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Cobre no controle da verminose gastrintestinal em ovinos

Copper on the control of gastrintestinal nematodes in sheep

Resumos

Este estudo teve o objetivo de verificar o tempo de proteção do cobre contra reinfecções por helmintos gastrintestinais de ovinos em pastejo. Foram utilizados 32 ovinos da raça Corriedale, com aproximadamente 18 meses de idade, mantidos em campo nativo naturalmente contaminado por trichostrongilídeos. Os animais foram pesados e dosificados. Após, foram alocados a quatro grupos experimentais: T I (tratado com cobre e necropsiado no 28ºdia); T II (sem cobre e necropsiado no 28º dia); T III (tratado com cobre e necropsiado no 56ºdia); T IV (sem cobre e necropsiado no 56º dia). Os grupos T I e T III receberam, via oral, uma cápsula gelatinosa de quatro gramas, contendo 3,4 gramas de óxido de cobre. Os ovinos foram avaliados semanalmente através de contagem de ovos por grama de fezes (OPG), volume globular (VG), aspartato aminotransferase (AST) e concentrações de cobre no plasma. Ao abate, foram determinados: carga parasitária, concentrações de cobre no fígado e peso dos fígados. Os resultados demostraram que os níveis de cobre no plasma não tiveram alterações significativas (P>0,05) entre os diversos tratamentos. Quanto aos níveis de cobre detectados no fígado dos animais abatidos observou-se que os lotes medicados com cobre, apresentaram níveis mais elevados que os não medicados (P<0,05), porém dentro dos parâmetros considerados não tóxicos para ovinos. Também foi observado que os níveis de AST, nos grupos tratados com cobre, apresentaram durante todo o período experimental valores levemente superiores aos dos grupos controles, mas diferença significativa (P<0,05) foi detectada apenas entre Tiota<FONT FACE=Symbol></FONT>e T<FONT FACE=Symbol>II</FONT>. Quanto à avaliação do OPG, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos (P>0,05). Com relação aos parasitos gastrintestinais, detectou-se que a administração de cobre contribuiu significativamente para uma menor reinfecção apenas pelo Haemonchus contortus e somente nos animais abatidos na quarta semana após o tratamento, quando a redução foi de 60% nos medicados (P<0,05). Estima-se que, neste experimento, o cobre não atingiu níveis tóxicos nos animais já que não houve diferença significativa em VG, concentração plasmática de cobre, peso dos fígados e peso vivo (P>0,05). Com base nesses resultados, podemos concluir que 3,4 gramas de óxido de cobre podem ser efetivas na redução das reinfecções por H. contortus, durante quatro semanas sem causar toxicidade para ovinos criados extensivamente.

cobre; nematódeos; Haemonchus; ovinos; controle


The aim of this work was to verify the possible activity of copper oxide wire particles against reinfection by gastrintestinal nematodes in sheep under extensive grazing. Thirty-two sheep, all wethers, aged 18 months and kept on native pastures naturally contaminated by trichostrongylides were used. The animals were weighed and treated with anthelmintics and then allocated to four experimental groups: T I (treated with copper and necropsied on Day 28), T II (untreated control and necropsied on Day 28), T III (treated with copper and necropsied on Day 56), T IV (untreated control and necropsied on Day 56). Groups T I e T III received, per os, a 4g bolus containing 3.4g of copper oxide wire particles. The animals were monitored, at weekly intervals, for faecal egg counts (EPG), packed cell volume (PCV), aspartate aminotransferase (AST) and plasma copper concentration. At necropsy, worm burdens, liver copper concentration and liver weights were determined. There were no differences in plasma copper levels between treatments (P>0.05). As for copper in the livers, all treated groups had higher levels than the untreated animals (P<0.05). Plasma AST activity was slightly higher during the experimental period in the treated groups. However, significant difference was only detected between treatments T I e T II (P<0.05). There were no significant differences in EPG counts between treated and control groups (P>0.05). Worm counting at necropsy revealed that copper was effective only against Haemonchus contortus and only in the animals slaughtered on Day 28º where the reduction was 60% in comparison to the untreated group (P<0.05). It is believed that in this experiment copper did not reach toxic levels as there were no significant differences in PCV, plasma copper concentrations, liver weights and body weights (P>0.05). It is concluded that 3.4g of copper oxide wire particles can have a significant action in reducing reinfections by H. contortus during four weeks without toxicity to animals under conditions of extensive grazing.

copper; nematode; Haemonchus; sheep; control


ARTIGOS CIENTÍFICOS

PARASITOLOGIA

Cobre no controle da verminose gastrintestinal em ovinos

Copper on the control of gastrintestinal nematodes in sheep

Isabel Gonçalves de GonçalvesI; Flavio Augusto Menezes EchevarriaII, 1 1 Autor para correspondência.

