Resumo
Este artigo pretende analisar a crescente militarização do espaço público na cidade brasileira do Rio de Janeiro, particularmente às vésperas dos Jogos Olimpícos de 2016. Para tanto, discuto brevemente como o conceito de militarização foi historicamente abordado na literatura de Relações Internacionais, especificamente no campo da segurança. Na primeira seção, abordo a natureza dos desafios de segurança doméstica que o Brasil enfrenta enquanto país em desenvolvimento. Na segunda seção, mostro que, ao longo dos anos, o desafio da segurança pública para o crime organizado no Rio foi securitizado e acompanhado por uma crescente militarização resultante da adoção de um modelo específico de controle social neoliberal no país. Em seguida, analiso como o esquema de segurança dos Jogos Olímpicos do Brasil visou retratar o Rio como uma cidade segura para o mundo. Na última seção, destaco as contradições entre diferentes concepções acerca do colapso da segurança interna vis-à-vis as declarações oficiais do governo para a mídia internacional, de modo a garantir que “nada daria errado” durante o megaevento esportivo. Argumento que, ao invés de meros esforços governamentais para difundir a ideia de estabilidade para a comunidade internacional, a militarização da segurança pública constitui uma tendência que deve se estender para além dos Jogos Olímpicos, e cujas implicações incluem não apenas, mas principalmente, a perpetuação da insegurança.
Palavras-chave
(In)Segurança; Securitização; Militarização; Cidades Globais; Neoliberalismo; Jogos Olímpicos Rio 2016