Resumo
A recepção de O Segundo Sexo , de Simone de Beauvoir, na Europa e nos Estados Unidos, principalmente a partir dos anos 1950 até os anos 1980, deu origem a muitas críticas. Nos círculos intelectuais, bem como nos estudos de gênero e feministas, tais críticas se consolidaram em interpretações dominantes do pensamento beauvoiriano. Na atualidade, novas leituras de suas obras, à luz de textos inéditos tornados públicos nos anos 1990, sugerem a necessidade de examinar o que tem sido dito e escrito sobre esse livro. Este artigo busca compreender as condições sociais e históricas de produção dessas críticas e refletir sobre como se tornaram dominantes por meio da investigação das relações de forças no interior dos círculos intelectuais — principalmente na França, nos Estados Unidos e na Inglaterra — e do processo que Margaret Simons chamou de “o silenciamento de Simone de Beauvoir”. O referencial teórico envolve a noção de campo intelectual, originária da obra de Pierre Bourdieu, mas que também é aplicada por pesquisadoras e pesquisadores de correntes sociológicas diversas a fim de refletir sobre as relações conflituosas que se estabelecem entre indivíduos e grupos nos círculos intelectuais. Por meio desse referencial, será possível colocar em questão diversas interpretações da obra beauvoiriana.
Simone De Beauvoir; Gênero; Silenciamento; Campo Intelectual; Trajetórias Intelectuais; Feminismo