IMédico Veterinário, do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS

IIMédico Veterinário, MSc, PhD, Laboratório de Helmintologia, Embrapa Pecuária Sul, 96401-970, Bagé, RS. E-mail: echevarr@cppsul.embrapa.br

RESUMO

Este estudo teve o objetivo de verificar o tempo de proteção do cobre contra reinfecções por helmintos gastrintestinais de ovinos em pastejo. Foram utilizados 32 ovinos da raça Corriedale, com aproximadamente 18 meses de idade, mantidos em campo nativo naturalmente contaminado por trichostrongilídeos. Os animais foram pesados e dosificados. Após, foram alocados a quatro grupos experimentais: TI (tratado com cobre e necropsiado no 28ºdia); TII (sem cobre e necropsiado no 28º dia); TIII (tratado com cobre e necropsiado no 56ºdia); TIV (sem cobre e necropsiado no 56ºdia). Os grupos TI e TIII receberam, via oral, uma cápsula gelatinosa de quatro gramas, contendo 3,4 gramas de óxido de cobre. Os ovinos foram avaliados semanalmente através de contagem de ovos por grama de fezes (OPG), volume globular (VG), aspartato aminotransferase (AST) e concentrações de cobre no plasma. Ao abate, foram determinados: carga parasitária, concentrações de cobre no fígado e peso dos fígados. Os resultados demostraram que os níveis de cobre no plasma não tiveram alterações significativas (P>0,05) entre os diversos tratamentos. Quanto aos níveis de cobre detectados no fígado dos animais abatidos observou-se que os lotes medicados com cobre, apresentaram níveis mais elevados que os não medicados (P<0,05), porém dentro dos parâmetros considerados não tóxicos para ovinos. Também foi observado que os níveis de AST, nos grupos tratados com cobre, apresentaram durante todo o período experimental valores levemente superiores aos dos grupos controles, mas diferença significativa (P<0,05) foi detectada apenas entre TI e TII. Quanto à avaliação do OPG, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos (P>0,05). Com relação aos parasitos gastrintestinais, detectou-se que a administração de cobre contribuiu significativamente para uma menor reinfecção apenas pelo Haemonchus contortus e somente nos animais abatidos na quarta semana após o tratamento, quando a redução foi de 60% nos medicados (P<0,05). Estima-se que, neste experimento, o cobre não atingiu níveis tóxicos nos animais já que não houve diferença significativa em VG, concentração plasmática de cobre, peso dos fígados e peso vivo (P>0,05). Com base nesses resultados, podemos concluir que 3,4 gramas de óxido de cobre podem ser efetivas na redução das reinfecções por H. contortus, durante quatro semanas sem causar toxicidade para ovinos criados extensivamente.

Palavras-chave: cobre, nematódeos, Haemonchus, ovinos, controle.

