terapia intensiva por mais de 24 horas. A disfunção gastrintestinal foi avaliada segundo um sistema predefinido de pontuação de lesão gastrintestinal progressiva de cinco pontos, considerando os primeiros 7 dias de hospitalização. Também se registraram os dados laboratoriais, as comorbidades, a necessidade de ventilação mecânica, a duração da internação na unidade de terapia intensiva e as taxas de mortalidade intra-hospitalar e em 1 ano. Resultados: Do total de 230 pacientes examinados, 215 foram incluídos na análise. A idade mediana foi de 68 anos (54 - 82), e 57,7% eram do sexo masculino. Os escores totais de disfunção gastrintestinal foram zero (79,1%), I (15,3%), II (4,7%), III (0,9%) e IV (0%). Qualquer manifestação de disfunção gastrintestinal estava presente em 20,9% de todos os pacientes e foi associada à maior duração da internação (20 dias [11 - 33] versus 7 dias [4 - 16]; p < 0,001) e a níveis mais altos de proteína C-reativa na admissão (12,8mg/mL [6,4 - 18,4] versus 5,7mg/mL [3,2 - 13,4]; p < 0,001). O escore de disfunção gastrintestinal foi significativamente associado à mortalidade (RC 2,8; IC95% 1,7 - 4,8; p < 0,001) e à necessidade de ventilação mecânica (RC 2,8; IC95% 1,7 - 4,6; p < 0,001). As taxas de mortalidade hospitalar e em 1 ano aumentaram progressivamente com o aumento dos escores de disfunção gastrintestinal. Conclusão: Na série atual de pacientes de unidades de terapia intensiva com COVID-19, a gravidade da disfunção gastrintestinal, conforme definida por um sistema de pontuação predefinido, foi preditiva de resultados adversos no hospital e em 1 ano.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To analyze in-hospital and 1-year morbidity and mortality associated with acute gastrointestinal dysfunction in critically ill patients with COVID-19 via a prespecified scoring system. Methods: Between March and July 2020, consecutive hospitalized patients with COVID-19 from a single institution were retrospectively analyzed by medical chart review. Only those who remained in the intensive care unit for more than 24 hours were included. Gastrointestinal dysfunction was assessed according to a predefined 5-point progressive gastrointestinal injury scoring system, considering the first 7 days of hospitalization. Laboratory data, comorbidities, the need for mechanical ventilation, the duration of intensive care unit stay, and subsequent in-hospital and 1-year mortality rates were also recorded. Results: Among 230 patients who were screened, 215 were included in the analysis. The median age was 68 years (54 - 82), and 57.7% were male. The total gastrointestinal dysfunction scores were 0 (79.1%), I (15.3%), II (4.7%), III (0.9%), and IV (0%). Any manifestation of gastrointestinal dysfunction was present in 20.9% of all patients and was associated with longer lengths of stay (20 days [11 - 33] versus 7 days [4 – 16]; p < 0.001] and higher C-reactive protein levels on admission (12.8mg/mL [6.4 - 18.4] versus 5.7mg/mL [3.2 - 13.4]; p < 0.001). The gastrointestinal dysfunction score was significantly associated with mortality (OR 2.8; 95%CI 1.7 - 4.8; p < 0.001) and the need for mechanical ventilation (OR 2.8; 95%CI 1.7 - 4.6; p < 0.001). Both in-hospital and 1-year death rates progressively increased as gastrointestinal dysfunction scores increased. Conclusion: In the current series of intensive care unit patients with COVID-19, gastrointestinal dysfunction severity, as defined by a prespecified scoring system, was predictive of adverse in-hospital and 1-year outcomes. |
Artigo Original Taxa de progressão de tumores sólidos não metastáticos após doença crítica: um estudo de coorte prospectivo com participantes do Biobanco do Reino Unido Puxty, Kathryn Keith, Rachel McPeake, Joanne Morrison, David Shaw, Martin Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Determinar se a admissão em terapia intensiva está associada à progressão subsequente da doença em pacientes com tumores sólidos não metastáticos. Métodos: Trata-se de estudo de coorte observacional de participantes do Biobanco do Reino Unido que identificou aqueles diagnosticados com tumores sólidos e que sobreviveram à hospitalização. Duas coortes foram formadas a partir da admissão em terapia intensiva e de uma nova doença metastática, conforme relatado nas consultas de seguimento do Biobanco do Reino Unido, ou foram comparados os registros de Atenção Primária ou Secundária. Utilizou-se a análise de riscos proporcionais de Cox para levar em conta os possíveis fatores de confusão na análise multivariada. Resultados: Identificaram-se 1.854 pacientes com tumores sólidos, dos quais 453 (24,4%) foram admitidos em terapia intensiva. As taxas não ajustadas de doença metastática e morte foram maiores na coorte de terapia intensiva com menor intervalo livre de progressão. Em 5 anos, 25% dos sobreviventes da terapia intensiva e 14% dos sobreviventes hospitalizados tinham desenvolvido doença metastática (p < 0,001), com taxa de intervalo livre de progressão equivalente de 65% versus 81% (p < 0,001). Após o ajuste para fatores de confusão, a razão de risco de intervalo livre de progressão entre os sobreviventes de terapia intensiva e a coorte hospitalizada foi de 1,69 (IC95% 1,31 - 2,18; p < 0,001). Conclusão: Pacientes com tumores sólidos internados no hospital dentro de 2 anos após o diagnóstico teriam intervalo livre de progressão subsequente mais baixo se tivessem passado por uma internação em terapia intensiva. Essa observação se manteve após o ajuste para variáveis de confusão.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To determine whether admission to critical care is associated with subsequent disease progression in patients with non-metastatic solid tumors. Methods: This observational cohort study of UK Biobank participants identified those diagnosed with solid tumors and survived hospitalization. Two cohorts were identified based on critical care admission and new metastatic disease as reported at UK Biobank follow-up visits, or primary or secondary care records were compared. Cox proportional hazards analysis was used to account for potential confounders in the multivariate analysis. Results: A total of 1,854 solid tumor patients were identified, of whom 453 (24.4%) experienced critical care admission. Unadjusted rates of metastatic disease and death were higher for the critical care cohort with lower progression-free survival. At five years, 25% of the critical care survivors and 14% of the hospitalized survivors had developed metastatic disease (p < 0.001), with a corresponding progression-free survival rate of 65% versus 81% (p < 0.001). After adjustment for confounders, the hazard ratio for progression-free survival between critical care survivors and the hospitalized cohort was 1.69 (95%CIs 1.31 - 2.18; p < 0.001). Conclusion: Solid tumor patients admitted to the hospital within 2 years of diagnosis had poorer subsequent progression-free survival if they had experienced a critical care admission. This observation was maintained after adjustment for confounding variables. |
Artigo Original Análise de como os componentes do escore SOFA variam ao longo do tempo em sua contribuição para a mortalidade Lam, Barbara D. Struja, Tristan Li, Yanran Matos, João Chen, Ziyue Liu, Xiaoli Celi, Leo Anthony Jia, Yugang Raffa, Jesse Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Determinar como cada componente de órgão do escore SOFA difere em sua contribuição no risco de mortalidade e como essa contribuição pode variar ao longo do tempo. Métodos: Realizamos uma análise de regressão logística multivariada para avaliar a contribuição de cada componente de órgão no risco de mortalidade no primeiro e sétimo dia de internação em unidade de terapia intensiva. Usamos dados de dois conjuntos de dados públicos, a eICU Collaborative Research Database (eICU-CRD) (208 hospitais) e a Medical Information Mart for Intensive Care IV (MIMIC-IV) (um hospital). Calculamos a razão de chances de cada componente do SOFA, que contribuiu para a mortalidade. A mortalidade foi definida como morte na unidade de terapia intensiva ou dentro de 72 horas após a alta da unidade de terapia intensiva. Resultados: Foram incluídas 7.871 internações em unidades de terapia intensiva da eICU-CRD e 4.926 internações em unidades de terapia intensiva da MIMIC-IV. A disfunção hepática foi a mais preditiva de mortalidade no primeiro dia em ambas as coortes (RC 1,3; IC95% 1,2 - 1,4; RC 1,3; IC95% 1,2 - 1,4, respectivamente). Na coorte eICU-CRD, a disfunção do sistema nervoso central foi a mais preditiva de mortalidade no sétimo dia (RC 1,4; IC95% 1,4 - 1,5). Na coorte MIMIC-IV, a disfunção respiratória (RC 1,4; IC95% 1,3 - 1,5) e cardiovascular (RC 1,4; IC95% 1,3 - 1,5) foram mais preditivas de mortalidade no sétimo dia. Conclusão: O escore SOFA pode ser uma simplificação exagerada de como a disfunção de diferentes sistemas de órgãos contribui para a mortalidade ao longo do tempo. São necessários mais estudos em uma escala de tempo mais granular para explorar como o escore SOFA pode evoluir e ser aprimorado.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: Determine how each organ component of the SOFA score differs in its contribution to mortality risk and how that contribution may change over time. Methods: We performed multivariate logistic regression analysis to assess the contribution of each organ component to mortality risk on Days 1 and 7 of an intensive care unit stay. We used data from two publicly available datasets, eICU Collaborative Research Database (eICU-CRD) (208 hospitals) and Medical Information Mart for Intensive Care IV (MIMIC-IV) (1 hospital). The odds ratio of each SOFA component that contributed to mortality was calculated. Mortality was defined as death either in the intensive care unit or within 72 hours of discharge from the intensive care unit. Results: A total of 7,871 intensive care unit stays from eICU-CRD and 4,926 intensive care unit stays from MIMIC-IV were included. Liver dysfunction was most predictive of mortality on Day 1 in both cohorts (OR 1.3; 95%CI 1.2 - 1.4; OR 1.3; 95%CI 1.2 - 1.4, respectively). In the eICU-CRD cohort, central nervous system dysfunction was most predictive of mortality on Day 7 (OR 1.4; 95%CI 1.4 - 1.5). In the MIMIC-IV cohort, respiratory dysfunction (OR 1.4; 95%CI 1.3 - 1.5) and cardiovascular dysfunction (OR 1.4; 95%CI 1.3 - 1.5) were most predictive of mortality on Day 7. Conclusion: The SOFA score may be an oversimplification of how dysfunction of different organ systems contributes to mortality over time. Further research at a more granular timescale is needed to explore how the SOFA score can evolve and be ameliorated. |
