Open-access L. S. VIGOTSKI NAS MONOGRAFIAS DE UM CURSO DE PEDAGOGIA (2012-2021)

L. S. VYGOTSKY IN THE MONOGRAPHS OF A PEDAGOGY COURSE (2012-2021)

L. S. VYGOTSKI EN LAS MONOGRAFÍAS DE UN CURSO DE PEDAGOGÍA (2012-2021)

L. S. VYGOTSKI ET MÉMOIRES DE FIN D’ÉTUDES EN PÉDAGOGIE (2012-2021)

Resumo

Este estudo investigou se os livros A formação social da mente e Pensamento e linguagem permanecem sendo utilizados para referenciar a teoria de L. S. Vigotski em monografias de um curso de pedagogia de uma universidade pública brasileira. Para tanto, foram analisados trabalhos monográficos escritos de 2012 a 2021, tendo por base palavras-chave pré-selecionadas dos resumos. Utilizou-se uma ficha analítica com o intuito de orientar a leitura para o modo como Vigotski fora referenciado. Verificou-se que A formação social da mente fundamentou mais de 70% dos trabalhos, enquanto Pensamento e linguagem apareceu em cerca de 20% deles. Apesar dos esforços de pesquisadores, essas duas obras continuam sendo utilizadas em cursos de graduação como suposto alicerce da teoria vigotskiana.

TEORIA SÓCIO-HISTÓRICO-CULTURAL; MONOGRAFIA; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS; ENSINO SUPERIOR

Abstract

This study investigated whether the books Mind in society and Thought and language continue to be used to reference the theory of L. S. Vygotsky in monographs from a Pedagogy course at a Brazilian public university. To this end, monographs written between 2012 and 2021 were analyzed based on pre-selected keywords from their abstracts. An analytical form was used to guide the reading and determine how Vygotsky was referenced. The findings indicate that Mind in society served as the theoretical foundation for more than 70% of the papers, whereas Thought and language appeared in approximately 20% of them. Despite researchers’ efforts, these two books continue to be used in undergraduate programs as the supposed foundation of Vygotskian theory.

SOCIO-HISTORICAL-CULTURAL THEORY; MONOGRAPH; BIBLIOGRAPHIC REFERENCES; HIGHER EDUCATION

Resumen

Este estudio investigó si los libros A formação social da mente y Pensamento e linguagem continúan siendo utilizados para referenciar la teoría de L. S. Vygotski en monografías de un curso de Pedagogía en una universidad pública brasileña. Para ello, fueron analizados trabajos monográficos escritos entre 2012 y 2021, teniendo como base palabras clave preseleccionadas de los resúmenes. Se utilizó una ficha analítica con la intención de orientar la lectura para la forma como Vygotski fue referenciado. Se verificó que A formação social da mente sustentó más del 70% de los trabajos, mientras que Pensamento e linguagem apareció en alrededor del 20% de ellos. A pesar de los esfuerzos de los investigadores, esas dos obras continúan siendo utilizadas en cursos de pregrado como supuesto fundamento de la teoría vygotskiana.

TEORÍA SOCIO-HISTÓRICO-CULTURAL; MONOGRAFÍA; REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS; EDUCACIÓN SUPERIOR

Résumé

Cette étude a examiné si les livres A formação social da mente et Pensamento e linguagem sont encore utilisés pour faire référence à la théorie de L. S. Vygotski dans les mémoires de fin d’études en pédagogie d’une université publique brésilienne. À cette fin, les mémoires rédigés entre 2012 et 2021 ont été analysés à partir de mots-clés présélectionnés utilisés dans les résumés. Une feuille d’analyse a servi à orienter la lecture afin d’identifier comment les références à Vygotski s’y déployaient. Il s’est avéré que A formação social da mente a été la base de plus de 70 % des articles, alors que Pensamento e linguagem apparaissait dans environ 20 % d’entre eux. Malgré les efforts des chercheurs, ces deux ouvrages continuent d’être utilisés dans les cours de premier cycle comme étant censés représenter la théorie de Vygotski.

