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Consumo alimentar segundo grau de processamento entre adolescentes da zona rural de um município do sul do Brasil

Food consumption according to the level of processing among adolescents from the rural area of a municipality in the south of Brazil

Resumo

Objetivo do estudo foi avaliar o consumo alimentar segundo o grau de processamento e a ingestão de nutrientes entre adolescentes da zona rural de Pelotas-RS. Estudo transversal, tipo censo, com 462 alunos matriculados do 6º ao 9º do ensino fundamental das 21 escolas municipais da zona rural. O consumo alimentar foi avaliado através de R24h, sendo os alimentos classificados em quatro grupos de acordo com seu processamento, segundo a classificação NOVA. O consumo médio diário de energia foi de 1.921 calorias, sendo 48,2% provenientes de alimentos in natura ou minimamente processados e 31,9% de ultraprocessados. Os alimentos que mais contribuíram para o total de calorias diárias foram: arroz, carnes, leguminosas, açúcar, pães caseiros, biscoitos, doces, refrigerantes e sucos artificiais. Proporção maior de macro e micronutrientes, foi observada a partir da ingestão de alimentos in natura ou minimamente processados, embora carboidratos, gorduras e ferro, derivados de ultraprocessados, também tenha sido elevada. Os resultados indicam que adolescentes da zona rural possuem uma maior ingestão energética a partir do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, ainda que alimentos ultraprocessados também façam parte da sua alimentação, manifestando a transição nutricional.

Palavras-chave
Consumo de alimentos; Alimentos industrializados; Adolescente; População rural

Abstract

The scope of the study was to assess food consumption according to the level of processing and the ingestion of nutrients among adolescents in the rural areas of Pelotas-RS. It involved a cross-sectional census-type study with 462 students in grades 6 through 9 of elementary school from 21 municipal schools in the rural area. Food consumption was evaluated by 24-hour dietary recall (24HR), with food products being classified into four groups according to the level of processing in line with the NOVA classification. The average daily energy intake was 1,921 calories, namely 48.2% from in natura or minimally processed food and 31.9% from ultra-processed food. The products that contributed most to the total daily calory intake were rice, meat, legumes, sugar, homemade bread, cookies, candies, soda, and artificial juices. A higher proportion of macro and micronutrients was observed from ingestion of in natura or minimally processed food, although carbohydrates, fat and iron contents derived from ultra-processed food was also high. The results of the study indicate that adolescents in rural areas have a higher energy intake from fresh or minimally processed food, however, it is observed that ultra-processed food is also part of their diet, thereby revealing the nutritional transition.

Key words
Food consumption; Industrialized foods; Adolescent; Rural population

Introdução

O interesse pelo consumo alimentar durante a adolescência é crescente, tendo em vista que nessa fase da vida ocorrem importantes mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que influenciam os hábitos alimentares11 World Health Organization (WHO). Nutrition in adolescence - Issues and challenges for the health sector. Genebra: WHO; 2005.. Além disso, padrões de alimentação inadequados entre os adolescentes podem ter repercussões negativas em curto e longo prazo, visto que uma dieta inadequada pode causar carências nutricionais, bem como maior susceptibilidade à obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) a ela relacionadas22 Popkin BM, Adair LS, Ng SW. Global Nutrition Transition: The pandemic of obesity in developing countries. Nutr Rev 2012; 70: 3-21.,33 Malik VS, Willett WC, Hu FB. Global obesity: trends, risk factors and policy implications. Nat Rev Endocrinol 2013; 9:13-27..

A substituição de alimentos caseiros e naturais por produtos industrializados, além de um estilo de vida mais sedentário, é apontada como um dos fatores responsáveis pelas elevadas prevalências de excesso de peso e obesidade verificadas entre adolescentes, inclusive entre aqueles residentes na zona rural44 World Health Organization (WHO). World Health Statistics 2011. Genebra: WHO; 2011,55 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares - 2008-2009: antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.. Apesar das mudanças ocorridas nos últimos anos, alimentos in natura e preparações culinárias caseiras, como arroz e feijão, se mantém como base da alimentação dos brasileiros, sendo esse perfil de consumo mais evidente nas populações residentes em áreas rurais66 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: MS; 2013.. Entretanto, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009, mostrou que menos de 10% da população das zonas urbanas e rurais do país atinge as recomendações de consumo de frutas, legumes e verduras77 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.. Além disso, o aumento no consumo de alimentos industrializados como salsichas e outras carnes processadas, biscoitos recheados e refrigerantes torna-se cada vez mais evidente77 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.