Artigo Original Percepções e preferências de restrições à visitação familiar e sofrimento psicológico de médicos intensivistas no Brasil: resultados de um inquérito nacional Sharma, Monisha Wahlster, Sarah Town, James A. Patel, Pratik V. Jannotta, Gemi E. Amorim, Edilberto Lewis, Ariane Greer, David M. Maia, Israel Silva Kross, Erin K. Creutzfeldt, Claire J. Lobo, Suzana Margareth Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Explorar as percepções dos profissionais de saúde que trabalham na unidade de terapia intensiva quanto às políticas de visitação familiar e examinar sua influência no sofrimento psicológico desses profissionais de saúde. Métodos: Divulgamos um inquérito eletrônico para profissionais de saúde interdisciplinares por meio da Associação de Medicina Intensiva Brasileira durante o pico mais grave da COVID-19 no Brasil (março de 2021). Avaliamos as percepções e as preferências das políticas de visitação familiar e medimos o sofrimento dos profissionais de saúde, incluindo esgotamento, depressão, ansiedade, irritabilidade e pensamentos suicidas, usando escalas validadas. Realizamos regressões multivariáveis para avaliar os fatores associados ao sofrimento dos profissionais de saúde, incluindo políticas de visitação familiar e preocupações dos profissionais de saúde. Resultados: Incluímos respostas de 903 profissionais de saúde: 67% médicos, 10% enfermeiros, 10% fisioterapeutas e 13% outros. A maioria (55%) dos profissionais de saúde relatou que seus hospitais não permitiam visitação familiar ou permitiam visitação restrita (43%); apenas 2% relataram permitir visitação sem restrições. A maioria (78%) acreditava que restringir a visitação afetava negativamente a assistência ao paciente, e 46% preferiam permitir mais visitação (menor nos enfermeiros [44%] do que nos médicos [50%]; p < 0,01). Aproximadamente metade (49%) dos profissionais de saúde relatou que a visitação restrita contribuiu para seu esgotamento, sendo menor nos enfermeiros (43%) do que nos médicos (52%), p = 0,08. No geral, 62% dos profissionais de saúde relataram esgotamento, 24% relataram sintomas de depressão maior, 37% relataram sintomas de ansiedade, 11% relataram consumo excessivo de álcool ou drogas e 14% relataram pensamentos de automutilação. Na análise multivariada, as políticas de visitação familiar (visitação restrita versus nenhuma visitação) e as preferências por políticas (mais visitação versus a mesma ou menos) não foram associadas ao sofrimento psicológico. Em vez disso, as preocupações financeiras e o relato de má comunicação com os supervisores estavam mais profundamente associados ao esgotamento, à depressão e à ansiedade. Conclusão: Metade dos profissionais de saúde relatou que as restrições à visitação familiar contribuíram para seu esgotamento, e a maioria sentiu que isso afetou negativamente a assistência ao paciente. Entretanto, as preferências de visitação familiar não foram associadas ao sofrimento do profissional de saúde nas regressões multivariáveis. Mais médicos do que enfermeiros indicaram preferir políticas de visitação mais flexíveis.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To explore the perceptions of healthcare workers in the intensive care unit about family visitation policies and to examine their impact on healthcare workers’ psychological distress. Methods: We disseminated an electronic survey to interdisciplinary healthcare workers via the Associação de Medicina Intensiva Brasileira during Brazil's most severe peak of COVID-19 (March 2021). We assessed perceptions of and preferences for family visitation policies and measured healthcare worker distress, including burnout, depression, anxiety, irritability, and suicidal thoughts using validated scales. We conducted multivariable regressions to evaluate factors associated with healthcare worker distress, including family visitation policies and healthcare workers’ concerns. Results: We included responses from 903 healthcare workers: 67% physicians, 10% nurses, 10% respiratory therapists, and 13% other. Most healthcare workers reported that their hospitals allowed no family visitation (55%) or limited visitation (43%), and only 2% reported allowing unlimited visitation. Most believed that limiting visitation negatively impacted patient care (78%), and 46% preferred allowing more visitation (which was lower among nurses [44%] than among physicians [50%]; p < 0.01). Approximately half (49%) of healthcare workers reported that limited visitation contributed to their burnout, which was lower among nurses (43%) than among physicians (52%), p = 0.08. Overall, 62% of healthcare workers reported burnout, 24% reported symptoms of major depression, 37% reported symptoms of anxiety, 11% reported excessive alcohol/drug consumption, and 14% reported thoughts of hurting themselves. In the multivariable analysis, family visitation policies (limited visitation versus no visitation) and preferences about policies (more visitation versus same or less) were not associated with psychological distress. Instead, financial concerns and reporting poor communication with supervisors were most strongly associated with burnout, depression, and anxiety. Conclusion: Half of healthcare workers self-reported that limited family visitation contributed to their burnout, and most felt that it negatively impacted patient care. However, family visitation preferences were not associated with healthcare worker distress in the multivariable regressions. More physicians than nurses indicated a preference for more liberal visitation policies. |
Artigo Original Diferenças na importância relativa dos preditores de mortalidade em curto e longo prazo de pacientes críticos com câncer Silva, Carla Marchini Dias da Bettim, Bárbara Beltrame Besen, Bruno Adler Maccagnan Pinheiro Nassar Junior, Antônio Paulo Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Identificar a importância relativa de variáveis clínicas presentes na admissão na unidade de terapia intensiva na mortalidade em curto e longo prazo de pacientes críticos com câncer após admissão não planejada. Métodos: Trata-se de estudo de coorte retrospectivo de pacientes com câncer com admissão não planejada na unidade de terapia intensiva de janeiro de 2017 a dezembro de 2018. Desenvolvemos modelos para analisar a importância relativa de preditores conhecidos de mortalidade em pacientes com câncer admitidos na unidade de terapia intensiva na mortalidade em 28, 90 e 360 dias, tanto em toda a coorte quanto na estratificada pelo tipo de câncer. Resultados: Dos 3.592 pacientes, 3.136 (87,3%) tinham tumores sólidos, com doença metastática observada em 60,8% deles. Foi registrada a morte de 1.196 (33,3%), 1.738 (48,4%) e 2.435 pacientes (67,8%) em 28, 90 e 360 dias, respectivamente. A maior contribuição na mortalidade de todos os pacientes foi o comprometimento da capacidade funcional em curto prazo e, em curto e longo prazo, nos subgrupos de pacientes com tumores sólidos. O SOFA na admissão foi importante para prever a mortalidade apenas de pacientes com tumores sólidos metastáticos e neoplasias hematológicas. O uso de vasopressores e terapia de substituição renal teve uma pequena importância na predição de mortalidade em todos os momentos analisados após considerar o SOFA. Conclusão: Os profissionais de saúde devem considerar a capacidade funcional, o uso de ventilação mecânica e a gravidade da doença ao discutirem o prognóstico, as preferências de cuidados e o planejamento de cuidados no fim da vida com os pacientes ou seus familiares durante a internação na unidade de terapia intensiva.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To identify the relative importance of several clinical variables present at intensive care unit admission on the short- and long-term mortality of critically ill patients with cancer after unplanned intensive care unit admission. Methods: This was a retrospective cohort study of patients with cancer with unplanned intensive care unit admission from January 2017 to December 2018. We developed models to analyze the relative importance of well-known predictors of mortality in patients with cancer admitted to the intensive care unit compared with mortality at 28, 90, and 360 days after intensive care unit admission, both in the full cohort and stratified by the type of cancer when the patient was admitted to the intensive care unit. Results: Among 3,592 patients, 3,136 (87.3%) had solid tumors, and metastatic disease was observed in 60.8% of those patients. A total of 1,196 (33.3%), 1,738 (48.4%), and 2,435 patients (67.8%) died at 28, 90, and 360 days, respectively. An impaired functional status was the greatest contribution to mortality in the short term for all patients and in the short and long term for the subgroups of patients with solid tumors. For patients with hematologic malignancies, the use of mechanical ventilation was the most important variable associated with mortality in all study periods. The SOFA score at admission was important for mortality prediction only for patients with solid metastatic tumors and hematological malignancies. The use of vasopressors and renal replacement therapy had a small importance in predicting mortality at every time point analyzed after the SOFA score was accounted for. Conclusion: Healthcare providers must consider performance status, the use of mechanical ventilation, and the severity of illness when discussing prognosis, preferences for care, and end-of-life care planning with patients or their families during intensive care unit stays. |
Artigo Original Produção científica e características organizacionais em unidades de terapia intensiva brasileiras: um estudo transversal multicêntrico dos Santos, Thiago Tavares de Azevedo, Luciano César Pontes Nassar Junior, Antonio Paulo Salluh, Jorge Ibrain Figueira Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Examinar as associações entre a produção científica das unidades de terapia intensiva brasileiras e suas características organizacionais. Métodos: Trata-se de uma reanálise de uma coorte retrospectiva anterior, que avaliou as características organizacionais das unidades de terapia intensiva e suas associações com os desfechos. Analisamos dados de 93 unidades de terapia intensiva em todo o Brasil. As unidades de terapia intensiva foram avaliadas quanto à produtividade científica e aos efeitos de suas atividades de pesquisa, usando indicadores de assistência para comparação. Definimos as unidades de terapia intensiva mais produtivas cientificamente como aquelas com várias publicações e escore SCImago Journal Rank ou índice h acima dos valores medianos das unidades de terapia intensiva participantes. Resultados: As unidades de terapia intensiva com mais publicações, pontuações SCImago Journal Rank mais altas e escores índice h mais altos tinham número maior de intensivistas certificados (mediana de 7; IIQ 5 - 10 versus 4; IIQ 2 - 8; com p < 0,01, na comparação entre unidades de terapia intensiva com mais e menos publicações). As unidades de terapia intensiva com pontuações SCImago Journal Rank e índice h mais altas também tiveram um número maior de protocolos totalmente implementados (mediana de 8; IIQ 6 - 8 versus 5; IIQ 3,75 - 7,25; p < 0,01, na comparação entre unidades de terapia intensiva com pontuações SCImago Journal Rank mais altas versus mais baixas). Conclusões: O trabalho científico foi associado a melhores padrões de pessoal e a maior implementação de protocolos, sugerindo que a atividade de pesquisa pode ser um indicador de melhor organização da unidade de terapia intensiva e da prestação de assistência.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To examine the associations between the scientific output of Brazilian intensive care units and their organizational characteristics. Methods: This study is a re-analysis of a previous retrospective cohort that evaluated organizational intensive care unit characteristics and their associations with outcomes. We analyzed data from 93 intensive care units across Brazil. Intensive care units were assessed for scientific productivity and the effects of their research activities, using indicators of care for comparison. We defined the most scientifically productive intensive care units as those with numerous publications and a SCImago Journal Rank score or an H-index above the median values of the participating intensive care units. Results: Intensive care units with more publications, higher SCImago Journal Rank scores and higher H-index scores had a greater number of certified intensivists (median of 7; IQR 5 - 10 versus 4; IQR 2 - 8; with p < 0.01 for the comparison between intensive care units with more versus fewer publications). Intensive care units with higher SCImago Journal Rank scores and H-index scores also had a greater number of fully implemented protocols (median of 8; IQR 6 - 8 versus 5; IQR 3.75 - 7.25; p < 0.01 for the comparison between intensive care units with higher versus lower SCImago Journal Rank scores). Conclusions: Scientific engagement was associated with better staffing patterns and greater protocol implementation, suggesting that research activity may be an indicator of better intensive care unit organization and care delivery. |