ABSTRACT

The aim of this work was to verify the possible activity of copper oxide wire particles against reinfection by gastrintestinal nematodes in sheep under extensive grazing. Thirty-two sheep, all wethers, aged 18 months and kept on native pastures naturally contaminated by trichostrongylides were used. The animals were weighed and treated with anthelmintics and then allocated to four experimental groups: TI (treated with copper and necropsied on Day 28), TII (untreated control and necropsied on Day 28), TIII (treated with copper and necropsied on Day 56), TIV (untreated control and necropsied on Day 56). Groups TI e TIII received, per os, a 4g bolus containing 3.4g of copper oxide wire particles. The animals were monitored, at weekly intervals, for faecal egg counts (EPG), packed cell volume (PCV), aspartate aminotransferase (AST) and plasma copper concentration. At necropsy, worm burdens, liver copper concentration and liver weights were determined. There were no differences in plasma copper levels between treatments (P>0.05). As for copper in the livers, all treated groups had higher levels than the untreated animals (P<0.05). Plasma AST activity was slightly higher during the experimental period in the treated groups. However, significant difference was only detected between treatments TI e TII (P<0.05). There were no significant differences in EPG counts between treated and control groups (P>0.05). Worm counting at necropsy revealed that copper was effective only against Haemonchus contortus and only in the animals slaughtered on Day 280 where the reduction was 60% in comparison to the untreated group (P<0.05). It is believed that in this experiment copper did not reach toxic levels as there were no significant differences in PCV, plasma copper concentrations, liver weights and body weights (P>0.05). It is concluded that 3.4g of copper oxide wire particles can have a significant action in reducing reinfections by H. contortus during four weeks without toxicity to animals under conditions of extensive grazing.

Key words: copper, nematode, Haemonchus, sheep, control.

INTRODUÇÃO

O Brasil possui uma população ovina de 16 a 17 milhões de animais, e 55% destes estão na Região Sul, no Rio Grande do Sul (RS) ondese concentram 95% dos ovinos lanados, sendo estes criados quase que exclusivamente em pastagem nativa e em associação com gado de corte (ECHEVARRIA, 1996a). O controle da verminose dos ruminantes baseia-se, principalmente no uso de anti-helmínticos e em alguns casos associado ao manejo das pastagens (PADILHA & MENDONZA, 1996). Já o controle integrado da verminose ovina (ECHEVARRIA, 1996b) preconiza o pastejo exclusivo com bovinos adultos por um período de quatro meses para redução do número de larvas infectantes; os cordeiros desmamados que entram nessas áreas devem receber duas medicações estratégicas com anti-helmíntico de largo espectro: uma ao adentrarem, e a segunda 60 dias após, além de serem, a partir deste momento, manejados com bovinos adultos. A partir desta segunda medicação, os animais devem ser monitorados através de exames parasitológicos.

No RS, a prevalência de resistência anti-helmíntica nos rebanhos ovinos representa um grave problema para o controle eficiente das helmintoses gastrintestinais (ECHEVARRIA et al., 1996). A resistência anti-helmíntica em nematódeos de ovinos se constitui no principal problema sanitário com que se defronta a indústria ovinícola no Brasil (ECHEVARRIA, 1996b). Esta situação não é diferente em outros países onde a resistência dos parasitos à maioria dos grupos químicos é uma realidade (SANGSTER, 1999). Devido a estes fatores, estudos vêm sendo realizados visando ao desenvolvimento de alternativos para reduzir o uso de anti-helmínticos no controle da gastroenterite verminótica, como o uso de fungos nematófagos (SAUMELL, 1998) e o emprego de minerais como o cobre, por exemplo (WALLER, 1998).

O cobre é um microelemento ou elemento traço, componente essencial em dezenas de sistemas enzimáticos, responsável por processos como produção de energia, ação anti-radicais livres, formação da melanina e da elastina (MOURA, 1997; Brian, 1997). Além disso, interfere na produção de hemoglobina, formação dos ossos, pigmentação do pêlo e da lã e também está envolvido no funcionamento do coração e do sistema nervoso central (GEORGIEVSKII et al., 1982; Cartilha do Agricultor, 1982; KOLB, 1987; SILVA & BARUSELLI, 2001). Também ajuda no desenvolvimento de anticorpos e replicação de linfócitos (MOURA, 1997). Assim, pesquisadores da Nova Zelândia relataram que a administração oral de 4,1 gramas de partículas de óxido de cobre (COWP) para ovinos, acarreta uma redução significativa no número de parasitas recuperados na necropsia, com uma redução de 96% para Haemonchus contortus e 56% para Ostertagia circumcincta (BANG et al., 1990). Alguns autores descrevem que há uma diferença de susceptibilidade de acordo com as espécies de helmintos. O H. contortus é mais sensível do que outros nematódeos, sugerindo que a administração de COWP, além de causar aumento da mortalidade deste parasito, também resulta na fecundidade reduzida das fêmeas sobreviventes no hospedeiro (BREMNER, 1961; CHARTIER et al., 2000). O COWP consiste em um núcleo central de cobre puro recoberto com uma mistura de óxido cuproso e cúprico. Depois da administração oral, as cápsulas de COWP são dissolvidas no rúmem e as partículas então passam para o abomaso, e se alojam nas dobras da mucosa. Neste ambiente ácido, o cobre é liberado durante um longo período de tempo, sendo a solubilidade dos íons inorgânicos dependente do pH (LANGLANDS et al., 1989; NYMAN, 2000). De acordo com BANG et al. (1990), a suplementação com cobre em ovinos resultou em benefícios no combate aos parasitas abomasais. Trabalhos realizados no RS demostraram a possibilidade de haver efeito dependendo da dose do cobre sobre os nematódeos do abomaso, sendo que a administração oral de 3,4 gramas de COWP foi mais efetiva para O. circuncimcta enquanto a administração de 1,7 gramas COWP foi efetiva unicamente sobre o Trichostrongylus axei, não havendo efeito significativo sobre os nematódeos do intestino delgado. Os resultados mostraram que houve diferença significativa entre os grupos que receberam 3,4 gramas de COWP e o grupo controle com respeito a nematódeos abomasais, sugerindo que este microelemento pode ser incorporado como alternativa para a redução do uso de anti-helmínticos no controle da verminose ovina (NYMAN, 2000).

