Acessibilidade / Reportar erro

Correlação e associação de renda e escolaridade com condições de saúde e nutrição em obesos graves

Correlation and association of income and educational level with health and nutritional conditions among the morbidly obese

Resumos

O objetivo deste artigo é investigar relações entre renda e escolaridade com condições de saúde e nutrição em obesos graves. Estudo transversal ambulatorial com 79 pacientes de primeira consulta, com Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 35 kg/m2 e idade ≥ 20 anos. Coletaram-se dados: sociodemográficos, antropométricos, estilo de vida, exames bioquímicos e consumo alimentar. O IMC médio foi 48,3 ± 6,9 kg/m2. Observou-se correlação negativa significante de escolaridade com variáveis peso (r = -0,234) e IMC (r = -0,364) e de renda familiar per capita com consumo diário de vegetal A (r = -0,263). Após análise multivariada maior renda familiar per capita se associou à ausência de cardiopatia (RP: 0,51, IC95%: 0,32-0,81), maior consumo diário de vegetal A (RP: 1,79, IC95%: 1,16-2,75) e doces (RP: 3,12, IC95%: 1,21-8,04). Em obesos graves a maior renda familiar per capita se associou à ausência de cardiopatia e maior consumo de vegetais folhosos e doces. Já a escolaridade não se manteve associada às condições de saúde e nutrição.

Obesidade grave; Doenças cardiovasculares; Consumo de alimentos; Determinantes sociais; Verduras


This article seeks to investigate the relationship between income and educational level and health and nutritional conditions among the morbidly obese. A cross-sectional study was conducted with 79 patients at first appointment, with Body Mass Index (BMI) ≥ 35 kg/m2 and age ≥ 20 years. The following data was collected: demographic, socioeconomic, anthropometric, lifestyle, biochemical and food intake data. Average BMI was 48.3 ± 6.9 kg/m2. There was a significant negative correlation between education level and the variables of weight (r = -0.234) and BMI (r = -0.364) and per capita family income with daily consumption of leafy vegetables (r = -0.263). After multivariate analysis, higher per capita family income was associated with the absence of heart disease (PR: 0.51, CI95%: 0.32-0.81), higher daily consumption of leafy vegetables (PR: 1.79, CI95%: 1.16-2.75) and candy (PR: 3.12, CI95%: 1.21-8.04). In the morbidly obese, per capita household income was associated with absence of heart disease and higher consumption of leafy vegetables and candy. On the other hand, education level was not associated with health and nutrition conditions.

Morbid obesity; Cardiovascular diseases; Food consumption; Social determinants; Vegetables


Introdução

A obesidade é uma doença epidêmica no mundo11. Bessesen DH. Update on obesity. J Clin Endocrinol Metab 2008; 93(6):2027-2034. , 22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194.. Na população adulta a prevalência chega a 33,8% nos Estados Unidos33. Flegal KM, Carroll MD, Ogden CL, Curtin LR. Prevalence and trends in obesity among US adults, 1999-2008. JAMA 2010; 303(3):235-241. e atinge 14,8% no Brasil44. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de orçamentos familiares, 2008-2009. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.. A alta prevalência da obesidade é preocupante, pois está relacionada à maior mortalidade e incidência de doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, dislipidemia, cálculo biliar, osteoartrite, apneia do sono e certos tipos de câncer22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. , 55. Flegal KM, Graubard BI, Williamson DF, Gail MH. Excess deaths associated with underweight, overweight, and obesity. JAMA 2005; 293(15):1861-1867. , 66. Stommel M, Schoenborn CA. Variations in BMI and prevalence of health risks in diverse racial and ethnic populations. Obesity (Silver Spring) 2010; 18(9):1821-1826..

A obesidade tem origem em uma interação complexa entre fatores biológicos, genéticos, ambientais, sociais e psicológicos, que levam a um balanço energético positivo e, consequentemente, ao ganho de peso22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194.. Dentre estes fatores, alguns estudos apontam associação entre obesidade e aspectos socioeconômicos como renda e escolaridade77. Ogden CL, Lamb MM, Carroll MD, Flegal KM. Obesity and socioeconomic status in adults: United States, 2005-2008. NCHS Data Brief 2010; (50):1-8.

