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Fenomenologia da imprensa. Friedrich Nietzsche e os jornais* * Tradução de Fernando R. de Moraes Barros.

Phenomenology of press. Friedrich Nietzsche and the newspapers.

Resumo:

No labirinto hermenêutico do pensamento de Nietzsche, ainda falta um capítulo dedicado à reconstrução de sua reflexão acerca da imprensa moderna. Mas, passando em revista seus escritos, pode-se notar como a crítica mordaz aos jornais acompanha-lhe ao longo de todas as fases de sua vida. O jornalismo sempre está na mira de suas visadas polêmicas, haja vista que, para ele, representa um tema realmente sócio-cultural. O filósofo dá provas de ser um observador acurado das influências do jornalismo sobre a cultura e a sociedade de sua época: seu olhar oscila entre considerações teóricas a respeito da relação cultura/sociedade e observações fenomenologicamente mais concretas acerca da influência da media sobre o dia-a-dia de seus contemporâneos. Trata-se de uma batalha que atravessa sua vida inteira, mas que é composto, lamentavelmente, por um material quantitativamente limitado, prenhe de rancor pessoal: tudo aquilo que Nietzsche nos legou acerca do mundo jornalístico acha-se disperso sob a forma de passagens concisas, cujo tom, quase sempre, é excessivo. No entanto, essa fragmentação e esse pathos convertem-se no único caminho rumo à reconstrução da polêmica nietzschiana em relação a imprensa escrita. Mas, ainda que fugazes, esses elementos parecem fornecer uma imagem de Nietzsche como alguém assaz consciente da frequente convergência entre a vivência da modernidade e a experiência com jornais. A extemporaneidade de tal encontro revela a “interseção fenomenológica” de um aspecto fundamental da modernidade, o qual ainda permanece extremante relevante e problemático.

Palavras-chave:
Nietzsche; imprensa; cultura moderna; opinião pública

Abstract:

In the hermeneutics’ maze of Nietzsche’s thought, a chapter dedicated to the reconstruction of his reflection about modern press is still missing. But scanning his works, it can be noted how the passionate diatribe against newspapers accompanies him through all his life stages. Journalism never leaves his polemical sights since it represents a real social-cultural issue to him. He proves to be an accurate observer of their influence in culture and society of his time: his eye swings between theoretical considerations about the culture-journalism relationship and more concrete phenomenological observations about the influence of media on the daily lives of his contemporaries. A lifetime battle which has regrettably settled in a limited amount of material, filled with personal grudge: everything Nietzsche has left us about the newspapers’ world, is scattered in short passages, whose tone is almost always excessive. This fragmentation and this pathos become, however, the only path to follow to reconstruct Nietzsche’s polemic towards printed press. Fleeting brushworks they are, from which it seems to appear an image of Nietzsche as very aware of the frequent matching between the experience of modernity and the experience of newspapers. His untimeliness shows a vibrant “phenomenological cross section” of a fundamental aspect of modernity, so far still extremely relevant and problematic.

Keywords:
Nietzsche - Press; Journalism; Modern Culture; Public Opinion

1. O jornal. Uma nova consideração extemporânea?

No labirinto hermenêutico do conjunto das ideias de Nietzsche, falta ainda um capítulo acerca de suas ponderações a propósito da imprensa moderna. Passando em revista suas obras publicadas, bem como seus escritos póstumos e sua correspondência, salta aos olhos a acirrada discussão atinente aos jornais, a qual cruza sua vida de fio a pavio. O jornalismo encontra-se sempre na mira de sua polêmica e representa, para o filósofo alemão, um verdadeiro problema sócio-cultural. Nietzsche não apenas é um leitor assíduo de jornais, senão que também dá mostrar de ser um observador atento dos periódicos e sua respectiva influência sobre a sociedade que lhe é contemporânea: sua atenção, aqui, oscila entre reflexões teóricas a respeito da relação jornalismo/formação cultural e ponderações concernentes à ação dos jornais sobre seus contemporâneos.

Trata-se de uma luta incessante, a qual, infelizmente, só vem à plena luz numa dimensão textual assaz limitada e, ao mesmo tempo, repleta de rancor pessoal. Suas opiniões sobre o mundo da imprensa só podem ser entrevistas em poucas passagens textuais, a partir das quais não se pode deixar de notar, com frequência, um tom demasiadamente exagerado. A controvérsia nietzschiana no tocante à imprensa deixa-se acompanhar somente por meio da fragmentação de suas obras e de seu respectivo pathos.

Com base nesses esboços, parece vir à tona a imagem de um Nietzsche consciente de que, em geral, a experiência do presente corresponde totalmente ao mundo da imprensa. Tanto é assim que, num fragmento póstumo de 1875-1876, torna-se patente que a “imprensa” constituía um dos principais temas de novas Considerações extemporâneas, os quais o filósofo alemão, conforme seu projeto original, deveria ter acrescentado às quatro obras já publicados (Cf. Nachlass/FP 1875-1876, 10 [20], KSA 8.188).

Seu panfleto jamais chegou a ser escrito - talvez por falta de tempo, ou, então, porque acalentava outros interesses. Apesar de não se saber com precisão aquilo que ele, à época, gostaria de ter escrito, algo é certo: Nietzsche apresenta-se como um minucioso observador de sua época, lançando um olhar atento sobre a vida do homem moderno e examinando intensivamente o papel desempenhado pela imprensa, bem como pelos jornais. Seus escritos extemporâneos enfatizaram uma “transversalidade fenomenológica” vibrante de um aspecto fundamental da modernidade, o qual, ainda hoje, continua sendo de grande atualidade e problemático.1 1 Cf. Gutser, 1938; cf. Goldschmit, 1932, pp. 340-348; cf. Schober, 2006, p. 191.