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10 Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IR, Cannon G. Increasing consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health: evidence from Brazil. Public Health Nutr 2011; 14(1):5-13.

11 Cornwell B, Villamor E, Mora-Plazas M, Marin C, Monteiro CA, Baylin A. Processed and ultra-processed foods are associated with lower-quality nutrient profiles in children from Colombia. Public Health Nutr 2018; 21(1):142-147.
-1212 Cediel G, Reyes M, Louzada MLC, Steele EM, Monteiro CA, Corvalán C, Uauy R. Ultra-processed foods and added sugars in the Chilean diet. Public Health Nutr 2018; 21(1):125-133., caracterizando uma dieta com alto teor energético e pouco nutritiva.

Tal cenário é preocupante, pois os alimentos industrializados são obtidos com adoção de elevado grau de processamento. Além disso, o produto final contém alto teor de gordura saturada e trans, sal, açúcar, energia, além de corantes e aromatizantes, ingredientes esses que têm demostrado potencial efeito nocivo à saúde1010 Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IR, Cannon G. Increasing consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health: evidence from Brazil. Public Health Nutr 2011; 14(1):5-13.. A exposição precoce a esses produtos, bem como o consumo excessivo e frequente, contribui para o comprometimento do crescimento e desenvolvimento, principalmente de crianças e adolescentes, podendo influenciar, também, na sua saúde na vida adulta1313 Pan American Health Organization (PAHO). Plan of action for the prevention of obesity in children and adolescents. Washington: PAHO; 2014..

A classificação NOVA, proposta por Monteiro et al.1414 Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Jaime P, Martins AP, Canella D, Louzada M, Parra D. NOVA. The star shines bright. Food classification. Public Health 2016; 7:28-38., divide os alimentos em quatro grupos segundo a extensão e o propósito do processamento. Apesar de ser um assunto recente, estudos que utilizaram a classificação NOVA apontam que nas últimas décadas a participação de alimentos in natura ou minimamente processados e ingredientes culinários processados vem sendo constantemente substituída pelo consumo dos alimentos ultraprocessados99 Martins AP, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Monteiro CA. Increased contribution of ultra processed food products in the Brazilian diet (1987-2009). Rev Saúde Pública 2013; 47(4):656-665.,1515 Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IR, Cannon G. A new classification of foods based on the extent and purpose of their processing. Cad Saude Publica 2010; 26:2039-2049.,1616 Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IR, Cannon G. Increasing consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health: evidence from Brazil. Public Health Nutr 2011; 14(1):5-13.. Esse comportamento também vem sendo observado entre populações residentes na zona rural, embora em menor proporção do que o verificado entre indivíduos que vivem em áreas urbanas77 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011..

Essa modificação do perfil nutricional da população não ocorreu somente com os adultos, entre os adolescentes, dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015, realizada com escolares do 9º ano do ensino fundamental, de escolas públicas e privadas situadas nas zonas urbanas e rurais do país, indicaram um comportamento sedentário e consumo excessivo de alimentos ultraprocessados1717 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa nacional de saúde do escolar: 2015. Rio de Janeiro: IBGE; 2016.. No Rio Grande do Sul, estudos realizados em escolas das zonas rurais, mostraram comportamento de risco à saúde, como inatividade física, excesso de peso e baixo consumo de frutas e vegetais1818 Raphaelli CO, Azevedo MR, Hallal PC. Associação entre comportamentos de risco à saúde de pais e adolescentes em escolares de zona rural de um município do Sul do Brasil. Cad Saúde Pública 2011; 27(12):2429-2440.,1919 Lopes SV, Mielki, GI, Silva, MC. Comportamentos de risco relacionados à saúde em adolescentes escolares da zona rural. O Mundo da Saúde 2015; 39:269-278..