Artigo Original Variações na pressão venosa central durante um desafio volêmico têm valor limitado para orientar a terapia com fluidos de Oliveira, Priscilla Souza Ramos, Fernando José da Silva Tomotani, Daniere Yurie Vieira Machado, Flávia Ribeiro de Freitas, Flávio Geraldo Rezende Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Avaliar se as variações na pressão venosa central durante a expansão volêmica e a variação respiratória cíclica basal na curva de amplitude da pressão venosa central poderiam ser usadas para discriminar entre pacientes responsivos e não responsivos a fluidos. Métodos: Trata-se de um estudo observacional prospectivo que incluiu pacientes adultos em estado crítico que foram submetidos à expansão volêmica na forma de infusão volêmica ou desafio volêmico de cristaloides. Todos os pacientes estavam em ventilação mecânica e devidamente sedados. Determinamos a pressão venosa central basal (PVCT0) e as variações em 5 (ΔPVCT5), 10 (ΔPVCT10) e 15 (ΔPVCT15) minutos durante a infusão volêmica. Também medimos a curva de amplitude da PVCT0. Definiu-se a responsividade a fluidos como um aumento do índice cardíaco de ≥ 15%. Resultados: O estudo incluiu 30 pacientes (11 responsivos e 19 não responsivos). A PVCT0 e as variações após um desafio volêmico em todos os três momentos não previram adequadamente a capacidade de resposta a fluidos, conforme determinado por seus valores de área sob a curva (PVCT0: 0,70, IC95% 0,49 - 0,90; ΔPVCT5: 0,78, IC95% 0,57 - 0,99; ΔPVCT10: 0,63, IC95% 0,39 - 0,88; ΔPVCT15: 0,68; IC95% 0,45 - 0,92). A curva de amplitude da PVCT0 também teve um desempenho insatisfatório (área sob a curva: 0,70; IC95% 0,50 - 0,91). Conclusão: As variações na pressão venosa central têm valor limitado na previsão da responsividade a fluidos.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To evaluate whether changes in central venous pressure during fluid expansion and baseline cyclic respiratory variation in the central venous pressure amplitude (RespCVP) curve could be used to discriminate between fluid responders and nonresponders. Methods: This prospective observational study included critically ill adult patients who underwent fluid expansion in the form of a fluid bolus or fluid challenge with crystalloids. All patients were under mechanical ventilation and adequately sedated. We determined the central venous pressure at baseline (CVPT0) and the changes at 5 (ΔCVPT5), 10 (ΔCVPT10) and 15 (ΔCVPT15) minutes during fluid infusion. We also measured the RespCVP at baseline. Fluid responsiveness was defined as a cardiac index increase of ≥ 15%. Results: The study included 30 patients (11 responders and 19 nonresponders). The CVPT0 and the changes after a fluid challenge at all three time points did not adequately predict fluid responsiveness, as determined by their area under the curve values (CVPT0: 0.70, (95%CI: 0.49 - 0.90; ΔCVPT5: 0.78, (95%CI: 0.57 - 0.99; ΔCVPT10: 0.63, (95%CI: 0.39 - 0.88; ΔCVPT15: 0.68, ((95%CI: 0.45 - 0.92). The RespCVP at baseline also had a poor performance (area under the curve: 0.70; 95%CI: 0.50 - 0.91). Conclusion: Changes in central venous pressure have limited value in predicting fluid responsiveness. |
Artigo Original Resposta da perfusão periférica ao estresse semiortostático: um método simples para avaliar disfunção autonômica na sepse? Guimarães, Lilian Barth Guimarães, César Maistro Carraro Junior, Hipólito Assreuy Filho, Jamil de Menezes, Igor Alexandre Côrtes Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Avaliar se a resposta do índice de perfusão ao estresse semiortostático pode ser usada para monitorar a resposta simpático-vascular em pacientes com sepse. Métodos: Três grupos foram estudados: Grupo A (30 pacientes saudáveis), Grupo B (30 pacientes em estado crítico sem sepse) e Grupo C (92 pacientes com sepse). Os pacientes foram submetidos a um teste de estresse semiortostático (elevação da cabeça de zero a 60°) e avaliaram-se a hemodinâmica, os valores do índice de perfusão e os dados de ultrassom cardíaco. Os valores do SOFA também foram avaliados em pacientes com sepse, comparando aqueles com índices de perfusão maiores e menores após o teste. Resultados: Após o teste, o Grupo A apresentou diminuição significativa no volume sistólico (p < 0,01) e no índice cardíaco (p < 0,05), com aumento da frequência cardíaca (p < 0,05) e da pressão arterial média (p < 0,001). Essas respostas não foram observadas nos Grupos B e C. Na análise individual do Grupo A, houve diminuição do índice de perfusão (p < 0,001), enquanto nos Grupos B e C a resposta foi heterogênea. Além disso, os pacientes com sepse com índice de perfusão menor após o teste tiveram uma queda significativa no escore SOFA em 72 horas em comparação com o grupo com índice de perfusão maior (p < 0,05). Entretanto, o escore delta-SOFA não diferiu nos grupos. Conclusão: A resposta do índice de perfusão ao estresse semiortostático em pacientes com sepse é um método simples e econômico na detecção da resposta simpático-microvascular à beira do leito e parece ter valor prognóstico.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To evaluate whether the perfusion index response to semiorthostatic stress can be used to monitor the sympathetic-vascular response in sepsis patients. Methods: Three groups were studied: Group A (30 healthy patients), Group B (30 critically ill patients without sepsis), and Group C (92 septic patients). The patients underwent a semiorthostatic stress test (head elevation from 0 to 60 degrees), and hemodynamics, perfusion index values and cardiac ultrasound data were evaluated. SOFA scores were also evaluated in septic patients, comparing those with increased and decreased perfusion indices after the test. Results: After the test, Group A presented significant reductions in stroke volume (p < 0.01) and the cardiac index (p < 0.05), with increases in heart rate (p < 0.05) and mean arterial pressure (p < 0.001). These responses were not observed in Groups B and C. In the individual analysis of Group A, there was a decrease in the perfusion index (p < 0,001), whereas in Groups B and C, the response was heterogeneous. Additionally, septic patients who had a reduced perfusion index after the test had a significant decrease in the SOFA score at 72 hours compared with the group with an increased perfusion index (p < 0.05). However, the delta-SOFA score did not differ between the groups. Conclusion: The perfusion index response to semiorthostatic stress in sepsis patients is a simple and inexpensive method that can be used to detect the sympathetic-microvascular response at the bedside and appears to have prognostic value. |
Artigo Original Reinternação de pacientes sobreviventes à sepse em até 30 dias: desfechos de um estudo retrospectivo de centro único Nanah, Abdelrahman Abdeljaleel, Fatima Garcia, Marcos Vinícius Fernandes Pannikodu, Kelly Seif, Mohannad Flowers-Surovi, Amy Gopal, Naveen Sadana, Divyajot Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Investigar uma coorte de pacientes sobreviventes à sepse reinternados em até 30 dias após a alta hospitalar, explorar as taxas de mortalidade em 1 ano devido a diferentes causas de reinternação e identificar os fatores associados a um risco maior de mortalidade em 1 ano de todos os pacientes sobreviventes à sepse reinternados nesse período. Métodos: Trata-se de estudo de coorte retrospectivo de centro único de pacientes adultos com sepse reinternados em até 30 dias após a alta hospitalar. Os pacientes foram categorizados em três grupos conforme a causa da hospitalização: hospitalização infecciosa de mesma origem, hospitalização infecciosa de origem diferente e hospitalização não infecciosa. O desfecho de interesse foi a mortalidade por todas as causas em 1 ano. Realizou-se análise de risco proporcional de Cox para comparar os fatores associados à mortalidade em 1 ano. Resultados: Dos 1.666 pacientes internados com sepse, 243 (14,5%) foram reinternados em 30 dias. A reinternação ocorreu devido à mesma origem de infecção (40,7%), a uma infecção de origem diferente (21,4%) ou a causas não infecciosas (37,9%). A mortalidade por todas as causas em 1 ano foi de 46,9%, sem diferença entre os dois grupos. A idade (RR 1,02; IC95% 1,003 - 1,04; p = 0,01), a Sequential Organ Failure Assessment (RR 1,1; IC95% 1,02 - 1,18; p = 0,01), a alta para instituição de saúde na internação inicial (RR 1,6; IC95% 1,04 - 2,40; p = 0,03) e a malignidade (RR 2,3; IC95% 1,5 - 3,7; p < 0,001) foram associadas à mortalidade em 1 ano. Conclusão: A reinternação em 30 dias de sobreviventes à sepse é comum e está associada à taxa de mortalidade em 1 ano de 46,9%, independentemente da causa da reinternação. As iniciativas de melhoria da qualidade da segurança do paciente a partir de fatores institucionais locais podem permitir intervenções direcionadas para melhorar os desfechos de pacientes sobreviventes à sepse.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To investigate a cohort of sepsis survivors readmitted within 30 days postdischarge, explore the one-year mortality rate based on different causes of readmission and identify factors associated with increased one-year mortality risk among all sepsis survivors readmitted within this timeframe. Methods: This was a single-center retrospective cohort study involving adult sepsis survivors who were readmitted within 30 days of discharge. Patients were categorized into 3 groups based on the cause of readmission: same-source infectious readmission, different-source infectious readmission, and noninfectious readmission. The outcome of interest was all-cause one-year mortality. Cox proportional hazard analysis was performed to compare factors associated with one-year mortality. Results: Of the 1,666 patients admitted with sepsis, 243 (14.5%) were readmitted within 30 days. Readmissions were due to same-source infections (40.7%), different-source infections (21.4%), or noninfectious causes (37.9%). All-cause one-year mortality was 46.9%, with no difference between the groups. Age (HR 1.02; 95%CI: 1.003 - 1.04; p = 0.01), Sequential Organ Failure Assessment score (HR 1.1; 95%CI: 1.02 - 1.18; p = 0.01), discharge to a care facility during index admission (HR 1.6; 95%CI: 1.04 - 2.40; p = 0.03), and malignancy (HR 2.3; 95%CI: 1.5 - 3.7; p < 0.001) were associated with one-year mortality. Conclusion: Thirty-day readmission in sepsis survivors was common and was associated with a 46.9% one-year mortality rate regardless of readmission cause. Quality improvement patient safety initiatives based on local institutional factors may allow for targeted interventions to improve sepsis survivor outcomes. |
