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Vulnerabilidade e precariedade em uma favela carioca: ruídos, controles e convenções a partir do Programa Bolsa Família

Resumo

O artigo discute como o Programa Bolsa Família (PBF) é mobilizado e significado nas práticas e discursos de beneficiárias em uma favela no Rio de Janeiro. O material empírico do qual se parte é uma pesquisa de campo na Favela do Tripé (nome fictício), trecho precário de uma favela maior, que envolveu observação participante e a interação com beneficiárias do Programa. A partir das falas destas mulheres, refletimos sobre a relação entre o PBF, vulnerabilidades, saúde, alimentação, convenções de gênero e o papel e presença do Estado em contextos de favela. A questão do cuidado, representada pela posição central das mães/mulheres, também é um dos fios condutores da análise, mostrando como o ato de cuidar reitera convenções morais. A partir dos ruídos - que vão desde os tiroteios aos gritos de mães -, realiza-se também uma discussão sobre a posição da mulher e o seu papel enquanto cuidadora e mãe, abordando as expectativas daquele grupo. Estas expectativas reafirmam convenções de gênero e deixam evidente a moralização do lugar feminino e da condição materna. Para além da violência estatal e dos agentes do crime organizado, dos controles e vigilâncias difusos, no Tripé, a outra dimensão da sociabilidade dos moradores aqui abordada diz respeito à vulnerabilidade e à precariedade.

Palavras-chave:
Política pública; Vulnerabilidade social; Moralidade; Controle social

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