THÉORIE SOCIO-HISTORICO-CULTURELLE; MÉMOIRE DE FIN D’ÉTUDES; RÉFÉRENCES BIBLIOGRAPHIQUES; ENSEIGNEMENT SUPÉRIEUR

O BRAS DE LEV SEMIONOVITCH VIGOTSKI (1896-1934) TêM SIDO BASTANTE ESTUDADAS NO Brasil nas áreas de educação e psicologia desde o lançamento pela editora Martins Fontes de dois livros atribuídos a ele no país: A formação social da mente, em 1984, e Pensamento e linguagem, em 1987. Além disso, outro fator importante para a difusão das obras desse autor, em certas regiões do Brasil, foram as implementações de políticas educacionais como consequência da redemocratização em meados da década de 1980, além da chegada de governos de esquerda e de centro-esquerda nas administrações estaduais e municipais em diferentes regiões do país, onde Vigotski já aparecia em diferentes processos de reformulação de propostas curriculares e projetos educacionais de estados e municípios (Toassa et al., 2020).

Ao longo do século XX, era bastante comum que obras russas não fossem traduzidas diretamente para o português (Gomide, 2004; Américo & Barbosa, 2018), sendo em geral traduzidas por intermédio de uma edição em outro idioma, geralmente do francês, inglês ou espanhol, motivo pelo qual costuma-se chamá-las de traduções indiretas, em contraposição às traduções diretas, em que não há um idioma intermediário no processo tradutório (Rónai, 1987). Em função disso, não foi diferente com essas duas obras atribuídas a Vigotski. Ao longo da década de 1990, foram lançadas no Brasil traduções de obras desse autor, além de novas edições desses dois livros - reeditados até hoje (Vigotski, 2019a, 2019b) -, embora apenas Psicologia da arte e A tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca, ambos lançados em 1999, tenham sido traduzidos diretamente do russo. A tradução integral de Мышление и речь [Michlenie i retch]1 - com a qual o público brasileiro só tivera contato anteriormente a partir de uma edição muitíssimo resumida, com o nome de Pensamento e linguagem - foi disponibilizada apenas em 2001 pela mesma editora, sob o título de A construção do pensamento e da linguagem, cuja última edição é de 2009 (Vigotski, 2009a).

Antes da publicação desses títulos, no entanto, já haviam sido realizadas no Brasil diversas pesquisas com referência a trabalhos atribuídos a Vigotski: 17 teses, 44 dissertações, 28 livros, 15 capítulos de livro, 9 livros de autores estrangeiros traduzidos para o português e mais de 90 artigos publicados em periódicos (Mainardes & Pino, 2000). Com base em uma revisão de literatura, feita até o fim da década de 1990, pode-se perceber que, em função da restrição das fontes disponíveis, existiam, nessa época, mais similaridades do que diferenças nas interpretações dos autores brasileiros sobre a teoria de Lev Vigotski (Tuleski, 2008). Embora tivessem sido lançadas traduções de outros textos do autor em português durante esse período, especialmente a partir de 1996, a maioria dos trabalhos no Brasil, até os anos 2000, referenciava sobretudo A formação social da mente e Pensamento e linguagem (Silva & Davis, 2004).

Dessa forma, é possível perceber como essas duas obras tiveram um grande impacto na produção científica brasileira, sobretudo no campo da psicologia da educação. No entanto, já na década de 1980 (Simon, 1987), discutia-se internacionalmente a respeito dos seríssimos problemas existentes na organização e tradução das edições utilizadas como base para essas duas obras - Mind in society (Vygotsky, 1979a) e Thought and language (Vygotsky, 1967). Infelizmente, essa discussão demorou quase uma década para aparecer em publicações brasileiras (Duarte, 1996) - embora a primeira menção ao assunto apareça em um artigo do periódico Em Aberto seis anos antes (Lima, 1990) - e só, coincidentemente, no mesmo ano da publicação da tradução integral de Michlenie i retch no Brasil, é que tomou uma forma mais consistente (Duarte, 2001). Apesar disso, um exame mais específico dos conceitos da obra vigotskiana e suas traduções para o português só foi publicado quase uma década depois (Prestes, 2010).

Em linhas gerais, a organização e a tradução desses dois volumes foram realizadas com imensa liberdade, violando o que fora planejado pelo autor. Verificaram-se imensos cortes, adições de trechos e reescrita de seu texto de modo a simplificá-lo (Duarte, 2001; Prestes, 2010; Prestes & Tunes, 2022; Fuhr et al., 2021; Tunes & Prestes, 2022). A título de exemplo, trouxemos a comparação entre a quantidade de páginas das duas edições nacionais de Michlenie i retch, na Tabela 1, na qual é perceptível o quanto do texto foi eliminado. Optou-se pela comparação com a tradução integral brasileira em vez de alguma das edições russas, pelo fato de aquela ter sido publicada pela mesma editora; a diagramação é muito mais próxima entre as brasileiras do que se comparada com alguma das edições russas.