Artigo Original Comparação da eficácia da posição prona consciente e oxigênio nasal de alto fluxo em pacientes com insuficiência respiratória aguda relacionada à COVID-19 em diferentes ondas Esperatti, Mariano Olmos, Matías Busico, Marina Gallardo, Adrian Vitali, Alejandra Quintana, Jorgelina Kakisu, Hiromi Ferreyro, Bruno Leonel Fuentes, Nora Angélica , Osatnik, Javier Saavedra, Santiago Nicolas Matarrese, Agustin Rebaza Niquin, Greta Dennise Wasinger, Elizabeth Gisele Mast, Giuliana Andrada, Facundo Juan Lagazio, Ana Inés Romano, Nahuel Esteban Laiz, Marisol Mariela Garcia Urrutia, Jose Mogaadouro, Mariela Adriana Seifert, Micaela Ruiz Mastroberti, Emilce Navarro Moreno, Claudia Miranda Tirado, Anabel Constanza Viñas, María Pintos, Juan Manuel Gonzalez, Maria Eugenia Mateos, Maite Barbaresi, Verónica Grimbeek, Ana Elizabeth Stein, Leonel Latronico, Ariel Juan Menéndez, Silvia Laura Basualdo, Alejandra Dominga Castrillo, Romina Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Comparar a eficácia da posição prona consciente nos desfechos clínicos relevantes em pacientes com insuficiência respiratória aguda relacionada à COVID-19 que necessitaram de oxigênio nasal de alto fluxo em diferentes ondas da doença na Argentina. Métodos: Trata-se de estudo de coorte prospectivo e multicêntrico, que incluiu pacientes adultos com insuficiência respiratória aguda relacionada à COVID-19 que necessitaram de oxigênio nasal de alto fluxo. A principal posição de exposição foi a prona consciente (≥ 6 horas/dia) em comparação com a prona não consciente. O desfecho primário foi a intubação endotraqueal, e o secundário foi a mortalidade hospitalar. Utilizou-se o escore de propensão de ponderação pela probabilidade inversa para ajustar a probabilidade condicional de atribuição de tratamento. Em seguida, ajustamos as variáveis contextuais, que variaram ao longo do tempo e comparamos a eficácia entre a primeira e a segunda onda. Resultados: Ao todo, 728 pacientes foram incluídos: 360 durante a primeira onda e 368 durante a segunda onda, dos quais 195 (54%) e 227 (62%) permaneceram em prona consciente numa mediana (intervalo interquatil 25 - 75%) de 12 (10 - 16) e 14 (8 - 17) horas/dia, respectivamente (Grupo Prona Consciente). As razões de chance (intervalo de confiança de 95%) de intubação endotraqueal no grupo prona em vigília foram de 0,25 (0,13 - 0,46) e 0,19 (0,09 - 0,31) na primeira e segunda ondas, respectivamente (p = 0,41 comparativamente entre as ondas). As razões de chance de mortalidade intra-hospitalar na posição prona consciente foram de 0,35 (0,17 - 0,65) e 0,22 (0,12 - 0,43), respectivamente (p = 0,44 comparativamente entre as ondas). Conclusão: A posição prona consciente foi associada à redução no risco de intubação endotraqueal e mortalidade hospitalar. Esses efeitos foram independentes do contexto em que a intervenção foi aplicada e não foram observadas diferenças entre as diferentes ondas.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To compare the effectiveness of the awake-prone position on relevant clinical outcomes in patients with COVID-19-related acute respiratory failure requiring high-flow nasal oxygen between different waves in Argentina. Methods: This multicenter, prospective cohort study included adult patients with COVID-19-related acute respiratory failure requiring high-flow nasal oxygen. The main exposure position was the awake-prone position (≥ 6 hours/day) compared to the non-prone position. The primary outcome was endotracheal intubation, and the secondary outcome was in-hospital mortality. The inverse probability weighting–propensity score was used to adjust the conditional probability of treatment assignment. We then adjusted for contextual variables that varied over time and compared the effectiveness between the first and second waves. Results: A total of 728 patients were included: 360 during the first wave and 368 during the second wave, of whom 195 (54%) and 227 (62%) remained awake-prone for a median (p25 - 75) of 12 (10 - 16) and 14 (8 - 17) hours/day, respectively (Awake-Prone Position Group). The ORs (95%CIs) for endotracheal intubation in the Awake-Prone Position Group were 0.25 (0.13 - 0.46) and 0.19 (0.09 - 0.31) for the first and second waves, respectively (p = 0.41 for comparison between waves). The ORs for in-hospital mortality in the awake-prone position were 0.35 (0.17 - 0.65) and 0.22 (0.12 - 0.43), respectively (p = 0.44 for comparison between waves). Conclusion: The awake-prone position was associated with a reduction in the risk of endotracheal intubation and in-hospital mortality. These effects were independent of the context in which the intervention was applied, and no differences were observed between the different waves. |
Artigo Original Mortalidade em longo prazo de pacientes holandeses com COVID-19 internados em terapia intensiva: análise retrospectiva de um registro nacional de qualidade Wortel, Safira A. Bakhshi-Raiez, Ferishta Abu-Hanna, Ameen Dongelmans, Dave A. Keizer, Nicolette F. de , Houwink, Aletta Dijkhuizen, Allard Draisma, Annelies Rijkeboer, Annemiek Cloïn, Arjan Meijer, Arthur de Reidinga, Auke Festen-Spanjer, Barbara van Bussel, Bas Eikemans, Bob Jacobs, Cretièn Moolenaar, David Ramnarain, Dharmanand Koning, Dick Boer, Dirk Verbiest, Dirk van Slobbe-Bijlsma, Eline van Koppen, Ellen Rengers, Els van Driel, Erik Verweij, Eva van Iersel, Freya Brunnekreef, Gert Kieft, Hans Kreeftenberg, Herman Hené, Ilanit Janssen, Inge Drogt, Ionana van der Horst, Iwan Spijkstra, Jan Jaap Rozendaal, Jan Mehagnoul-Schipper, Jannet Erasmus, Jelle Epker Holtkamp, Jessica Lutisan, Johan van Oers, Jos Lens, Judith van Gulik, Laura van den Berg, Lettie Urlings-Strop, Louise Georgieva, Lyuba van Lieshout, Maarten Hoogendoorn, Marga Mos, Marissa Vrolijk-de Graaff, Mart de Bruin, Martha de Hoeksema, Martijn van Tellingen, Martijn Barnas, Michel Erkamp, Michiel Gritters, Niels Kusadasi, Nuray Elbers, Paul Koetsier, Peter Spronk, Peter van der Voort, Peter Pruijsten, Ralph Jong, Remko de Bosman, Robert-Jan Wesselink, Ronald Schnabel, Ronny van den Berg, Roy Waal, Ruud de Arbous, Sesmu Knape, Silvia Hendriks, Stefaan Frenzel, Tim Dormans, Tom Rijpstra, Tom Silderhuis, Vera Ruijter, Wouter de Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Descrever a mortalidade em 12 meses de pacientes holandeses com COVID-19 internados em unidades de terapia intensiva, a população total com COVID-19 e vários subgrupos segundo o número de comorbidades, idade, sexo, ventilação mecânica e uso de medicação vasoativa. Métodos: Incluímos todos os pacientes admitidos com COVID-19 entre 1° de março de 2020 e 29 de março de 2022, do banco de dados do registro holandês National Intensive Care Evaluation (NICE). A taxa bruta de mortalidade em 12 meses é apresentada por meio das curvas de sobrevida de Kaplan-Meier para cada subgrupo de pacientes. Usamos modelos de regressão de Cox para analisar os efeitos das características do paciente na mortalidade em 12 meses após a alta hospitalar. Resultados: Incluímos 16.605 pacientes com COVID-19. A taxa de mortalidade hospitalar foi de 28,1%, e a taxa de mortalidade em 12 meses após a admissão na unidade de terapia intensiva foi de 29,8%. Entre os sobreviventes hospitalares, a mortalidade em 12 meses após a alta hospitalar foi de 2,5% (300/11.931). O risco de morte em 12 meses após a alta hospitalar foi maior em pacientes entre 60 e 79 anos (HR 4,74; IC95% 2,23 - 10,06) e ≥ 80 anos (HR 22,77; IC95% 9,91 - 52,28) do que em pacientes < 40 anos de idade; em pacientes do sexo masculino do que do sexo feminino (HR de 1,38; IC95% 1,07 - 1,78); e em pacientes com uma comorbidade (HR ajustado 1,95; IC95% 1,5 - 2,53), duas comorbidades (HR ajustado 4,49; IC95% 3,27 - 6,16) ou mais de duas (HR ajustado 4,99; IC95% 2,62 - 9,5) do que em pacientes sem comorbidades. Nem o uso de medicação vasoativa nem a ventilação mecânica apresentaram resultados estatisticamente significativos. Conclusão: A maioria das mortes de pacientes holandeses com COVID-19 na unidade de terapia intensiva ocorreu durante a internação hospitalar. Para os sobreviventes do hospital, a taxa bruta de mortalidade em 12 meses foi baixa. A idade do paciente (acima de 60 anos), o sexo e o número de comorbidades foram associados a um maior risco de morte 12 meses após a alta hospitalar, enquanto a ventilação mecânica e a medicação vasoativa não foram.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: To describe the 12-month mortality of Dutch COVID-19 intensive care unit patients, the total COVID-19 population and various subgroups on the basis of the number of comorbidities, age, sex, mechanical ventilation, and vasoactive medication use. Methods: We included all patients admitted with COVID-19 between March 1, 2020, and March 29, 2022, from the Dutch National Intensive Care (NICE) database. The crude 12-month mortality rate is presented via Kaplan-Meier survival curves for each patient subgroup. We used Cox regression models to analyze the effects of patient characteristics on 12-month mortality after hospital discharge. Results: We included 16,605 COVID-19 patients. The in-hospital mortality rate was 28.1%, and the 12-month mortality rate after intensive care unit admission was 29.8%. Among hospital survivors, 12-month mortality after hospital discharge was 2.5% (300/11,931). The hazard of death at 12 months after hospital discharge was greater in patients between 60 and 79 years (HR 4.74; 95%CI 2.23 - 10.06) and ≥ 80 years (HR 22.77; 95%CI 9.91 - 52.28) than in patients < 40 years of age; in male patients than in female patients (HR 1.38; 95%CI 1.07 - 1.78); and in patients with one (adjusted HR 1.95; 95%CI 1.5 - 2.53), two (adjusted HR 4.49; 95%CI 3.27 - 6.16) or more than two comorbidities (adjusted HR 4.99; 95%CI 2.62 - 9.5) than in patients with no comorbidities. Neither vasoactive medication use nor mechanical ventilation resulted in statistically significant results. Conclusion: For Dutch COVID-19 intensive care unit patients, most deaths occurred during their hospital stay. For hospital survivors, the crude 12-month mortality rate was low. Patient age (older than 60), sex and the number of comorbidities were associated with a greater hazard of death at 12 months after hospital discharge, whereas mechanical ventilation and vasoactive medication were not. |
