Jackson et al.16, 2021, Canadá |
Pacientes difíceis mais frequentemente com: somatização, dor intensa, prejuízo de funcionalidade e depressão. Não associação com idade ou anos de prática do médico e gênero ou etnia do paciente e concordância de sexo e etnia com a do médico. Fatores de proteção: confiança, cordialidade do médico e maior participação do paciente nas decisões. |
Karahuseyınoglu et al.17, 2021, Turquia |
Pacientes difíceis mais frequentemente de classe média e homens. Outros profissionais de saúde consideravam as mulheres mais difíceis. |
Bankiewicz-Nakielska et al.25, 2020, Polônia |
Conflito interno do médico por sentir raiva de certos pacientes, mas, ao mesmo tempo, sentir simpatia por eles e considerar que deveria ser carinhoso e gentil; medo de ataque por familiares se acontecesse algo ruim com paciente, e de não satisfazer expectativas do paciente; indecisão entre se deixar ser atacado ou impor limites; dificuldade em se distanciar de situações complicadas e em discutir mortalidade e intimidade. |
Isbell et al.32, 2020, EUA |
Médicos consideravam difíceis pacientes: demandantes, manipuladores, que cometiam assédio verbal ou físico, usuários frequentes, com expectativas não realísticas, com pouco autocuidado e com familiares hostis. Reação emocional do médico: ansiedade, fadiga, raiva e tristeza. |
Zhang et al.24, 2020, China |
Queda de 31% no envolvimento médico com seu trabalho, frente a relações difíceis com pacientes por redução de motivação prossocial e aumento de foco na resolução de problemas objetivos. |
Bodegard et al.19, 2019, Suécia |
Frente a pacientes com queixas além de somáticas, médicos relataram: dedicar menos tempo para explicar suas queixas, interrompê-los mais, levá-los menos a sério, fornecer menos informações, responder menos às perguntas, permitir menor participação no encontro e ficar menos satisfeitos com seu desempenho em tais encontro. Pacientes com queixas além de somáticas relataram que médicos difíceis lhes proporcionavam menos oportunidades de descrever suas queixas por completo e os interrompiam mais, resultando em sua menor satisfação com o atendimento; pacientes imigrantes consideraram ser menos levados a sério e receber menos informação. |
Carde15, 2019, Canadá |
Médicos relataram dificuldades com contextos de pobreza, baixa escolaridade, desemprego e isolamento social de seus pacientes; A definição de um “paciente difícil” relacionou-se mais à experiência subjetiva do médico durante os atendimentos do que às características individuais do paciente. Três fatores que incomodaram o médico com maior frequência: tempo, sensação de ineficácia e pressão por “fazer algo”. |
Castelhano et al.31, 2019, Brasil |
Médicos relataram que os pacientes difíceis questionavam sua decisão, buscavam segunda opinião e tiravam conclusões antes do atendimento após pesquisa na internet. Médicos usavam estratégias de distanciamento em consultas que envolviam emoções fortes. Relato de dificuldade em manter bom humor e cordialidade após longas horas de trabalho extenuante. |
Mota et al.21, 2019, Suíça |
40% dos pacientes com ao menos uma vulnerabilidade, a maioria, social, seguida por somática e por saúde mental; apenas o estado de saúde mental associou-se a pacientes difíceis de sexo masculino e todas as dimensões de vulnerabilidade associaram-se a pacientes difíceis do sexo feminino. Encontros difíceis eram mais frequentes na segunda-feira. Não houve associação entre probabilidade de considerar paciente como difícil e idade, sexo e anos de prática do residente. |
Qiao et al.22, 2019, China |
Mais encontros difíceis entre médicos internistas, com pós-graduação e idade > 31 anos e médicos que se sentiam hostilizados pela mídia, já haviam passado por litígio, trabalhavam mais de 40 horas por semana e prescreviam mais drogas, testes ou procedimentos desnecessários. Menos encontros difíceis entre médicos satisfeitos com sua renda, que consideravam bom o ambiente do hospital, não se sentiam pressionados e percebiam a confiança de seus pacientes. Satisfação maior dos pacientes com seus médicos e confiança neles entre aqueles: da etnia majoritária (Han) quando comparados à etnia minoritária local (Mongol); satisfeitos com sua renda e que haviam aguardado menos tempo para agendar atendimento. |
Collins et al.33, 2018, EUA |
Contextos de encontros difíceis de médicos pacientes com queixas funcionais, drogadição abuso/negligência, e má adesão a tratamento, hostilidade, raiva, defensividade, negação, impaciência, e contextos de discussão com adolescentes, envolveram, com restrição de tempo, erros médicos e final de vida. Grande ansiedade era sentida quando havia comunicação de más notícias e comunicação com familiares com raiva ou que insistiam em conduta inadequada. Maior dificuldade de pediatras com famílias de pacientes internados do que de ambulatório. Residentes de pediatria sentiam-se inseguros quando pacientes sentiam dor crônica e familiares discordavam de sua conduta e / ou insistiam em conduta considerada inadequada. |
