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Mulheres e leitoras: entre oralidade e escrita, espaços privados e públicos

Women and Readers: Between Orality and Writing, Private and Public Spaces

Resumos

Neste estudo abordamos as mulheres e suas práticas de leitura, historicamente construídas, nas relações oralidade e escrita, espaços privados e públicos, em três momentos históricos. Partimos do mito de Pandora descrito pelo poeta Hesíodo e das mulheres atenienses denominadas por Lessa de modelo de Mélissa. Em seguida, apresentamos leitoras da Idade Média por meio de pinturas em diferentes gêneros e estilos: renascentistas, barrocas, do maneirismo, avançando para imagens realistas, do século XV e do século XVIII. Finalmente apresentamos dados sobre as práticas de leitoras brasileiras entre 15 e 64 anos, publicados no livro Letramento no Brasil (2004). Esses três recortes históricos evidenciam que as relações entre oralidade e escrita, espaços privados e públicos marcaram as práticas culturais de leitura das mulheres e as mobilizaram para produzir novas maneiras de ler, em diferentes suportes e gêneros, na sociedade contemporânea.

Gênero; Mulheres-Leitoras; Práticas de Leitura; Espaços Privados e Públicos


This article deals with women and their reading practices as historically constructed in relations between orality and writing, public and private spaces, in three different moments. First, in ancient times, with the myth of Pandora described by the poet Hesiod and with the Athenian women which Lessa presents as the Melissa Model. We then look at some paintings of different genres and styles - Renaissance, Baroque, Mannerism, Realistic - from the 15th to the 18th century, which represent female readers of the Middle Ages and their ways of reading. The third stage analyses data on the practices of Brazilian readers between 15 and 64 years old, published in the book "Literacy in Brazil" (2004). These three slices show how the relations between orality and writing, public and private spaces stamped the reading practices of women and mobilized them to produce new ways of reading.

Women; Readers; Reading practices


Se a história das mulheres é uma história de silêncios como afirma Perrot (2005)PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru-SP, EDUSC, 2005., isso se repete nas histórias de leitoras. É preciso descobrir nas entrelinhas das referências escritas e iconográficas a presença quase invisível das leitoras. Por essa razão, optamos por buscar em ambas as referências, textos e imagens que revelassem as mulheres e suas maneiras de ler. A pesquisa bibliográfica incluiu referências escritas, o mito de Pandora e uma obra clássica da literatura grega, Os trabalhos e os dias. Foram analisadas representações de leitoras em oito pinturas1 1 As imagens das pinturas foram acessadas do blog <http://osilenciodoslivros.blogspot.com>. , que vão do século XV ao século XX, de pintores como Rafaello, Renoir, Bronzino, Nicolaes de Maes, Carl Larsson, Edward Hopper e Jean-François de Troy e Almeida Júnior.

Partindo do pressuposto de ser a leitura um objeto histórico, que se constrói nas práticas culturais do cotidiano, também as maneiras de ler são produzidas no interior das práticas femininas do cotidiano. As maneiras de ler sofrem influência de vários fatores, tais como sexo, idade, profissão, condição econômica, localização geográfica, lugar social, momento histórico. Entretanto, este estudo não pretende focar a diferença sexual entre homens e mulheres, mas os usos sexualmente diferenciados de modelos culturais comuns a homens e mulheres.

Buscamos em Chartier (1996)CHARTIER, Roger. Do livro à leitura. In:. CHARTIER, Roger. Práticas de leitura. São Paulo, Estação Liberdade, 1996. a concepção de clivagens culturais, que segundo o autor desvelam as marcas, os vestígios, os sinais deixados pelas leitoras nos objetos lidos e nas imagens que fixam situações de leitura, possibilitando refletir historicamente sobre essa prática.

Uma história de mulheres: entre oralidade e escrita, espaços privados e públicos

Iniciamos com Pandora, a primeira mulher de carne e osso dotada da linguagem humana. O mito de Pandora, como fenômeno cultural, parece ter representado a transição do mundo das tradições e da cultura oral para o mundo da história e da cultura escrita. Essa relação oralidade-escrita marcou a história das mulheres desde suas origens, uma vez que, por longo tempo, elas permaneceram reclusas nos espaços privados e no mundo da oralidade, tendo acesso à cultura escrita somente à medida que conquistaram os espaços públicos.

Hesíodo (1991)HESÍODO. Os trabalhos e os dias. São Paulo, Iluminuras, 1991., no livro Os trabalhos e os dias, apresenta o mito de Pandora como um momento de transição da civilização grega. Surgida em um período de mudanças, a obra de Hesíodo retrata o conflito da passagem do mundo das tradições e da oralidade para o mundo da história e da escrita, do monetarismo. Ao situar o mito de Pandora no período de transição das tradições de uma sociedade agrícola para uma sociedade de mercado, ampliam-se suas possibilidades de leitura e da figura feminina de Pandora.

