Resumo
Este estudo analisa a implementação da política de saúde indígena, focando nas práticas assistenciais das equipes de saúde do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena no Alto Rio Solimões, região amazônica. Utilizando a etnografia como recurso metodológico, investiga-se a dinâmica entre participantes, discursos e poder na execução da política, revelando uma complexa interconexão entre as práticas e outras realidades contextuais. Três fenômenos emergem como influências críticas nas práticas assistenciais: o modelo médico-assistencial, o modelo sanitarista e a cultura do desempenho. Os modelos médico-assistencial e sanitarista se perpetuam. A cultura do desempenho introduz um paradigma de controle baseado em indicadores quantitativos e metas pré-definidas, afetando a identidade profissional, as interações sociais e a eficácia das ações. Às margens da instituição, outras práticas diárias são induzidas pelas necessidades temporais, sentimentos subjetivos e redes locais de poder desafiando estruturas e convenções sociais. A política de saúde indígena foi reformulada pelas práticas influenciadas por velhas políticas, e remodeladas pelas técnicas induzidas pela burocracia, distanciando-se de sua agenda ideológica.
Palavras-chave:
Serviços de saúde indígena; Políticas; planejamento e administração em saúde; Modelos de assistência à saúde