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Causas de óbito por pneumonia intersticial secundária em autópsias pulmonares de pacientes imunocomprometidos

OBJETIVO: Apresentar as associações mais freqüentes encontradas em autópsias de pacientes imunossuprimidos que desenvolveram pneumonia intersticial secundária bem como o risco de óbito (Odds Ratio) de desenvolver PIS associada à causa da imunossupressão. MÉTODO: De janeiro de 1994 a março de 2004, 17000 autópsias foram realizadas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A partir da revisão dos laudos patológicos foram selecionados 558 destas autópsias (3,28%) de pacientes com 15 anos de idade ou mais, com alguma doença de base que desenvolveu um infiltrado pulmonar radiologicamente difuso durante o curso da hospitalização e que depois foi para óbito com pneumonia intersticial secundária (broncopneumonia, pneumonia lobar, pneumonia intersticial, dano alveolar difuso, doença pulmonar recorrente, doença pulmonar induzida por drogas, edema pulmonar cardiogênico e embolismo pulmonar). As lâminas histológicas foram revisadas por patologistas experientes para confirmar ou não a presença de pneumonia intersticial secundária. A análise estatística incluiu o "Teste exato de Fisher" para verificar associação entre a histolopatologia e causa de imunocomprometimento; e regressão logística para predizer o risco de óbito por achados histológicos específicos para cada variável independente do modelo. RESULTADOS: A pneumonia intersticial secundária foi representada histológicamente por pneumonite intersticial difusa variando de características não especificas leves (n=213) ao padrão histológico de dano alveolar difuso (n=273). A principal causa de imunossupressão nos pacientes com dano alveolar difuso foi sepse (136 casos), neoplasia (113 casos), diabetes melito (37 casos) e transplantados (37 casos). O maior risco de morte por edema pulmonar foi encontrado nos pacientes com carcinoma de cólon. Da mesma forma, nos pacientes com câncer pulmonar ou cachexia ocorreu um alto risco de morte (OR=3.6; OR=2.6, respectivamente) por broncopneumonia. O tromboembolismo pulmonar ofereceu um importante risco de morte (OR=2.4) nos pacientes com hipertensão arterial. Observou-se também risco de morte por câncer hepático (OR=2.5) ou terapia esteroidea (OR=2.4) nos pacientes que desenvolveram hemorragia pulmonar com padrão histológico de pneumonia intersticial secundária. Da mesma forma houve alto risco de morte por metástase pulmonar (OR= 1.6) nos pacientes imunossuprimidos após radioterapia. CONCLUSÃO: Pacientes com imunossupressão secundária que desenvolveram pneumonia intersticial secundária durante o tratamento dentro do hospital podem ser avaliados para evitar como evento final o dano alveolar difuso, o edema pulmonar, a broncopneumonia, a hemorragia pulmonar, o tromboembolismo pulmonar e a metástase pulmonar. Os pacientes com aumento de risco são aqueles imunossuprimidos por doença hematológica, sob tratamento com esteroides, carcimona hepático, cachexia e hipertensão.

Autópsias; Pneumonia intersticial secundária; Pacientes imunocomprometidos; Dano alveolar difuso


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