Usuários de drogas (UD) são uma população marginalizada e sob risco para hepatites virais que raramente acessam tratamento. Foi utilizado inquérito com 110 UD com Hepatite crônica e 15 entrevistas em profundidade com profissionais e gestores de saúde. A maioria dos entrevistados é homem, não branco, com baixa escolaridade, desempregado e com renda < salário mínimo. Nos últimos 6 meses, 61,8% usaram cocaína inalada e 64,7% uma vez por semana ou mais. Dos participantes, 50% tiveram relações sexuais com parceiros estáveis e 38,3% com parceiros ocasionais nunca/quase nunca usando preservativos. Preditores de busca por tratamento para dependência química incluem: raça/cor branca (OR:5.5), ter ensino médio (OR:8.7) e estar empregado (OR:5.7). 80,9% dos participantes buscou tratamento para hepatite, o acesso a serviços mais acolhedores é determinante para esse comportamento (OR:3.6). Oportunidades perdidas para tratamento de hepatite estão associadas a barreiras estruturais (inadequado apoio político/financeiro aos programas) e barreiras individuais (dependência química severa e baixa aderência). Aqueles que mais precisam de tratamento possuem menor chance de obtê-lo, salientando a importância de renovar estratégias para responder à epidemia de hepatite entre usuários de drogas empobrecidos e seus parceiros sexuais.
Hepatites; Uso de drogas; Acesso; Aderência; Brasil