Relato Clínico Trinitrato de glicerilo tópico para aumentar o diâmetro da artéria radial em recém-nascidos: protocolo de estudo de um ensaio clínico randomizado Wagh, Deepika Pawale, Dinesh Patole, Sanjay Rao, Shripada Resumo em Português: RESUMO Histórico: Os recém-nascidos internados na unidade de terapia intensiva neonatal necessitam de canulação arterial para monitoramento hemodinâmico e coleta de sangue. O acesso arterial é obtido por meio de cateterização das artérias umbilicais ou periféricas. A canulação da artéria periférica é realizada em recém-nascidos em estado grave, mas a localização e a canulação da artéria são, muitas vezes, desafiadoras e sem sucesso. Assim, o aumento do diâmetro interno e a prevenção do vasoespasmo são importantes para o sucesso da canulação da artéria periférica em recém-nascidos. O trinitrato de glicerilo tópico tem o potencial de aumentar o sucesso da canulação ao relaxar a musculatura lisa arterial e, dessa forma, aumentar o diâmetro interno. Nosso objetivo é realizar um ensaio piloto controlado e randomizado para avaliar a eficácia e segurança do trinitrato de glicerilo tópico no aumento do diâmetro da artéria radial em recém-nascidos. Métodos/Desenho: Este estudo será um estudo de centro único, cego para o observador, randomizado, controlado por placebo, conduzido na unidade de terapia intensiva neonatal do Perth Children's Hospital, Austrália Ocidental. Serão recrutados 60 bebês nascidos com mais de 34 semanas de gestação, internados para cirurgia eletiva ou por razões médicas e para os quais é necessária a colocação de um acesso arterial periférico para coleta de amostras ou monitoramento da pressão arterial, após a obtenção do consentimento informado dos pais. O desfecho primário será a mudança no diâmetro arterial radial basal e pós-intervenção. Os desfechos secundários serão a alteração absoluta e percentual basal no diâmetro arterial radial em ambos os membros e a segurança (hipotensão e metemoglobinemia). Discussão: Este será o primeiro estudo controlado e randomizado a avaliar o uso de trinitrato de glicerilo tópico para facilitar a canulação da artéria periférica em recém-nascidos. Se nosso estudo-piloto randomizado e controlado confirmar os benefícios dos adesivos de trinitrato de glicerilo, ele abrirá caminho para grandes estudos multicêntricos randomizados e controlados nesse campo.Resumo em Inglês: ABSTRACT Background: Newborn infants admitted to the neonatal intensive care unit require arterial cannulation for hemodynamic monitoring and blood sampling. Arterial access is achieved through catheterization of umbilical or peripheral arteries. Peripheral artery cannulation is performed in critically ill newborns, but artery localization and cannulation is often challenging and unsuccessful. Therefore, increasing the internal diameter and preventing vasospasm are important for successful peripheral artery cannulation in neonates. Topical glyceryl trinitrate has the potential to increase cannulation success by relaxing arterial smooth muscles and thus increasing the internal diameter. We aim to conduct a pilot randomized controlled trial to evaluate the efficacy and safety of topycal glyceryl trinitrate in increasing the diameter of the radial artery in neonates. Methods/Design: This study will be a single-center, observer-blind, randomized, placebo-controlled trial conducted in the neonatal intensive care unit of Perth Children's Hospital, Western Australia. A total of 60 infants born at >34 weeks of gestation who are admitted for elective surgery or medical reasons and for whom a peripheral arterial line is needed for sampling or blood pressure monitoring will be recruited after informed parental consent is obtained. The primary outcome will be the change in radial arterial diameter from baseline to postintervention. Secondary outcomes will be the absolute and percentage change from baseline in the radial arterial diameter in both limbs and safety (hypotension and methemoglobinemia). Discussion: This will be the first randomized controlled trial evaluating the use of topical glyceryl trinitrate to facilitate peripheral artery cannulation in neonates. If our pilot randomized controlled trial confirms the benefits of glyceryl trinitrate patches, it will pave the way for large multicenter randomized controlled trials in this field. |
Relato Clínico Estudo randomizado prospectivo e controlado de avaliação dos efeitos de uma estratégia de limitação da driving pressure em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo devido à pneumonia adquirida na comunidade (estudo STAMINA): protocolo e plano de análise estatística , Maia, Israel Silva Medrado Jr, Fernando Azevedo Tramujas, Lucas Tomazini, Bruno Martins Oliveira, Júlia Souza Sady, Erica Regina Ribeiro Barbante, Letícia Galvão Nicola, Marina Lazzari Gurgel, Rodrigo Magalhães Damiani, Lucas Petri Negrelli, Karina Leal Miranda, Tamiris Abait Santucci, Eliana Valeis, Nanci Laranjeira, Ligia Nasi Westphal, Glauco Adrieno Fernandes, Ruthy Perotto Zandonai, Cássio Luis Pincelli, Mariangela Pimentel Figueiredo, Rodrigo Cruvinel Bustamante, Cíntia Loss Sartori Norbin, Luiz Fernando Boschi, Emerson Lessa, Rafael Romano, Marcelo Pereira Miura, Mieko Cláudia Alencar Filho, Meton Soares de Dantas, Vicente Cés de Souza Barreto, Priscilla Alves Hernandes, Mauro Esteves Grion, Cintia Magalhães Carvalho Laranjeira, Alexandre Sanches Mezzaroba, Ana Luiza Bahl, Marina Starke, Ana Carolina Biondi, Rodrigo Santos Dal-Pizzol, Felipe Caser, Eliana Bernadete Thompson, Marlus Muri Padial, Andrea Allegrini Veiga, Viviane Cordeiro Leite, Rodrigo Thot Araújo, Gustavo Guimarães, Mário Martins, Priscilla de Aquino Lacerda, Fábio Holanda Hoffmann Filho, Conrado Roberto Melro, Livia Pacheco, Eduardo Ospina-Táscon, Gustavo Adolfo Ferreira, Juliana Carvalho Freires, Fabricio Jocundo Calado Machado, Flávia Ribeiro Cavalcanti, Alexandre Biasi Zampieri, Fernando Godinho Resumo em Português: RESUMO Contexto: Em estudos observacionais sobre a síndrome do desconforto respiratório agudo, sugeriu-se que a driving pressure é o principal fator de lesão pulmonar induzida por ventilador e de mortalidade. Não está claro se uma estratégia de limitação da driving pressure pode melhorar os desfechos clínicos. Objetivo: Descrever o protocolo e o plano de análise estatística que serão usados para testar se uma estratégia de limitação da driving pressure envolvendo a titulação da pressão positiva expiratória final de acordo com a melhor complacência respiratória e a redução do volume corrente é superior a uma estratégia padrão envolvendo o uso da tabela de pressão positiva expiratória final baixa do protocolo ARDSNet, em termos de aumento do número de dias sem ventilador em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo devido à pneumonia adquirida na comunidade. Métodos: O estudo STAMINA (ventilator STrAtegy for coMmunIty acquired pNeumoniA) é randomizado, multicêntrico e aberto e compara uma estratégia de limitação da driving pressure com a tabela de pressão positiva expiratória final baixa do protocolo ARDSnet em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo moderada a grave devido à pneumonia adquirida na comunidade internados em unidades de terapia intensiva. Esperamos recrutar 500 pacientes de 20 unidades de terapia intensiva brasileiras e duas colombianas. Eles serão randomizados para um grupo da estratégia de limitação da driving pressure ou para um grupo de estratégia padrão usando a tabela de pressão positiva expiratória final baixa do protocolo ARDSnet. No grupo da estratégia de limitação da driving pressure, a pressão positiva expiratória final será titulada de acordo com a melhor complacência do sistema respiratório. Desfechos: O desfecho primário é o número de dias sem ventilador em 28 dias. Os desfechos secundários são a mortalidade hospitalar e na unidade de terapia intensiva e a necessidade de terapias de resgate, como suporte de vida extracorpóreo, manobras de recrutamento e óxido nítrico inalado. Conclusão: O STAMINA foi projetado para fornecer evidências sobre se uma estratégia de limitação da driving pressure é superior à estratégia da tabela de pressão positiva expiratória final baixa do protocolo ARDSnet para aumentar o número de dias sem ventilador em 28 dias em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo moderada a grave. Aqui, descrevemos a justificativa, o desenho e o status do estudo.Resumo em Inglês: ABSTRACT Background: Driving pressure has been suggested to be the main driver of ventilator-induced lung injury and mortality in observational studies of acute respiratory distress syndrome. Whether a driving pressure-limiting strategy can improve clinical outcomes is unclear. Objective: To describe the protocol and statistical analysis plan that will be used to test whether a driving pressure-limiting strategy including positive end-expiratory pressure titration according to the best respiratory compliance and reduction in tidal volume is superior to a standard strategy involving the use of the ARDSNet low-positive end-expiratory pressure table in terms of increasing the number of ventilator-free days in patients with acute respiratory distress syndrome due to community-acquired pneumonia. Methods: The ventilator STrAtegy for coMmunIty acquired pNeumoniA (STAMINA) study is a randomized, multicenter, open-label trial that compares a driving pressure-limiting strategy to the ARDSnet low-positive end-expiratory pressure table in patients with moderate-to-severe acute respiratory distress syndrome due to community-acquired pneumonia admitted to intensive care units. We expect to recruit 500 patients from 20 Brazilian and 2 Colombian intensive care units. They will be randomized to a driving pressure-limiting strategy group or to a standard strategy using the ARDSNet low-positive end-expiratory pressure table. In the driving pressure-limiting strategy group, positive end-expiratory pressure will be titrated according to the best respiratory system compliance. Outcomes: The primary outcome is the number of ventilator-free days within 28 days. The secondary outcomes are in-hospital and intensive care unit mortality and the need for rescue therapies such as extracorporeal life support, recruitment maneuvers and inhaled nitric oxide. Conclusion: STAMINA is designed to provide evidence on whether a driving pressure-limiting strategy is superior to the ARDSNet low-positive end-expiratory pressure table strategy for increasing the number of ventilator-free days within 28 days in patients with moderate-to-severe acute respiratory distress syndrome. Here, we describe the rationale, design and status of the trial. |