Segundo Almería (2006)ALMERÍA, Luis Beltrán. Pandora em la encrucijada de los tiempos. Culturas Populares, Revista Eletrônica, nº2, maio/ago 2006. Disponível em: em: <http://www.culturaspopulares.org/textos2/articulos/beltranalmeria.pdf>. Acesso em 10 fev. 2009.
http://www.culturaspopulares.org/textos2...
, a misoginia para os gregos não carregava o sentido de depreciação do gênero feminino; era apenas uma característica da sociedade patriarcal. Um patriarca precisava de várias mulheres para uma prole numerosa que o ajudasse nas tarefas agrícolas. O principal papel das mulheres consistia exatamente na geração de filhos ao patriarca. Os conceitos de espaço e tempo, vinculados à terra, eram regrados por valores concebidos numa totalidade orgânica: o grande, o belo e o bom, o verdadeiro e o justo não podiam ser separados e tomados individualmente.

Nessa perspectiva, o conflito entre os valores da cultura agrária e a nova cultura mercantilista, presente no mito de Pandora, permite-nos inferir que o castigo de Prometeu, por ter se rebelado contra Zeus, supõe a ruptura da unidade de valores beleza/bondade, uma vez que o monetarismo destruiu os valores da tradição ameaçados pelo novo valor, a sedução. Se nas tradições, a beleza era vinculada à figura das mulheres, Hesíodo retirou da beleza de Pandora os valores a ela agregados. Depois de Hesíodo, os gregos entenderam a figura do homem bom como essencialmente masculina, ignorando que Pandora representava esse ideal supremo de alma bela.

Por isso, o mito de Pandora é também a separação do homem e da natureza, visto como a separação irremediável da unidade de valores do mundo das tradições. Assim, na versão de Hesíodo em Os trabalhos e os dias, Pandora representou também a separação dos valores indissociáveis de beleza, bondade, verdade e justiça no mundo das tradições.

Lessa (2004)LESSA, Fábio de Souza. O feminino em Atenas. Rio de Janeiro, Mauad, 2004., ao analisar a mulher na cultura grega, revela uma face feminina das mulheres atenienses, que chamou de modelo de Mélissa, dando-lhes contornos próprios e desconstruindo o modelo idealizado que excluía as mulheres dos espaços públicos, durante os séculos V e IV a.C. A esposa bem-nascida não era apenas a mulher silenciosa, mantida reclusa no interior de sua casa para cuidar dos filhos e das artes de fiar, tecer e bordar. As mulheres formaram grupos femininos mais ativos na sociedade políade, constituída por uma unidade de oposições, na qual conviviam cidadão e não cidadão, livre e escravo, pobre e rico, civilizado e bárbaro, homem e mulher, com participação informal na pólis que era a cidade. Entendemos que nas relações informais estabelecidas no espaço público, as esposas bem-nascidas nem sempre permaneciam silenciosas no interior do gineceu, embora fossem destinadas a se casar muito jovens para gerar filhos e administrar o oîkos, espaço doméstico em que passavam a maior parte do tempo.

Essas mulheres, as mélissas, segundo Lessa,

eram as esposas legítimas dos cidadãos atenienses, através de táticas, criaram lugares sociais de participação e fala, organizaram espaços específicos de validação social, constituíram redes sociais informais cujo elemento de coesão era a amizade - philía - e atuaram na integração e reprodução da estrutura políade através das práticas rituais e das festas cívicas públicas e políticas (Lessa, 2004LESSA, Fábio de Souza. O feminino em Atenas. Rio de Janeiro, Mauad, 2004.:12).

Atuando indiretamente na estrutura da políade, as atenienses romperam as barreiras do espaço privado para o público, espaço de poder masculino, ocupando os lugares de participação e de fala, cujo elemento de coesão era a philía: a amizade com vizinhas, parentes e associações religiosas na sociedade políade. Dessa forma, as esposas legítimas conquistaram seu espaço cívico na pólis.

O cívico enquanto espaço de participação informal,

excede os meios formais de participação, bem como os espaços físicos tradicionais para tais práticas e os segmentos sociais masculinos. Ele engloba as formas de participação informais e a diversidade de grupos sociais que compõem a pólis, favorecendo a desconstrução da noção fixa de passividade feminina (Lessa, 2004LESSA, Fábio de Souza. O feminino em Atenas. Rio de Janeiro, Mauad, 2004.:13).