Considerando que o consumo de alimentos com elevado grau de processamento, atualmente, também é frequente entre indivíduos que vivem no campo e, principalmente, entre crianças e adolescentes no ambiente escolar, é de extrema relevância ter o conhecimento das condições de alimentação e nutrição dessa população. Desta forma, o objetivo do estudo foi avaliar o consumo alimentar segundo o grau de processamento e sua contribuição para a ingestão de nutrientes entre adolescentes da zona rural de Pelotas-RS.

Métodos

Trata-se de um estudo transversal, do tipo censo de base escolar, realizado entre fevereiro de 2015 e abril de 2016, com a comunidade escolar rural (escolares do ensino fundamental, pais/responsáveis, professores, trabalhadores da alimentação escolar e gestores) de Pelotas-RS. À época do estudo, a zona rural do município contava com 21 escolas municipais, as quais ofereciam ensino fundamental para 2.326 alunos, sendo 922 matriculados do 6º ao 9º do ensino fundamental (dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação e Desporto da cidade de Pelotas-RS). Foram considerados elegíveis para o presente estudo todos os escolares matriculados do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, das 21 escolas municipais rurais de Pelotas-RS.

O desfecho do estudo, consumo alimentar segundo o grau de processamento, foi avaliado através de um recordatório alimentar de 24h (R24h), aplicado ao próprio adolescente por entrevistador treinado, nas dependências da escola, em espaço reservado para a pesquisa. Durante a aplicação do R24h o adolescente era estimulado a recordar tudo o que havia consumido no dia anterior a entrevista, sendo as informações registradas em medidas caseiras em formulário específico para esse fim. Após, a quantidade de cada item alimentar foi transformada em gramas ou mililitros utilizando, para tanto, a Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras - 5ª edição2020 Pinheiro ABV, Lacerda EM, Benzecry EH, Gomes MC, Costa VM. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. Rio de Janeiro: Atheneu; 2004.. O conteúdo calórico e de nutrientes dos alimentos foi analisado com o programa Nutriquanti2121 Galante AP. Desenvolvimento e validação de um método computadorizado para avaliação do consumo alimentar, preenchido por indivíduos adultos utilizando a Web [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2007., que utiliza a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos2222 Universidade Estadual de Campinas. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação - NEPA. Tabela brasileira de composição de alimentos - TACO. Campinas: UNICAMP; 2011. e a Tabela do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture Table)2323 U.S. Department of Agriculture (USDA). USDA National Nutrient Database for Standard Reference [Internet]. Beltsville: Human Nutrition Research Center, Nutrient Data Laboratory; 2011. Disponível em: ://ndb.nal.usda.gov/
://ndb.nal.usda.gov/...
. No presente trabalho, os alimentos foram classificados em quatro grupos de acordo com a extensão e o propósito de seu processamento, seguindo a classificação NOVA proposta por Monteiro et al.1414 Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Jaime P, Martins AP, Canella D, Louzada M, Parra D. NOVA. The star shines bright. Food classification. Public Health 2016; 7:28-38., conforme demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1
Classificação dos alimentos segundo o grau de processamento: definições e exemplos.

As informações sociodemográficas foram coletadas através de questionário preenchido pelo próprio aluno, em sala de aula, e por seus pais/responsáveis, para quem o questionário era enviado para ser respondido no domicílio. As variáveis independentes utilizadas para caracterizar a amostra avaliada foram: sexo (masculino, feminino), idade (11-14, 15-19 anos), cor da pele (branca, não branca) e escolaridade dos pais/responsáveis (0-4, 5-8, ≥ 9 anos completos de estudo).

Os dados foram duplamente digitados no Programa EpiData e analisados no programa estatístico Stata 12.0. Inicialmente, calculou-se a média diária de calorias por adolescente (e correspondente erro padrão). Posteriormente, calculou-se a contribuição relativa de cada um dos quatro grupos alimentares segundo a classificação NOVA1414 Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Jaime P, Martins AP, Canella D, Louzada M, Parra D. NOVA. The star shines bright. Food classification. Public Health 2016; 7:28-38. e a sua integração de alimentos nos seus respectivos subgrupos, em relação ao total de calorias consumidas diariamente. Ainda, foram avaliados o percentual da ingestão de macronutrientes – carboidratos, proteínas, gorduras e fibras alimentares – e micronutrientes – colesterol (mg), sódio (mg), ferro (mg) e cálcio (mg) – provenientes dos grupos alimentares segundo o grau de processamento.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas. Participaram do estudo apenas os escolares cujos pais/responsáveis concordaram com a sua participação, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados

