Resumo:
O objetivo deste artigo é apresentar os resultados de uma pesquisa realizada em um programa de formação em Matemática e Ciências para professores indígenas da etnia Kaingang pela Unochapecó, no município de Chapecó, Santa Catarina, Brasil. Baseado no paradigma da etnomatemática, um dos objetivos do programa é buscar relações entre o pensamento indígena tradicional e a matemática clássica. Propomos uma analogia entre os sistemas de cálculo binário lógico-matemáticos e o sistema de pensamento Kaingang expresso em sua organização social e apoiado por duas categorias opostas e complementares: Kamé-Kairu. A hipótese postula certa semelhança entre a lógica binária usada, por exemplo, nos circuitos lógicos, e o binarismo com o qual a cultura Kaingang tradicional codifica a relação de parentesco, troca e alianças da tribo, bem como o mundo natural que os rodeia. A analogia proposta pode fornecer informações interessantes para a educação matemática e científica em contextos interculturais.
Keywords:
Ensino de matemática; Educação indígena; Código binário; Interculturalidade; Etnomatemática