8. Monteiro CA, Moura EC, Conde WL, Popkin BM. Socioeconomic status and obesity in adult populations of developing countries: a review. Bull World Health Organ 2004; 82(12):940-946.
- 99. Monteiro CA, Conde WL, Popkin BM. Independent effects of income and education on the risk of obesity in the Brazilian adult population. J Nutr 2001; 131(3):881S-886S.. Algumas pesquisas demonstram que associação inversa entre escolaridade e obesidade, principalmente entre as mulheres77. Ogden CL, Lamb MM, Carroll MD, Flegal KM. Obesity and socioeconomic status in adults: United States, 2005-2008. NCHS Data Brief 2010; (50):1-8.

8. Monteiro CA, Moura EC, Conde WL, Popkin BM. Socioeconomic status and obesity in adult populations of developing countries: a review. Bull World Health Organ 2004; 82(12):940-946.
- 99. Monteiro CA, Conde WL, Popkin BM. Independent effects of income and education on the risk of obesity in the Brazilian adult population. J Nutr 2001; 131(3):881S-886S.. Estudo nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil observou associação entre renda e obesidade em homens99. Monteiro CA, Conde WL, Popkin BM. Independent effects of income and education on the risk of obesity in the Brazilian adult population. J Nutr 2001; 131(3):881S-886S.. No entanto, essas pesquisas avaliaram indivíduos com sobrepeso e obesidade, sendo importante conhecer a relação de renda e escolaridade com as condições de saúde e nutrição em obesos graves, ou seja, com IMC ≥ 35 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194.. Aspectos relacionados aos determinantes sociais de saúde como renda e escolaridade merecem ser investigados em obesos graves, bem como com as condições de saúde e nutrição desse grupo populacional.

O tratamento clínico da obesidade grave tem se mostrado pouco efetivo em manter a redução de peso1010. Thompson WG, Cook DA, Clark MM, Bardia A, Levine JA. Treatment of obesity. Mayo Clin Proc 2007; 82(1):93-101; quiz 101-102., assim compreender as inter-relações entre renda e escolaridade com variáveis de saúde e nutrição podem auxiliar na maior compreensão do cenário e das condições ambientais em que esses pacientes estão inseridos e a partir desse conhecimento, elaborar intervenções mais específicas e adequadas ao perfil dessa população. Ademais, estudos com obesos graves quase sempre abordam questões do período pós-operatório de cirurgia bariátrica, sendo poucos estudos buscando compreender a situação desses pacientes em seu contexto social1111. Residori L, Garcia-Lorda P, Flancbaum L, Pi-Sunyer FX, Laferrere B. Prevalence of co-morbidities in obese patients before bariatric surgery: effect of race. Obes Surg 2003; 13(3):333-340.

12. Merkus MP, Mathus-Vliegen LM, Broekhoff C, Heijnen AM. Extreme obesity: sociodemographic, familial and behavioural correlates in The Netherlands. J Epidemiol Community Health 1995; 49(1):22-27.
- 1313. Howard NJ, Taylor AW, Gill TK, Chittleborough CR. Severe obesity: Investigating the socio-demographics within the extremes of body mass index. Obes Res Clin Pract 2008; 2(1):51-59.. Diante disso, o objetivo deste estudo foi investigar as relações de renda e escolaridade conforme as condições de saúde e nutrição em obesos graves.

Métodos

Realizou-se estudo transversal com obesos graves que buscaram atendimento no Ambulatório de Nutrição e Obesidade Grave do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia-GO. Esse ambulatório desenvolve atividades de pesquisa, ensino e extensão, prestando atendimento exclusivamente a obesos com IMC ≥ 35 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. desde 2007. A população do estudo foi constituída por todos os pacientes de primeira consulta no ambulatório de outubro de 2007 a outubro de 2009, excluindo-se cadeirantes. Os pacientes atendidos apresentavam como critério de inclusão: idade ≥ 20 anos e Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 35 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194., ou seja, obesidade grave (graus II e III).

