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As Fragilidades da Democracia Libanesa: Resultados e Limites do Arranjo Confessional

Resumo

O Líbano é frequentemente referenciado como um modelo de democracia plural e estável no Oriente Médio: uma sociedade multiétnica e plurirreligiosa que garantiria a representação política dos diferentes sectos presentes no país através de um arranjo confessional de partilha de poder. Inúmeros autores também enxergam neste modelo consociativo a melhor alternativa democrática, dado o alto grau de heterogeneidade interna. Contudo, ao frisarem a estabilidade libanesa ante o conturbado cenário regional, estas percepções positivas sobre o Líbano têm negligenciado alguns aspectos domésticos relativos ao real funcionamento desta democracia. Através da análise de duas dimensões internas que ameaçam o sucesso da experiência democrática libanesa (pré-atribuições de cargos e distorções representativas), este trabalho visa apontar os limites, efeitos e decorrências do consociativismo nesta específica realidade confessional. Os resultados obtidos através deste estudo de caso indicam que arranjos consociativos altamente institucionalizados podem engendrar sectarismo, instabilidade institucional, clientelismo e debilidade estatal. Ao cabo, este artigo também aponta as implicações e lições que podem ser derivadas do arranjo em termos das nocivas narrativas sectárias locais e regionais.

Palavras-chave
consociativismo; Líbano; sistema confessional; limites democráticos; estudo de caso

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