Dos 922 alunos matriculados do 6º ao 9º ano do ensino fundamental das escolas municipais rurais de Pelotas-RS, 540 foram avaliados. Destes, 462 possuíam R24h, sendo incluídos no estudo. A média de idade dos adolescentes avaliados foi de 13,1±1,5 anos. A maioria era do sexo masculino (53,5%) e 71,7% autodeclararam-se com cor da pele branca. Em relação à escolaridade dos pais/responsáveis, 46,4% tinham entre 5 e 8 anos completos de estudo (Tabela 1).

Tabela 1
Descrição da amostra segundo características demográficas e socioeconômicas. Pelotas, RS, 2016, (N=462).

O consumo médio diário de energia entre os adolescentes foi de 1.921 calorias, sendo pouco menos da metade (48,2%) proveniente de alimentos in natura ou minimamente processados. Os alimentos ultraprocessados contribuíram com aproximadamente 32% do total de calorias e o restante (20%) foi proveniente de ingredientes culinários processados e de alimentos processados (Tabela 2).

Tabela 2
Consumo calórico de adolescentes da zona rural, segundo classificação dos alimentos de acordo com o seu grau de processamento. Pelotas, RS, 2016, (N=462).

Avaliando a proporção de calorias atribuídas aos alimentos de cada grupo (Tabela 2), arroz e carnes, juntos, foram responsáveis por aproximadamente um quarto (25,1%) da média diária de energia consumida. As leguminosas também se mostraram relevantes na alimentação dos escolares, contribuindo com 9,6% do total de calorias diárias ingeridas. Frutas e sucos de frutas sem açúcar contribuíram com apenas 3,3% do consumo calórico médio diário.

Dentre os ingredientes culinários processados, a maior contribuição para a média diária de energia consumida foi do açúcar (4,2%). Já, no grupo dos alimentos processados, os pães caseiros (10,9%) foram os que mais contribuíram para o consumo calórico médio diário, seguido de outros alimentos como preparações culinárias caseiras (por exemplo bolos, geleias e mingau).

No grupo dos alimentos ultraprocessados, biscoitos, doces, refrigerantes e sucos artificiais foram os que mais contribuíram para o total de calorias. Juntos, esses alimentos representaram 17,6% da média diária de energia consumida. Com menor contribuição energética, aparecem os salgadinhos de pacote (2,8%), as carnes processadas e embutidos (2,8%) e lanches e salgados prontos (2,7%).

A Tabela 3 apresenta as médias do teor de macro e micronutrientes no consumo alimentar total e segundo os grupos de alimentos. No que diz respeito aos macronutrientes, os alimentos in natura ou minimamente processados foram os que contribuíram para maior proporção de fibras alimentares (74,2%), proteínas (69,8%), carboidratos (39,1%) e gorduras (52,3%). Entretanto, ressalta-se que os alimentos ultraprocessados contribuíram com, aproximadamente, um terço da ingestão média diária de carboidratos e gorduras. Em relação aos micronutrientes, maior ingestão média diária de colesterol (71%), sódio (61,4%), ferro (50,5%) e cálcio (59,4%) foi proveniente do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados. No entanto, proporção importante de cálcio (23,8%), sódio (26,2%) e ferro (40,4%) foram provenientes de alimentos ultraprocessados.

Tabela 3
Médias do teor de macro e micronutrientes no consumo alimentar total e segundo o seu grau de processamento entre adolescentes da zona rural. Pelotas, RS, 2016 (N=462).

Discussão

Neste estudo, cerca da metade da ingestão calórica diária dos adolescentes da zona rural foi atribuída ao consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, embora os alimentos ultraprocessados tenham apresentado contribuição calórica importante. Este resultado demonstra que mesmo na zona rural, onde a disponibilidade de alimentos in natura é maior, os produtos industrializados tornaram-se mais acessíveis aos adolescentes, os quais incorporaram estes alimentos ao seu consumo diário.

