Acessibilidade / Reportar erro

A reflexividade como elemento de mediação - O caso de Francisco Milanez

Resumo

Este artigo teve como objetivo debater a forma como o conceito de reflexividade é concebido por Pierre Bourdieu, e como se desenvolve e influencia a sociologia, no nível dos indivíduos, de Bernard Lahire. Para operacionalizar a forma como o conceito é trabalhado pelos autores, porém enfatizando seu desenvolvimento por Lahire, esse trabalho apresenta como caso empírico o desenvolvimento da reflexividade na trajetória biográfica de José Francisco Bernardes Milanez, ativista histórico do movimento ambiental do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. O argumento central que defendemos é que o conceito de reflexividade de inspiração bourdieusiana tem um determinado peso objetivista e estruturalista, o qual secundariza a capacidade de reflexão e agência dos indivíduos, porém apesar desse peso, no âmbito da vida social dos atores a reflexividade atua como elemento mediador entre estruturas e agência individual. Nesse sentido, as capacidades reflexivas podem ser melhor entendidas e analisadas se forem consideradas as maneiras como os indivíduos articulam dialética e concomitantemente suas práticas cotidianas e seus processos reflexivos. Enfatiza-se tanto na escrita deste artigo, quanto nas suas conclusões, que as análises sociológicas no nível dos indivíduos podem ser potencialmente mais substantivas ao considerarem estrutura, agência e reflexividade de forma integrada, algo que a associação de elementos conceituais e argumentativos específicos desses dois autores centralmente destacados habilita, evitando, assim, falsas antinomias.

Palavras-chave:
Reflexividade; Bourdieu; Lahire; Agapan; Brasil

Fundação Getulio Vargas, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas Rua Jornalista Orlando Dantas, 30 - sala 107, 22231-010 Rio de Janeiro/RJ Brasil, Tel.: (21) 3083-2731 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernosebape@fgv.br