Toda equipe de profissionais do ambulatório recebeu treinamento prévio para a coleta de dados da pesquisa e para o atendimento dos pacientes conforme protocolo nutricional especializado e individualizado1414. Canedo FC, Silveira EA. Implementação do núcleo de atenção nutricional e pesquisa em obesidade no Hospital das Clínicas da UFG [dissertação]. Faculdade de Nutrição: Universidade Federal de Goiás; 2008.. A aferição do peso e altura foram realizados por Nutricionistas ou acadêmicos de Nutrição após treinamento e padronização visando reprodutibilidade e validade da informação inter e intra-antropometrista1515. Araújo CLP. Referências Antropométricas. In: Kac G, Sichieri R, Gigante DP, editors. Epidemiologia Nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz, Editora Atheneu; 2007. p. 65-77..

As variáveis estudadas e coletadas em formulário padronizado e pré-testado no momento da primeira consulta foram: demográficas - sexo, idade, estado civil, cor da pele; socioeconômicas - escolaridade em anos de estudo e renda familiar per capita; condições de saúde - hipertensão, diabetes, dislipidemia, cardiopatia, litíase biliar, outras doenças; glicemia de jejum, lipidograma (colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol, triglicérides) e ácido úrico; estilo de vida - tabagismo, ingestão de bebida alcoólica, prática de atividade física; condição nutricional - peso, altura e grau de obesidade pelo Índice de Massa Corporal (IMC) e consumo de alimentos saudáveis e de risco avaliado por meio de frequência de consumo alimentar1616. Block G, Hartman AM, Dresser CM, Carroll MD, Gannon J, Gardner L. A data-based approach to diet questionnaire design and testing. Am J Epidemiol 1986; 124(3):453-469..

A variável escolaridade foi categorizada em 0-8 anos e ≥ 9 anos de estudo e a renda familiar per capita foi categorizada em 1° e 2° quartis de renda e 3° e 4° quartis de renda.

Os exames bioquímicos foram solicitados na primeira consulta e os resultados anotados no primeiro retorno do paciente ao ambulatório em um intervalo de até 30 dias. Até esse retorno o paciente ainda se encontrava em fase de avaliação diagnóstica e sem receber nenhuma intervenção que pudesse modificar os resultados.

Considerou-se como prática de atividade física a realização de no mínimo 150 minutos semanais de atividade aeróbia de moderada a intensa, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde1717. World Health Organization (WHO). Global recommendations on physical activity for health. Geneva: WHO; 2010..

O peso foi aferido utilizando-se balança tipo plataforma da marca Welmy, capacidade até 300 kg, escala de 100 g, com os participantes vestindo roupas leves e descalços, posicionando-se de costas para a escala, no centro da plataforma da balança e distribuindo o peso entre ambos os pés, conforme técnica proposta pela WHO1818. World Health Organization (WHO). Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. Geneva: WHO Technical Report; 1995.. A altura foi medida utilizando antropômetro vertical milimetrado da balança tipo plataforma, com escala de 0,1cm, estando os indivíduos em posição ereta, a cabeça posicionada de forma que a visão forme linha perpendicular ao corpo, braços estendidos ao longo do corpo e descalços1818. World Health Organization (WHO). Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. Geneva: WHO Technical Report; 1995..

Dividiu-se o peso (kg) pela altura (m) elevada ao quadrado para calcular o IMC e foram utilizados os seguintes pontos de corte: 35,0 a 39,9 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. obesidade grau II; 40,0 a 49,9 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194.obesidade grau III; 50,0 a 59,9 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. superobesidade e ≥ 60,0 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. super/superobesidade1919. World Health Organization (WHO). Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation. Geneva: WHO Technical Report; 2000..