O consumo calórico diário observado no presente estudo (1.921 calorias) foi semelhante ao observado por Louzada et al.2424 Louzada MLC, Ricardo CZ, Steele EM, Levy RB, Cannon G, Monteiro, CA. The share of ultra-processed foods determines the overall nutritional quality of diets in Brazil. Public Health Nutr 2018; 21(1):94-102., que encontraram um consumo médio diário de 1.896 calorias, entre indivíduos com 10 anos ou mais, ao analisar dados Pesquisa de Orçamento Familiares de 2008-2009. Todavia, a média diária de calorias ingeridas pelos adolescentes do presente estudo foi inferior àquela observada no estudo de D’Ávila e Kirsten2525 D'avila H, Kirsten V. Consumo energético proveniente de alimentos ultraprocessados por adolescentes. Rev Paul Pediatr 2017; 35(1):54-60., realizado com adolescentes de Palmeira das Missões-RS, onde consumo médio foi de 3.039 calorias.

Do total de calorias diárias consumidas pelos adolescentes, quase metade foi proveniente de alimentos in natura ou minimamente processados (AMP), similar ao verificado em estudo de coorte com crianças e adolescentes da Colômbia1111 Cornwell B, Villamor E, Mora-Plazas M, Marin C, Monteiro CA, Baylin A. Processed and ultra-processed foods are associated with lower-quality nutrient profiles in children from Colombia. Public Health Nutr 2018; 21(1):142-147.. Este resultado sugere que mesmo em países com contextos socioculturais diferentes, nas faixas etárias mais jovens, pode ser observado comportamento alimentar semelhante. Os AMP que mais contribuíram para a ingestão calórica diária foram arroz, carnes e leguminosas. Este achado demonstra que o consumo alimentar entre os adolescentes do presente estudo segue a base da alimentação da população brasileira77 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.. Ainda, se observou uma menor contribuição de frutas, verduras e legumes para o consumo calórico diário, corroborando com os achados de que pequena parcela da população atinge as recomendações de consumo desses alimentos77 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.. Por se tratar de uma população rural, a qual tem maior acesso a alimentos in natura66 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: MS; 2013., era esperado maior participação de frutas, legumes e verduras no consumo alimentar dos adolescentes.

Apesar de AMP serem responsáveis por quase metade das calorias consumidas pelos escolares, o segundo grupo que mais contribuiu para o total de calorias foi o dos alimentos ultraprocessados (AUP 31,8%). Na América do Sul, Cornwell et al.1111 Cornwell B, Villamor E, Mora-Plazas M, Marin C, Monteiro CA, Baylin A. Processed and ultra-processed foods are associated with lower-quality nutrient profiles in children from Colombia. Public Health Nutr 2018; 21(1):142-147. avaliando crianças e adolescentes colombianos encontrou valor semelhante ao do presente trabalho, com 34,4% das calorias provenientes de AUP1111 Cornwell B, Villamor E, Mora-Plazas M, Marin C, Monteiro CA, Baylin A. Processed and ultra-processed foods are associated with lower-quality nutrient profiles in children from Colombia. Public Health Nutr 2018; 21(1):142-147.. No Brasil, estudo com adolescentes e adultos, foi encontrado uma contribuição de 29,6% dos AUP para total de calorias2626 Louzada ML, Baraldi LG, Steele EM, Martins AP, Canella DS, Moubarac JC, RB Levy, Cannon G, Afshin A, Imamura F, Mozaffarian D, Carlos Augusto Monteiro. Consumption of ultra-processed foods and obesity in Brazilian adolescents and adults. Prev Med 2015; 81:9-15.. Seguindo a tendência de consumo observada em outros estudos, biscoitos, doces, refrigerantes e sucos artificiais foram os alimentos ultraprocessados que mais contribuíram para a ingestão calórica diária dos avaliados1212 Cediel G, Reyes M, Louzada MLC, Steele EM, Monteiro CA, Corvalán C, Uauy R. Ultra-processed foods and added sugars in the Chilean diet. Public Health Nutr 2018; 21(1):125-133.,1717 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa nacional de saúde do escolar: 2015. Rio de Janeiro: IBGE; 2016..

A expressiva participação de AUP no consumo alimentar dos adolescentes é preocupante, por serem alimentos de baixa qualidade nutricional, que muitas vezes são consumidos ao longo do dia, em substituição ao consumo de AMP, como frutas, leite e cereais.

