Resumo
Propósito de vida (PV) é definido como o senso de que a vida tem sentido e intencionalidade, o qual desempenha papel orientador em relação às metas de vida e à tomada de decisões relativas ao uso dos recursos pessoais. Objetivos: reconhecer e analisar dados sobre PV e condições identificadas com bom envelhecimento ou com adaptação positiva no envelhecimento. Método: foi realizada revisão integrativa de publicações de periódicos com avaliação por pares, indexadas nas bases de dados PubMed/Medline, Scopus, Web of Science, PsycInfo e Scielo/BVS/Lilacs, com os termos “purpose in life” and “aging” no título, sem restrição de datas. Resultados: foram selecionados 27 artigos, 22 dos quais conduzidos no âmbito de grandes estudos longitudinais prospectivos, 3 de corte transversal e 2 experimentais, que revelaram associações robustas entre alta pontuação em PV e redução do risco para mortalidade, Doença de Alzheimer, doenças coronarianas e cerebrovasculares, incapacidades e distúrbios de sono; alto PV e desfechos positivos em saúde, cognição, regulação emocional, bem-estar subjetivo e senso de ajustamento; PV como variável moderadora, ou recurso de resiliência, entre riscos e adversidades e boa adaptação. São dados úteis à investigação e à intervenção envolvendo idosos longevos e vulneráveis.
Palavras-chave Metas; Satisfação pessoal; Longevidade; Envelhecimento
Abstract
Purpose in life (PiL) is defined as the sense that life has meaning and intentionality, and plays a guiding role in life goals and decision making regarding the use of personal resources. Objectives: to recognize and analyze data on PiL and conditions associated with good aging or with positive adaptation in aging. Method: an integrative review of articles in peer-reviewed journals published in the PubMed/Medline, Scopus, Web of Science, PsycInfo and Scielo/BVS/Lilacs databases was performed using the terms “purpose in life” and “aging” in the title, without temporal restriction. Results: twenty-seven articles were selected, 22 of which were conducted under large prospective longitudinal studies, 3 were cross-sectional studies and 2 were experimental studies. The studies revealed robust associations between high PiL scores and lower risk of death, Alzheimer’s disease, coronary and cerebrovascular diseases, disability, and sleep disorders; high PiL and positive outcomes in health, cognition, emotional regulation, subjective well-being, and sense of adjustment; PiL as a moderator or resilience resource between risks and adversities and good adaptation. These data are useful for research and intervention involving long-lived and vulnerable older persons.
Key words Goals; Personal satisfaction; Longevity; Aging
Introdução
Nos anos 1980 e 1990, o estudo do bem-estar subjetivo já interessava os psicólogos preocupados em identificar as variáveis associadas à boa qualidade de vida na velhice. O construto era descrito como composto por dois conjuntos de variáveis: satisfação global com a vida e referenciada a domínios e afetos positivos e negativos. Em 1989, a psicóloga Carol D. Ryff1 propôs que esses aspectos do bem-estar subjetivo eram de natureza hedônica e, embora necessários, eram insuficientes para explicar a adaptação de adultos e idosos. Reportando-se à tradição da filosofia aristotélica, a autora defendeu que deveria ser considerado, também, o aspecto eudaimônico (dos étimos eu = bom + daimon = talento ou potencial). A busca de excelência pessoal seria relevante à continuidade do desenvolvimento e ao senso de ajustamento de adultos e idosos1-3.
Ryff operacionalizou bem-estar psicológico ou eudaimônico com base em proposições teóricas clássicas sobre o desenvolvimento do adulto4-12 e em um programa de pesquisa que combinou estratégias qualitativas e quantitativas1-3,13-15. Esta operacionalização do BEP ocorreu por meio de uma escala ancorada por seis dimensões ou fatores: autoaceitação, crescimento pessoal, autonomia, domínio sobre o ambiente, relações positivas com os outros e propósito de vida. Na versão original1, a escala tinha 20 itens para cada domínio, mas versões subsequentes produziram instrumentos com 14 ou menos itens, com bons indicadores psicométricos de validade3,13-15.
Teoricamente, propósito de vida (ou simplesmente propósito) é um dos dois aspectos mais importantes à definição do bem-estar eudaimônico (o outro é crescimento pessoal). O construto foi definido como senso de que a vida tem sentido, direção e intencionalidade e que esse senso desempenha papel orientador em relação ao estabelecimento de metas de vida e à tomada de decisões relativas ao uso dos recursos pessoais. Adultos e idosos com forte senso de propósito têm metas de vida e senso de direção, sentem que sua vida passada e a atual são significativas, têm crenças que dão sentido à sua vida e têm desejos e objetivos pelos quais vale a pena viver1-3. A operacionalização do conceito foi feita por uma das subescalas da medida de bem-estar eudaimônico. A Sub-Escala de Propósito teve uma primeira versão com 14 itens, outras com 3, 7 ou 10 itens3,15,16, sendo a mais usada a de 10 itens16.
O termo propósito de vida (PV) é também referenciado a uma outra tradição de investigação e atuação, principalmente clínica, que conserva as noções de direcionalidade e intencionalidade, mas agrega os conceitos de significado existencial, crença na transcendência e investimento na busca dos fins últimos da existência. Estes componentes são vistos como essenciais à manutenção da saúde psicológica, principalmente em situações de risco de vida, perda de dignidade, sofrimento e desesperança, quando atua como recurso de resiliência, útil à promoção da adaptação em face da adversidade ou de um risco significativo7,17,18.