Tabela 1
Proporção de páginas entre as edições nacionais de Michlenie i retch

Embora compreendamos as razões históricas que levaram a essas modificações nas obras, já expostas por outros autores (Simon, 1987; Golder, 1995; Gillen, 2000), é essencial que, na atualidade, essas duas obras sejam páginas viradas na produção do conhecimento. Infelizmente, não é o que se verifica na realidade brasileira, pois ainda há pesquisadores (Lopes et al., 2023; Moretti & Radford, 2023; Rodrigues & Angotti, 2023) que embasam a fundamentação de suas pesquisas nessas obras, que, inclusive, como já mencionado, continuam sendo publicadas e atribuídas a Vigotski (2019a, 2019b).

Foi diante desse problema que decidimos verificar qual a aderência dessas obras na formação inicial de professores da educação básica, compreendida como um dos elementos que podem favorecer que pesquisadores e professores continuem se valendo dessas obras - há muito já criticadas e vencidas - como fundamentação de suas pesquisas. Para tanto, definimos nosso escopo, em linhas gerais, em torno da seguinte questão: quais são as obras de autoria ou atribuídas a Vigotski mais utilizadas por estudantes de um curso de graduação em pedagogia na elaboração de seus trabalhos de conclusão de curso (TCCs)? Esses e outros dados obtidos nessa investigação já foram publicados em formato de dissertação (Beck, 2023) e serão expostos de maneira resumida neste artigo.

Metodologia

Com a finalidade de responder à pergunta que apresentamos ao final do tópico anterior, realizamos um levantamento tendo por base as monografias de conclusão de curso produzidas em um intervalo de dez anos (2012-2021) por estudantes de um curso de pedagogia de uma universidade pública do estado do Rio de Janeiro. A opção pela realização de um estudo longitudinal foi para problematizar se ocorreram mudanças ao longo desse período, analisando se essa discussão foi integrada ao curso, e tecer algumas considerações sobre suas possíveis repercussões na formação dos estudantes.

Optou-se pelo uso das monografias por entendê-las como um reflexo não só da formação individual do aluno, mas também dos conhecimentos oferecidos no processo de ensino pelo curso à qual se refere. As exigências de aprofundamento teórico em TCCs não são as mesmas em comparação com as das dissertações ou teses, de modo que essas monografias cumprem a importante função de ser, para muitos alunos, o primeiro (e único para alguns) contato com a produção autoral de uma investigação científica, por ser uma exigência obrigatória dos currículos. Como resultado, a formação recebida ao longo do curso de graduação se reflete muito mais nas monografias dos discentes do que nas dissertações e teses. Desse modo, a partir do estudo das monografias é possível compreender mais a fundo aspectos importantes referentes à formação inicial no ensino superior. Essa foi uma das razões pela qual escolhemos trabalhar com monografias de conclusão de curso de graduação como material de análise em vez de uma produção mais especializada, como dissertações e teses. Outra razão importante foi que, de acordo com a legislação brasileira referente à formação docente para a educação básica, exige-se a titulação em nível superior. Então analisar e investigar as monografias de cursos de pedagogia é também investigar a respeito da formação de professores que atuam em escolas de educação básica. No escopo deste trabalho, portanto, o estudo das monografias nesse curso visa a examinar como o pensamento de Vigotski foi apresentado e ensinado nessa universidade para estudantes que, em muitos casos, tornam-se professores que já trabalham ou trabalharão lecionando em escolas.

Entretanto, apesar da importância dos TCCs, o acesso a eles em muitas instituições brasileiras é bastante dificultado. Essa ideia foi percebida inclusive no próprio curso objeto de nossa análise. Apenas a partir do segundo semestre de 2019 houve a possibilidade de as monografias desse curso serem adicionadas ao repositório institucional da universidade, mediante aprovação do aluno e do orientador. Ao longo do período de análise, percebemos que as monografias eram entregues em formato físico (até 2015), em disco compacto (desde o segundo semestre de 2014 até o primeiro semestre de 2019) ou em formato digital por e-mail (desde o segundo semestre de 2019 até a atualidade), na biblioteca central do campus (até o primeiro semestre de 2014) ou na secretaria responsável pelo curso (desde o segundo semestre de 2014 até a atualidade). Além disso, vale frisar que, mesmo com a possibilidade de serem disponibilizadas ao público de modo mais amplo por meio do repositório, apenas a publicação de uma pequena parcela das monografias foi autorizada e está facilmente disponível digitalmente - por exemplo, ao longo de todo o ano de 2020 foram entregues 69 TCCs, porém apenas 17 estão no repositório (> 25%).