2. Pró e contra. A Europa no papel.

2.1. Engels e Marx. Entusiasmo, revolução e gazetas.

As ponderações extemporâneas de Nietzsche não são inusuais, senão que se acham ancoradas em seu contexto contemporâneo e se inserem num pano de fundo histórico-cultural no qual o jornal, em si, com sua penetração integral no interior da sociedade, tornara-se um objeto específico de discussão. Assim como Nietzsche, diversos filósofos e partidários político-culturais de toda Europa, dentre os quais, inclusive, eram eles mesmos atuantes como jornalistas, fizeram comentários explícitos sobre esse tema. Contrários aos simpatizantes dos periódicos revolucionários, encontravam-se aqueles que se opunham à divulgação dos jornais, denunciando seu efeito subversivo sobre a mentalidade da modernidade.

Por um lado, Engels e Marx saudavam com simpatia e entusiasmo o papel exercido pelo jornalismo em meio à sociedade. Engels, por exemplo, elogiava a “exaustiva e metódica leitura dos jornais” dos trabalhadores socialistas. Descrevia, pois, a imprensa como um importante ponto de sustentação no inflamado debate acerca do sistema capitalista, cuja função também fora desempenhada pelas “gazetas” parisienses antes da Revolução francesa. Por meio da liberdade de imprensa, os problemas do povo eram divulgados ao grande público, o que atraía a atenção e aumentava o interesse do crescente público leitor, intensificando a indignação da população e sua ânsia por vingança. Tanto para Engels assim como para Marx, os jornais constituíam um veloz meio de divulgação dos ideais revolucionários. Às vésperas da Revolução de 1848, os periódicos já haviam imediatamente se esgotado na Prússia. A opinião pública revelava-se, a ser assim, um instrumento eficaz para aproximar política e população. Os jornais - “o olho que tudo vê do espírito popular” e “o espelho espiritual no qual um povo se enxerga a si mesmo” - achavam-se em condições de fazer confluir “indivíduo” e “Estado”, unindo homem e “mudo”.2 2 Cf. K. Marx, http://www.mlwerke.de/me/me01/me01_028.htm (Quinto artigo). Ao mesmo tempo, mediante os jornais, diluíam-se as diferenças no interior da sociedade, surgidas por conta de uma filosofia apartada da vida diária. A uma “filosofia” enfeitada com “roupagens ascético-litúrgicas”, inclinada a um “isolamento” estéril e propensa a uma “auto-compreensão” apática, Marx então contrapõe uma “vestimenta simples” dos jornais, cujo “caráter ruidosamente combativo” só se “satisfaz na comunicação” com outro.3 3 Cf. D. Losurdo, 2001, p. 168; 2004, p. 481; cf. A. Negri. 2003, p. 37; cf. D. Kellner, 1999.

2.2. Contra a imprensa. Schopenhauer e os outros.

No lado oposto, Schelling e Schopenhauer, ambos espectadores da Revolução [1848], colocam-se contra o jornal impresso. Schelling, de sua parte, acusa os “jornalistas maléficos” e os “agitadores” que espalham ideias perigosas. Schopenhauer, por seu turno, denuncia a miséria de sua época, na qual “ninguém folheia um livro sequer e os indignos jornais injustamente detêm o monopólio da leitura, atacando os jornalistas como propagadores de um “veneno intelectual que arruína o espírito” e como aqueles que se consideram “donos da opinião”. Essa última descrição resume, da melhor forma, o papel dos jornalistas no interior da sociedade: eles tiram proveito do caráter facilmente influenciável de seu público, bem como da dificuldade da população para conseguir formar sua própria opinião e pensar com a própria cabeça; eles enganam a “qualquer homem” e o convencem de que seria necessário - ou, antes do mais, um “dever” - ter uma opinião sobre todas as coisas, de sorte a estar sempre preparado para “emprestar” algum ponto de vista, o qual ele se verá forçado a defender.

Wagner e Treitschke defendem uma concepção semelhante. Sob sua ótica, a imprensa deve ser comparada a uma arma mortal da socialdemocracia, sendo imperioso então alertar do efeito destruidor que a “força” dos jornais - a qual, na Europa, acha-se quase exclusivamente nas mãos dos judeus - exerce sobre o “espírito do povo”. Também Bismarck adere à acusação dos intelectuais. Por um lado, ele procura beneficiar-se do poder da mídia, exigindo a liberdade de imprensa e eliminando a censura, de modo a favorecer os meios de comunicação e, com isso, formar uma consciência nacional. Mas, ao mesmo tempo, declara-se contrário à “gentalha jornalística”, assim como à imprensa socialista, chegando inclusive a definir a imprensa e os jornais como “armas do Anticristo”.

Os jornais constituiriam, precisamente, o principal meio para apoiar as camadas sociais mais baixas, já que se apresentam como os melhores aliados na luta contra o poder e o Estado. Tanto é assim que, durante sua política de repressão, quando as leis socialistas entraram em vigor - leis, aliás, em combate às perigosíssimas aspirações da socialdemocracia -, ele proibiu a atividade de quarenta e cinco redações, defendendo ainda centenas de ações judiciais contra artigos e jornalistas.4 4 Cf. D. Losurdo, D. 2004, pp. 479-482; cf. A. Valentinetti, 2011, pp. 191-193.