Desde o final dos anos 1980, quando a Escala Ryff1-3 foi dada a público, as pesquisas sobre propósito como elemento do bem-estar eudaimônico cresceram mais sistemática e aceleradamente do que as pesquisas sobre senso de significado em termos filosófico-religioso-psicológicos. Nos anos 2000, grandes estudos longitudinais prospectivos, de coorte, em curso nos Estados Unidos19-22, e um outro, em desenvolvimento na Austrália23 incluíram entre seus objetivos a investigação das associações entre PV e aspectos da adaptação bem-sucedida na vida adulta e na velhice.
A pesquisa sobre condições que auxiliam a adaptação dos idosos, caso do PV, é de especial relevância nos países em desenvolvimento, que se caracterizam por forte desigualdade social, ineficiência das redes de serviços de saúde e proteção social, e baixos níveis de educação e renda da população. Em conjunto, esses fatores determinam a acumulação de desvantagens ao longo da vida, que são potencializadas pelas adversidades e perdas associadas ao envelhecimento. Do ponto de vista teórico, variáveis psicológicas, entre elas PV, podem funcionar como fatores protetores e como fatores disposicionais em relação à competência e à autorrealização, ao autocuidado em saúde, à cognição, à atividade e à motivação para a participação social. Essas possibilidades são um incentivo para a realização de pesquisas e de intervenções controladas, em amostras constituídas por idosos brasileiros.
Optou-se por estudar PV na fase da velhice, em primeiro lugar porque estudos têm sugerido que esta variável pode associar-se a desfechos favoráveis nessa fase da vida. Variáveis subjetivas são reconhecidas como importantes influências sobre a saúde física e mental, sobre a cognição e sobre a participação de idosos, mesmo que desfavorecidos por razões de saúde ou socioeconômicas. O conhecimento sobre o comportamento dessa variável entre idosos pode contribuir para o planejamento de trabalhos orientados à melhoria de seu bem-estar psicológico. A outra razão para a realização deste estudo é que ele cobre uma lacuna na produção de conhecimento sobre esse fenômeno, na velhice, em nosso País.
Revisões de literatura são meios úteis de reunir, relacionar e sintetizar dados de estudos publicados sobre um dado assunto. Auxiliam a análise dos conhecimentos teóricos, ajudam a tomar decisões sobre novas perguntas de pesquisa e sobre os métodos a serem adotados para respondê-las e contribuem para o planejamento de intervenções relevantes para a população. Revisões integrativas são menos restritivas do que revisões sistemáticas e meta-análises que, com base em teorias, cotejam delineamentos e dados numéricos24. São bem apropriadas ao início do estudo empírico sobre um dado fenômeno, quando as proposições teóricas disponíveis podem servir como lentes para observar e intervir na realidade.
Planejamos um estudo de revisão integrativa de literatura, com o objetivo de reconhecer e analisar informação teórica e empírica significativa sobre associações entre PV e condições identificadas com bom envelhecimento ou adaptação positiva no envelhecimento.
Método
A revisão integrativa de literatura é um método que sintetiza informações relevantes de pesquisas disponíveis sobre determinada temática, e usa o produto desse trabalho para orientar a prática e para planejar novas pesquisas. Organiza-se em seis fases: elaboração da pergunta norteadora e do objetivo; busca sistemática, por amostragem ou baseada em critérios pré-estabelecidos, com base no produto esperado; coleta de dados; análise crítica, discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa24.
Foi realizada busca de artigos de pesquisa sobre propósito de vida, publicados em periódicos com política de avaliação por pares, indexados nas bases de dados da Medical Literature Analysis e Retrieval System Online (Medline/PubMed); da Biblioteca Virtual em Saúde sobre Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, e da Scientific Eletronic Library Online (BVS/Lilacs e SciELo); da Scopus (Elsevier Science); da Web of Science (Thompson Reuters) e da PsycInfo Data Base Record (American Psychological Association), com os descritores “purpose in life” and “aging”, sem restrição de datas. Os critérios de inclusão foram os seguintes: artigos de pesquisa com amostra de adultos e idosos com 50 anos e mais, publicados nos idiomas inglês, português ou espanhol; artigos que tivessem o termo purpose in life no título e que adotassem definição de PV em termos de direcionalidade, intencionalidade e orientação por metas e objetivos que dão sentido às escolhas e ao uso dos recursos individuais1-3. Foram excluídos artigos cuja definição integrasse os conceitos filosóficos de significado, fins últimos da existência, transcendência e religiosidade (critério teórico), assim como artigos de revisão e psicométricos (critério metodológico). Artigos que se apresentaram em mais de uma base de dados foram considerados apenas uma vez. As buscas foram realizadas em junho de 2016 e atualizadas em maio de 2018.
Resultados e discussão
A busca inicial nas bases de dados identificou 387 títulos que atendiam à especificação do tema e da idade dos participantes (Purpose in life and aging). Dentre esses, foram selecionados 87 porque apresentavam o termo purpose in life no título e foram eliminados 30 porque eram repetições. Os 57 artigos resultantes tiveram os respectivos tópicos de resumo, introdução, instrumentos e bibliografia examinados por duas avaliadoras, que trabalharam primeiro independentemente e depois em conjunto, para identificar o enfoque teórico subjacente. Foram selecionados 32 artigos, cuja definição de PV envolvia as noções de direcionalidade e de comportamento orientado por metas, e excluídos 25 cuja definição de propósito incluía elementos filosóficos e religiosos. Além destes, foram excluídos dois artigos de revisão sistemática, um de meta-análise e dois de natureza psicométrica. Ao final, permaneceram 27 artigos, que foram lidos na íntegra e utilizados na revisão integrativa de literatura. Na Figura 1 é apresentado o fluxograma que representa essas ações e respectivos resultados.