Dessa forma, para se ter acesso aos TCCs que não estão no repositório, foi inevitável ter de entrar em contato com a secretaria responsável pelo curso. Por meio dela, tivemos acesso aos resumos de todos os TCCs produzidos por estudantes do curso no período entre 2012 e 2021, totalizando 912 trabalhos. Por se tratar de uma grande quantidade de monografias produzidas, estabelecemos critérios de seleção dos resumos. Esse momento do procedimento foi a primeira etapa da pesquisa. Ao longo dela, definimos algumas palavras-chave, considerando quatro categorias: (I) as diferentes maneiras de se referir à teoria, tais como: sócio-histórica, histórico-cultural, sociointeracionismo(ista) ou sócio-interacionismo(ista), socioconstrutivismo(ista) ou sócio-construtivismo(ista); (II) as diversas grafias do nome do pensador, decorrentes das diferentes maneiras de transliterar seu nome para o português, tais como: Vigotski, Vygotsky, Vygotski, Vigotsky, Vigotskii, entre outros; (III) as diferentes traduções do conceito зона ближайшего развития [zona blijaichego razvitia], tais como: zona de desenvolvimento iminente, zona de desenvolvimento proximal ou zona de desenvolvimento imediato; e (IV) a presença das palavras brincar ou brincadeira associadas a desenvolvimento, sem que houvesse explicitação a alguma linha teórica. Optou-se pela adoção desta última categoria, ainda que não esteja diretamente referida a Vigotski, pois, em uma análise prévia do material, percebeu-se que havia monografias que abarcavam as noções de brincar ou brincadeira e desenvolvimento, mas não estava explícito se o autor bielorrusso era diretamente citado ou não. Caso os resumos preenchessem ao menos uma dessas quatro categorias, eram selecionados para a segunda etapa.

Nessa etapa, solicitamos à secretaria o acesso aos trabalhos selecionados. Esse estágio da pesquisa consistia em verificar as referências bibliográficas de cada um dos trabalhos e dividi-los em três grupos: 1) TCCs que continham referências diretas a pelo menos um texto de autoria ou atribuído a Vigotski; 2) TCCs sem referências diretas a Vigotski, porém com referências que remetem à teoria histórico-cultural, seja citando algum de seus colegas soviéticos - como Aleksei Nikolaevitch Leontiev e Aleksandr Romanovitch Luria - ou assinado por algum intérprete ou comentador; e 3) TCCs que não têm qualquer referência relacionada à teoria. Para enquadrar uma referência como sendo de um intérprete ou comentador da teoria, empregou-se o mesmo critério utilizado para a seleção dos resumos, com exceção da categoria IV, que fora desconsiderada, à exceção de possíveis adjetivações do nome do autor - como vigotskiano(a)(s); vygotskiano(a)(s) - que não foram contempladas nas demais categorias. Optamos por desconsiderar a categoria IV em função de não remeter diretamente ao enfoque histórico-cultural, diferentemente das demais. Inicialmente pretendíamos analisar os grupos 1 e 2, porém, no decurso da investigação, verificou-se que seria mais coerente com os nossos objetivos focar na investigação do grupo 1, de modo que os trabalhos dos grupos 2 e 3 foram descartados deste estudo. Dessa maneira, os TCCs do grupo 1 avançaram para a terceira etapa.

Na terceira etapa, por sua vez, fizemos uma leitura de cada TCC selecionado, utilizando uma ficha analítica para auxiliar na coleta das informações mais relevantes para este estudo, tendo por base o modelo proposto por Ozella (1998). Direcionamos nossa análise para uma compreensão panorâmica do assunto estudado em cada monografia e, posteriormente, para os trechos em que as referências à teoria de Vigotski foram citadas ou em que o termo Vigotski (e suas variações, incluindo formas adjetivadas) fora mencionado. Nessa ficha, as informações estavam divididas em dois grupos, sendo que o primeiro continha elementos gerais da monografia, como ano e semestre, título, autor, orientador(a), palavra(s)-chave presente no resumo e sua referência completa, enquanto o segundo grupo continha dados mais específicos, como área de pesquisa (dentro do campo da educação), temática, tipo de trabalho (empírico ou teórico), referências de Vigotski e de outros autores relacionados à teoria histórico-cultural utilizadas, onde as menções ao autor se encontram no trabalho, quais conceitos aparecem associados a ele, quais as referências que fundamentam cada um desses conceitos e outras informações consideradas relevantes. Posteriormente, a análise dos dados foi realizada com base em informações obtidas com o preenchimento das fichas de todos os TCCs do grupo 1, conforme poderemos verificar mais adiante.