3. Cópia, número, rebanho. Kierkegaard e os jornais de Copenhague.

Kierkegaard se apropria do posicionamento de Schopenhauer acerca dos jornalistas e também denuncia condenatoriamente a imprensa. Além do rancor pessoal pelo jornal satírico O corsário, de Copenhague, o Diário de Kierkegaard é repleto de observações contundentes contra o jornalismo, cujo tom sarcástico e declarações polêmicas parecem prenunciar a crítica de Nietzsche aos jornais impressos e à dita sociedade de rebanho.

A fenomenologia da imprensa, segundo Kierkegaard, gira em torno da crítica à moderna sociedade de massa e corre em paralelo às ponderações de John Stuart Mill e Tocqueville sobre a tirania da opinião pública. O jornal converte-se então num meio para formar uma sociedade de massa e faz-se responsável pelo nivelamento e aniquilação do indivíduo, correspondendo ao surgimento do “homem massificado” - “a multidão lê os jornais”, “alimento insalubre que se converte num veneno extremamente destrutivo”. O jornal - tal como Nietzsche também terminará por identificar - leva o indivíduo a se subordinar à abominável “tirania da imprensa” (Nachlass/FP 1869-1874, 30 [29], KSA 7. 742) e “apodera-se da consciência” por meio do irresistível poder da “opinião pública”. O jornal pertence às mídias de massa, mas não apenas pelo fato de ele se dirigir às massas, senão que por formá-la. De acordo com Kierkegaard, o “sistema de comunicação dos jornais é equivocado em si”, e isso independentemente daquilo que é veiculado por periódicos individuais ou “alguns poucos artigos”. Jornais impressos promovem a formação massiva e terminam por conduzir à mediocridade, assim como ao conformismo.

O efeito exercido pelo jornalista tem o “público” como alvo, sendo que o jornal “compartilha notícias como se a multidão, a variegada turba, já soubesse tudo a respeito”. Os jornalistas também fomentam um pensamento único, totalitário, e contribuem, “com sua tagarelice, lida por todos”, ao “rebaixamento” dos indivíduos particulares transformados em “cópias”, colaborando, assim, com a hegemonia de uma massa humana “impessoal”. Os jornais “aplanam todas diferenças individuais” e convertem os seres humanos em números: os homens são felizes, porque são todos iguais, pessoas dóceis como “animais de rebanho”.

As ironias de Kierkegaard - com alguns matizes nietzschianos - não deixam entrever nenhum tom ameno:

Se os jornais, assim como outros vendedores, tivessem de exibir um anúncio de propaganda, dele deveria então constar: “aqui os homens são destituídos de sua moral, o mais rápido possível, na maior escala e com o menor preço!”.

Um “jornal” jamais se torna “aristocrático”, e muito menos alguém pode torna-se “aristocrático em meio aos jornalistas” - o jornalismo é “o mais profundo colapso da humanidade”, sendo que seu “anonimato” é “o mais elevado triunfo da mentira”. Kierkegaard está firmemente convencido de que, se tivesse um filho jornalista, iria imediatamente abandoná-lo, sem pensar muito a respeito; aliás, a seu ver, se “Cristo” retornasse à Terra, não visaria aos sumo-sacerdotes, senão que aos jornalistas, pois são eles que “disseminam obscuridade e desorientação”. Por fim, Kierkegaard não hesita em afirmar que “proibiria os jornais” pelo fato mesmo de serem eles “causa do mal no mundo moderno”: as “associações contra os jornais se farão necessárias assim como são necessárias as associações contra as bebidas alcoólicas”.5 5 Cf., S. Kierkegaard, vol. I, 1948; cf. Losurdo, D. Nietzsche. 2004, pp. 480, 482; cf. A. Valentinetti, 2011, pp. 191-193; cf. G. M. Pizzuti, G.M. 2006, vol. 67, pp. 215-229; cf. Schober, A. Nietzsche, 2006, pp. 193-194.

4. Nietzsche e os jornais da Basiléia.

4.1. Uma cultura jornalística.

Há, pois, apenas um período na vida de Nietzsche em que sua crítica ao jornalismo não se limita a declarações irônicas e pejorativamente depreciativas, com as quais ele se volta, enfurecidamente e de modo fragmentário, contra a mídia impressa. Durante sua estadia na Basiléia suas observações mordazes se agrupam em torno de um denominador comum e relacionam-se, como um todo, à problemática acerca da formação cultural: o jornal e os jornalistas tornam-se, então, sinais evidentes de uma crise incomparavelmente maior da formação cultual tout court.

Em suas preleções Sobre o futuro de nossos estabelecimentos de ensino, Nietzsche tenciona denunciar a imprensa. O jornal, como principal acusado, é responsabilizado pela “pseudoformação” e pela “barbárie formativa”. Antes de mais nada, “o próprio objetivo da atual formação culmina no jornalismo”, sendo que esse último consiste na forma institucionalizada da vulgarização na era moderna (BA/EE I, KSA 1.671). O jornalismo é o meio rumo a uma inversão valorativa e representa, ao mesmo tempo, uma traição formativa - ambos aspectos são distintivos da época da modernidade: “Os mais ignominiosos sinais da falta de cultura, a plebeia publicidade dos assim chamados ‘interesses culturais’ são louvados pelos jornais e periódicos como o fundamento de uma forma de ensino completamente nova e madura em máxima medida.” (BA/EE III, KSA 1.706). Ou ainda: “É, pois, no jornalismo que as duas vias confluem uma em direção a outra: ampliação e diminuição da educação andam aqui de mãos dadas” (BA/EE I, KSA 1.671).