Fluxograma das etapas da busca bibliográfica para a revisão integrativa de literatura sobre PV no envelhecimento. Campinas, SP, 2018.
Vinte e dois dos estudos analisados desenvolveram-se no contexto de grandes estudos longitudinais conduzidos nos Estados Unidos e de um realizado na Austrália: o Rush Memory and Aging Project (RMAP)19, o Health and Retirement Study (HRS)20, o Midilife Development in the United States (MIDUS)21, o Veteran Affairs Normative Aging Study (NAS)22 e o Australian Longitudinal Study of Aging (ALSA)23. A inclusão do PV entre as medidas de interesse desses estudos criou condições excelentes de repetição, que têm contribuído para o aumento da validade externa dos resultados e, da validade interna das medidas de PV, assim como têm contribuído para avanços teóricos.
A observação da autoria dos artigos é outro elemento indicador da integração entre os estudos. Os autores podem ser reunidos em quatro blocos principais, liderados por pesquisadores associados aos estudos longitudinais: no RMAP, Boyle é 1ª autora de quatro estudos16,25-27 e coautora em dois28,29; no HRS, Kim é 1º autor de cinco publicações29,31-34; no MIDUS, Hill e Turiano assinam quatro estudos37,39,41,42 e são coautores em outros dois42,52, e Burrow é primeiro autor de dois artigos36,52. Estes e a quase totalidade dos outros autores (n = 58 para os 27 artigos), formam grupos com produção característica. Um artigo é de 2009, dois de 2010, um de 2011, um de 2012, três de 2013, quatro de 2014, seis de 2015, quatro de 2016, dois de 2017 e três de 2018.
O Rush Memory and Aging Project (RMAP)19 é um estudo longitudinal, epidemiológico, clínico-patológico e de coorte, que focaliza condições crônicas usuais na velhice, com ênfase em declínio cognitivo e motor e no risco para Doença de Alzheimer. De setembro de 1997 a novembro de 2011, 1.556 adultos e idosos recrutados em comunidades de aposentados residentes no nordeste do estado de Illinois, nos Estados Unidos, concordaram em participar do estudo. 1.489 completaram as medidas de linha de base (73.1% mulheres). A média de idade foi 80,1 e a de escolaridade, 14,4 anos. Não tinham demência na avaliação clínica 1.409. O estudo focou: (a) a relação entre fatores de risco e Doença de Alzheimer (DA) incidente; (b) comprometimento cognitivo leve (CCL) incidente e declínio em funções cognitivas e motoras; (c) a relação entre índices neurobiológicos com DA, CCL e funções cognitivas e motoras; (d) as trajetórias neurobiológicas ligando fatores de risco e fenótipos clínicos. Foram realizados três seguimentos envolvendo exames neuropatológicos post-mortem do cérebro dos idosos que faleceram.
O Health and Retirement Study (HRS)20 igualmente envolve amostra representativa de homens e mulheres de 50 anos e mais. Começou em 1991, como estudo longitudinal de uma coorte nascida entre 1931 e 1941, em período de pré-aposentadoria, juntamente com seus cônjuges de quaisquer idades. A amostra foi ampliada em 1993 e em 1998. Desde então, a cada seis anos, é incluída uma nova coorte de pessoas entre 51 e 56 anos. O estudo prevê coleta de dados a cada quatro anos. Quando um participante morre, é feita uma entrevista com familiares para investigar as circunstâncias da morte e as condições socioeconômicas. São coletados dados sobre condições físicas, biomarcadores, antropometria, pressão arterial, capacidade funcional e variáveis psicossociais e socioeconômicas.
O Survey of Midlife Development in the United States (MIDUS)21 é um estudo de levantamento nacional. Envolveu 7.108 participantes de 25 a 75 anos na linha de base, ocorrida nos anos de 1995 e 1996. O delineamento prevê medidas de seguimento a intervalos de 9 a 10 anos. Tem como objetivo investigar o papel de fatores comportamentais, psicológicos e sociais na determinação de variações associadas à idade em saúde física e mental.
O Normative Aging Study (NAS)22 é um estudo interdisciplinar longitudinal, estabelecido em 1961 pela administração do Hospital de Veteranos (Boston, EUA). A coorte consiste em 2.280 homens, recrutados de um universo de 6.000 examinados no começo do estudo, em 1961, quando tinham de 21 a 80 anos de idade. A maioria era formada por indivíduos brancos, sobreviventes da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coreia. O único critério de inclusão era que fossem saudáveis, ou seja, livres de quaisquer condições crônicas conhecidas, no início do estudo. Estudos de seguimento foram realizados a cada 3 anos, até 1999. O foco do NAS é o envelhecimento não-patológico, ou seja, investe nas relações entre o envelhecimento normal e a história natural das doenças crônicas. Os parâmetros são oriundos da medicina clínica, da bioquímica, dos cinco sentidos, da saúde odontológica, da antropometria e do comportamento.
O Australian Longitudinal Study of Aging (ALSA)23 incluiu amostra de 2.087 homens e mulheres com 65 anos e mais, na linha de base, que teve o intuito de realizar um amplo estudo prospectivo populacional, cujos dados pudessem ser comparados com os produzidos por estudos similares realizados nos Estados Unidos. Começou em 1992, com idosos randomicamente selecionados dos registros eleitorais do Sul da Austrália, estratificados por sexo, idade (cinco coortes) e localidade onde viviam. Entre 1992 e 2000, foram conduzidas seis ondas de medidas objetivas de indicadores de velhice bem-sucedida, no âmbito da saúde e da funcionalidade física, da cognição, da afetividade e da personalidade.