Hipótese

O estudo partiu da hipótese de que os livros A formação social da mente e Pensamento e linguagem continuavam a ser as principais referências nas pesquisas monográficas que afirmam se embasar na teoria desse autor. Essa hipótese se sustentava em dois fatores objetivos referentes ao curso dessa universidade em questão: (a) na última atualização curricular do projeto político-pedagógico desse curso, verificou-se que Vigotski é referenciado em quatro disciplinas obrigatórias ao longo do curso, sempre em conjunto com outros autores, e as bibliografias sugeridas para as disciplinas indicam duas obras: A formação social da mente, que é atribuída a Vigotski, e Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem, uma coletânea com apenas um texto atribuído a Vigotski, intitulado “Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar”, visto que os demais são supostamente assinados por seus colegas Aleksandr Luria e Aleksei Leontiev (Vigotskii, 2012). Além disso, há outras obras clássicas de intérpretes de Vigotski, escritas entre a década de 1990 e a primeira década dos anos 2000, que se amparam, sobretudo, em A formação social da mente e Pensamento e linguagem; (b) a biblioteca que fornece os livros para consulta ao curso de pedagogia em foco contém no seu acervo 27 exemplares de A formação social da mente (Vigotski, 2019a) e 23 exemplares de Pensamento e linguagem (Vigotski, 2019b) - sendo que, no caso deste último, 4 são da edição estadunidense (Vygotsky, 1967) -, que é uma quantidade muito destoante de outros livros presentes na biblioteca com o nome do escritor soviético, que apresenta ainda 9 exemplares do já citado Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem, 2 exemplares de cada um dos 2 primeiros volumes das The collected works of L. S. Vygotsky (Rieber & Carton, 1993) - publicados nos Estados Unidos -, 2 exemplares do livro Estudos sobre a história do comportamento: O macaco, o primitivo e a criança (Vygotsky & Luria, 1996) - composto de 3 capítulos, os 2 primeiros de autoria de Vigotski e o terceiro de Luria -, e 2 exemplares do livro intitulado Teoria e método em psicologia (Vigotski, 2004), contendo textos traduzidos da versão espanhola. Em outras palavras, não há nenhum livro de Vigotski com tradução direta do russo para o português no acervo da biblioteca local da universidade. Com isso, podemos antecipar que nossa hipótese se mostrou parcialmente verdadeira e vamos expor a seguir os resultados que embasam essa conclusão.

Resultados

A seguir apresentaremos: (1) aspectos gerais das monografias, levando em conta a quantidade, as palavras-chave selecionadas e as subáreas no âmbito da educação; (2) aspectos específicos, considerando as partes das monografias em que Vigotski ou sua teoria foram citados e as referências atribuídas a ou de autoria de Vigotski utilizadas nesses estudos.

Aspectos gerais das monografias

Dentre os 912 resumos de TCCs lidos na primeira etapa, foram selecionados 77. No estágio seguinte, por sua vez, desse quantitativo, verificou-se que 69 pertenciam ao grupo 1 (89,61%), enquanto 4 monografias foram alocadas para cada um dos grupos 2 e 3 (5,19% cada). Considerando os critérios de seleção adotados, verificou-se que: 54 dos 69 TCCs (78,26%) do grupo 1 continham, necessariamente, algum termo da categoria II - ou seja, alguma menção direta ao nome do autor; 10 atendiam aos critérios tanto da categoria IV, ou seja, presença das palavras brincar ou brincadeira associadas a desenvolvimento, sem que houvesse explicitação a alguma linha teórica, quanto aos critérios da categoria I (14,5% cada), ou seja, diferentes maneiras de se referir à teoria; e 2 trabalhos atendiam aos critérios da categoria III (2,9%), ou seja, as diferentes traduções do conceito zona blijaichego razvitia. Vale frisar que 8 monografias continham palavras-chave que poderiam ser relacionadas a mais de uma categoria e que a categoria III se mostrou redundante, uma vez que os trabalhos selecionados de acordo com o seu critério foram agrupados na categoria I nas duas ocasiões. A incidência das palavras-chave nos resumos selecionados, em ambas as etapas, pode ser observada na Tabela 2.

Tabela 2
Incidência de palavras-chave nos resumos coletados

Destaca-se que a maioria dos trabalhos está concentrada na subárea da educação infantil - 36 ao todo (> 50%). Além desses, há 6 trabalhos no campo da educação especial (8,7%), 5 tratam de desenvolvimento infantil ou a respeito do ensino fundamental (7,25% cada), com as demais opções (formação de professores, transição da educação infantil para o ensino fundamental, escola de jovens e adultos e educação especial) contando com um número de trabalhos igual ou inferior a 3, bem como outros 7 trabalhos que não se encaixaram em nenhuma das outras categorias.