O jornalismo inclui em si os dois problemas que caracterizam a moderna formação cultural de forma negativa - tal como Nietzsche ilustra em suas preleções. Aqui, a ampliação e a diminuição da formação cultural são trazidas à plena luz num único lugar. De fato, o jornal cai “na mão” de qualquer pessoa e, simultaneamente, ele é o mensageiro de uma formação cultural limitada aos “acontecimentos do dia”.

O primeiro problema - a ampliação da formação cultural - torna-se idealmente visível e mais claro por meio do jornal impresso, sendo que é justamente ao jornalismo que Nietzsche dirige sua mais contundente crítica. Mediante o estilo e a linguagem dos jornais, os fatos tratados são apresentados de forma agradável, tornando-se acessíveis a todos os leitores. Estilo e linguagem são, per se, os melhores meios para instrumentalizar a formação cultural, tornando-a útil. Graças aos jornalistas, essa última é colocada “à disposição” e, com isso, converte-se justamente em algo “mediatizado”. O jornal se oferece então como “multiplicador” de uma formação superficial e falsificada - “o jornalista representa o nascimento da assim chamada cultura geral”, significando “o homem comum detentor de uma formação comum” e contribuindo, desse modo, em máxima medida, à criação de uma “pseudocultura de massa” (Nachlass/FP 1869-1874, 9 [62], KSA 7. 298; Nachlass/FP 1869-1874, 26 [15], KSA 7. 581). No jornal impresso reflete-se um tipo de formação cultural que Nietzsche, com desprezo, descreve como “cultura jornalesca” (Nachlass /FP 1869-1874, 29 [22], KSA 7.634.)

O jornal passa a ocupar precisamente o lugar da cultura, sendo que aquele fizer intervir, mesmo enquanto erudito, exigências formativas, deverá se orientar por esse pegajoso estrato comunicativo, o qual, como uma argamassa, aplaina as juntas entre todas as formas de vida, todas as classes, todas as artes e todas as ciências, firme e confiável como deve ser todo papel de jornal (BA/EE I, KSA 1.671).

O jornal termina por substituir, assim, a própria formação cultural, assumindo, outrossim, um papel drástico. Como um poderoso amálgama das mais distintas aparências sociais, ele se apropria da inteira existência do homem moderno, monopolizando-a. Tudo aquilo que “sai no jornal”, faz do inteiro sistema educacional da Europa seu refém.

4.2. Ginásio e universidade: uma educação jornalística.

Tal problema surge, já, na época do colégio. O jornal então se dissemina em todo grupo escolar, e, em especial, no “ginásio”. “O ginásio, conforme sua constituição original, não educa com vistas à formação cultural, senão que visa à erudição, e, além disso, nos últimos tempos, parece ter assumido um rumo inesperado, como se tencionasse educar nem mesmo mais em prol da erudição, mas em benefício do jornalismo”. O jornal é, pois, um “professor ruim”, que deixa o jovem sonolento e “imprime, sobre as mentes ainda não formadas dos jovens, sua repulsiva assinatura”. “O trabalho mais árduo do professor revela-se inútil”, impotente e em vão, “quando o mesmo aluno, uma hora depois, termina por apanhar um jornal”. Os jovens crescem nas escolas e “aprendem a não sentir qualquer repugnância física diante de certas palavras e expressões próprias ao hábito jornalístico”, bem como “diante da tão acalentada e elogiada ‘elegância’ do estilo empregado pelos nossos “trabalhadores de fábrica de jornal”, “acostumados que estão ao muco dessa linguagem-de-jornal”. Tal juventude está “condenada a permanecer a vida toda sobre a infrutífera e arriscada areia movediça do estilo jornalístico” (BA/EE II, KSA 1.677; BA/EE II, KSA 1.676; DS/Co. Ext. I, 12, KSA 1.228).

Consequentemente, “o jornalista na escola e a imprensa na sociedade haviam assumido o primeiro plano”. Nos grupos escolares alemães, “‘o jornalista’, no que concerne a qualquer consideração sobre a formação, obteve vitória sobre os professores mais elevados”. Por isso, para lograr êxito junto aos estudantes, ao professor não resta mais nada a não ser “a metamorfose, já bastante vivenciada, de se movimentar igualmente pelo modo de falar dos jornalistas, com a ‘leve elegância’ própria a essa esfera, tal como uma borboleta serena e culta” (GT/NT 20, KSA 1.130). Mas, dessa maneira, ele acaba por trair sua própria vocação, convertendo-se num “instrutor jornalístico” (Nachlass/FP 1869-1874, 8 [65], KSA 7. 247), destinado a atuar, antes do mais, na “redação de um jornal”, em vez de ensinar seus alunos num ginásio.

