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EDITORIAL

Cara leitora, caro leitor,

Neste ano, a Fundação Carlos Chagas faz 40 anos. Para comemorar seu aniversário, organizou um seminário sobre o tema: Políticas Inclusivas e Compensatórias na Agenda da Educação. Discutir os fundamentos e aprofundar a análise das ações políticas de natureza inclusiva e compensatória nas áreas sociais - e, em especial, no campo da educação - indica que se reconhece a necessidade de alimentar uma abordagem mais integrada das políticas para o setor, atentando para suas implicações no contexto atual. Ao discutir esse assunto, a Fundação Carlos Chagas dá continuidade à motivação que está na base do amplo espectro de pesquisas que há décadas desenvolve e confirma sua tradição de contribuir para subsidiar as políticas públicas voltadas para o social.

Tema em Destaque deste número de Cadernos de Pesquisa traz alguns textos que abordam a questão sob diferentes ângulos. François Dubet, admitindo que são bastante complexos os conceitos de igualdade e de justiça escolar subjacentes às políticas compensatórias, busca elucidá-los com vistas a entender o sentido e o alcance das políticas de educação. Juan Carlos Tedesco explora a hipótese de que são éticas as decisões que informam os diagnósticos e as políticas acionadas como respostas às mudanças do mundo contemporâneo e procura discutir as estratégias mais adequadas para romper o determinismo social dos resultados de aprendizagem. Nesse sentido, menciona não apenas as políticas de atenção à primeira infância, como as estratégias de mudança pedagógica, com ênfase nas chamadas "políticas de subjetividade". Carmen Barroso parte das metas de desenvolvimento do milênio, postas pela Organização das Nações Unidas em 2000, para promover a educação e a igualdade de gênero, detendo-se na análise da interseção de duas delas: a) o acesso universal das mulheres à educação primária até o ano 2015 e b) a promoção da igualdade entre os gêneros e o empoderamento das mulheres. Esse esforço de articulação parece mais que oportuno, uma vez que, em geral, as questões de gênero têm recebido pouca atenção nos debates educacionais e, as educacionais, pouco destaque nas discussões de gênero.

Os interessados em políticas inclusivas e compensatórias contarão com novos textos sobre o assunto, consultando a seção Tema em Destaque de nosso próximo número, o CP 124.

Entre os demais trabalhos ora publicados, está a análise, feita por Vivian Batista da Silva e António Carlos da Luz Correia, sobre o lugar ocupado pelos manuais de ensino utilizados em cursos de formação de professores, na produção e circulação do discurso pedagógico e profissional no Brasil e em Portugal. O texto de Flávia Gonçalves da Silva e Claudia Davis reporta-se ao exame da produção de Vigotski apropriada por autores brasileiros, tendo como fonte os artigos publicados em Cadernos de Pesquisa no período de 1971 a 2000.

Encontram-se ainda neste número a pesquisa, realizada por Lucia Helena G. Teixeira, sobre os Conselhos Municipais de Educação que instalaram seus respectivos sistemas de ensino em Minas Gerais até o ano 2000; a análise feita por Dirce Nei Teixeira de Freitas acerca da ação normativa federal relativa à avaliação nacional da educação básica, durante o período do governo Fernando Henrique Cardoso, e o estudo dos processos de construção e reconstrução da identidade negra e suas implicações para a educação, a partir das narrativas e histórias de vida de sujeitos envolvidos em um curso de pós-graduação lato sensu, da autoria de Marta Diniz Paulo de Assis e Ana Canen.

Merece especial menção o artigo de Jacques Velloso sobre os destinos profissionais de mestres e doutores formados pelos cursos de pós-graduação do país. Diante do notável crescimento do sistema de pós-graduação brasileiro nas últimas décadas, este texto traz importantes indicações acerca da relevância da formação recebida na pós-graduação, tendo em conta a inserção profissional de seus egressos. A agregação de dados da pesquisa original - que entrevistou pouco menos de nove mil titulados em 15 áreas de conhecimento na década de 90, provenientes de universidades das diferentes regiões do país - traz novas e valiosas contribuições para o conhecimento da realidade educacional brasileira.

Com este estudo, dada a sua amplitude e representatividade no âmbito do ensino superior, Cadernos de Pesquisa inicia a publicação bilíngüe de alguns artigos, por meio da Biblioteca SciELO. A versão em inglês poderá ser acessada on-line, juntamente com os demais artigos em português ou espanhol, no seguinte endereço: www.scielo.br. Graças a este recurso, as pesquisas realizadas no país poderão ser mais amplamente divulgadas no exterior.

As Editoras

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Mar 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
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