Aspectos específicos das monografias

No âmbito deste estudo, consideramos especificamente os trabalhos que mais se aproximam dos objetivos da nossa pesquisa, ou seja, de como Vigotski e obras dele ou atribuídas a ele são referenciados. Nossa análise para o primeiro item considerou não apenas se as citações apareceram na fundamentação teórica e/ou na discussão do estudo, mas também se o trabalho utiliza outros referenciais teóricos. Além disso, também observamos se, de fato, a teoria de Vigotski fora efetivamente utilizada como uma ferramenta de análise nas questões da pesquisa, ou se fora tratada apenas de modo superficial, seja a partir do uso de menções isoladas na fundamentação da pesquisa ou como um dos autores que contribuem para a discussão, mas com pouca ou nenhuma articulação com os preceitos que estabelecem as bases da pesquisa. Esses dados foram extraídos da ficha analítica e podem ser conferidos na Figura 1 a seguir.

Figura 1
Onde Vigotski foi citado nas monografias

Não listamos os demais referenciais teóricos utilizados concomitantemente a Vigotski nessas produções por não ser o foco da pesquisa, porém explicita-se que os demais referenciais utilizados eram bastante diversos, entre os quais pôde-se encontrar autores como Paulo Freire, Jean Piaget, Henri Wallon, Walter Benjamin e Sigmund Freud.

Quanto ao segundo item de análise - que diz respeito às referências de ou atribuídas a Vigotski utilizadas por essas pesquisas -, foi possível verificar que a obra A formação social da mente (Vigotski, 2019a) é majoritariamente mais utilizada, aparecendo em 51 das 69 monografias (73,91%). Em seguida, aparecendo em 14 monografias (20,29%), despontam tanto as obras Imaginação e criação na infância (Vigotski, 2009b) como Pensamento e linguagem (Vigotski, 2019b). Os dados completos podem ser observados na Tabela 3.

Tabela 3
Frequência das edições presentes nas referências bibliográficas das monografias

Algumas monografias utilizaram textos de autoria de ou atribuídos a Vigotski publicados em outros países, embora tivessem correspondentes no Brasil. Nesses casos, optamos por agrupá-los junto de obras equivalentes publicadas no país, quando essas já tivessem sido mencionadas em outra monografia. Esse agrupamento aconteceu em quatro circunstâncias: (I) a edição portuguesa de Pensamento e linguagem (Vygotsky, 1979b) foi referenciada em duas monografias, sendo incorporada à categoria do livro homônimo publicado no Brasil (Vigotski, 2019b); (II) um dos trabalhos citou um capítulo da edição espanhola de Pensamiento y lenguaje, presente no volume II das Obras escogidas (Vygotski, 1993), e foi integrado à categoria da obra A construção do pensamento e da linguagem (Vigotski, 2009a), uma vez que essa edição espanhola também foi traduzida diretamente do russo; (III) uma das pesquisas indicou uma tradução portuguesa, chamada Imaginação e criatividade na infância (Vygotsky, 2012), que foi adicionada à categoria do livro Imaginação e criação na infância (Vigotski, 2009b); e, por fim, (IV) outro estudo mencionou uma tradução alternativa de Imaginação e criação na infância, dessa vez para o espanhol, intitulada La imaginacion y el arte en la infancia (Vygotsky, 1982), a qual também foi anexada à categoria do livro publicado em português (Vigotski, 2009b). Além dessas, foram citadas outras duas obras estrangeiras (Vygotski, 1995, 1997), conforme consta na Tabela 3.

Outra observação importante se refere às coletâneas com textos de outros autores. A obra Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem contém textos atribuídos a A. R. Luria e a A. N. Leontiev, e, para garantir que o levantamento não considerasse o uso de capítulos desses outros dois autores, verificamos se a referência correspondia ao texto atribuído a Vigotski ou não (Vigotskii, 2012). Para tanto, examinamos quais páginas desse livro foram citadas e desconsideramos os capítulos de autoria atribuída a A. R. Luria ou a A. N. Leontiev, o que fez com que o número de referências dessa obra especificamente caísse de sete para cinco, pois dois desses estudos não citavam o texto atribuído a Vigotski. Além desse, o livro A história do comportamento: O macaco, o primitivo e a criança tem coautoria de A. R. Luria e estava inicialmente presente no levantamento (Vygotsky & Luria, 1996), pois é mencionado em dois TCCs, porém se constatou que ambos citavam apenas o capítulo 3, de autoria de Luria, motivo pelo qual não consta na Tabela 3.