As táticas utilizadas pelas esposas bem-nascidas, ao constituírem grupos informais de participação e fala, colaboraram para que elas criassem uma identidade feminina própria dentro do sistema hierarquizado e pluralista da estrutura da pólis, sem enfrentar diretamente a ordem estabelecida ateniense e o poder masculino no espaço público. Assim, é possível que as mulheres atenienses tenham alcançado relativa autonomia dentro do espaço social, ampliando para além do oîkos sua participação ativa.

Portanto, já na Antiguidade, as mulheres mélissas, ao apropriarem-se da palavra nos espaços públicos, enfrentaram uma luta árdua. Sempre associada ao masculino, a palavra era o equipamento político para a comunicação entre os cidadãos nos espaços públicos, usada como ferramenta para o debate, o discurso, a oratória, uma vez que a política se baseava na palavra. Assim, a palavra transformou-se em instrumento de poder que se estendeu a toda Koinonía, unidade cívica entre os cidadãos na pólis. Nessa perspectiva, restou às mélissas, por meio de táticas, criarem formas indiretas de comunicação como a tecelagem.

Como boas mães e esposas junto ao cidadão pleno, as mulheres mélissas não podiam se furtar ao uso da palavra como forma de afirmar a identidade de cidadãos exemplares de maridos e pais, a fim de legitimar a cidadania do homem grego. Coube então a elas desempenhar dois papéis: de um lado, como filhas e esposas precisavam estar sempre atentas às consequências de uma informação que circulasse fora do oîkos, isto é, do espaço privado, doméstico; de outro, como vizinhas e parte de uma comunidade, deviam veicular informações para legitimar a cidadania masculina nos espaços públicos. Configurava-se a participação das mulheres nos espaços públicos por meio da palavra.

Embora, estudos como o de Lessa (2004LESSA, Fábio de Souza. O feminino em Atenas. Rio de Janeiro, Mauad, 2004.) revelem a presença, ainda tímida, das mulheres nos espaços públicos, participando de alguma forma da vida social, o eixo central da história das mulheres foi a pouca visibilidade que tiveram durante séculos. Para Perrot (2005PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru-SP, EDUSC, 2005.), até final do século XIX, as mulheres foram mais imaginadas, idealizadas, representadas que descritas, narradas, contadas. Frequentemente excluídas da vida pública, não apareciam nas estatísticas, não votavam, não tinham visibilidade em arquivos públicos, e só começaram a ter presença à medida que se apropriaram da leitura e da escrita. Nesse sentido, as mulheres e, consequentemente, as leitoras deixaram marcas, sinais, traços quase indeléveis, pois eram vistas como uma espécie de figurantes nos espaços públicos. É por meio dessas marcas, indícios, pegadas que nos propomos a traçar suas trajetórias como leitoras.

Na Idade Média, manter as mulheres confinadas nos estreitos limites do lar era uma questão de ordem, pois elas despertavam desconfiança e medo. Segundo Piponnier (2002), a Igreja incorporou o feminino como uma categoria abstrata, numa sociedade em que a ordem estabelecida estava subordinada à ideia de hierarquia. O feminino, visto como algo inferior em relação ao masculino, construído historicamente, se opunha à imagem positiva e superior dos homens. Fundamentos teológicos, como a inferioridade de Eva, sustentaram os sentidos associados à distinção feminino/masculino dos primeiros tempos do cristianismo e justificavam os preconceitos contra a mulher.

Segundo Klapisch-Zuber, o feminino mantém uma ambivalência ideologicamente construída:

O homem é unidade, o masculino, unívoco. A mulher é ao mesmo tempo Eva e Maria, pecadora e redentora, megera conjugal e dama cortesã. Dentre estas facetas, o feminino não escolhe, justapõe (Klapisch-Zuber, 2002KLAPISCH-ZUBER, Christiane. Masculino e feminino. In: LE GOFF, J.; SCHMITT, J. C. (orgs). Dicionário Temático do Ocidente Medieval. Bauru-SP, EDUSC/São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 2002.:149).

Tendo os horizontes limitados ao espaço privado, destinadas ao papel de criaturas submissas, as mulheres medievais foram disciplinadas por prescrições morais rígidas e formas de controle para mantê-las na invisibilidade que herdaram das mulheres da Antiguidade. Nem mesmo as relações de amor cortesão que surgiram nessa época e o culto de adoração à Virgem Maria conseguiram desfazer essa imagem.