Além disso, os ingredientes utilizados em suas formulações os tornam ricos em gorduras, açúcares e com alta densidade calórica e pobres em fibras, vitaminas e minerais. A excessiva quantidade de calorias é um importante mecanismo que desregula o balanço energético, consequentemente, aumentando o risco de excesso de peso e obesidade, problemas nutricionais bastante prevalentes entre adolescentes55 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares - 2008-2009: antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.. Ainda, a composição nutricional desfavorável, inerente aos ingredientes dos AUP, desencadeia o surgimento de DCNT, além de aumentar o risco para deficiências nutricionais. Neste sentido, estudos realizados no Brasil já têm demonstrado a associação entre o consumo de AUP e a ocorrência de obesidade em diferentes fases da vida2727 Canella DS, Levy RB, Martins AP, Claro RM, Moubarac JC, Baraldi LG, Cannon G, Monteiro CA. Ultra-processed food products and obesity in Brazilian households (2008-2009). PLoS One 2014; 9(3):e92752., e também com a síndrome metabólica em adolescentes2828 Tavares LF, Fonseca SC, Garcia Rosa ML, Yokoo EM. Relationship between ultra-processed foods and metabolic syndrome in adolescents from a Brazilian Family Doctor Program. Public Health Nutr 2012; 15(1):82-87..

Salienta-se, ainda, que os AUP estão entre as preferências alimentares dos adolescentes, que assim como as crianças, são atraídos por uma publicidade ostensiva. Diante da mídia envolvida na divulgação destes produtos, as culturas alimentares tradicionais, como é o caso da observada na zona rural, passam a ser vistas como desinteressantes, principalmente pelos jovens. Em consequência, há o desejo de consumo de AUP cada vez maior para que estes adolescentes tenham a sensação de pertencer a uma cultura mais moderna2929 Marins BR, Araujo IS, Jacob SC. A propaganda de alimentos: orientação, ou apenas estímulo ao consumo? Cien Saude Colet 2011; 16(9):3873-3882..

Um achado, não menos importante, foi que os alimentos processados (AP) foram responsáveis por 15,2% do consumo energético diário, resultado superior ao encontrado em outros estudos conduzidos no país2525 D'avila H, Kirsten V. Consumo energético proveniente de alimentos ultraprocessados por adolescentes. Rev Paul Pediatr 2017; 35(1):54-60.,2626 Louzada ML, Baraldi LG, Steele EM, Martins AP, Canella DS, Moubarac JC, RB Levy, Cannon G, Afshin A, Imamura F, Mozaffarian D, Carlos Augusto Monteiro. Consumption of ultra-processed foods and obesity in Brazilian adolescents and adults. Prev Med 2015; 81:9-15.,3030 Louzada ML, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Cannon G, Monteiro CA. Impacto de alimentos ultraprocessados sobre o teor de micronutrientes da dieta no Brasil. Rev Saude Publica 2015; 49:45.. A maior contribuição deste grupo foi proveniente dos pães caseiros, os quais foram classificados como AP por serem feitos com farinha de trigo, água, sal e leveduras, atendendo a definição apresentada no Guia Alimentar para População Brasileira3131 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: MS; 2014.. Além disso, preparações culinárias caseiras, como bolos, geleias e mingau foi o segundo subgrupo que mais contribuiu para a ingestão calórica dos jovens, demonstrando que o consumo de alimentos caseiros é um costume entre os residentes da zona rural.

Analisando as contribuições para o teor dos nutrientes estudados, os AMP foram superiores aos demais grupos, confirmando que a composição nutricional deste grupo de alimentos é superior à dos AP e AUP. Esta superioridade é particularmente evidente uma vez que AMP contém tanto proteínas, carboidratos e gorduras saudáveis, como vitaminas, minerais e fibras. Portanto, uma alimentação baseada nestes alimentos é nutricionalmente balanceada, além de saborosa e culturalmente apropriada3131 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: MS; 2014..

