O presente artigo apresenta conclusões de uma pesquisa desenvolvida na ENSP/Fiocruz, como parte do curso de mestrado, sobre a relação entre pobreza e obesidade a partir da apreensão da construção simbólica em torno do corpo. A pesquisa teve por objetivo investigar as percepções acerca do corpo de um grupo de mulheres obesas moradoras de uma favela carioca, a partir do emprego da metodologia qualitativa, utilizando a técnica da entrevista semi-estruturada. Os resultados obtidos neste trabalho revelaram que entre as mulheres da Rocinha vigoravam padrões próprios de corpo que pouco se vinculavam a atributos estéticos. A obesidade era percebida de forma diferenciada pelas mulheres investigadas. Ela era sentida através de sintomas clínicos tais como: "dor nas pernas", "dor na coluna", "falta de ar", "menor disposição". Foi possível, ainda, verificar que o corpo obeso era por vezes valorizado no grupo, vinculando-se ao trabalho e à condição social. Tais resultados nos conduzem a acreditar que a obesidade assume contornos próprios nos diferentes contextos e grupos sociais. Por essa razão, acreditamos ser necessária a realização de novas agendas de investigação sobre a temática da obesidade no Brasil.
Obesidade; Pobreza; Saúde pública