A revisão inclui, ainda, dois estudos de natureza prospectiva, com amostras menores, não probabilísticas e não integradas aos estudos longitudinais já mencionados. Um investigou a trajetória de mudanças em PV em adultos na meia-idade (n = 163), ao longo de cinco ondas de medida do Foley Longitudinal Study of Adulthood44. Outro desenvolveu-se em localidade rural da província de Nara, Japão, com população total de 6.900 pessoas e buscou dados sobre mortalidade em idosos com incapacidade em AIVD e ABVD. Participaram todos os residentes de 65 anos e mais (n = 1.853) com respostas válidas nas medidas de linha de base, realizada por via postal45.
No Quadro 1 são apresentadas informações sobre os autores, objetivos, países, delineamentos e participantes dos 27 estudos analisados. Nesse quadro e nos que se seguem, os artigos foram reunidos primeiro por critério metodológico (tipo de delineamento) e, dentro de cada tipo, por ordem de data.
Revisão integrativa de artigos de pesquisa sobre propósito de vida: objetivos, delineamentos e participantes. Campinas, SP, Brasil, 2018.
A medida de PV usada em 24 dos 27 estudos foi aquela construída por Ryff et al.1-3,14,16, para funcionar como uma das seis sub-escalas do seu modelo eudaimônico de bem-estar psicológico. Os outros três estudos adotaram medidas compatíveis com o construto (perguntar se o idoso acredita que tem um motivo e interesses pelos quais viver)45, escala de motivos de realização46, escala de envolvimento com a vida47 e escala de cumprimento de metas50. Dois estudos introduziram como medida adicional, a própria escala completa de bem-estar psicológico1-3,33 e a subescala de relações positivas com os outros1-3,37,38. No Quadro 2 é apresentada uma versão resumida das variáveis e medidas utilizadas.
Revisão integrativa de artigos de pesquisa sobre propósito de vida: variáveis e medidas. Campinas, SP, Brasil, 2018.
Um elenco de variáveis psicológicas associou-se com medidas de PV, entre elas afetos positivos e autorregulação emocional, em situação de laboratório35; avaliações da satisfação atual, passada e futura, as quais protegeriam o PV dos adultos e idosos que têm satisfação alta e estável ou crescente e prejudicariam os que apresentam níveis decrescentes de satisfação36; lócus de controle em saúde38; fatores de personalidade, tais como neuroticismo (correlação negativa com PV), otimismo e organização (correlações positivas com PV)16,42,43; sintomas depressivos16,27,43, que se correlacionam negativamente com PV; participação social, expectativa de papel e motivo de realização, cujas correlações com PV são positivas37.
No entanto, nem o avanço da idade e nem outras variáveis sociodemográficas protegeram os participantes do estudo relatado por Hill et al.41 dos efeitos deletérios da vivência de adversidades antes dos 18 anos, sugerindo que existe um limite para a atuação de variáveis subjetivas de natureza motivacional, como PV. Este tende a declinar com a idade42, refletindo o efeito das perdas associadas ao envelhecimento ou os preconceitos sociais em relação à oferta de oportunidades de realização às pessoas mais velhas. Porém, parece existir um padrão disposicional de PV, que é estável e tende a manter-se por períodos relativamente longos, independentemente da idade44.
Foi interessante notar que, com exceção de idade em algumas investigações, as variáveis sociodemográficas mostraram-se como preditores fracos de PV. Este dado sugere que o fenômeno integra uma dimensão que pode ser denominada de estrutural, ou inerente ao ser humano, noção que encontra apoio nos fundamentos teóricos4-11 do modelo eudaimônico1-3,14-16 de bem-estar psicológico em que se insere o PV. Fortalece essa ideia o fato de idosos com nível moderado de demência terem se mostrado capazes de responder à subescala de propósito e de terem sido afetados pelo nível de PV. Talvez concorra para esse resultado o nível educacional geralmente elevado dos participantes dos estudos americanos, australianos e japoneses. No estudo de Hill et al.39, renda e patrimônio associaram-se significativamente com PV nas medidas de linha de base e nas posteriores de seguimento, enfraquecendo a ideia de PV como necessidade humana básica. Esses dados aparentemente conflitantes necessitam de esclarecimento. Podem contribuir para o debate, dados de adultos e idosos brasileiros com diferentes níveis de escolaridade e renda e com diferentes condições cognitivas daqueles observados nos países de origem dessas pesquisas.
Os dados mais impressionantes observados no conjunto de estudos analisados dizem respeito à associação entre alto nível de PV e melhor função cognitiva, mesmo na presença de alterações neuropatológicas cerebrais típicas da doença de Alzheimer, assim como evolução mais lenta de DA e CCL incidentes e ritmo mais lento de declínio cognitivo na presença de alto nível de PV27. Esses dados sugerem que PV promove ganhos em reservas neurais que protegem o cérebro dos efeitos deletérios das alterações associadas à DA. A maioria dos sistemas fisiológicos do organismo, incluindo o cérebro, suporta considerável nível de danos, antes de apresentar manifestações clínicas de déficit27.
