Open-access Viver-morrendo: a nova realidade distópica do colonialismo por povoamento israelense em Gaza

Resumo

O caso contemporâneo de colonialismo por povoamento em Palestina/Israel gera debates sobre os diferentes tipos de violência – física, territorial e mental – sofridos pelos palestinos. Por mais de 15 anos, a Faixa de Gaza tem estado sob bloqueio e isolada dos outros territórios palestinos e do mundo. Essa realidade levou a interpretações de Gaza como um laboratório, onde armas controladas remotamente e os limites da sobrevivência humana são testados. Isso faz com que os moradores de Gaza usem expressões como ‘morte lenta’ ou ‘morte em vida’ para descrever suas vidas. Este artigo analisa seis contos do livro de ficção científica ‘Palestine +100: Stories from a century after the Nakba’ (2019) para investigar como o colonialismo israelense impacta a produção ficcional palestina sobre Gaza. Argumentamos que a persistência da Nakba por meio de expulsões, destruições e assassinatos por Israel tornou a vida uma distopia cotidiana. Ademais, fez com que a imaginação dos palestinos em relação ao futuro não fosse mais sonhos utópicos de libertação, mas pesadelos distópicos e cíclicos de confinamento e morte. Viver eternamente no pesadelo, como observado nas produções artísticas palestinas, funciona como uma estratégia colonial contrarrevolucionária. Nessa realidade sombria, os moradores de Gaza têm a alternativa de ‘viver morrendo’.

Palavras-chave
Distopia; faixa de Gaza; ficção científica palestina; morte; utopia

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