Cenas de leitoras e de leituras: um diálogo possível entre o visível e o legível

Na pintura, as mulheres foram retratadas de múltiplas formas: solitárias e acompanhadas, distantes e atentas à leitura, mas repetidamente representadas em uma relação intimista com o escrito, quase sempre em espaços privados. Ainda no início do século XX, raramente mulheres apareciam lendo em público. Em casa, eram representadas lendo para os filhos ou entre elas, pois a leitura de mulheres era vista como uma atividade feminina, em meio à costura, bordados e afazeres domésticos. Entretanto, nossa pesquisa bibliográfica apontou que, para além dos documentos escritos, na pintura, as representações das leitoras e suas maneiras de ler sugeriam o perfil-leitor das mulheres em diferentes momentos e espaços.

Mas se uma página escrita é para ser lida enquanto um quadro deve ser visto, quais fronteiras existiriam entre ler um texto e ler um quadro? Pode-se pensar num possível diálogo entre o visível e o legível?

Chartier (1996)CHARTIER, Roger. Do livro à leitura. In:. CHARTIER, Roger. Práticas de leitura. São Paulo, Estação Liberdade, 1996. discute essa modalidade de leitura, ao tratar da leitura de imagens, alertando para a identificação das diferenças, ao mesmo tempo em que ressalta "as estreitas relações estabelecidas na tradição ocidental entre textos e imagens, leitura do escrito e 'leitura'do quadro" que articulam o visível sobre o legível.

Marin (1996)MARIN, Louis. Ler um quadro. In: CHARTIER, R. (org.). Práticas de leitura. São Paulo, Estação Liberdade, 1996. apresenta três características fundamentais que permitem falar em leitura de quadro. Primeiramente, considera que a página escrita contém elementos de iconização (espaços, sinais, marcas) que provocam efeitos de visualização, de tal forma que a página escrita ou impressa é, ainda que imperceptivelmente, visualizada. Eis uma primeira fronteira em que a leitura do quadro e a leitura do texto se interpenetram. Em seguida, o autor propõe um método de pesquisa para expor as relações entre o legível e o visível, delineando campos teóricos pertinentes que situem as diferenças e semelhanças entre a leitura do texto e a leitura do quadro. Uma terceira característica de seu estudo é dimensionar pontos de ligação e de oposição entre o legível e o visível.

Portanto, há três problemas relacionados à leitura de quadro e leitura do escrito. De acordo com Marin, para ler um quadro é preciso

reconhecer uma estrutura de significância: que tal forma, tal figura, tal traço seja um signo, que representa alguma coisa sem que saibamos necessariamente qual seja essa outra coisa representada (Marin, 1996MARIN, Louis. Ler um quadro. In: CHARTIER, R. (org.). Práticas de leitura. São Paulo, Estação Liberdade, 1996.:118-119).

Então lemos um quadro na medida em que ele representa alguma coisa. Em segundo lugar, se o quadro pode ser visto como um enunciado pictórico semelhante a uma frase; se no quadro algo funciona como verbo, sujeito, então ler um quadro seria "decifrar, interpretar, visar e talvez adivinhar o sentido de um discurso". A pintura seria nessa perspectiva um discurso de imagens. A terceira questão são as dimensões históricas e culturais da leitura de um quadro. O quadro remeteria à leitura da narração que o artista traduziu em imagem visual, ou seja, "o expectador dever 'ler'o quadro para ver aquilo de que fala o texto (que o quadro traduz e ao qual remete ou refere-se)" (Marin,1996MARIN, Louis. Ler um quadro. In: CHARTIER, R. (org.). Práticas de leitura. São Paulo, Estação Liberdade, 1996.:119).

Na Idade Média, pinturas da Virgem lendo foram recorrentes. Eram representações de mulheres lendo, que transmitiam o sentimento de devoção pelo escrito sagrado a que se tinha acesso apenas pela fé cristã, por intervenção de uma autoridade da Igreja que representava o divino. A pintura que se segue é de Rafaello e representa a Virgem Maria lendo.

Pintura 1
A virgem com o menino, Rafaello (1498).2 2 As imagens utilizadas neste estudo foram acessadas do site <https://www.google.com.br/search?q=PINTURA+LEITURA&rlz=1C1AVSA_enBR436BR436&espv=2&biw=1366&bih=659&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=GZ0qVNDDMsSwggTs_YLwDw&ved=0CBwQsAQ>.

Rafaello (1483-1520), pintor renascentista, representou a Virgem de perfil. Sobre sua cabeça um fino véu. Em seu colo dorme o menino Jesus. Ela dirige o olhar à página aberta do livro - a Bíblia ou o Livro de Horas - sobre um suporte, sem tocá-lo. Ao fundo, uma abóbada lembra o interior de um templo e emoldura a figura da Virgem, destacando-a. Segundo Fischer (200:155)FISCHER, Roger Steven. História da Leitura. São Paulo, Editora UNESP, 2006., na Idade Média, "como muitas damas carregavam os livros de horas para o ofício divino, pintores medievais começaram a exibir a Virgem Santa como uma delas, com o livro na mão".