Esse problema não se limita, porém, apenas à escola, haja vista que a cultura jornalística é igualmente disseminada nas “universidades”. Sob tais condições, anuncia-se uma hipócrita e oportuna manobra enganosa: “O espírito dos jornalistas invade mais e mais a universidade, e, não raro, sob o nome da filosofia”. Numa época em que “já não se pressente mais quão distante a seriedade da filosofia está em relação à seriedade de um jornal”, Nietzsche vê os “filósofos acadêmicos” como “pessoas que se agitavam a partir dos resultados das demais ciências, as quais, nas horas vagas, liam jornais e frequentavam concertos”, mas que “haviam perdido o último resto de sentimento, não somente no que tange à filosofia, senão que também em relação à religião, de sorte que trocaram isso tudo, não tanto pelo otimismo, mas pelo jornalismo, pelo espírito e demônio do dia, isto é, pelos jornais” (DS/Co. Ext. III, 8, KSA 1.424; DS/Co. Ext. III, 4, KSA 1.365).

4. 3. O jornalista: escravo do dia.

O segundo problema - atinente à diminuição da formação - traz à tona a figura humana do jornalismo, a saber: o jornalista. Aqui, as apreciações acusatórias de Nietzsche sobre a atividade jornalística são, de fato, formuladas de um modo assaz mordaz. O desprezo que sente pelos jornalistas torna-se visível no próprio léxico por ele empregado: chama-os de “trabalhadores de fábrica de jornal”, uma caracterização que nos leva a pensar, de imediato, nos operários das fábricas, trágicos protagonistas da sociedade moderna, na qual se efetua a fragmentação do ser humano.

N’O nascimento da tragédia, Nietzsche descreve o jornalista como o “escravo jornalístico do dia” (GT/NT 20, KSA 1.130), uma determinação conceitual que atinge precisamente o núcleo da questão. Escritor e, ao mesmo tempo, escravo do presente, é aquele que se vale no instante e o avalia tão rapidamente quanto possível, de sorte a retirar, a parti disso, o que for mais útil, convertendo-se, desse modo, no fundador de uma “cultura do dia-a-dia”. À sua própria atividade é concedida uma “remuneração diária”, ofício por ele exercido unicamente graças a um soldo; acha-se, pois, trancafiado em sua ocupação, a qual deveria assegurar-lhe algum êxito. Como prisioneiro e “servo do instante”, ou, então, “escravo dos três M’s: do momento, da manifestação opiniática e da moda”, o jornalista não está em condições de contemplar as coisas para além do transitório presente temporário. Enfurnado em pilhas de papel, a ele só é dado obedecer passivamente ao presente, como se tratasse da eternidade, deixando-se arrastar por ela ()6 6 Cf. BA/EE I, KSA 1.671; DS/Co. Ext. IV, 6, KSA 1.462; Nachlass/FP 1869-1874, 35 [12], KSA 7. 817; cf. P. Scolari, 2013; cf. D. Losurdo, D. Nietzsche, 2004, p. 930; cf. A. Negri, 1978; cf. A. Negri, 2003, p. 38; cf. R. Reschke, 2000, pp. 2; cf. R. Reschke, 2015, pp. 47-48; cf. K. Braatz, 1988, pp. 41-52.

5. Fenomenologia nietzschiana

5.1. As preces diárias da metrópole moderna.

Durante a viagem que Nietzsche leva Zaratustra a empreender, das montanhas solitárias até à planície habitada por seres humanos, o profeta depara-se, na entrada da cidade, com um louco que profere um discurso injurioso à grande cidade e à vida citadina. Dentre os corrosivos juízos condenatórios disparados por essa figura bizarra, há alguns que se dirigem ao jornalismo e à imprensa. Ele então se volta a Zaratustra, provocando-o com as seguintes palavras tórridas:

Não vês as almas penduradas como lençóis sujos e esfarrapados? E inclusive fazem jornais desses farrapos! Não escutas como o espírito se converteu, aqui, em num jogo de palavras? Ele regurgita um repulsivo esgoto de palavras! E ainda fazem jornais com esse esgoto de palavras! (ZA/ZA III,Do passar além, KSA 4.223.)

Essa acusação assemelha-se bastante àquela afirmação contundente que, anteriormente, o próprio Zaratustra havia dirigido aos habitantes da cidade: “Vede, pois, esses supérfluos! Estão sempre doentes, regurgitam sua bílis e ainda a chamam de jornal! (ZA/ZA II,Do novo ídolo, KSA 4.63)”.

A ira de ambas figuras em relação aos jornais não é acidental ou improvisada, senão que constitui um elemento autobiográfico. Essas concisas passagens textuais representam a ponta do iceberg, o mesmo é dizer, a cáustica crítica de Nietzsche à imprensa e à cultura jornalística de sua época. No círculo de Nietzsche, bem como em seu meio, os jornais são muito disseminados. E, de fato, no interior da sociedade burguesa do século XIX, o jornal desempenhava um papel muito relevante. O número de leitores crescera exorbitantemente e a imprensa, que, com isso, podia confirmar sua força comunicativa e sua função social, transformara-se, num curto período tempo, numa componente fundamental da vida diária.

Tal como vem à tona em sua correspondência, Nietzsche é profundamente repelido pelas “névoas odiosas dos noticiários” das cidades alemães, falando imediatamente do “desprezo por aquela cultura compatível com a leitura ou a escrita de jornais”. Com isso, parece dar a entender que teria a mesma opinião de Bismarck a esse respeito, permanecendo desconfiado no tocante à imprensa. Independentemente daquilo que os jornais noticiam, com eles não pretende ter qualquer relação - embora continuasse a folheá-los ao longo de toda sua vida, tal como se pode concluir a partir do conjunto de sua correspondência.7 7 Nachlass/FP 1884-1885, 35 [9], KSA 11. 512; KSB I, 517; KSB III, 751; KSB IV, 516.

