Enraizamento de ameixeira (Prunus salicina, Lindl.) em diferentes épocas de coleta das estacas

Rooting of stem cuttings of plum (Prunus salicina, Lindl.) in different times

ENRAIZAMENTO DE AMEIXEIRA (Prunus salicina, Lindl.) EM DIFERENTES ÉPOCAS DE COLETA DAS ESTACAS

ROOTING OF STEM CUTTINGS OF PLUM (Prunus salicina, Lindl.) IN DIFFERENT TIMES

Elio Kersten¹ Jair Costa Nachtigal² Cyro Callovy Filho³

- NOTA -

RESUMO

Com o objetivo de verificar a melhor época de coleta das estacas para o enraizamento de ameixeira, cultivares Reubennel e Frontier, foram conduzidos experimentos em Pelotas - RS. As estacas foram retiradas de ramos do ano de 6 anos de idade, em três épocas diferentes (novembro de 1992, janeiro e março 1993). Foram utilizados tubetes plásticos, com substrato de cinza de casca de arroz e mantidos em nebulização intermitente. Pelos resultados observou-se que, para a cultivar Reubennel, a época de coleta das estacas não influenciou o percentual de enraizamento, que foi baixo em todas as épocas, porém, para a cultivar Frontier, a época que proporcionou o maior enraizamento foi novembro (94,9%), seguida de março e janeiro (34,8 e 25,8%, respectivamente).

Palavras-chave: ameixeira, enraizamento, época.

SUMMARY

The objective of the present work was to verify the best time for cropping stem cuttings of plum for rooting. The experiment was conducted in Pelotas, RS with two cultivars: Reubennel and Frontier. The stem cuttings were taken from the season growth of six years old stem base in three different times: November of 1992, January and March of 1993. Cuttings from the other times were rooting in plastic tubets using rice hulls ash as substrato and kept under intermitent misting. The results showed no cropping time influence in the percentual rooting of Reubennel cultivar, which was low in each determination. However, the cultivar Frontier presented a greater percentual of rooting in November (94.9%), followed in March (34.8%) and in January (25,8%).

Key words: Plum, rooting, time.

No Brasil, a produção de mudas de ameixeira a nível comercial é feita por enxertia, utilizando o pessegueiro (Prunus pérsica, Batsch.) como porta-enxerto, porém este tipo de propagação condiciona a vida útil da ameixeira, em torno de 30 anos, à vida útil do pessegueiro, em geral de 12 a 14 anos (KERSTEN et al., 1993).

A utilização da estaquia na propagação da ameixeira vem tomando-se de grande importância no momento atual, principalmente por possibilitar a obtenção de mudas com a mesma identidade genética da planta-mãe, reduzir o tempo de formação da muda, economia de mão-de-obra, ser de fácil execução, aumentar a vida útil do pomar por dispensar a enxertia, entre outras.

Dentre os vários fatores que afetam o enraizamento de estacas, estão os fatores ambientais e as condições intrínsecas à própria estaca, principalmente o teor de substâncias de reserva acumuladas, de auxinas e cofatores e o grau de lignificação. A maior ou menor influência destes fatores está intimamente relacionada com a época de coleta das estacas que, em alguns casos, pode ser de grande importância para o sucesso do enraizamento (HARTMANN & KESTER, 1990).

Este trabalho teve como objetivo verificar a influência da época de coleta das estacas no enraizamento de estacas de ameixeira, cultivares Reubennel e Frontier.

O trabalho foi realizado em estufa pertencente ao Departamento de Fitotecnia da FAEM/UFPel, Pelotas-RS. Sendo que as estacas foram coletadas em três épocas diferentes: novembro de 1992, janeiro e março de 1993, mas pertencentes à mesma estação de crescimento vegetativos.

Foram utilizadas plantas de um pomar comercial, com seis anos de idade, das cultivares Reubennel e Frontier. De ramos do ano, foram retiradas estacas com aproximadamente 12cm de comprimento, sem meristema apical e com um par de folhas cortadas ao meio, que após o preparo foram colocadas em tubetes de plástico preto, contendo cinza de casca de arroz como substrato e mantidas na estufa, com nebulização intermitente, por aproximadamente 60 dias.

O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com 18 estacas por repetição e 3 repetições para todas as épocas. Para análise da variância os dados referentes ao número de estacas que formaram raízes, expresso em porcentagem, foram transformados em arco seno √X/100, onde X representa o percentual de enraizamento obtido.

Pelos resultados obtidos no presente trabalho, pode-se verificar um comportamento diferenciado das cultivares Reubennel e Frontier, sendo que a cultivar Frontier apresentou um maior percentual de enraizamento em todas as épocas estudadas (Tabela 1). Isto sugere que a influência dos fatores que afetam o enraizamento de estacas é diferenciado para as cultivares de ameixeira.

Para a cultivar Reubennel, não houve diferença significativa entre as épocas de coleta das estacas, com percentuais de enraizamento bastante baixos em todas as époças testadas. Isto demonstra que a época de coleta das estacas, para esta cultivar, não é um fator determinante para a formação de raízes. Para esta cultivar, KERSTEN et al. (1994) obtiveram em máximo de 39,8% de estacas enraizadas, utilizando 2000ppm de ácido indolbutírico (AIB). Devido ao fato de que a época não apresentou influência no enraizamento desta cultivar e de que os percentuais de enraizamento obtidos com o uso do AIB são ainda pouco satisfatórios, estudos mais complexos dos demais fatores que afetam o enraizamento, devem ser realizados para possibilitar a propagação por estaquia da cultivar Reubennel.

Para a cultivar Frontier, verificou-se diferença significativa das épocas de coleta das estacas, sendo que o maior percentual de enraizamento foi obtido no mês de novembro (94,9%), seguido de março e janeiro (34,8 e 25,8%, respectivamente). Tais resultados concordam com HARTMANN & K ESTER (1990), que recomendam a coleta das estacas na primavera, tão logo as folhas tenham atingido a plena expansão e um certo grau de lignificação, por outro lado, espécies de folhas caducas podem também serem propagadas na época de repouso (inverno).

A diferença significativa encontrada entre as épocas de novembro, março e janeiro pode ser atribuída a maior atividade das folhas jovens e gemas em novembro, combinada com o menor graus de lignificação das estacas.

²Engenheiro Agrônomo, Aluno do Curso de Pós-Graduação em Agronomia da FAEM/UFPel.

³Engenheiro Agrônomo, Bolsista de Aperfeiçoamento do CNPq, FAEM/UFPel.

Recebido para publicação em 21.06.94. Aprovado em 04.10.94.

• HARTMANN, H.T., KESTER, D.E. Propagación de plantas - Principios y practicas México: Ed. Continental S.A., 1990. 760 p.
• KERSTEN, E., LUCCHESI, A.A., GUTIERREZ, L.E. Efeito do ácido indolbutírico no enraizamento de estacas de ramos de plantas de ameixeira (Prunus salicina, Lindl.). Scientia Agricola, Piracicaba, v. 50, n. 1, p. 19-26, 1993.
• KERSTEN, E., TAVARES, S.W., NACHTIGAL, J.C. Influéncia do ácido indolbutírico no enraizamento de estacas de ameixeira (Prunus salicina, Lindl.). Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v. 16, n. 1, p. 215-222, 1994.

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Engenheiro Agrônomo, Professor Titular, Doutor, Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Bolsista CNPq. Caixa Postal 354, 96010-900 Pelotas, RS. Autor para correspondência.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  22 Out 2009
• Data do Fascículo
  1995

Histórico

• Aceito
  04 Out 1994
• Recebido
  21 Jun 1994