Relato Clínico Impacto nas funções pulmonar, cardíaca e renal e na qualidade de vida a longo prazo após internação por síndrome do desconforto respiratório agudo por COVID-19: protocolo do Estudo 3 Pós-COVID Brasil Scolari, Fernando Luís Rover, Marciane Maria Trott, Geraldine da Silva, Mariana Motta Dias de Souza, Denise de Carli Schardosim, Raine Fogliati da Rosa Minho dos Santos, Rosa de Souza Roldão, Emelyn Mocellin, Duane de Souza, Jennifer Menna Barreto Miozzo, Aline Paula Rech, Gabriela Soares Itaqui, Carolina Rothmann de Mesquita Neto, Juliana Estivalete, Gabriel Pozza Muller Freitas, Hellen Jordan Martins dos Santos, Catherine Vitória Pereira da Luz, Lucas Gobetti Kern, Marcelo Marcolino, Milena Soriano Barreto, Bruna Brandão Schwartzman, Paulo R. Antonio, Ana Carolina Peçanha Falavigna, Maicon Robinson, Caroline Cabral Polanczy, Carisi Anne Rosa, Regis Goulart Resumo em Português: RESUMO Fundamento: As evidências acerca das sequelas a longo prazo após internação por síndrome do desconforto respiratório agudo por COVID-19 ainda são escassas. Objetivo: Avaliar alterações nas funções pulmonar, cardíaca e renal e na qualidade de vida após internação por síndrome do desconforto respiratório agudo secundária à COVID-19. Métodos: Trata-se de estudo multicêntrico, caso-controle, incluindo 220 participantes. Os casos serão definidos como pacientes hospitalizados por síndrome do desconforto respiratório agudo devido à COVID-19. No Grupo Controle, serão selecionados indivíduos sem histórico de hospitalização nos últimos 12 meses ou sintomas a longo prazo de COVID-19. Todos os indivíduos serão submetidos à espirometria pulmonar com teste de difusão pelo monóxido de carbono, tomografia de tórax, ressonância magnética cardíaca e renal com gadolínio, ergoespirometria, creatinina sérica e urinária, proteínas totais e microalbuminúria urinária, além de questionários de qualidade de vida. Os casos serão avaliados 12 meses após a alta hospitalar e os controles, 90 dias após a inclusão no estudo. Para todas as análises estatísticas, será assumido como significativo o valor p < 0,05. Resultados: O desfecho primário do estudo foi definido com a capacidade de difusão pulmonar aferida para o monóxido de carbono a partir de 12 meses. Os demais parâmetros das funções pulmonar, cardíacas e renal e da qualidade de vida foram definidos como desfechos secundários. Conclusão: Este estudo visa determinar as sequelas a longo prazo nas funções pulmonar, cardíaca e renal e na qualidade de vida de pacientes internados por síndrome do desconforto respiratório agudo devido à COVID-19 na população brasileira.Resumo em Inglês: ABSTRACT Rationale: Evidence about long-term sequelae after hospitalization for acute respiratory distress syndrome due to COVID-19 is still scarce. Purpose: To evaluate changes in pulmonary, cardiac, and renal function and in quality of life after hospitalization for acute respiratory distress syndrome secondary to COVID-19. Methods: This will be a multicenter case–control study of 220 participants. Eligible are patients who are hospitalized for acute respiratory distress syndrome due to COVID-19. In the control group, individuals with no history of hospitalization in the last 12 months or long-term symptoms of COVID-19 will be selected. All individuals will be subjected to pulmonary spirometry with a carbon monoxide diffusion test, chest tomography, cardiac and renal magnetic resonance imaging with gadolinium, ergospirometry, serum and urinary creatinine, total protein, and urinary microalbuminuria, in addition to quality-of-life questionnaires. Patients will be evaluated 12 months after hospital discharge, and controls will be evaluated within 90 days of inclusion in the study. For all the statistical analyses, p < 0.05 is the threshold for significance. Results: The primary outcome of the study will be the pulmonary diffusing capacity for carbon monoxide measured after 12 months. The other parameters of pulmonary, cardiac, and renal function and quality of life are secondary outcomes. Conclusion: This study aims to determine the long-term sequelae of pulmonary, cardiac, and renal function and the quality of life of patients hospitalized for acute respiratory distress syndrome due to COVID-19 in the Brazilian population. |
Relato Clínico Aderência ao volume corrente baixo na transição para ventilação espontânea em pacientes com insuficiência respiratória aguda em unidades de terapia intensiva na América Latina (SPIRAL): um protocolo de estudo Diniz-Silva, Fabia Pinheiro, Bruno Valle Reyes, Luis Felipe Cavalcanti, Alexandre Biasi Figueredo, Belinda Rios, Fernando Machado, Flávia Ribeiro Preda, Gabriel Bugedo, Guillermo Maia, Israel Silva Silveira, Leda Tomiko Yamada da Herrera, Luis Jibaja, Manuel Ibarra-Estrada, Miguel Cestari, Mino Nin, Nicolás Roldan, Rollin Santos, Tiago Mendonça dos Veiga, Viviane Cordeiro Bruhn, Alejandro Ferreira, Juliana Carvalho , Resumo em Português: RESUMO Objetivo: Pacientes com insuficiência respiratória aguda frequentemente necessitam de ventilação mecânica para reduzir o trabalho respiratório e melhorar a troca gasosa; no entanto, a ventilação mecânica pode exacerbar a lesão pulmonar. As estratégias de ventilação protetora, caracterizadas por baixo volume corrente (≤ 8mL/kg de peso corporal previsto) e pressão de platô limitada abaixo de 30cmH2O, mostraram melhores desfechos em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo. No entanto, na transição para a ventilação espontânea, manter o volume corrente dentro dos níveis de proteção pode ser desafiador, e não está claro se o volume corrente baixo durante a ventilação espontânea afeta os desfechos dos pacientes. Desenvolvemos um protocolo de estudo para estimar a prevalência de ventilação com volume corrente baixo nas primeiras 24 horas de ventilação espontânea em pacientes com insuficiência respiratória aguda hipoxêmica e sua associação com dias livres da ventilação mecânica e sobrevida. Métodos: Desenhamos um estudo de coorte multicêntrico, multinacional, com seguimento de 28 dias, que incluirá pacientes com insuficiência respiratória aguda, definida como pressão parcial de oxigênio/fração inspirada de oxigênio < 300mmHg, em transição para ventilação espontânea em unidades de terapia intensiva na América Latina. Resultados: Pretendemos incluir 422 pacientes em 10 países. Os desfechos primários são a prevalência de baixo volume corrente nas primeiras 24 horas de ventilação espontânea e dias livres da ventilação mecânica no dia 28. Os desfechos secundários são mortalidade hospitalar e na unidade de terapia intensiva, incidência de assincronia e retorno à ventilação controlada e sedação. Conclusão: Neste estudo, avaliaremos a prevalência de volume corrente baixo durante a ventilação espontânea e sua associação com os desfechos clínicos, o que pode informar a prática clínica e futuros ensaios clínicos.Resumo em Inglês: ABSTRACT Objective: Patients with acute respiratory failure often require mechanical ventilation to reduce the work of breathing and improve gas exchange; however, this may exacerbate lung injury. Protective ventilation strategies, characterized by low tidal volumes (≤ 8mL/kg of predicted body weight) and limited plateau pressure below 30cmH2O, have shown improved outcomes in patients with acute respiratory distress syndrome. However, in the transition to spontaneous ventilation, it can be challenging to maintain tidal volume within protective levels, and it is unclear whether low tidal volumes during spontaneous ventilation impact patient outcomes. We developed a study protocol to estimate the prevalence of low tidal volume ventilation in the first 24 hours of spontaneous ventilation in patients with hypoxemic acute respiratory failure and its association with ventilator-free days and survival. Methods: We designed a multicenter, multinational, cohort study with a 28-day follow-up that will include patients with acute respiratory failure, defined as a partial oxygen pressure/fraction of inspired oxygen ratio < 300mmHg, in transition to spontaneous ventilation in intensive care units in Latin America. Results: We plan to include 422 patients in ten countries. The primary outcomes are the prevalence of low tidal volume in the first 24 hours of spontaneous ventilation and ventilator-free days on day 28. The secondary outcomes are intensive care unit and hospital mortality, incidence of asynchrony and return to controlled ventilation and sedation. Conclusion: In this study, we will assess the prevalence of low tidal volume during spontaneous ventilation and its association with clinical outcomes, which can inform clinical practice and future clinical trials. |
RELATO CLÍNICO VATICAN (Ventilator-Associated Tracheobronchitis Initiative to Conduct Antibiotic Evaluation): protocolo para um ensaio multicêntrico aberto e randomizado de espera vigilante versus terapia antimicrobiana em traqueobronquite associada ao ventilador , Tomazini, Bruno Martins Besen, Bruno Adler Maccagnan Pinheiro Dietrich, Camila Gandara, Ana Paula Rossi Silva, Debora Patrícia Pinheiro, Carla Cristina Gomes Luz, Mariane Nascimento Mattos, Renata Rodrigues de Reis, Luiz Fernando Lima Roepke, Roberta Muriel Longo Duarte, Carlos Sérgio Luna Gomes Nassar Júnior, Antônio Paulo Veiga, Viviane Cordeiro Arns, Beatriz Nascimento, Giovanna Marssola Pereira, Adriano José Cavalcanti, Alexandre Biasi Machado, Flávia Ribeiro Azevedo, Luciano Cesar Pontes Resumo em Português: RESUMO Contexto A traqueobronquite associada ao ventilador é uma condição comum entre pacientes ventilados invasivamente em unidades de terapia intensiva, para a qual se desconhece atualmente a melhor estratégia de tratamento. Desenhamos o estudo VATICAN (Ventilator-Associated Tracheobronchitis Initiative to Conduct Antibiotic Evaluation) para avaliar se uma estratégia de tratamento antibiótico de espera vigilante não é inferior ao tratamento antibiótico de rotina para traqueobronquite associada ao ventilador em relação aos dias sem ventilador mecânico. Métodos O VATICAN é um estudo randomizado, controlado, aberto e multicêntrico de não inferioridade. Os pacientes com suspeita de traqueobronquite associada ao ventilador sem evidência de pneumonia associada ao ventilador ou instabilidade hemodinâmica devido a uma provável infecção serão designados para uma estratégia de espera vigilante, sem administração profilática de antimicrobianos contra traqueobronquite associada ao ventilador e prescrição de antimicrobianos somente em casos de pneumonia associada ao ventilador, sepse ou choque séptico, ou outro diagnóstico infeccioso, ou para uma estratégia de tratamento antimicrobiano de rotina por 7 dias. O desfecho primário será o número de dias sem ventilador mecânico em 28 dias, e um desfecho secundário importante será a sobrevida sem pneumonia associada ao ventilador. Por meio de uma estrutura de intenção de tratar com análise de sensibilidade por protocolo, a análise do desfecho primário abordará a não inferioridade com margem de 20%, o que se traduz em uma diferença de 1,5 dia sem ventilador. Outras análises seguirão uma estrutura de análise de superioridade. Conclusão O VATICAN seguirá todos os padrões éticos nacionais e internacionais. O objetivo é publicar o estudo em um periódico geral de alta visibilidade e apresentá-lo em conferências de cuidados intensivos e doenças infecciosas para divulgação. Estes resultados provavelmente serão imediatamente aplicáveis à beira do leito após a conclusão do estudo e fornecerão informações com baixo risco de viés para o desenvolvimento de diretrizes.Resumo em Inglês: ABSTRACT Background Ventilator-associated tracheobronchitis is a common condition among invasively ventilated patients in intensive care units, for which the best treatment strategy is currently unknown. We designed the