Seu espírito reacionário deixa-se notar em muitos de seus fragmentos póstumos, nos quais sugere ao leitor que mantenha sua independência (“isolamento”) em relação às “grandes multidões humanas”, incluindo, nisso, os próprios jornais: “Uma sublevação das grandes cidades e dos jornais é, de ponta a ponta, um ‘espetáculo teatral’, algo ‘falso’” (Nachlass /FP 1880-1882, 6 [360], KSA 9. 288). Afirma ainda que os “jornais” e a “liberdade de imprensa” seriam, na dominante mentalidade democrática, os “meios” mais importantes “pelos quais o animal-de-rebanho adquire hegemonia” e mediante os quais se estabelece uma verdadeira “jornalocracia” [Journalokratie].8 8 Nachlass/FP 1884-1885, 34 [65], KSA 11. 440; Nachlass/FP 1884-1885, 34 [177], KSA 11. 480. Além disso, a imprensa pertence às “formas sempre renovadas das necessidades escravas,” que um escravo inventa para si a fim de tornar a tragédia da existência tolerável.9 9 Nachlass/FP 1884-1885, 25 [70], KSA 11.27; cf. D. Losurdo, D., 2001, p. 165; cf. R. Reschke, R. 2015, pp. 48-52.

O fato é que a habitual “leitura de jornal” converteu-se num ritual cotidiano, “numa espécie de prece matinal realista” - uma intuição genial que Nietzsche tomou de empréstimo do jovem Hegel. Nas metrópoles, onde Deus está morto, o jornal assumiu o lugar da “prece diária”, transformando-se, pois, nos novos escritos sagrados que substituíram a Bíblia: vigora aqui “a obrigação, imposta a cada um, de ler seu jornal durante o café da manhã” e “rezar mais rapidamente o rosário da opinião pública”, liturgias seculares que substituem os escritos sagrados da religião cristã.10 10 Nachlass/FP 1884-1885, 25 [210], KSA 11.69; JGB/BM 208, KSA 5. 140; DS/Co. Ext. I, 9, KSA 1.208-216; cf. D. Losurdo, 2004, p. 483.

6.2. Longe dos jornais!

Esse jornal, “que acompanha a refeição matinal do homem civilizado”, trasmuda-se imediatamente num “dégoûtant apéritiv” - uma expressão de Baudelaire utilizada pelo próprio Nietzsche -, suscitando “convulsão de náusea” e “vomitus matutinus”. Afinal, os jornais eram, também segundo Zaratustra, nada além de bile e repulsivo “esgoto de palavras”.11 11 Nachlass/FP 1887-1888, 11 [17], KSA 13.13; F/FP 1887-1888, 11 [218], KSA 13.86; ZA/ZA III,Do passar além, KSA 4.223; ZA/ZA II,Do novo ídolo, KSA 4.63.

Nietzsche lança mão da eficácia da metáfora da refeição e ainda acrescenta que “o espírito dos alemães”, em virtude de uma “alimentação exageradamente exclusiva, baseada em jornais, política, cerveja e música wagneriana”, é sobrecarregado e repleto de monstruosidade. Além disso, os jornalistas “parecem ter se conjurado no intuito de se assenhorar das horas de digestão e dos instantes de ócio do homem moderno, isto é, de seus ‘momentos culturais’, de sorte a entorpecê-lo, nessas oportunidades, com papel impresso”. Trata-se de um verdadeiro enjoo e mal físico, somados ainda a uma diminuição do poder da visão ocasionada pela leitura mesma dos jornais - uma ironia cujo efeito, graças à sua concretude, é assaz corrosivo, servindo para explicar a rejeição nietzschiana à imprensa com bastante clareza.12 12 VM/OS 324, KSA 2.512; WS/AS 233, KSA 2. 658; GM/GM III, 26, KSA 5.407; DS/Co. Ext. I, 1, KSA 1.159-164; JGB/BM Prefácio, KSA 5.13.

Profundamente rebaixado, quando tem em mãos um jornal, o filósofo alemão sugere que dele nos abstenhamos (“abstinência dos jornais”). Numa “época do alemão gazetista”, afirma que seria saudável não se deixar atingir pelo “júbilo jornalístico”, bem como pelo seu “permanente falso alarme”.13 13 Nachlass/FP 1880-1882, 4 [61], KSA 9.114; Nachlass/FP 1869-1874, 37 [3], KSA 7.829; Nachlass/FP 1875-1879, 27 [2], KSA 8.487; BA/EE II, KSA 1.673- 692.

“Jornalistas e periodistas” - os quais “trazem consigo” os “sinais da degeneração formativa” - corporificam uma concepção prática da linguagem, “valendo-se da primeira palavra que se lhes parece mais fácil”, exatamente como os “grandes atores” na praça do mercado, ridicularizados por Zaratustra. Tem-se aqui um “sedutor mecanismo jornalístico”, exclusivamente ideado para ludibriar o povo; uma “conversa fiada” que “ecoa nos jornais”; o único som por meio do qual “os acontecimentos adquirem ‘grandeza’” hoje em dia.14 14 BA/EE V, KSA 1.746; Nachlass/FP 1869-1874, 27 [68], KSA 7.608; Nachlass/FP 1882-1884, 3 [1] 250, KSA 10.83; ZA/ZA I,Das moscas do mercado, KSA 4.65; cf. P. Scolari, 2017, pp. 28-29. Mediante sua caneta, “a imprensa grita, atordoa, provoca e assusta, com seu diário gasto de fôlego” - “ela é mais que o permanente e cego alarme que extravia os ouvidos e os sentidos rumo a uma direção equivocada”.15 15 WM/OS 321, KSA 2.511.