Por fim, vale trazer outro dado importante: se considerarmos o total de trabalhos que se referenciaram utilizando somente A formação social da mente e/ou Pensamento e linguagem teremos um quantitativo de 31 pesquisas, que corresponde a quase metade dos trabalhos (44,93% ao todo).

Discussão

Na seleção das palavras-chave da primeira etapa, avalia-se que foi uma escolha acertada optar pelo uso da categoria IV, embora seja a única que, isoladamente, não tem nenhuma ligação direta com a teoria de Vigotski. Caso não se optasse pela adoção dessa categoria, dez trabalhos (14,49% dos selecionados para a segunda etapa) não entrariam na amostra por não corresponderem às demais categorias empregadas.

A Figura 1 mostra que há um número considerável de TCCs em que Vigotski fora mencionado apenas na fundamentação da pesquisa (50%), dos quais a maior parte contou com outros referenciais teóricos (41%). Se somarmos às monografias em que o autor praticamente não apareceu (Praticamente ausente) - grupo composto de trabalhos em que Vigotski é citado uma ou duas vezes, de modo que não é possível afirmar que de fato o autor está compondo a fundamentação da pesquisa, ou mesmo que contribui para a discussão -, chegaremos à conclusão de que mais da metade dos trabalhos efetivamente não se vale da teoria de Vigotski como ferramenta de análise de seu objeto. Verifica-se, assim, que em apenas dezoito pesquisas (26%) o autor se manifesta tanto na fundamentação como na discussão, embora somente em metade desse conjunto figure como única perspectiva teórica presente.

Quanto às referências, observou-se que nossa hipótese inicial estava correta, embora não imaginássemos, em princípio, que a obra Imaginação e criação na infância tivesse a mesma frequência de Pensamento e linguagem, nem que a incidência de A formação social da mente seria mais de três vezes superior a Pensamento e linguagem. Vale relembrar que há severas críticas (Duarte, 1996, 2001; Prestes, 2010; Prestes & Tunes, 2022; Tunes & Prestes, 2022) feitas a respeito dessas duas obras ou de seus correspondentes estadunidenses (Simon, 1987; Gillen, 2000), que, infelizmente, ainda são empregadas como fundamento exclusivo da teoria vigotskiana em quase metade dos trabalhos. Acredita-se que essa alta incidência ocorra não só em função das possíveis influências que a formação do curso de pedagogia exerce sobre as estudantes, mas também por conta do acervo deficitário de obras de autoria de Vigotski presentes na biblioteca local. Temos também como hipótese que há uma posição refratária de alguns professores em relação às traduções e aos estudos atuais da obra de Vigotski no Brasil, que poderia justificar a alta frequência do uso dessas obras nos estudos analisados. Entretanto tal hipótese necessita de outras investigações para sua comprovação. Dessa maneira, a partir do que foi estudado e analisado, constatamos que não houve nenhuma mudança significativa ao longo dos anos, apesar dos esforços dos pesquisadores em denunciar essas questões recorrentemente ao longo de pelo menos mais de quase três décadas (Duarte, 1996, 2001; Prestes, 2010).

Por outro lado, tomamos com entusiasmo a relevante incidência de Imaginação e criação na infância por: (a) se tratar de uma publicação relativamente nova - em que a sua primeira edição data de 2009 - quando comparada às traduções atribuídas a Vigotski que são da década de 1980, que conseguiu, em poucos anos, ser inserida no curso estudado; (b) conseguir se equivaler em frequência a Pensamento e linguagem, que nossa hipótese inicial considerava que poderia ter uma incidência mais alta; (c) esse resultado ter sido obtido apesar de a biblioteca da universidade não possuir nenhum exemplar desse livro disponível para empréstimo, conforme relatado na metodologia. Essa informação nos sinaliza que a falta de volumes na biblioteca local pode não ser, por si só, um impeditivo para que haja um uso mais frequente de outros livros atribuídos a ou de autoria de Vigotski da parte do corpo discente em suas monografias. Outro aspecto positivo é que o quarto título mais citado, “A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança”, é um artigo traduzido diretamente do russo. Essa publicação, inclusive, é a tradução direta do texto Игра и её роль в психическом развитии ребёнка [Igra i ieio rol v psirritcheskom razvitii rebionka], que chegou a ser lançada de forma completamente censurada e resumida em A formação social da mente com o título “O papel do brinquedo no desenvolvimento”, além de apresentar a confusão na tradução da palavra russa igra, substituindo-a por brinquedo, em vez de brincadeira ou jogo. Com isso, achamos bastante positivo que esse texto desponte na bibliografia de sete trabalhos (10,14%), mostrando que houve estudantes que preferiram se utilizar desse artigo como referência à teoria de Vigotski em vez do texto adaptado e censurado, publicado em A formação social da mente.