Risco mais baixo para DA em indivíduos com alto nível de PV e associações estatisticamente significativas entre altas pontuações em PV e funções cognitivas foram igualmente documentadas25,40,43. Adultos e idosos com alto PV e bons níveis de cognição global e referenciada a domínios costumam envolver-se mais frequentemente em atividades, são competentes em alocar tempo, energia e recursos para atingir suas metas e costumam investir mais na própria saúde, condições que revertem em benefícios à cognição. Além disso, existem relações entre PV e níveis reduzidos de fatores inflamatórios, tais como o receptor IL-6, e entre PV e maior resistência ao estresse e melhor função imunológica, que são influenciadas pelos fatores apontados53. Indivíduos com bons índices de biomarcadores, baixa carga alostática e mais recursos cognitivos investem mais recursos pessoais em metas que beneficiam a aquisição de novos repertórios e o bem-estar subjetivo38,40.
O segundo conjunto de dados que chama a atenção na amostra de literatura analisada diz respeito à capacidade do PV para predizer mortalidade. Os estudos de Boyle et al.16, Hill e Turiano37, Windsor et al.43 e Tomioka et al.45 assumiram sobrevivência e mortalidade como variáveis dependentes. No primeiro, alto PV associou-se com maior probabilidade de sobrevivência; o segundo indicou maior risco de morte para os homens, os idosos mais velhos e menos educados e os que pontuam baixo em relações positivas com os outros e PV; o terceiro evidenciou aumento da idade como fator de risco para mortalidade e aumento da pontuação em PV como preditor de sobrevivência; o último, associou baixa pontuação em PV com mortalidade e com declínio em AIVD e em ABVD. As bases biológicas da associação entre PV e mortalidade são desconhecidas, mas acredita-se que altos níveis de PV contribuem para o funcionamento de múltiplos sistemas biológicos, protegendo-os dos efeitos deletérios das doenças e outras condições adversas de saúde. Vale o mesmo raciocínio apresentado com relação à incidência e à progressão da DA e do CCL.
A realização de estudos sobre o potencial do PV para predizer AVC e enfarte do miocárdio, que, em si mesmos, são preditores de incapacidade física e cognitiva, é uma das metas preferenciais da clínica e da pesquisa. Daí a importância dos dados relatados por Yu et al.28 e por Kim et al.30,31. Segundo os autores, altas pontuações em PV associam-se a menor rico para AVC e para enfarte do miocárdio. Existem duas possíveis explicações para as associações entre PV e AVC. Em primeiro lugar, PV pode ajudar, promovendo estilos de vida saudáveis. Em segundo lugar, PV pode estar diretamente implicado em funções neuroendócrinas, por exemplo níveis de cortisol salivar, epinefrina e norepinefrina, que se relacionam com bem-estar subjetivo. Outro mecanismo possível inclui a ação de marcadores inflamatórios, tais como proteína C-reativa, IL-6 e fator de necrose tumoral alfa. Em terceiro lugar, PV relaciona-se com vários outros construtos psicológicos, entre eles senso de coerência, senso de controle, resiliência e otimismo. É um componente do bem-estar psicológico e um fator potencialmente modificável de promoção de envelhecimento saudável28,31.
A simples ausência de estados e traços psicológicos negativos, tais como ansiedade, hostilidade, depressão e afetos negativos é insuficiente para explicar ou evitar a ocorrência de enfartes do miocárdio. Os mecanismos de proteção podem percorrer trajetórias biológicas (por exemplo, promovendo melhor função do sistema imune e melhor regulação dos níveis de proteína HDL), comportamentais (por exemplo, otimismo, emoções positivas, autoeficácia e enfrentamento focado no problema) e sociais (por exemplo, relações sociais positivas e participação em assuntos da comunidade), todas elas associadas a níveis elevados de PV30.
Altos níveis de PV associaram-se com menor risco para incapacidade em ABVD e para mobilidade, independentemente de variáveis sociodemográficas, fragilidade, risco cardiovascular, doenças vasculares, depressão, neuroticismo e redes sociais26. Na pesquisa de Kim et al.34 cada ponto a mais em PV associou-se com diminuição de 13% no risco de desenvolver baixa força de preensão e de 14% para adquirir lentidão da marcha. Não existem dados suficientes sobre quais são os elos entre PV e funções físicas. Acredita-se que as relações sejam em parte baseadas em efeitos indiretos (por exemplo, por meio de comportamentos de saúde), em parte em efeitos diretos (por exemplo, por meio da alteração em funções biológicas). Assim, pessoas com alto níveis de PV são mais proativas quanto ao autocuidado em saúde, têm melhor controle de impulsos e costumam envolver-se em atividades saudáveis. Têm melhor nível de regulação dos sistemas fisiológicos associados com funções físicas (por exemplo, menos marcadores inflamatórios). Essas condições medeiam a relação entre PV e a capacidade funcional34.
Windsor et al.43 e Tomioka et al.45 confirmaram essas associações por meio de dados similares. Zilioli et al.38 observaram melhores condições de enfrentamento de estressores ao longo de 10 anos de seguimento em idosos com alto nível de PV. Essas vantagens provavelmente refletem e explicam a ocorrência de avaliações positivas da própria saúde na presença de alto nível de PV42,43.
PV elevado, em idosos em atendimento ambulatorial, prediz menores taxas de hospitalização do que PV em nível intermediário29, assim como PV mais elevado associa-se com maior probabilidade de envolvimento com providências de autocuidado à saúde32. Ao contrário dos efeitos positivos relacionados a maiores pontuações em PV, pontuações mais baixas predizem distúrbios de sono33 e outros desfechos negativos29 (Quadro 3).
Revisão integrativa de artigos de pesquisa sobre propósito de vida: resultados de interesse dos estudos longitudinais. Campinas, SP, Brasil, 2018.