A análise do consumo alimentar foi feita utilizando-se Questionário de Frequência de Consumo (QFC) adaptado de Block et al.1616. Block G, Hartman AM, Dresser CM, Carroll MD, Gannon J, Gardner L. A data-based approach to diet questionnaire design and testing. Am J Epidemiol 1986; 124(3):453-469. sendo que os alimentos foram divididos em 2 grupos: alimentos saudáveis - leguminosas, leite e derivados, frutas, vegetal A (vegetais com 1 a 7,5% de carboidratos, como alface, couve, acelga, mostarda, etc.) e vegetal B (vegetais com 7,5 a 10,5% de carboidratos, como cenoura, beterraba, vagem, etc.); e alimentos de risco - quitandas e salgados, açúcar, doces, frituras e refrigerante. O consumo dos alimentos foi categorizado em consumo diário "sim" e "não" e ainda analisado na sua forma contínua.

Quanto aos exames laboratoriais, foi utilizado como valor de referência para a glicemia o critério da American Diabetes Association2020. American Diabetes Association. Diagnosis and classification of diabetes melito. Diabetes Care 2011; 34(Supl. 1):S62-S69., sendo normal glicemia de jejum < 100 mg/dL, para o perfil lipídico utilizou-se como referência o critério da Sociedade Brasileira de Cardiologia2121. Sposito AC, Caramelli B, Fonseca FAH, Bertolami MC, Rassi Junior A, Comitê de Aterosclerose. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose: Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2007; 88(Supl. 1):2-19., sendo considerado normal colesterol total < 200 mg/dL, LDL-c < 160 mg/dL, HDL-c > 50 mg/dL para mulheres e > 40 mg/dL para homens e triglicérides < 150 mg/dL. Para o ácido úrico considerou-se normal valores entre 2,6 e 6,0 para mulheres e 3,5 e 7,2 para homens2222. Fisbach F. Manual de enfermagem: exames laboratoriais e diagnósticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002..

A análise estatística foi feita no programa Stata 8.0. Para variáveis categóricas utilizou-se frequência absoluta e relativa e para variáveis contínuas, média e desvio-padrão. Para comparação entre as médias de IMC foi utilizado test t de Student. Analisou-se a correlação da escolaridade e renda familiar per capita com as variáveis antropométricas, de consumo alimentar, prática de atividade física e exames bioquímicos utilizando-se o teste de correlação de Pearson ou Spearman, após avaliar a normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk. Para verificar a associação das variáveis de condições de saúde e nutrição com renda familiar per capita e escolaridade utilizou-se o teste do Qui-quadrado ou exato de Fisher. Foi considerado estatisticamente significante o valor p ≤ 0,05. Calculou-se ainda por regressão de Poisson simples a razão de prevalência e intervalo de confiança de 95%. As variáveis com valor p ≤ 0,20 foram levadas para análise multivariada por regressão de Poisson, permanecendo no modelo final apenas as variáveis com valor p ≤ 0,05.

Este estudo está inserido em um projeto maior denominado "Evolução Nutricional e Clínica de Pacientes Candidatos a Cirurgia Bariátrica em Período Pré e Pós-Operatório", o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica, Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (CEPMHA/HC-UFG).

Resultados

A média de IMC foi de 48,3 ± 6,9 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194.. A categoria de IMC mais prevalente foi de 40 a 49,9 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. com 53,8%, seguida por 50 a 59,9 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. com 28,2%, 35,0 a 39,9 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. com 10,3% e ≥ 60,0 kg/m22. Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. com 7,7%

Quanto às características socioeconômicas e demográficas dos 79 pacientes dessa pesquisa, 91,1% eram mulheres, 60,7% possuíam entre 30 e 49 anos de idade, 64,6% eram casados/união estável e 35,4% tinham de 5 a 8 anos de estudo. Quanto à renda, 54,6% dos pacientes possuíam renda própria, sendo a média R$ 531,90 ± 403,95 e a renda familiar per capita R$ 278,05 ± 191,22. Mais de 75% dos pacientes possuíam renda familiar per capita menor do que 1 salário mínimo (Tabela 1).

Tabela 1.
Características socioeconômicas, demográficas, antropométricas e bioquímicas dos pacientes com obesidade grave, Ambulatório de Nutrição e Obesidade Grave, Hospital das Clínicas/ UFG, 2011 (n = 79).