A menor contribuição dos AUP, em relação ao AMP, para a ingestão diária de alguns nutrientes foi ao encontro do observado por Louzada et al.3030 Louzada ML, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Cannon G, Monteiro CA. Impacto de alimentos ultraprocessados sobre o teor de micronutrientes da dieta no Brasil. Rev Saude Publica 2015; 49:45.. Porém, alta proporção de carboidratos e gorduras provenientes desses alimentos foram observadas, corroborando com os achados de outros estudos2424 Louzada MLC, Ricardo CZ, Steele EM, Levy RB, Cannon G, Monteiro, CA. The share of ultra-processed foods determines the overall nutritional quality of diets in Brazil. Public Health Nutr 2018; 21(1):94-102.,3232 Moubarac JC, Batal M, Louzada ML, Martinez Steele E, Monteiro CA. Consumption of ultra-processed foods predicts diet quality in Canada. Appetite 2017; 108:512-520.. Ademais, destacamos que o ferro também apresentou elevada participação a partir do grupo dos AUP, diferente do verificado por outros autores2424 Louzada MLC, Ricardo CZ, Steele EM, Levy RB, Cannon G, Monteiro, CA. The share of ultra-processed foods determines the overall nutritional quality of diets in Brazil. Public Health Nutr 2018; 21(1):94-102.,3030 Louzada ML, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Cannon G, Monteiro CA. Impacto de alimentos ultraprocessados sobre o teor de micronutrientes da dieta no Brasil. Rev Saude Publica 2015; 49:45.,3232 Moubarac JC, Batal M, Louzada ML, Martinez Steele E, Monteiro CA. Consumption of ultra-processed foods predicts diet quality in Canada. Appetite 2017; 108:512-520.. Salientamos que a fortificação de produtos feitos pela indústria alimentícia pode ser uma das possíveis causas para este achado.

Este estudo apresenta limitações oriundas da logística, a qual se torna difícil em uma pesquisa realizada na zona rural. Uma das limitações foi a utilização de um único R24h, o qual não representa a ingestão habitual dos estudantes. Um dos fatores que determinou a utilização de um único R24h foi que a equipe de pesquisa se deslocava até cada escola em um único dia da semana para aplicação de todos os questionários. Essa dificuldade logística influenciou, também, a segunda limitação do estudo que foi o elevado número de perdas e recusas (50,1%), percentual esse semelhante ao observado em estudos realizados no ambiente escolar3333 Iepsen AM, Silva MC. Prevalência e fatores associados à insatisfação com a imagem corporal de adolescentes de escolas do Ensino Médio da zona rural da região sul do Rio Grande do Sul, 2012. Epidemiol Serv Saude 2014; 23(2):317-325.,3434 Müller WA, Silva MC. Barreiras à prática de atividades físicas de adolescentes escolares da zona rural do sul do Rio Grande do Sul. Rev Bras Ativ Fis Saude 2013; 18(3):344-353..

Apesar dessas limitações, é importante salientar que este é o primeiro estudo a verificar o consumo alimentar segundo o grau de processamento entre adolescentes da zona rural do município. Tendo em vista, que o processamento de alimentos é um tema atualmente muito debatido, a escassez de estudos que avaliaram o consumo alimentar segundo o grau de processamento entre adolescentes e, ainda, residentes em zonas rurais, caracterizam a importância deste estudo para a literatura científica.

Conclusão

Este trabalho evidenciou que os adolescentes da zona rural, apresentaram maior consumo calórico proveniente de alimentos in natura ou minimamente processados, demonstrando uma ingestão de alimentos com perfil favorável a promoção da saúde. Por outro lado, verificou-se também consumo elevado de alimentos ultraprocessados, cenário que confirma que o comportamento alimentar anteriormente conhecido entre escolares da zona urbana, também é observado entre os adolescentes da zona rural.

Neste sentido, salienta-se que os dados do presente estudo podem ser utilizados pelo ambiente escolar no planejamento de estratégias voltadas a promoção e conscientização sobre a alimentação entre os escolares. Tais estratégias devem enfatizar, principalmente, a compreensão sobre os possíveis riscos à saúde vinculados ao consumo de alimentos ultraprocessados, assim como, a valorização da cultura alimentar da zona rural, baseada em alimentos in natura ou minimamente processados.

Referências

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Editado por

Editores-chefes: Romeu Gomes, Antônio Augusto Moura da Silva

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    Mar 2021

Histórico

  • Recebido
    26 Nov 2018
  • Aceito
    14 Maio 2019
  • Publicado
    16 Maio 2019
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