Os estudos de corte transversal envolveram amostras de conveniência e incidiram sobre questões teóricas46,47 e de validade de medidas de atividade física, na relação com PV48. Um dos três estudos experimentais analisados envolveu amostra do MIDUS35 e orientou-se pela teoria de seletividade socioemocional. Segundo a teoria, o envelhecimento implica em declínio adaptativo na intensidade, na variabilidade e no tempo de reação relativos à expressão emocional, bem como em declínio na capacidade de discriminar sinais de emoções negativas em fotografias e na fala. O declínio seria protetor por permitir que os idosos poupem recursos fisiológicos para investir em domínios selecionados, como a cognição. Ao mesmo tempo, os idosos conservam a capacidade de perceber expressões faciais de medo, mesmo em fotografias de multidões, possivelmente pelo seu valor adaptativo para a espécie49. A intervenção foi importante pelo fato de documentar a possibilidade de intervir no PV ou em condições a ele associadas. O segundo orientou-se pela noção de comportamento orientado ao cumprimento de metas como estratégia fundamental de manejo dos estressores externos e internos50. Tal noção é inerente ao conceito de PV, mas a novidade do estudo foi testar a possibilidade de comunicação com idosos com demência a respeito de PV e efetivamente saber se PV afeta seus comportamentos. Ambos os empreendimentos foram bem-sucedidos, agregando dados importantes à intervenção com adultos e idosos com demências51. O terceiro estudo experimental diferenciou-se dos demais pelo tema sensível, atitudes quanto à diversidade étnica, em face de outras variáveis afetivas, inclusive PV, e cognitivas52. O estudo foi uma tentativa relevante de testar a possibilidade de intervir nessas condições, em favor da sociedade (Quadro 4).
Revisão integrativa de artigos de pesquisa sobre propósito de vida: resultados de interesse dos estudos descritivos de corte transversal e dos estudos experimentais sobre PV. Campinas, SP, Brasil, 2018.
Considerações finais
Realizamos uma revisão integrativa de literatura sobre PV que teve como objetivo proximal realizar a análise de uma amostra de artigos selecionada por critérios teóricos e metodológicos. Ao decidir selecionar artigos que tivessem o termo no título, pretendemos focar estudos tidos como significativos nos contextos em que foram produzidos e publicados. A grande maioria dos artigos analisados trabalhou com dados secundários ou com subamostras de grandes estudos conduzidos nos Estados Unidos, dentro da tradição de realização de estudos longitudinais. Todos são pioneiros no trato das relações entre PV e numerosas variáveis biológicas, psicológicas e sociais indicativas de boa adaptação na velhice.
O envelhecimento da população e o aumento da longevidade em curso no Brasil, associados às mudanças normativas e não normativas que ocorrem na velhice, remetem a condições de risco à adaptação, em si mesmas geradoras da necessidade de estudar as variáveis que favorecem o bem-estar da pessoa idosa e o envelhecimento bem-sucedido. Entre elas, figuram como as mais importantes as que são modificáveis, caso do bem-estar psicológico ou eudaimônico e de um de seus componentes, propósito de vida. Por esses motivos, o objetivo distal assumido por este trabalho é oferecer aos pesquisadores e aos profissionais de saúde uma análise sobre aspectos relevantes deste construto, a qual possa auxiliá-los na tomada de decisões sobre intervenções.
Em resumo, os dados analisados indicam que a tendência de extrair significado de experiências de vida e ter um sentido de intencionalidade e direcionamento, podem orientar o comportamento, contribuindo para o envelhecimento bem-sucedido. Adultos e idosos com altos níveis de PV, que trabalham orientados por metas de vida, enfrentam melhor o envelhecimento, investem mais em autocuidado e no desenvolvimento das próprias competências, engajam-se mais, socialmente, e tendem a se envolver em atividades significativas. Pessoas com nível mais alto de propósito têm uma visão mais positiva do envelhecimento e de suas vidas.
Pessoas com níveis mais elevados de PV tendem a ser mais resilientes, e sua busca ativa por metas provavelmente aumenta a sua força orientada para objetivos e a eficiência dos seus sistemas biológicos. PV está associado a numerosos estados e traços psicológicos conhecidos, que podem proporcionar uma boa saúde, como otimismo, autoeficácia e ausência de depressão. Associa-se a comportamentos compatíveis com a preservação da saúde, como, por exemplo, alimentação saudável, atividade física regular, e à evitação de riscos, como o tabagismo e o alcoolismo.
PV atua como fator de proteção significativo em relação à mortalidade; a doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; a alterações cognitivas compatíveis com DA e CCL; à limitação funcional e à imobilidade; a hospitalizações e a outros desfechos negativos de saúde. É relativamente pouco afetado por variáveis sociodemográficas. É estável às idades, na vida adulta e na velhice. Embora seja um elemento promotor de desenvolvimento e envelhecimento bem-sucedidos, o alcance de sua atuação no sentido de modificar e prevenir riscos associados ao envelhecimento é limitado pelo processo de declínio na velhice mais avançada.
Propósito pode ser melhorado por meio do envolvimento em atividades significativas, como por exemplo, as de lazer, educacionais, filantrópicas (merecendo destaque o voluntariado), sociais, culturais ou familiares. Mesmo pequenas mudanças comportamentais podem contribuir para um maior senso de intencionalidade, utilidade e relevância. Intervenções focadas na melhoria do PV em idosos podem contribuir para fortalecer as reservas neurológicas e cognitivas, o senso de controle, o senso de competência e o comportamento orientado ao cumprimento de metas. Podem ser de grande valia para atenuar, postergar e diminuir o ritmo do declínio cognitivo e do desenvolvimento da morbidade e da incapacidade na idade avançada.