Observa-se que os níveis médios de glicemia de jejum e triglicérides estiveram acima dos valores de referência (Tabela 1), sendo que 42% apresentaram glicemia acima do valor de normalidade e 38,8% apresentaram hipertrigliceridemia. A prevalência de hipercolesterolemia foi de 38,8%, HDL baixo 75,8%, LDL elevado 6,2% e 34,0% com ácido úrico acima dos valores de normalidade (dados não apresentados em tabela).

Na análise de correlação (Tabela 2), observa-se correlação negativa de escolaridade com IMC (p = 0,001, r = -0,364) e peso (p = 0,039 e r = -0,234), porém os valores de r indicam correlação fraca. Também foi observada correlação negativa de renda familiar per capita com consumo diário de vegetal A (p = 0,024 e r = -0,263).

Tabela 2.
Correlação entre escolaridade e renda familiar per capita com variáveis antropométricas, consumo alimentar, prática de atividade física e exames bioquímicos dos pacientes obesos graves, Ambulatório de Nutrição e Obesidade Grave, Hospital das Clínicas/UFG, 2011.

Na análise de associação, a escolaridade esteve associada à hipertensão arterial (p = 0,009) com maior prevalência para indivíduos de menor escolaridade (Tabela 3). Para a renda familiar per capita (Tabela 4) observou-se associação com: presença de cardiopatia (p = 0,046), consumo diá rio de vegetal A (p = 0,008) e consumo diário de doces (p = 0,027). O sentido dessas associações variou conforme a seguir: renda foi significativamente maior naqueles que não apresentaram cardiopatia; consumo diário de vegetal A e doces foram maiores naqueles com maior renda familiar per capita.

Tabela 3.
Condições de saúde e nutrição em pacientes obesos graves conforme nível de escolaridade com respectiva razão de prevalência e teste de associação. Ambulatório de Nutrição e Obesidade Grave, Hospital das Clínicas/UFG, 2011 (n = 79).
Tabela 4.
Condições de saúde e nutrição em pacientes obesos graves conforme nível de renda com respectiva razão de prevalência e teste de associação. Ambulatório de Nutrição e Obesidade Grave, Hospital das Clínicas/ UFG, 2011 (n = 79).

Após análise de regressão de Poisson multivariada, observa-se que a hipertensão arterial não se manteve associada à escolaridade e para renda familiar per capita, as variáveis presença de cardiopatia, consumo diário de vegetal A e consumo diário de doces mantiveram a associação (Tabela 5).

Tabela 5.
Regressão multivariada das condições de saúde e nutrição conforme nível de escolaridade e renda em obesos graves, Ambulatório de Nutrição e Obesidade Grave, Hospital das Clínicas/UFG, 2011 (n = 79).

Discussão

Notou-se predomínio de mulheres, sendo o mesmo observado em outros estudos1111. Residori L, Garcia-Lorda P, Flancbaum L, Pi-Sunyer FX, Laferrere B. Prevalence of co-morbidities in obese patients before bariatric surgery: effect of race. Obes Surg 2003; 13(3):333-340. , 2323. Porto MCV, Brito IC, Calfa ADF, Amoras M, Villela NB, Araújo LMB. Perfil do obeso classe III do ambulatório de obesidade de um hospital universitário de Salvador, Bahia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia 2002; 46(6):668-673.

24. Costa ACC, Ivo ML, Cantero WdB, Tognini JRF. Obesidade em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica. Acta Paulista de Enfermagem 2009; 22(1):55-59.

25. Lima LP, Sampaio HAC. Caracterização socioeconômica, antropométrica e alimentar de obesos graves. Cien Saude Colet 2007; 12(4):1011-1020.

26. Buchwald H, Avidor Y, Braunwald E, Jensen MD, Pories W, Fahrbach K, Schoelles K. Bariatric surgery: a systematic review and meta-analysis. JAMA 2004; 292(14):1724-1737.