A imagem seguinte é do quadro Retrato de uma moça com um livro, de Bronzino (1503-1572), pintor italiano, predominantemente palaciano, considerado um dos maiores representantes do maneirismo. Quando pintou o quadro, Bronzino trabalhava para a família Médici; era o pintor favorito do próprio Cosme de Médici que governava Florença. A pintura retrata, possivelmente, uma jovem da nobre família.

Pintura 2
Retrato de uma moça com um livro, Bronzino (1545).

A jovem leitora segura um livro fechado com a mão direita, em direção ao coração, evidenciando que o objeto não era somente um suporte da escrita. O livro de capa preta está fechado com um laço de fita a envolvê-lo, sugerindo o mistério da Palavra Divina, ali guardado. A vestimenta fechada e o corpo aprumado reafirmam o cerimonial de devoção diante do objeto que, lido ou não, acima de tudo era reverenciado. Embora o olhar sugira certo distanciamento da leitora, seu semblante evidencia uma devota desse objeto sagrado, provavelmente o Livro de Horas.

No século XII, o Livro de Horas tornou-se o livro mais popular na Europa. Adaptado para leigos, o livro trazia um calendário com os dias santos, preces, ofício dos mortos. De bolso, podia ser facilmente carregado para a capela, principalmente pelas mulheres que eram leitoras devotas, e não precisavam mais nenhuma mediação para dirigir-se a Deus. Segundo Fischer, "as mulheres leitoras que possuíam livros de horas também tinham a Palavra de Deus, a qual, por meio da alfabetização, podia ser conhecida por elas, sem a mediação masculina" (2006:155). O Livro de Horas foi ainda bastante utilizado como manual para alfabetizar crianças nos palácios. Era sempre uma mulher, a mãe ou a ama-seca que ensinava o abecedário utilizando-o como manual.

Abaixo, um quadro de Nicolaes Maes (1634-1693) mostra uma velha senhora dormindo sentada. O pintor holandês do século XVII, barroco, de gênero doméstico e retratos, pintava frequentemente mulheres fiando, cozinhando ou lendo a Bíblia.

Sobre o colo, a leitora tem um livro aberto e uma lente de aumento, objetos que remetem a uma leitura recém realizada. À sua esquerda, sobre uma mesinha coberta por uma toalha vermelha, há um livro aberto ao meio, com o canto esquerdo da página dobrada, apontando possivelmente uma leitura interrompida; um pouco abaixo do livro, um tear, objeto de trabalho manual, símbolo do trabalho feminino. Juntos, o tear e o livro sagrado representariam as atividades femininas de tecer e de ler no espaço doméstico, que o pintor retratou em vários quadros. Com os fios tecidos no tear e as palavras no texto, a velha senhora parece produzir a vida material e espiritual. A vestimenta desprovida de qualquer luxo põe em relevo uma artesã e, na cabeça, um manto branco que desce sobre os ombros remete aos sentimentos de obediência e respeito pela Palavra Divina.

Pintura 3
Velha dormindo, Nicolaes Maes (1656).

No século XVIII, a leitura e os leitores foram representados na pintura em movimentos alternados, ora imagens de homens, mulheres, crianças lendo solitariamente, ora leituras coletivas. A imagem que se segue mostra uma leitura partilhada de Jean-François de Troy (1679-1752), pintor francês de estilo barroco, que retratou em A leitura de Molière a prática da leitura em voz alta.

A imagem que se segue mostra um grupo aristocrático de cinco mulheres deleitando-se com a escuta do texto; uma delas inclina-se para alcançar o escrito. Apenas um homem entre elas participa da leitura-escuta. O ambiente é sofisticado, poltronas estofadas, cortinas, paredes forradas, enfeites compõem um cenário de um salão em estilo barroco. As vestimentas que as mulheres trajam evidenciam o luxo da aristocracia. Corpos languidamente acomodados nas poltronas sugerem uma leitura descontraída, em que as mulheres parecem familiarizadas com a escuta. Num momento de pausa, os olhares revelam o deleite em torno do livro.

Pintura 4
A leitura de Moliere, Jean-François de Troy (1728).

No século XIX, a pintura retratou o crescimento das leituras solitárias e partilhadas, intensivas e extensivas, das leitoras com livros fechados ou abertos, solitárias ou acompanhadas, na intimidade ou em público.