O aumento da longevidade entre os idosos brasileiros impõe desafios à sociedade e aos indivíduos que envelhecem. Na velhice avançada aumentam as possibilidades de perda de capacidades físicas e cognitivas e de vivência de adversidades individuais e familiares. Pesquisas gerontológicas devem produzir conhecimento sobre as variáveis que podem contribuir para uma longevidade saudável. O PV destaca-se como um marcador significativo de saúde física e mental, com potencial para orientar intervenções gerontológicas inovadoras.
Referências
- 1 Ryff CD. Happiness is everything, or is it? Explorations on the meaning of psychological well-being. J Pers Soc Psychol 1989; 57(6):1069-1081.
- 2 Ryff CD. Psychological well-being in adult life. Curr Dir Psychol Sci 1995; 4(4):99-104.
- 3 Ryff CD, Keyes CL. The structure of psychological well-being revisited. J Pers Soc Psychol 1995; 69(4):719-727.
- 4 Bühler C. The curve of life as studied in biographies. J Appl Psychol 1935; 19(4):405-409.
- 5 Jung CG. Modern man in search of a soul New York: Harcourt, Brace & World; 1933.
- 6 Erikson EH. Identity and the life cycle: Selected papers. Psychological Issues 1959; 1:1-171.
- 7 Frankl VE. Man's search for meaning: An introduction to logotherapy Boston: Beacon Press; 1959.
- 8 Allport GW. Pattern and growth in personality New York: Holt, Rinehart, & Winston; 1961.
- 9 Rogers CR. On becoming a person Boston: Houghton Mifflin; 1961.
- 10 Maslow AH. Toward a psychology of being 2nd ed. New York: Van Nostrand; 1968.
- 11 Neugarten BL. Personality change in late life: A developmental perspective. In: Eisodorfer C, Lawton MP, editors. The psychology of adult development and aging Washington: American Psychological Association; 1973. p. 311-335.
- 12 Baltes PB, Baltes MM. Psychological perspectives on successful aging: The model of selective optimization with compensation. In: Baltes MM, Baltes PB, editors. Successful Aging: Perspectives from the Behavioral Sciences. European Network on Longitudinal Studies on Individual Development Cambridge: Cambridge University Press; 1990. p. 1-34.
- 13 Samman E. Psychological and subjective well-being: A proposal for internationally comparable indicators. Oxford Development Studies 2007; 35(4):459-486.
- 14 Abbott RA, Ploubidis GB, Huppert FA, Kuh D, Wadsworth ME, Croudace TJ. Psychometric evaluation and predictive validity of Ryff's psychological well-being items in a UK birth cohort sample of women. Health Qual Life Outcomes 2006; 4(1):76.
- 15 Ryff CD, Singer BH. Best news yet on the six-factor model of well-being. Social Science Research 2006; 35(4):1103-1119.
- 16 Boyle PA, Barnes LL, Buchman AS, Bennett DA. Purpose in life is associated with mortality among community-dwelling older persons. Psychosomatic medicine 2009; 71(5):574-579.
- 17 Koenig HG, Berk LS, Daher NS, Pearce MJ, Bellinger DL, Robins CJ, Nelson B, Shaw SF, Cohen HJ, King MB. Religious involvement is associated with greater purpose, optimism, generosity and gratitude in persons with major depression and chronic medical illness. J Psychosom Res 2014; 77(2):135-143.
- 18 Wong PTP. Spirituality, meaning, and successful aging. The human quest for meaning: A handbook of psychological research and clinical applications Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates Publishers; 1998. p. 359-394.
- 19 Bennett DA, Schneider JA, Buchman AS, Barnes LL, Boyle PA,Wilson, RS. Overview and findings from the Rush Memory and Aging Project. Curr Alzheimer Res 2012; 9(6):646-663.
- 20 Juster, FT, Suzman R. An overview of the Health and Retirement Study. J Hum Res.30; Special Issue on the Health and Retirement Study: Data quality and early results.1995; p. S7-S56.
- 21 Brim OG, Ryff CD, Kessler RC (2004). The MIDUS National Survey: An Overview. In: Brim OG, Ryff CD, Kessler RC, editors. The John D. and Catherine T. MacArthur foundation series on mental health and development. Studies on successful midlife development. How healthy are we?: A national study of well-being at midlife. Chicago: University of Chicago Press; 2004. p.1-34.
- 22 Bell B, Rose CL, Damon A. The Normative Aging Study. An Interdisciplinary and Longitudinal Study of Health and Aging. Aging Hum Devel 1972; 3(1):5-17
- 23 Andrews G, Cheok F, Carr S. The Australian Longitudinal Study of Aging. Austr J Age 1989; 8(2):31-35.
- 24 Souza MTS, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein 2017; 8(1 Pt 1):102-106.
- 25 Boyle PA, Buchman AS, Barnes LL, Bennett DA. Effect of a purpose in life on risk of incident Alzheimer disease and mild cognitive impairment in community-dwelling older persons. Arch Gen Psychiatry 2010; 67(3):304-310.
- 26 Boyle PA, Buchman AS, Bennett DA. Purpose in life is associated with a reduced risk of incident disability among community-dwelling older persons. Am J Geriatr Psychiatry 2010; 18(12):1093-1102.
- 27 Boyle PA, Buchman AS, Wilson RS, Yu L, Schneider JA, Bennett DA. Effect of purpose in life on the relation between Alzheimer disease pathologic changes on cognitive function in advanced age. Arch Gen Psychiatry 2012; 69(5):499-505.