Tendo em vista a situação de resistência anti-helmíntica em ovinos, no RS, e a necessidade do desenvolvimento de métodos alternativos que possam contribuir com a redução do uso de anti-helmínticos, foi desenvolvido o presente trabalho com o objetivo de verificar o tempo de proteção do cobre contra reinfecções por helmintos gastrintestinais de ovinos em pastejo.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado nos meses de fevereiro e março de 2000, na Embrapa Pecuária Sul, localizado no município de Bagé, RS, Brasil. A área experimental era composta de campo nativo com gramíneas, principalmente dos gêneros Aristida, Eragrostis, Melica, Paspalum, Piptochaetium e Stipa e leguminosas dos gêneros Desmodium, Rhynchosia, Trifollium e Stylosanthes.

Foram utilizados 32 ovinos da raça Corriedale, com aproximadamente 18 meses de idade, mantidos em campo nativo naturalmente contaminado por tricostrongilídeos e na lotação de 0,7UA/ha. Os animais experimentais foram identificados, pesados e dosificados, per os, com trichlorfon 100mg/kg e ivermectin 0,2mg/kg. Após, foram alocados em quatro grupos experimentais: TI (tratado com cobre e necropsiado no 28ºdia); TII (sem cobre e necropsiado no 28º dia); TIII (tratado com cobre e necropsiado no 56ºdia); TIV (sem cobre e necropsiado no 56ºdia). Os grupos medicados com cobre receberam, via oral, uma cápsula gelatinosa de quatro gramas contendo 3,4 gramas de óxido de cobre. Os ovinos foram monitorados semanalmente para determinação do número de ovos por grama de fezes (OPG), volume globular (VG), aspartato aminotransferase (AST) e concentrações de cobre no plasma. Ao abate, foram determinados: carga parasitária (UENO e GONÇALVES, 1998), concentrações de cobre no fígado e peso dos fígados. Na análise estatística, as cargas parasitárias encontradas nas necropsias e as contagens de OPG foram transformadas em log10 (contagem +1) e submetidas à análise de variância e comparação múltipla de tratamentos (Newman Keuls Multiple Range Test), usando o programa computadorizado Animal Designs, G. Gettinby, University of Strathclyde, Glasgow, Escócia. Os demais dados foram submetidos ao mesmo procedimento sem as transformações logarítmicas. O VG foi transformado em raiz quadrada e submetido ao mesmo procedimento. Os dados de OPG, peso vivo e AST de todos os tratamentos foram analisados como quatro diferentes tratamentos até a necropsia realizada no 280 dia experimental. Já os dados dos TIII e TIV foram avaliados desde o início até o 56º dia experimental. A concentração de cobre no fígado, peso e concentração de cobre no plasma foi também submetida à ANOVA e comparação múltipla de tratamentos (Newman Keuls Multiple Range Test), sem as transformações logarítmicas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados demostraram que os níveis de cobre no plasma não tiveram alterações significativas (P>0,05) entre os diversos tratamentos. Quanto aos níveis de cobre detectados no fígado dos animais abatidos (Tabela 1), observou-se, que os lotes medicados com cobre, apresentaram níveis mais elevados que os não medicados (P<0,05), mas ainda dentro dos parâmetros considerados não tóxicos para a espécie ovina que seria de 800ppm (ORTOLANI, 1996). Outros fatores monitorados, que levam a inferir que o cobre, neste experimento, não atingiu níveis tóxicos, foram a ausência de diferenças significativas (P>0,05) quanto ao volume globular e as concentrações de cobre no plasma. O peso dos fígados e peso vivo dos animais também não mostraram diferenças significativas (Tabela 1).