A imagem que se segue é um quadro de Pierre Auguste Renoir (1841-1919), pintor francês, que representa uma prática de leitura silenciosa e solitária no quadro A Leitora. Uma jovem leitora sentada, de perfil, segura um livro aberto, com os olhos voltados para o texto e o corpo aprumado na cadeira. Um jogo de luz e sombra põe em evidência a luz que parece emanar da leitura do livro e iluminar o rosto da leitora. O vestido preto acrescenta seriedade ao ato da ler. Os livros tipo brochura, bastante manuseados e dispostos ao lado do tinteiro, sugerem uma leitora assídua.

Pintura 5
A leitora, Renoir (1877).

Nas representações de leitura do século XX ficam em evidência mulheres lendo em lugares definidos, que dão novos contornos às práticas femininas de leitura. Cenas de leitura doméstica na intimidade do quarto se ampliam para espaços específicos como no quadro de Larsson. A presença de uma leitora no escritório, um espaço predominantemente masculino, no início do século XX, ainda era algo incomum na época.

Carl Larsson (1853-1919), pintor sueco, tornou-se conhecido pelas coleções de aquarelas que retratam a vida de sua família. A jovem sentada, provavelmente uma mulher da família do pintor, veste roupas de dormir e tem entre as mãos um livro aberto. Ela segura o livro a certa distância dos olhos e lê recostada em um sofá no escritório da família. Há uma mesa espaçosa com livros e cadernos aparentemente organizados para suas leituras. Dois livros abertos indicam possíveis leituras que ela ou outro leitor da família havia realizado. À direita, um globo terrestre, se comparado ao ato de ler, relacionaria as leituras como viagens pelo mundo do conhecimento, slogan muitas vezes empregado em campanhas de incentivo à leitura, ainda hoje: "Ler é viajar." Ao fundo, muitos livros, coleções encadernadas apontam para a existência de outros leitores da família. As três cadeiras vazias reforçam a existência desses leitores ausentes.

Pintura 6
Sala de leitura, Carl Larsson (1909).

A imagem seguinte mostra uma leitora em viagem. Se ler é viajar como meio de conhecimento, viajar lendo quase sempre representa uma leitura de lazer, para passar o tempo. No século XX, as mulheres já circulavam sozinhas, mais livremente nos espaços públicos.

Pintura 7
Cabine de trem, Edward Hopper (1938).

As imagens de leitoras em movimento surgiram no século XX, como no quadro de Hopper (1882-1967), pintor norte-americano, realista, do período entreguerras. A mulher retratada lê no trem. A paisagem na janela cria um efeito de movimento, mas a leitora solitária permanece com o corpo em repouso, sentada, atenta ao texto. Os olhos, que se dirigem ao escrito, parecem ler. O objeto de leitura parece um livro e outro livro fechado sobre o assento denota que a leitora costuma ler em viagem. A situação sugere uma leitura extensiva, possivelmente um passatempo para enfrentar a solidão.

A pintura seguinte mostra uma leitora da segunda metade do século XIX. Ela foi retratada por José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1899), brasileiro, pintor e desenhista, considerado precursor da temática regionalista no Brasil.

Pintura 8
Leitura, Almeida Júnior (1892).

O quadro mostra uma jovem sentada em um terraço, lendo. Seu corpo parece confortavelmente acomodado na poltrona. Ela segura com a mão esquerda um livro, a capa dobrada e o olhar voltado para a página que lê silenciosamente. Os longos cabelos cuidadosamente trançados, a blusa de jabô, o leque apoiado no colo levemente preso pela mão direita sugerem certa nobreza. O terraço lembra um casarão em uma cidade do interior paulista, onde o pintor viveu a maior parte de sua vida. Ao lado, uma cadeira vazia, um livro fechado, uma capa preta indicam a presença de outro leitor no ambiente. Parece tratar-se de uma leitura extensiva, que poderia ser de um romance, muito frequente na época.

Segundo Moraes (1998:2)MORAES, Maria Arisnete Câmara de. A leitura de romances no século XIX. Caderno CEDES vol.19, nº 45, Campinas-SP, julho, 1998., às mulheres brasileiras do século XIX eram recomendadas leituras "amenas e delicadas, cujas temáticas girassem em torno de amores românticos e bem-sucedidos". Os escritores, editores e professores, como profissionais autorizados, decidiam o que as mulheres deviam ler, estabelecendo as leituras que eram modelos de vida para a jovem leitora. De certa forma, o sentido único imposto pela escola brasileira, ao estabelecer os cânones literários em meio à pluralidade de interpretações da leitura de romances, acabou impondo às leitoras uma leitura passiva.