VATICAN (Ventilator-Associated Tracheobronchitis Initiative to Conduct Antibiotic Evaluation) trial to assess whether a watchful waiting antibiotic treatment strategy is noninferior to routine antibiotic treatment for ventilator-associated tracheobronchitis regarding days free of mechanical ventilation. Methods VATICAN is a randomized, controlled, open-label, multicenter noninferiority trial. Patients with suspected ventilator-associated tracheobronchitis without evidence of ventilator-associated pneumonia or hemodynamic instability due to probable infection will be assigned to either a watchful waiting strategy, without antimicrobial administration for ventilator-associated tracheobronchitis and prescription of antimicrobials only in cases of ventilator-associated pneumonia, sepsis or septic shock, or another infectious diagnosis, or to a routine antimicrobial treatment strategy for seven days. The primary outcome will be mechanical ventilation-free days at 28 days, and a key secondary outcome will be ventilator-associated pneumonia-free survival. Through an intention-to-treat framework with a per-protocol sensitivity analysis, the primary outcome analysis will address noninferiority with a 20% margin, which translates to a 1.5 difference in ventilator-free days. Other analyses will follow a superiority analysis framework. Conclusion The VATICAN trial will follow all national and international ethical standards. We aim to publish the trial in a high-visibility general journal and present it at critical care and infectious disease conferences for dissemination. These results will likely be immediately applicable to the bedside upon trial completion and will provide information with a low risk of bias for guideline development. |
RELATO CLÍNICO Daily Chlorhexidine Bath for Health Care Associated Infection Prevention (CLEAN-IT): protocolo de um estudo multicêntrico, aberto, randomizado, em cluster com cruzamentos Tomazini, Bruno Martins Veiga, Thabata Silva Santos, Renato Hideo Nakagawa Campos, Viviane Bezerra Tokunaga, Samira Martins Santos, Elton Sousa Barbante, Leticia Galvão Maia, Renato da Costa Negrelli, Karina Leal Valeis, Nanci Santucci, Eliana Vieira Laranjeira, Ligia Nasi Medrado Jr, Fernando Azevedo Lisboa, Thiago Costa Besen, Bruno Adler Maccagnan Pinheiro Nassar Junior, Antônio Paulo Veiga, Viviane Cordeiro Pereira, Adriano José Cavalcanti, Alexandre Biasi Resumo em Português: RESUMO Fundamentos Pacientes críticos têm maior risco de infecções relacionadas à assistência à saúde devido ao uso de vários dispositivos (infecção da corrente sanguínea associada a cateter central, infecção do trato urinário associada ao cateter e pneumonia associada à ventilação mecânica), o que representa uma ameaça significativa para essa população. Entre as várias estratégias, o banho diário com digluconato de clorexidina, um antisséptico solúvel em água, foi estudado como intervenção para diminuir a incidência de infecções relacionadas à assistência à saúde na unidade de terapia intensiva; no entanto, sua capacidade de reduzir todas as infecções relacionadas à assistência à saúde devido a vários dispositivos não está clara. Desenhamos o estudo Daily Chlorhexidine Bath for Health Care Associated Infection Prevention (CLEAN-IT) para avaliar se o banho diário com digluconato de clorexidina reduz a incidência de infecções relacionadas à assistência à saúde em pacientes críticos em comparação com o banho de água e sabão. Métodos O estudo CLEAN-IT é um estudo clínico multicêntrico, aberto, randomizado e em cluster com cruzamentos. Todos os pacientes adultos admitidos nas unidades de terapia intensiva participantes serão incluídos no estudo. Cada grupo (unidade de terapia intensiva) será randomizado para realizar o banho inicial com digluconato de clorexidina ou banho de água e sabão com cruzamento por um período de 3 a 6 meses, dependendo do momento de entrada de cada centro no estudo, com um período de washout de 1 mês entre os banhos com digluconato de clorexidina e as transições para os banhos de água e sabão. O desfecho primário é a incidência de infecções relacionadas à assistência à saúde devido a dispositivos. Os desfechos secundários são a incidência de cada infecção específica relacionada à assistência à saúde, as taxas de coleções microbiológicas positivas para microrganismos multirresistentes, o uso de antibióticos, o tempo de internação na unidade de terapia intensiva e no hospital e a mortalidade na unidade de terapia intensiva e no hospital. Conclusão O estudo CLEAN-IT será usado para estudar intervenções viáveis e acessíveis que possam reduzir a incidência de infecções relacionadas à assistência à saúde em pacientes em estado crítico.Resumo em Inglês: ABSTRACT Background Critically ill patients are at increased risk of health care-associated infections due to various devices (central line-associated bloodstream infection, catheter-associated urinary tract infection, and ventilator-associated pneumonia), which pose a significant threat to this population. Among several strategies, daily bathing with chlorhexidine digluconate, a water-soluble antiseptic, has been studied as an intervention to decrease the incidence of health care-associated infections in the intensive care unit; however, its ability to reduce all health care-associated infections due to various devices is unclear. We designed the Daily Chlorhexidine Bath for Health Care Associated Infection Prevention (CLEAN-IT) trial to assess whether daily chlorhexidine digluconate bathing reduces the incidence of health care-associated infections in critically ill patients compared with soap and water bathing. Methods The CLEAN-IT trial is a multicenter, open-label, cluster randomized crossover clinical trial. All adult patients admitted to the participating intensive care units will be included in the trial. Each cluster (intensive care unit) will be randomized to perform either initial chlorhexidine digluconate bathing or soap and water bathing with crossover for a period of 3 to 6 months, depending on the time of each center’s entrance to the study, with a 1-month washout period between chlorhexidine digluconate bathing and soap and water bathing transitions. The primary outcome is the incidence of health care-associated infections due to devices. The secondary outcomes are the incidence of each specific health care-associated infection, rates of microbiological cultures positive for multidrug-resistant pathogens, antibiotic use, intensive care unit and hospital length of stay, and intensive care unit and hospital mortality. Conclusion The CLEAN-IT trial will be used to study feasible and affordable interventions that might reduce the health care-associated infection burden in critically ill patients. |
Carta Científica Contribuição da COVID-19 à hipótese da equidade inversa entre a assistência médica pública e privada no Brasil Melro, Livia Maria Garcia Trindade, Evelinda Marramon Park, Marcelo |
Carta Científica Generalização da aplicação de modelos preditivos de aprendizado de máquina em diferentes populações: um modelo que prevê o uso de terapia de substituição renal em pacientes com COVID-19 em estado grave se aplica a pacientes de unidades de terapia intensiva em geral? França, Allan Rodrigo Murrieta Cantarino, Julia Nunes Salluh, Jorge Ibrain Figueira Bastos, Leonardo dos Santos Lourenço |
Carta Científica Desfechos clínicos da fraqueza muscular adquirida na unidade de terapia intensiva em pacientes graves com COVID-19. Estudo de coorte prospectivo Werlang, Alessandra Preisig Boniatti, Viviane Martins Correa Neuenfeldt, Carolina Tarantino Silva, Luciana Carcuchinski da Costa, Gabriela Machado Teixeira, Michelle Carneiro Nedel, Wagner Luis |
Carta Científica Efeito das infusões de correção aguda de cloreto de potássio em pediatria na concentração sérica de potássio Miller, Jade Dewar, Alex Wignell, Andrew Davies, Patrick |
Relato de Caso Intoxicação por Boswellia serrata manifestando-se com síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético, hiponatremia, convulsão e rabdomiólise Finsterer, Josef Resumo em Português: RESUMO Boswellia serrata é um extrato herbal da árvore Boswellia serrata que possui propriedades anti-inflamatórias e analgésicas e alivia a dor ciática e causada por artrite reumatoide, gota, osteoartrite. Não há relato na literatura de síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético, acompanhada por hiponatremia, convulsões e rabdomiólise, como manifestação de intoxicação por Boswellia serrata. Uma mulher de 38 anos diagnosticada com síndrome clinicamente isolada tomava regularmente cápsulas de B. serrata (200mg/dia) para fortalecer seu sistema imunológico. Ela desenvolveu hipersensibilidade à luz, dor ocular, náusea, tontura e fraqueza nos membros inferiores 4 dias após tomar a primeira dose da vacina BNT162b2 e aumentou a dose de B. serrata para 1.000mg/dia 1 semana após a vacinação. Após tomar B. serrata na dose de 1.000mg/dia por 3 semanas, ela foi internada na unidade de terapia intensiva devido à convulsão tônico-clônica generalizada não provocada. A investigação diagnóstica revelou síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético, que se resolveu completamente após tratamento e interrupção do uso de B. serrata. Em resumo, é possível que B. serrata cause síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético quando tomada em doses elevadas. Os pacientes não devem se automedicar.Resumo em Inglês: ABSTRACT Boswellia serrata is an herbal extract from the Boswellia serrata tree that has anti-inflammatory and analgesic properties and alleviates pain caused by rheumatoid arthritis, gout, osteoarthritis, and sciatica. Syndrome of inappropriate antidiuretic hormone secretion accompanied by hyponatremia, seizures, and rhabdomyolysis as a manifestation of Boswellia serrata intoxication has not been reported previously. A 38-year-old female suffered clinically isolated syndrome and has since been regularly taking B. serrata capsules (200mg/d) to strengthen her immune system. She experienced hypersensitivity to light, ocular pain, nausea, dizziness, and lower limb weakness four days after receiving her first BNT162b2 vaccine dose, and she increased the dosage of B. serrata to five capsules (1000mg/d) one week after vaccination. After taking B. serrata at a dosage of 1000mg/d for 3 weeks, she was admitted to the intensive care unit because of a first, unprovoked generalized tonic–clonic seizure. The patient's workup revealed syndrome of inappropriate antidiuretic hormone secretion, which resolved completely upon treatment and discontinuation of B. serrata. In summary, B. serrata potentially causes syndrome of inappropriate antidiuretic hormone secretion when it is taken at high doses. Patients should not self-medicate. |
Ponto de Vista Por que o escore Sequential Organ Failure Assessment precisa ser atualizado? Moreno, Rui Singer, Mervyn Rhodes, Andrew |
Ponto De Vista "Enquanto seu lobo não vem": o eco da globalização na demora de decisões familiares no cuidado intensivo Teixeira, Cassiano Rocha, Diogo Bolsson de Moraes Rosa, Maria Doroti Sousa da |
