Resumo
Neste estudo, buscou-se compreender o papel e a função social das práticas de mulheres benzedeiras, raizeiras, erveiras, rezadeiras, curandeiras, parteiras em sua relação com a biomedicina, e mais detidamente com as Redes de Atenção à Saúde (RAS) do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de pesquisa sociológica qualitativa por meio de entrevistas semiestruturadas, observação participante e análise do discurso de mulheres que utilizam práticas de cura para a comunidade em um município da região metropolitana de Curitiba. Os resultados possibilitam perceber que há um distanciamento entre as práticas populares de cura com o avanço da atenção à saúde biomédica, e que o declínio destes saberes populares parece ter ocorrido no processo da modernidade com o apogeu da técnica e da biomedicina. Amplia-se ainda a relevância das vozes femininas, que são representantes ativas nos cuidados à saúde, dominando técnicas, práticas e saberes que historicamente lhes conferiram prestígio social ou mesmo identidade comunitária. Identificar as mulheres que fazem práticas de cura e ouvir suas interpretações sobre o modelo de atenção à saúde institucionalizado conduz à perspectiva da participação popular na essência democrática da promoção da saúde.
Palavras-chave:
Antropologia Médica; Religião e Ciência; Atenção Primária à Saúde