Nietzsche não poupa esforços para lançar provocativas frases de desprezo acerca dos “alemães gazetistas”, comparando-os, de modo sarcástico, aos “porcos alemães”16 16 Nachlass/FP 1884-1885, 39 [99], KSA 11.453. - lançando uma alarmante profecia inclusive: “Mais um século de jornais e todas as palavras irão feder”, mergulhadas num fétido “estrume jornalístico”.17 17 Nachlass/FP 1884-1885, 34 [99], KSA 11.454.

Sua ira e menosprezo parecem desconhecer limites. A imprensa é uma invenção que deveria ser eliminada, sendo que, paradoxalmente, caberia à própria Alemanha envergonhar-se dela. Enquanto que, para Marx, a pólvora e a imprensa escrita revelam-se uma condição necessária para o desenvolvimento burguês, para Nietzsche, em contrapartida, “os alemães inventaram a pólvora, mas todo cuidado aqui!; pois, de pronto, trataram de empatar novamente o jogo, inventando a imprensa!”. E, supondo que a “polícia” desautoriza os “jornais noticiários”, chega ainda a conceber, como uma de suas “tarefas futuras”, cometer um atentado à inteira imprensa moderna”.18 18 KGB IV, 516; Nachlass/FP 1869-1874, 27 [68], KSA 7.608; Nachlass/FP 1884-1885, 34 [92], KSA 11.450.; JGB/BM Prefácio, KSA 5.13; cf. D. Losurdo, D. 2001, p. 165; cf. D. Losurdo, 1997, pp. 415-419.

Ideias extremas e ações inexequíveis que, por um lado, acentuam o pathos nietzschiano em relação à imprensa escrita e, por outro, sublinham as marcas distintivas da moderna e caleidoscópica sociedade de então, cuja identidade deve ser encontrada justamente por meio dos jornais, deixando-se iluminar à contraluz. “Hoje”, para pertencer a uma “nação”, diz Nietzsche, não basta “falar a mesma língua”, senão que cumpre “ler os mesmos jornais”.19 19 Nachlass/FP 1884-1885, 34 [203], KSA 11.489.