Goetz et al.20, 2018, Alemanha |
Médicos consideravam difíceis pacientes: com somatização, dor crônica e etilismo; agressivos, demandantes, não amistosos e “desobedientes”. Satisfação com trabalho associou-se apenas a fatores ambientais e condições de trabalho. |
Steinauer et al.27, 2018, EUA |
Acadêmicos mais frequentemente consideravam difíceis os pacientes com: contextos sociais complexos; doenças crônicas e psiquiátricas; abuso de substâncias; demanda exclusiva e insistente de receita de drogas; problemas sem solução; raiva; rudeza; recusa a aderir às terapias propostas ou a se abrir. Os sentimentos frequentemente gerados neles em encontros difíceis foram frustração, incômodo e sensação de impotência e de não ter ferramentas e/ou autoridade para melhorar saúde do paciente e diminuição das expectativas sobre o cuidado centrado no paciente e em se destacar academicamente. |
Houwen et al. 26, 2017, Países Baixos |
Pacientes consideravam difíceis médicos que: discordavam deles sobre ponto central da consulta; geravam a sensação de desconforto na consulta; não tinham plano terapêutico específico; pareciam despreparados tecnicamente; não conheciam seu histórico; eram preconceituosos; e, não admitiam desconhecimento sobre origem dos sintomas. |
Mack et al.28, 2017, EUA |
Pais de pacientes pediátricos consideravam os pediatras difíceis quando: não havia aliança terapêutica, nem compreensão sobre suas necessidades e quando o pediatra não parecia se importar com eles e seus filhos, nem estar do seu lado ou trabalhar para obter os melhores resultados para seus filhos. Os sentimentos gerados nos pais foram: angústia, raiva, sensação de vulnerabilidade e desconfiança. Pediatras consideravam como principais fatores dificultadores da relação com o paciente: problemas de comunicação e compreensão, pais que os confrontavam e/ou com problemas de saúde mental e questões estruturais externas. Os sentimentos gerados nos pediatras foram: frustração, desconfiança no responsável, angústia, ansiedade e sensação de fracasso. |
Méndez et al.23, 2017, Chile |
Os pacientes mais frequentemente difíceis usavam maior número de medicações e apresentavam maior tempo em psicoterapia, necessidade de assistência social e transtorno de personalidade. Não houve associação entre percepção do médico sobre pacientes difíceis e idade, sexo, estado civil, escolaridade e tempo de diagnóstico dos pacientes. |
Sandikci et al.18, 2017, Turquia |
Médicos consideravam difíceis os pacientes que: tinham problemas recorrentes sem resolução, multicomorbidades e doenças psicossomáticas, eram poliqueixosos, ansiosos e sentiam raiva deles. Frequência similar de encontros difíceis por pacientes ofensivos, manipuladores, com raiva deles ou drogadição entre médicos internistas, cirurgiões e generalistas. Cirurgiões tiveram menos encontros difíceis com pacientes com problemas recorrentes sem resolução, com múltiplas queixas e comorbidades e que eram muito ansiosos. Internistas destacaram dificuldade com pacientes com doenças psicossomáticas. |
Maatz et al.29, 2016, EUA |
Médicos consideravam difíceis pacientes com: burnout, sintomas funcionais, doenças intratáveis, múltiplas comorbidades, expectativa limitada de melhora, demonstração de frustração, angústia, raiva e desapontamento. dificuldade de compreensão, recusa “a fornecer informações” e dificuldade de serem convencidos. Foi ressaltada a influência de dificuldades por limitações no suporte do sistema de saúde, como psicoterapia, na continuidade no cuidado e nos recursos na atenção primária. |
Shapiro et al.30, 2016, EUA |
Acadêmicos consideravam mais difíceis os pacientes com problemas de saúde mental, doenças crônicas múltiplas, dor, raiva ou tristeza, e que falavam demais, traziam problemas pessoais, aderiam pouco a tratamento e eram de ascendência latina e asiática e de meia-idade ou idosos. Eles relataram dificuldade no manejo de pacientes muito comunicativos, com raiva ou com diferenças linguísticas, e para explicar a natureza da doença e do tratamento, quando os pacientes estavam em acompanhamento por longo tempo e não entendiam seu quadro clínico. Os sentimentos gerados nos acadêmicos pelos encontros difíceis foram ansiedade, medo, frustração e empatia. Enquanto alguns aumentaram sua satisfação, compreensão e calma ao longo da formação, outros aumentaram sua frustração e sensação de impotência. Acadêmicos consideravam que a maioria de seus preceptores da MFC se comunicava bem com os pacientes e estabelecia vínculo de confiança, mas, ignorava as perguntas dos pacientes, não lhes explicava o tratamento prescrito, ignorava informações socioeconômicas coletadas pelos acadêmicos ao estabelecer a conduta e sinalizava para os acadêmicos quando o paciente era difícil. |