- 28 Yu L, Boyle PA, Wilson RS, Levine SR, Schneider JA, Bennett DA. Purpose in life and cerebral infarcts in community-dwelling older people. Stroke 2015; 46(4):1071-1076.
- 29 Wilson RS, Capuano AW, James BD, Amofa P, Arvanitakis Z, Shah R, Bennett DA, Boyle PA. Purpose in life and hospitalization for ambulatory care-sensitive conditions in old age. Amer J Ger Psych 2018; 26(3):364-374.
- 30 Kim ES, Sun JK, Park N, Kubzansky LD, Peterson C. Purpose in life and reduced risk of myocardial infarction among older U.S. adults with coronary heart disease: a two-year follow-up. J Behav Med 2013; 36(2):124-133.
- 31 Kim ES, Sun JK, Park N, Peterson C. Purpose in life and reduced incidence of stroke in older adults: 'The Health and Retirement Study'. J Psychosom Res 2013; 74(5):427-432.
- 32 Kim ES, Strecher VJ, Ryff CD. Purpose in life and use of preventive health care services. Proc Natl Acad Sci USA 2014; 111(46):16331-16336.
- 33 Kim ES, Hershner SD, Strecher VJ. Purpose in life and incidence of sleep disturbances. J Behav Med 2015; 38(3):590-597.
- 34 Kim ES, Kawachi I, Chen Y, Kubzansky LD. Association between purpose in life and objective measures of physical function in older adults. JAMA Psychiatry 2017; 74(10):1039-1045.
- 35 Schaefer SM, Morozink Boylan J, van Reekum CM, Lapate RC, Norris CJ, Ryff CD, Davidson RJ. Purpose in life predicts better emotional recovery from negative stimuli. PloS one 2013; 8(11): e80329.
- 36 Burrow AL, Sumner R, Ong AD. Perceived change in life satisfaction and daily negative affect: The moderating role of purpose in life. J Happiness Stud 2014; 15(3):579-592.
- 37 Hill PL, Turiano NA. Purpose in life as a predictor of mortality across adulthood. Psychol Sci 2014; 25(7):1482-1486.
- 38 Zilioli S, Slatcher RB, Ong AD, Gruenewald TL. Purpose in life predicts allostatic load ten years later. J Psychosom Res 2015; 79(5):451-457.
- 39 Hill PL, Turiano NA, Mroczek DK, Burrow AL. The value of a purposeful life: Sense of purpose predicts greater income and net worth. J Res Pers 2016; 65:38-42.
- 40 Lewis NA, Turiano NA, Payne BR, Hill PL. Purpose in life and cognitive functioning in adulthood. Neuropsychol Dev Cogn B Aging Neuropsychol Cogn 2017; 24(6):662-671.
- 41 Hill PL, Turiano NA, Burrow L. Early life adversity as a predictor of sense of purpose during adulthood. Int J Behav Dev 2018; 42(1):143-147.
- 42 Hill PL, Turiano NA, Spiro A, Mroczek DK. Understanding inter-individual variability in purpose in life: Longitudinal findings from the VA Normative Aging Study. Psychol Aging 2015; 30(3):529-533.
- 43 Windsor TD, Curtis RG, Luszcz MA. Sense of purpose as a psychological resource for aging well. Devel Psych 2015; 51(7):975-986.
- 44 Ko HJ, Hooker K, Geldhof GJ, McAdams DP. Longitudinal purpose in life trajectories: Examining predictors in late midlife. Psychol Aging 2016; 31(7):693-698.
- 45 Tomioka K, Kurumatani N, Hosoi H. Relationship of having hobbies and a purpose in life with mortality, activities of daily living, and instrumental activities of daily living among community-dwelling elderly adults. J Epidemiol 2016; 26(7):361-370.
- 46 Sano N, Kyougoku M. An analysis of structural relationship among achievement motive on social participation, purpose in life, and role expectations among community dwelling elderly attending day services. Peer J 2016; 4: e1655.
- 47 Polenick CA, Kales HC, Birditt KS. Perceptions of purpose in life within spousal care dyads: Associations with emotional and physical caregiving difficulties. Ann Behav Med 2018; 52(1):77-87.
- 48 Hooker SA, Masters KS. Purpose in life is associated with physical activity measured by accelerometer. J Health Psychol 2016; 21(6):962-971.
- 49 Charles ST. Emotional experience and regulation in later life. In: Schaie KW, Willis SL, editors. Handbook of the Psychology of Aging 7th ed. London: Elsevier; 2011. p. 295-310.
- 50 Brandtstädter J, Renner G. Tenacious goal pursuit and flexible goal adjustment: Explication and age-related analysis of assimilative and accommodative strategies of coping. Psychol Aging 1990; 5(1):58-67.
- 51 Mak W. Self-reported goal pursuit and purpose in life among people with dementia. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci 2011; 66(2):177-184.
- 52 Burrow AL, Stanley M, Sumner R, Hill PL. Purpose in life as a resource for increasing comfort with ethnic diversity. Pers Soc Psychol Bull 2014; 40(11):1507-1516.
- 53 Friedman EM, Hayney M, Love GD, Singer BH, Ryff CD. Plasma interleukin-6 and soluble IL-6 receptors are associated with psychological well-being in aging women. Healt Psych 2007; 26(3):305-313.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
03 Jun 2020 -
Data do Fascículo
Jun 2020
Histórico
-
Recebido
25 Jan 2018 -
Aceito
11 Out 2018 -
Publicado
13 Out 2018