Ponto De Vista Revolucionando o cuidado: o poder da avaliação geriátrica ampla na personalização do tratamento de pacientes frágeis necessitando de assistência pós-unidade de terapia intensiva Ramos, João Gabriel Rosa Bautista, Michele Melo Calazans, Rafael Melo, Luciulo Teixeira, Cassiano |
PONTO DE VISTA Novos critérios Phoenix para sepse e choque séptico em pediatria: os pontos fortes e o futuro de uma perspectiva abrangente Lanziotti, Vanessa Soares Ventura, Andrea Kache, Saraswati Fernández-Sarmiento, Jaime |
PONTO DE VISTA Uma década do estudo ORCHESTRA: características organizacionais, desfechos dos pacientes, desempenho e eficiência no cuidado intensivo Soares, Marcio Salluh, Jorge Ibrain Figueira Zampieri, Fernando Godinho Bozza, Fernando Augusto Kurtz, Pedro Martins Pereira |
PONTO DE VISTA Oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial no tratamento do choque cardiogênico secundário a infarto: é o fim ou precisamos selecionar melhor os pacientes? Melro, Livia Maria Garcia Park, Marcelo Mendes, Pedro Vitale |
Ponto De Vista Manejo de fluidos na sepse: cinco motivos pelos quais menos fluidos pode ser mais racional Taniguchi, Thiago Masashi Taniguchi, Leandro Utino |
PONTO DE VISTA Desmistificando o paciente oncológico na unidade de terapia intensiva Nassar Junior, Antonio Paulo Santos, Laura Inez de Oliveira |
PONTO DE VISTA Gravidade do delirium na unidade de terapia intensiva Serafim, Rodrigo Bernardo Paulino, Maria Carolina Sharshar, Tarek Hermann, Bertrand |
Ponto De Vista Otimização do uso de antibióticos na unidade de terapia intensiva: como fazemos Moniz, Patrícia Fustiga, João Herculano, Marta Maio Póvoa, Pedro |
Ponto De Vista Escores de gravidade da doença na unidade de terapia intensiva pediátrica: um guia prático López, María del Pilar Arias Prata-Barbosa, Arnaldo Lima-Setta, Fernanda |
Ponto de Vista Aprimorando a assistência ao paciente: opções atualizadas de sedativos na unidade de terapia intensiva Carini, Federico Carlos Luz, Mariana Gusmao-Flores, Dimitri |
Ponto de Vista Alfa-andexanete no manejo de sangramento grave: o que os intensivistas devem saber sobre isso? Savioli, Felicio Maiolino, Julyana Rocha, Leonardo |
Ponto de Vista Um guia clínico para avaliar a resposta imunológica à sepse: da bancada ao leito Cidade, José Pedro Guerreiro, Gonçalo Póvoa, Pedro |
Correspondência Resposta para: Associação entre área de secção transversa do reto femoral e excursão diafragmática com o desmame de pacientes com traqueostomia na unidade de terapia intensiva Vieira, Fernando Nataniel Bertazzo, Raquel Bortoluzzi Nascimento, Gabriela Carvalho Anderle, Mariluce Coelho, Ana Cláudia Chaise, Fabiana de Oliveira Fink, Jaqueline da Silva Nedel, Wagner Luis Ziegler, Bruna |
Correspondência Para: Associação entre área de secção transversa do reto femoral e excursão diafragmática com o desmame de pacientes com traqueostomia na unidade de terapia intensiva Finsterer, Josef Scorza, Carla Alexandra Almeida, Antonio-Carlos Guimarães Scorza, Fulvio Alexandre |
Correspondência Para: Fatores associados à mortalidade em pacientes ventilados mecanicamente com síndrome respiratória aguda grave por evolução da COVID-19 Arroyo-Sánchez, Abel Aguirre-Mejía, Rosa |
Correspondência Para: COVID-19 crítico e disfunção neurológica – uma análise comparativa direta entre o SARS-CoV-2 e outros patógenos infecciosos Villa, Roberto A. |
Correspondência Para: Biomarcadores de disfunção neuropsiquiátrica em sobreviventes de unidades de terapia intensiva: um estudo de coorte prospectivo Finsterer, Josef Scorza, Fulvio Alexandre |
Correspondência Para: Morte por Staphylococcus aureus comunitário resistente à meticilina: relato de caso Scorza, Fulvio Alexandre Scorza, Carla Alessandra Finsterer, Josef |
Correspondência Para: Abordagem de cuidados neurocríticos apoiada por monitorização cerebral multimodal após lesão cerebral aguda Finsterer, Josef Scorza, Fulvio Alexandre |
Correspondência Resposta para: Abordagem de cuidados neurocríticos apoiada por monitorização cerebral multimodal após lesão cerebral aguda Monteiro, Elisabete Silva, Sofia Rocha e Czosnyka, Marek Paiva, José Artur Dias, Celeste |
Correspondência Resposta para: Fatores associados à mortalidade em pacientes ventilados mecanicamente com síndrome respiratória aguda grave por evolução da COVID-19 Reis, Luis Felipe da Fonseca Oliveira, João Paulo Arruda de Ferreira, Arthur de Sá Lopes, Agnaldo José |
Correspondência Resposta para: COVID-19 crítico e disfunção neurológica - uma análise comparativa direta entre o SARS-CoV-2 e outros patógenos infecciosos Teixeira-Vaz, Ana Paiva, José Artur |
Correspondência Resposta para: Morte por Staphylococcus aureus comunitário resistente à meticilina: relato de caso Vieira, Julia Lima da Rocha, Tais Sica Bruno, Francisco de Alencastro, Ruy Pezzi Piva, Jefferson Pedro |
Correspondência Para: Desfechos clínicos da fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva em pacientes com COVID-19 em estado crítico. Estudo de coorte prospectivo Magoon, Rohan Suresh, Varun Choudhary, Nitin |
Correspondência Para: Terapia guiada por metas utilizando o sensor FloTrac em cirurgia de grande porte: revisão sistemática e metanálise Via, Luigi La Cusumano, Giacomo Zanza, Christian Calvagna, Carmelo Maniaci, Antonino |
REVISÃO Desmascarando as consequências ocultas: sequelas pós-unidade de terapia intensiva, planejamento da alta e acompanhamento a longo prazo Teixeira, Cassiano Rosa, Regis Goulart Resumo em Português: RESUMO Parcela significativa de indivíduos que enfrentaram doença crítica sofre de síndrome pós-cuidados intensivos, caracterizada por comprometimento novo ou exacerbado da função física, cognitiva ou de saúde mental. Além disso, os sobreviventes geralmente apresentam maior risco de consequências adversas, como infecção, eventos cardiovasculares maiores, reinternação e taxas de mortalidade elevadas, durante os meses após a hospitalização. Esses achados reforçam a necessidade urgente de prevenção e manejo eficazes da deterioração da saúde a longo prazo no ambiente de cuidados intensivos. Embora haja poucas evidências conclusivas de ensaios clínicos randomizados bem desenhados, potenciais intervenções incluem estratégias como limitação da sedação, mobilização precoce, presença da família durante a internação na unidade de terapia intensiva, implementação de programas de transição multidisciplinares (da unidade de terapia intensiva para a enfermaria e do hospital para o domicílio) e acompanhamento especializado após a alta hospitalar. Esta revisão objetiva fornecer um resumo conciso da literatura médica recente sobre os desfechos a longo prazo após doenças críticas e destacar potenciais abordagens para prevenir e abordar a deterioração da saúde de sobreviventes de cuidados intensivos.Resumo em Inglês: ABSTRACT A significant portion of individuals who have experienced critical illness encounter new or exacerbated impairments in their physical, cognitive, or mental health, commonly referred to as postintensive care syndrome. Moreover, those who survive critical illness often face an increased risk of adverse consequences, including infections, major cardiovascular events, readmissions, and elevated mortality rates, during the months following hospitalization. These findings emphasize the critical necessity for effective prevention and management of long-term health deterioration in the critical care environment. Although conclusive evidence from well-designed randomized clinical trials is somewhat limited, potential interventions include strategies such as limiting sedation, early mobilization, maintaining family presence during the intensive care unit stay, implementing multicomponent transition programs (from intensive care unit to ward and from hospital to home), and offering specialized posthospital discharge follow-up. This review seeks to provide a concise summary of recent medical literature concerning long-term outcomes following critical illness and highlight potential approaches for preventing and addressing health decline in critical care survivors. |
Revisão Atualização da Epimed Monitor Adult ICU Database: 15 anos de uso em registros nacionais, iniciativas de melhoria da qualidade e pesquisa clínica Soares, Marcio Borges, Lunna Perdigão Bastos, Leonardo dos Santos Lourenco Zampieri, Fernando Godinho Miranda, Gabriel Alves Kurtz, Pedro Lobo, Suzana Margareth Mello, Lucas Rodrigo Garcia de Burghi, Gastón Rezende, Ederlon Ranzani, Otávio Tavares Salluh, Jorge Ibrain Figueira Resumo em Português: RESUMO Nas últimas décadas, foram disponibilizados vários bancos de dados de pacientes em estado crítico em países de baixa, média e alta renda de todos os continentes. Esses bancos de dados também são fontes ricas de dados para a vigilância de doenças emergentes, avaliação de desempenho e análise comparativa de unidades de terapia intensiva, projetos de melhoria da qualidade e pesquisa clínica. O banco de dados Epimed Monitor completa 15 anos em 2024 e se tornou um dos maiores desses bancos de dados. Nos últimos anos, observaram-se a rápida expansão geográfica, o aumento no número de unidades de terapia intensiva e hospitais participantes e a inclusão de diversas novas variáveis e escores, permitindo uma caracterização mais completa dos pacientes para facilitar estudos clínicos multicêntricos. Em dezembro de 2023, o banco de dados era usado sistematicamente por 23.852 leitos em 1.723 unidades de terapia intensiva e 763 hospitais de dez países, totalizando mais de 5,6 milhões de internações. Além disso, as sociedades de terapia intensiva adotaram o sistema e seu banco de dados para criar registros nacionais e cooperações internacionais. Nesta revisão, apresentamos uma descrição atualizada do banco de dados; relatamos experiências de seu uso em cuidados intensivos para iniciativas de melhoria da qualidade, registros nacionais e pesquisa clínica; e exploramos outras possíveis perspectivas e futuros avanços.Resumo em Inglês: ABSTRACT In recent decades, several databases of critically ill patients have become available in both low-, middle-, and high-income countries from all continents. These databases are also rich sources of data for the surveillance of emerging diseases, intensive care unit performance evaluation and benchmarking, quality improvement projects and clinical research. The Epimed Monitor database is turning 15 years old in 2024 and has become one of the largest of these databases. In recent years, there has been rapid geographical expansion, an increase in the number of participating intensive care units and hospitals, and the addition of several new variables and scores, allowing a more complete characterization of patients to facilitate multicenter clinical studies. As of December 2023, the database was being used regularly for 23,852 beds in 1,723 intensive care units and 763 hospitals from ten countries, totaling more than 5.6 million admissions. In addition, critical care societies have adopted the system and its database to establish national registries and international collaborations. In the present review, we provide an updated description of the database; report experiences of its use in critical care for quality improvement initiatives, national registries and clinical research; and explore other potential future perspectives and developments. |
Errata ERRATA |