Considerações finais

Este estudo traz novos questionamentos: como será que a discussão das traduções da obra de Vigotski ocorre em outras instituições, brasileiras ou não? Será que há diferenças significativas no modo como os estudantes tratam a teoria histórico-cultural dependendo da instituição em que fazem seus cursos? A persistência no uso de A formação social da mente e Pensamento e linguagem se mantém na formação de licenciandas(os) de outros cursos, que não sejam de pedagogia?

Nossa investigação concluiu que, no curso de pedagogia estudado, ainda se recorre a essas duas obras como suposto fundamento da teoria vigotskiana, em detrimento de toda produção científica já produzida a respeito, contraindicando os seus usos. O cenário se mostra mais grave ao verificar a publicação recente de artigos em que essas obras permanecem despontando como fundamentação teórica (Lopes et al., 2023; Moretti & Radford, 2023; Rodrigues & Angotti, 2023).

Esses dados também são preocupantes quanto ao currículo de formação de professores da educação básica desse curso de pedagogia, uma vez que, no que se refere a Vigotski, não aparenta haver um esforço coletivo em se atualizar a partir do que vem sendo produzido pela literatura acadêmica há décadas. Se há a pretensão de formar profissionais sérios, engajados com a produção científica e que pensem e ajam criticamente em face da realidade, seja em sua vida privada, seja em seu ofício, é imperativo que os cursos de licenciatura lidem seriamente com os teóricos com os quais trabalham, atualizando-se e não se conformando em manter leituras equivocadas, problemáticas e com diversos vieses, tal como vem ocorrendo com Vigotski.

Com isso, percebemos um conjunto amplo de interpretações da obra de Vigotski que diminui a consistência de sua teoria diante de outros referenciais teóricos em que esse fenômeno ocorre com menor intensidade. Por isso, esperamos que este estudo seja mais um passo para que essa teoria seja tratada com mais seriedade e, sobretudo, que não seja retirada de seu contexto, de maneira semelhante à que ocorreu com as publicações de A formação social da mente e Pensamento e linguagem. Além disso, também chamamos a atenção de cientistas e profissionais da educação e da psicologia, especialmente os brasileiros, para um exame mais minucioso de questões de tradução no trabalho com textos de autores estrangeiros, para que esses problemas não continuem ocorrendo.

Limitações do estudo

No decorrer desta investigação, identificaram-se algumas limitações. A primeira delas é a falta de aprofundamento no uso de referências de comentadores e intérpretes da obra de Vigotski que despontaram nas monografias, uma vez que sua teoria também foi fundamentada em alguns trabalhos a partir dessas obras.

Outra limitação é decorrente desta: falta um exame minucioso de quais obras são utilizadas para referenciar conceitos da teoria vigotskiana. Já foi realizado um exame preliminar dessa questão (Beck, 2023), porém avalia-se que ainda carece de maior aprofundamento.

Por fim, uma última limitação é que, embora se tenha identificado a manutenção do uso de A formação social da mente e Pensamento e linguagem nas referências como textos de fundamentação teórica, ainda não se investigaram os motivos que levam a essa continuidade, dentro do curso estudado. Esse questionamento em particular necessitaria de uma investigação própria, mas já sinalizamos que nossa hipótese é a de que há uma posição refratária de alguns professores em relação a novos estudos e traduções de Vigotski no Brasil.

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    Sempre que nos referirmos a algum termo em russo, optamos por apresentar sua forma original em alfabeto cirílico, seguido de sua transliteração em alfabeto latino, apenas na sua primeira ocorrência. Nas ocorrências subsequentes, utilizamos somente a sua forma transliterada.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (Capes) - Código de Financiamento 001.

Disponibilidade de dados

Os dados subjacentes ao texto da pesquisa estão informados no artigo.

  • Como citar este artigo
    Beck, M. T., & Prestes, Z. (2025). L. S. Vigotski nas monografias de um curso de pedagogia (2012-2021). Cadernos de Pesquisa, 55, Artigo e11292. https://doi.org/10.1590/1980531411292

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jun 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    02 Jul 2024
  • Aceito
    05 Fev 2025
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