27. Lins APM, Sichieri R, Coutinho WF, Ramos EG, Peixoto MVM, Fonseca VM. Alimentação saudável, escolaridade e excesso de peso entre mulheres de baixa renda. Cien Saude Colet 2013; 18(2):357-366.
- 2828. Jakobsen GS, Hofso D, Roislien J, Sandbu R, Hjelmesaeth J. Morbidly obese patients--who undergoes bariatric surgery? Obes Surg 2010; 20(8):1142-1148., o que pode ser explicado pela maior utilização dos serviços de saúde pelo sexo feminino2929. Travassos C, Viacava F, Pinheiro R, Brito A. Utilização dos serviços de saúde no Brasil: gênero, características familiares e condição social. Rev Panam Salud Pública 2002; 11(5-6):365-373. ou pela maior prevalência de obesidade mórbida entre as mulheres33. Flegal KM, Carroll MD, Ogden CL, Curtin LR. Prevalence and trends in obesity among US adults, 1999-2008. JAMA 2010; 303(3):235-241. , 44. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de orçamentos familiares, 2008-2009. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.. Os dados apontaram também concentração de idade na faixa de 30 a 49 anos, o que está de acordo com outra pesquisa em que a prevalência de obesidade grave reduz a partir dos 55 anos1313. Howard NJ, Taylor AW, Gill TK, Chittleborough CR. Severe obesity: Investigating the socio-demographics within the extremes of body mass index. Obes Res Clin Pract 2008; 2(1):51-59.. Houve concentração de pacientes das classes de menor escolaridade e menor renda, achado similar a outros estudos com pacientes de ambulatórios de Hospitais Escola2424. Costa ACC, Ivo ML, Cantero WdB, Tognini JRF. Obesidade em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica. Acta Paulista de Enfermagem 2009; 22(1):55-59. , 2525. Lima LP, Sampaio HAC. Caracterização socioeconômica, antropométrica e alimentar de obesos graves. Cien Saude Colet 2007; 12(4):1011-1020..

Os resultados dos exames bioquímicos evidenciaram alta prevalência de alterações metabólicas nos obesos graves. A prevalência de glicemia acima do normal (42,0%) foi maior do que a de diabetes melito (13,9%), podendo indicar início de intolerância à glicose ou falta de controle do diabetes melito. A prevalência de hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia neste estudo foram superiores à metanálise de Buchwald et al.2626. Buchwald H, Avidor Y, Braunwald E, Jensen MD, Pories W, Fahrbach K, Schoelles K. Bariatric surgery: a systematic review and meta-analysis. JAMA 2004; 292(14):1724-1737., sendo o mesmo observado para o ácido úrico em relação ao estudo de Porto et al.2323. Porto MCV, Brito IC, Calfa ADF, Amoras M, Villela NB, Araújo LMB. Perfil do obeso classe III do ambulatório de obesidade de um hospital universitário de Salvador, Bahia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia 2002; 46(6):668-673..

Nesta pesquisa, houve correlação negativa significante de escolaridade com IMC e peso, ou seja, quanto maior o peso e o IMC menor a escolaridade. Outros estudos mostram relação inversa entre escolaridade e obesidade99. Monteiro CA, Conde WL, Popkin BM. Independent effects of income and education on the risk of obesity in the Brazilian adult population. J Nutr 2001; 131(3):881S-886S. , 2727. Lins APM, Sichieri R, Coutinho WF, Ramos EG, Peixoto MVM, Fonseca VM. Alimentação saudável, escolaridade e excesso de peso entre mulheres de baixa renda. Cien Saude Colet 2013; 18(2):357-366. , 3030. Gigante DP, Dias-da-Costa JS, Olinto MTA, Menezes AMB, Silvia M. Obesidade da população adulta de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil e associação com nível sócio-econômico. Cad Saude Publica 2006; 22(9):1873-1879. , 3131. Molarius A, Seidell JC, Sans S, Tuomilehto J, Kuulasmaa K. Educational level, relative body weight, and changes in their association over 10 years: an international perspective from the WHO MONICA Project. Am J Public Health 2000; 90(8):1260-1268., sendo o mesmo encontrado nessa pesquisa para a obesidade grave. Na análise de associação, nota-se maior prevalência de hipertensão arterial em indivíduos de menor escolaridade. Associação inversa entre nível educacional e pressão arterial foi apontada em outros estudos, corroborando os achados desta pesquisa3232. Stamler J, Elliott P, Appel L, Chan Q, Buzzard M, Dennis B, Dyer AR, Elmer P, Greenland P, Jones D, Kesteloot H, Kuller L, Labarthe D, Liu K, Moag-Stahlberg A, Nichaman M, Okayama A, Okuda N, Robertson C, Rodriguez B, Stevens M, Ueshima H, Horn LV, Zhou B. Higher blood pressure in middle-aged American adults with less education-role of multiple dietary factors: the INTERMAP study. J Hum Hypertens 2003; 17(9):655-775. , 3333. Vargas CM, Ingram DD, Gillum RF. Incidence of hypertension and educational attainment: the NHANES I epidemiologic followup study. First National Health and Nutrition Examination Survey. Am J Epidemiol 2000; 152(3):272-278..