Em relação ao níveis de AST, os grupos tratados com cobre apresentaram durante todo o período experimental, valores levemente superiores aos grupos controles (Figura 1). Embora diferença significativa (P<0,05) tenha sido detectada apenas entre TI e TII. BANG et al. (1990) observaram que, em todos os grupos de ovinos tratados com 4,1 gramas de COWP, que a atividade no plasma de AST, apresentava-se levemente aumentada nas amostras finais, porém, este aumento não causava efeitos colaterais como redução do peso ou danos no fígado.

A avaliação da evolução do OPG dos animais medicados com cobre (TI e TIII) revelou que estes apresentaram menores contagens que a daqueles não medicados (Figura 2). Entretanto, na análise estatística, os dados mostraram que estas diferenças não eram significativas entre os grupos (P>0,05), devido à alta variabilidade nas contagens. O percentual de redução de OPG do grupo TI com relação ao grupo TII foi de 66% e do grupo TIII comparado ao TIV de 81% quando avaliado ao final da quarta semana; já à oitava semana esta redução havia sido reduzida para 47,09%. No presente estudo, com relação aos parasitos gastrintestinais, detectou-se que a administração de cobre contribuiu significativamente para uma menor reinfecção apenas pelo H. contortus e somente nos animais abatidos na quarta semana após o tratamento, quando a redução foi de 60% nos medicados (P<0,05). Em relação aos demais helmintos gastrintestinais, as infeções foram baixas e com grande variabilidade tanto na necropsia do 28o dia como no 56o dia, o que inviabilizou conclusões mais precisas. Dentre os helmintos analisados, os dados mostram, claramente, uma predominância do H. contortus sobre os demais parasitos (Tabela 2).

BREMNER (1961) sugeriu que a administração de COWP, além de causar aumento da mortalidade do H. contortus, também resulta na fecundidade reduzida das fêmeas sobreviventes no hospedeiro. Neste estudo, as médias mostram que, com 56 dias, não houve uma contribuição significativa do uso do cobre como moderador no número de ovos. NYMAN (2000) observou um efeito do cobre na redução do OPG e contagem de parasitos recuperados no abomaso dos ovinos tratados com COWP, nas primeiras duas semanas após sua administração. Alguns autores testaram a eficácia do uso de óxido de cobre para o controle de parasitos nematódeos resistentes aos benzimidazois em cabras leiteiras; os resultados demonstraram uma eficácia de 75% na redução da carga de H. contortus, assim como houve uma menor produção de ovos de 37-95%, durante o estabelecimento de novas infecções por várias semanas (CHARTIER et al., 2000).

CONCLUSÕES

O uso de 3,4 gramas de óxido de cobre, para ovinos manejados extensivamente, não causa toxicidade e pode ser auxiliar no controle do H. contortus, considerado o parasito de maior importância na região Sul do Brasil, protegendo contra reinfecções por até quatro semanas.

Ação do cobre em outros parasitos precisa ser determinada sob condições de maior desafio.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Bayer do Brasil pelo financiamento das análises de concentrações de cobre no fígado e plasma, realizadas na Embrapa Gado de Corte e ao CNPq pela bolsa de formação de pesquisador II - Mestrado concendida à autora principal.

Recebido para publicação 14.06.02

Aprovado em 11.12.02



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  • 1
    Autor para correspondência.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      21 Ago 2007
    • Data do Fascículo
      Fev 2004

    Histórico

    • Aceito
      11 Dez 2002
    • Recebido
      14 Jun 2002
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