A Declaração dos BRICS na Cidade do Cabo em 10 de fevereiro de 2014 comprometeu os cinco signatários para um programa de cooperação em ciência, tecnologia e inovação (CTI). Foi tomada a decisão específica de alocar responsabilidades setoriais para cada parte: mudança climática e atenuação de catástrofes (Brasil); recursos hídricos e tratamento de poluição (Rússia); tecnologia geoespacial e suas aplicações (Índia); energias novas e renováveis, e eficiência energética (China); e astronomia (África do Sul). A ciência possui uma aparência de neutralidade, e como tal é uma importante aliada da diplomacia "soft", assim como o tênis de mesa na reaproximação entre Nixon e Mao em 1975. O mesmo não é exatamente verdade com respeito à tecnologia, com sua óbvia importância militar e com a inovação, que está intimamente conectada à competição econômica. A Declaração levanta, portanto, algumas questões interessantes. Qual é o presente estado da cooperação em CTI entre o grupo dos BRICS? Qual é a justificativa por trás da escolha dessas cinco áreas? Como essas áreas se alinham com a estratégia doméstica de cada país para CTI? Quais acordos bilaterais de CTI já estão em andamento, e o que eles têm produzido como resultados? Como a Declaração da Cidade do Cabo se alinha ou se compromete com o processo entre Índia, Brasil e África do Sul (IBSA)? As crescentes tensões geopolíticas (Mar Negro, Mar da China) irão limitar o escopo da cooperação em CTI? A análise de documentos e a bibliometria proporcionam algumas respostas às questões acima, porém o mais provável é que o fator decisivo sejam as dinâmicas geopolíticas globais.
Declaração dos BRICS na Cidade do Cabo; Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI); Bibliometria