As recomendações de modelo de leitura feminina estão presentes, por exemplo, nos romances de M. Delly3 3 M. Delly era o pseudônimo do casal de irmãos Frédéric Henri Petitjean de la Rosiére (Vannes, 1870 - Versailles, 1949) e Jeanne Marie Henriette Petitjean de la Rosiére (Avinhão, 1875 - Versailles, 1947), escritores franceses. Os irmãos publicaram centenas de livros, de leitura fácil e acessível, Esses romances populares eram endereçados às jovens mullhres burguesas, contribuindo para a formação leitora dessas mulheres. , bastante conhecidos no Brasil do século XIX e amplamente divulgados pela coleção Bibliotecas das Moças. Neles, as protagonistas liam livros religiosos e de formação que as educavam, em oposição àqueles que banalizavam e seduziam as jovens leitoras. Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), em Mulheres Célebres (1878), indicava boas leituras para mulheres. O mesmo faria Adolfo Caminha (1867-1897) em A normalista (1893). E Machado de Assis (1839-1908), no romance Helena (1876), apresentou um perfil de leitora ideal para a mulher daquela época.

As imagens analisadas neste estudo mostraram diferentes situações e práticas de leitura em torno do objeto livro. Mulheres jovens ou maduras, sozinhas ou acompanhadas, trazem consigo um livro, que leem ou reverenciam. Absortas na contemplação do livro, objeto sagrado, ou na leitura do livro, objeto comum, as leitoras foram representadas em situações diversas de leitura e maneiras de ler. Quando escutam a leitura, o mediador é uma voz masculina, como em A Leitura de Molière. Leituras que se realizavam em diferentes espaços: no escritório, no trem, no salão, na intimidade. O olhar da leitora dirige-se ao livro aberto ou se volta para aquele que a representa, o pintor, ou ainda, podem estar fechados, como no quadro de Maes, indicando que a leitura antecedeu ao sono da leitora. Ler em silêncio, escutar, compartilhar o que é lido, ler na intimidade ou acompanhada, são diferentes maneiras de ler que apontam para a diversidade de práticas de leitura em lugares e tempos distantes.

Leitoras brasileiras e leitura na contemporaneidade

A pesquisa denominada Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF), publicada no livro denominado Letramento no Brasil (2004), levantou informações sobre as habilidades de leitura de brasileiros entre 15 e 64 anos. Carvalho e Moura (2004)CARVALHO, Marília; MOURA, Mayra. Homens, mulheres e letramento: algumas questões. In: RIBEIRO, Vera Masagão (org.). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo, Global, 2004. compararam os dados levantados da população masculina e da feminina e constataram semelhanças e diferenças entre os sexos quanto às práticas de leitura e escrita.

Segundo as autoras, no trabalho, 25% das mulheres leem revistas, bilhetes e recados e 21% leem jornais, enquanto 19% dos homens leem bilhetes, recados e manuais e 17% leem jornais. Embora a inserção no mercado seja diferente para homens e mulheres, há semelhanças no uso que ambos fazem da leitura no ambiente de trabalho.

Um dado relevante sobre as práticas de leitura como lazer revelam que 72% das mulheres e 61% dos homens leem para se distrair. Conforme aumenta a escolaridade, cresce a percentagem e diminui a distância entre eles, evidenciando que a escolaridade tem um papel fundamental para as leituras de lazer de ambos os sexos. Nas leituras de lazer, os materiais mais lidos pelas mulheres são as revistas (47%) e os livros religiosos, Bíblia, livros sagrados (47%); já os homens apontam os jornais (58%) e as revistas (42%). Entre mulheres que trabalham fora, 56% leem revistas, e 44%, a Bíblia e livros religiosos; enquanto 54% das donas de casa leem preferencialmente a Bíblia e os livros religiosos e 48%, revistas. A presença das leituras religiosas é marcadamente feminina.

Ao associar as mulheres ao trabalho, crescem as práticas de leitura como lazer: 77% das mulheres que trabalham fora e 66% das donas de casa leem para se distrair. Outro dado revelador, com a finalidade de avaliar as práticas de leitura e escrita e os efeitos entre as gerações, foi a participação nos deveres escolares de crianças entre 4 e 14 anos: 81% das mulheres e 66% dos homens ajudam nas tarefas em casa. Ao associar a ocupação funcional, aumenta ainda mais a participação feminina, 84% das mulheres que trabalham fora e 76% das donas de casa auxiliam crianças nos deveres escolares.

Quanto à leitura de revistas, 57% das mulheres leem revistas de fofocas como Caras e fotonovelas como Contigo, Amiga; 32% leem revistas femininas como Cláudia, Nova, Marie Claire.