Referências

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  • *
    Tradução de Fernando R. de Moraes Barros.
  • 1
    Cf. Gutser, 1938GUTSER, F. Nietzsche und der Journalismus, Ludwig-Maximilians-Universität, München, 1938.; cf. Goldschmit, 1932GOLDSCHMIT, R. K. “Nietzsche und die Presse”. In: Zeitungswissenschaft. Zweimonatsschrift für internationale Zeitungsforschung, vol. 1., 1932, pp. 340-348., pp. 340-348; cf. Schober, 2006SCHOBER, A. “Nietzsche, critique de la presse”. In : AA.VV., L’opinion publique dans les pays de langue allemande, L’Harmattan, Paris 2006, pp. 191-200., p. 191.
  • 2
    Cf. K. Marx, http://www.mlwerke.de/me/me01/me01_028.htm (Quinto artigo).
  • 3
    Cf. D. Losurdo, 2001______. L’ipocondria dell’impolitico. La critica di Hegel ieri e oggi, Milella, Lecce 2001., p. 168; 2004, p. 481; cf. A. Negri. 2003______. “Nietzsche sottratto agli “ermeneuti dell’innocenza”. In: Idee. Rivista di filosofia, vol. 54, 2003, pp. 25-47., p. 37; cf. D. Kellner, 1999KELLNER, D. “Nietzsche’s Critique of Mass Culture”. In: International Studies in Philosophy, vol. 31/3, 1999, pp. 77-89..
  • 4
    Cf. D. Losurdo, D. 2004______. Nietzsche, il ribelle aristocratico. Biografia intellettuale e bilancio critico, Bollati Boringhieri, Torino 2004., pp. 479-482; cf. A. Valentinetti, 2011Valentinetti, A. Vitam impendere vero. Kierkegaard a confronto con Schopenhauer. In: AA.VV., Il discepolo di seconda mano. Saggi su Søren Kierkegaard, Orthotes, Napoli 2011, pp. 169-211., pp. 191-193.
  • 5
    Cf., S. Kierkegaard, vol. I, 1948KIERKEGAARD, S. Diario, vol. I, Morcelliana, Brescia 1948.; cf. Losurdo, D. Nietzsche. 2004______. Nietzsche, il ribelle aristocratico. Biografia intellettuale e bilancio critico, Bollati Boringhieri, Torino 2004., pp. 480, 482; cf. A. Valentinetti, 2011Valentinetti, A. Vitam impendere vero. Kierkegaard a confronto con Schopenhauer. In: AA.VV., Il discepolo di seconda mano. Saggi su Søren Kierkegaard, Orthotes, Napoli 2011, pp. 169-211., pp. 191-193; cf. G. M. Pizzuti, G.M. 2006PIZZUTI, G.M. “Giornali e giornalismo nella riflessione filosofica della modernità”. In: Atti dell’Accademia di scienze morali e politiche, vol. 67, 2006, pp. 207-249., vol. 67, pp. 215-229; cf. Schober, A. Nietzsche, 2006SCHOBER, A. “Nietzsche, critique de la presse”. In : AA.VV., L’opinion publique dans les pays de langue allemande, L’Harmattan, Paris 2006, pp. 191-200., pp. 193-194.
  • 6
    Cf. BA/EE I, KSA 1.671; DS/Co. Ext. IV, 6, KSA 1.462; Nachlass/FP 1869-1874, 35 [12], KSA 7. 817; cf. P. Scolari, 2013SCOLARI, P. “Nietzsche. Fenomenologo del quotidiano”. In: Mimesis, Milano-Udine 2013.; cf. D. Losurdo, D. Nietzsche, 2004______. Nietzsche, il ribelle aristocratico. Biografia intellettuale e bilancio critico, Bollati Boringhieri, Torino 2004., p. 930; cf. A. Negri, 1978NEGRI, A. Nietzsche. Storia e cultura, Armando, Roma 1978.; cf. A. Negri, 2003______. “Nietzsche sottratto agli “ermeneuti dell’innocenza”. In: Idee. Rivista di filosofia, vol. 54, 2003, pp. 25-47., p. 38; cf. R. Reschke, 2000RESCHKE, R. Denkumbrüche mit Nietzsche. Zur anspornenden Verachtung der Zeit, Akademie, Berlin 2000., pp. 2; cf. R. Reschke, 2015______. “Der Journalist, die Presse, der informierte Leser. Nietzsche über Wertegeber, Werte und ihre Vermittlung im Medienzeitalter”. In: Nietzsche-Studien, vol. 1, 2015, pp. 44-53., pp. 47-48; cf. K. Braatz, 1988BRAATZ, K. Friedrich Nietzsche. Eine Studie zur Theorie der Öffentlichen Meinung, De Gruyter, Berlin - New York 1988., pp. 41-52.
  • 7
    Nachlass/FP 1884-1885, 35 [9], KSA 11. 512; KSB I, 517; KSB III, 751; KSB IV, 516.
  • 8
    Nachlass/FP 1884-1885, 34 [65], KSA 11. 440; Nachlass/FP 1884-1885, 34 [177], KSA 11. 480.
  • 9
    Nachlass/FP 1884-1885, 25 [70], KSA 11.27; cf. D. Losurdo, D., 2001______. L’ipocondria dell’impolitico. La critica di Hegel ieri e oggi, Milella, Lecce 2001., p. 165; cf. R. Reschke, R. 2015______. “Der Journalist, die Presse, der informierte Leser. Nietzsche über Wertegeber, Werte und ihre Vermittlung im Medienzeitalter”. In: Nietzsche-Studien, vol. 1, 2015, pp. 44-53., pp. 48-52.
  • 10
    Nachlass/FP 1884-1885, 25 [210], KSA 11.69; JGB/BM 208, KSA 5. 140; DS/Co. Ext. I, 9, KSA 1.208-216; cf. D. Losurdo, 2004______. Nietzsche, il ribelle aristocratico. Biografia intellettuale e bilancio critico, Bollati Boringhieri, Torino 2004., p. 483.
  • 11
    Nachlass/FP 1887-1888, 11 [17], KSA 13.13; F/FP 1887-1888, 11 [218], KSA 13.86; ZA/ZA III,Do passar além, KSA 4.223; ZA/ZA II,Do novo ídolo, KSA 4.63.
  • 12
    VM/OS 324, KSA 2.512; WS/AS 233, KSA 2. 658; GM/GM III, 26, KSA 5.407; DS/Co. Ext. I, 1, KSA 1.159-164; JGB/BM Prefácio, KSA 5.13.
  • 13
    Nachlass/FP 1880-1882, 4 [61], KSA 9.114; Nachlass/FP 1869-1874, 37 [3], KSA 7.829; Nachlass/FP 1875-1879, 27 [2], KSA 8.487; BA/EE II, KSA 1.673- 692.
  • 14
    BA/EE V, KSA 1.746; Nachlass/FP 1869-1874, 27 [68], KSA 7.608; Nachlass/FP 1882-1884, 3 [1] 250, KSA 10.83; ZA/ZA I,Das moscas do mercado, KSA 4.65; cf. P. Scolari, 2017_____. “Great Comedians and Poisonous Flies. Nietzsche and the Marketplace”. In: «Journal of Social Science for Policy Implications», June 2017, vol. 5, n. 1, pp. 27-32. , pp. 28-29.
  • 15
    WM/OS 321, KSA 2.511.
  • 16
    Nachlass/FP 1884-1885, 39 [99], KSA 11.453.
  • 17
    Nachlass/FP 1884-1885, 34 [99], KSA 11.454.
  • 18
    KGB IV, 516; Nachlass/FP 1869-1874, 27 [68], KSA 7.608; Nachlass/FP 1884-1885, 34 [92], KSA 11.450.; JGB/BM Prefácio, KSA 5.13; cf. D. Losurdo, D. 2001______. L’ipocondria dell’impolitico. La critica di Hegel ieri e oggi, Milella, Lecce 2001., p. 165; cf. D. Losurdo, 1997LOSURDO, D. Hegel e la Germania. Filosofia e questione nazionale tra rivoluzione e reazione, Guerini e Associati, Napoli 1997., pp. 415-419.
  • 19
    Nachlass/FP 1884-1885, 34 [203], KSA 11.489.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Out 2022
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2022

Histórico

  • Recebido
    20 Jan 2022
  • Aceito
    07 Abr 2022
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