Leem semanalmente jornais, 40% dos homens e 35% das mulheres. A percentagem de leitura de jornais é maior entre os homens, mas quanto maior é a escolaridade, menor a distância entre o número de mulheres e homens que leem esse tipo de publicação. Quanto às partes lidas do jornal, 53% das mulheres leem o noticiário local, enquanto 69% dos homens leem o caderno de esportes.

Em relação à leitura de livros, 85% das mulheres e 75% dos homens leem livros. As donas de casa leem menos (77%) que as mulheres que trabalham fora (87%). À medida que aumenta a escolaridade, diminui a diferença entre homens e mulheres que leem livros. Quanto às preferências, 46% da população leem a Bíblia e livros religiosos. Entre as mulheres, 56% das donas de casa e 54% das mulheres que trabalham fora leem a Bíblia e livros religiosos. Em segundo lugar, 25% das mulheres donas de casa e 37% das mulheres que trabalham fora leem romances, aventuras, policiais e ficção científica, enquanto 22% dos homens que trabalham fora leem livros.

Sobre a leitura em voz alta, os dados revelam que têm costume de ler em voz alta 67% das mulheres e 42% dos homens que possuem o ensino médio completo ou incompleto. Quando associadas à escolaridade das entrevistadas, essas percentagens aumentam significativamente: 62% das mulheres que frequentaram até a quarta série, 71% das mulheres que concluíram a oitava série do ensino fundamental e 67% das mulheres que têm o segundo grau incompleto ou completo leem em voz alta para as crianças. Os números mostram que a leitura em voz alta para crianças é preferencialmente uma atividade feminina.

Considerações finais

Para concluir, retomamos o pressuposto que sendo a leitura um objeto histórico, que se constrói nas práticas culturais do cotidiano, também as maneiras de ler das mulheres se produzem no interior das práticas culturais do cotidiano. Nessa perspectiva, se a leitura na Antiguidade consistia em ouvir a fala do papiro que priorizava a oralidade; na Idade Média, a leitura passou a ser a visão do pergaminho. Ainda que a oralidade tivesse seu papel, os olhos passaram a ler junto com a língua. Essa união gerou um conflito e uma nova maneira de ler. Oralidade e escrita interpenetraram-se. O ato de ler em público, em voz alta, coletivo e partilhado, foi sendo substituído pela leitura individual, privada e solitária. Leitoras e leitores liam com os olhos, liam para si, uma experiência individual que modificou o comportamento. Entretanto, o ato público de ler em voz alta permaneceu e os autores continuaram dirigindo-se diretamente para seu público, inclusive o feminino. Essa mudança iria afetar diretamente as práticas de leitura de mulheres, que começaram a ler silenciosamente nos espaços privados, sem a mediação da voz masculina.

As relações entre oralidade e escrita, e espaço privado e espaço público, apontam uma questão fundamental: vivendo até o final do século XIX nos espaços privados do lar, família, convento, internatos, salas de aula, e permanentemente controladas e vigiadas pela família, Igreja, escola e fábricas, as mulheres parecem ter desenvolvido práticas de leitura relacionadas ao espaço privado. Um exemplo disso são as práticas de leitura de cartas, diários, orações e romances, autobiografias, religiosas e de caráter confessional que permanecem nos dias atuais. Os dados apresentados a respeito do perfil das leitoras brasileiras evidenciam que suas práticas de leitura, na sociedade contemporânea, apresentam algumas características que remetem às práticas femininas historicamente construídas, como a frequência de leituras religiosas e a prática da leitura em voz alta para as crianças.

Se as mulheres foram retratadas em espaços privados, principalmente no século XVIII, frequentemente em situações de leitura, isso se explica pelo aumento dos livros impressos, pelo acesso à escola e à alfabetização, ao mundo da cultura escrita. Hoje as leitoras estão por toda parte, nos espaços públicos e privados, apropriam-se da leitura e mobilizam-se nas relações entre oralidade e escrita, constituem comunidades leitoras e produzem novas maneiras de ler.

Podemos concluir que as leitoras de hoje percorreram trajetórias próprias, revelando permanências e mudanças, rupturas e continuidades que afetam as práticas de leitura no cotidiano. Novas maneiras de ler se configuram em diferentes suportes como livro, a tela do computador, o celular, os tablets e se multiplicam na diversidade de gêneros textuais, permeadas pela relação oralidade e escrita, em espaços privados e públicos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Dec 2014

Histórico

  • Recebido
    27 Fev 2012
  • Aceito
    15 Ago 2014
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