Já na análise da renda familiar per capita houve correlação inversa com o consumo diário de vegetal A, apesar de fraca (r = -0,263). Após analise por regressão múltipla, observa-se que os obesos graves de menor renda têm 1,79 mais chance de não consumir vegetal A diariamente do que os de maior renda.

Vale destacar na presente pesquisa, uma importante associação e correlação entre a renda e o consumo de vegetais folhosos, assim indivíduos de menor renda possuem menor probabilidade de consumir esses alimentos, principalmente considerando que são tão importantes numa dieta de redução calórica e para uma alimentação saudável.

Não foi demonstrada correlação e associação entre renda familiar per capita e variáveis antropométricas, como peso e IMC, nos pacientes com obesidade grave. Esses achados diferem da população em geral onde pesquisas já mostraram associação de renda com obesidade99. Monteiro CA, Conde WL, Popkin BM. Independent effects of income and education on the risk of obesity in the Brazilian adult population. J Nutr 2001; 131(3):881S-886S. , 1313. Howard NJ, Taylor AW, Gill TK, Chittleborough CR. Severe obesity: Investigating the socio-demographics within the extremes of body mass index. Obes Res Clin Pract 2008; 2(1):51-59..

Menor prevalência de cardiopatia esteve associada ao maior nível de renda familiar per capita, assim evidencia-se que maior renda protege contra o risco de cardiopatia em obesos graves. Similar a esses achados, algumas pesquisas indicaram que a prevalência e o risco para doença cardiovascular é maior em indivíduos com menor nível socioeconômico3434. Clark AM, DesMeules M, Luo W, Duncan AS, Wielgosz A. Socioeconomic status and cardiovascular disease: risks and implications for care. Nat Rev Cardiol 2009; 6(11):712-722. , 3535. Lee DS, Chiu M, Manuel DG, Tu K, Wang X, Austin PC, Mattern MY, Mitiku TF, Svenson LW, Putnam W, Flanagan WM, Tu JV; Canadian Cardiovascular Outcomes Research Team. Trends in risk factors for cardiovascular disease in Canada: temporal, socio-demographic and geographic factors. CMAJ 2009; 181(3-4):E55-E66..

Nos obesos graves o consumo diário de vegetal A foi significativamente maior para os indivíduos de maior renda, sendo o mesmo verificado para o consumo diário de doces. Na POF 2002-20033636. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2002-2003. Rio de Janeiro: IBGE; 2004. o consumo de verduras e legumes aumentou de maneira uniforme conforme aumento do nível de rendimentos familiares. Enquanto na POF 2002-20033636. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2002-2003. Rio de Janeiro: IBGE; 2004. foi observado que as classes de rendimentos superiores consomem 50% menos açúcar do que as classes mais baixas, ou seja, diferente do presente estudo. Já neste estudo não foi encontrada diferença entre os grupos para o consumo de açúcar, entretanto, o consumo de doces foi significativamente maior para o grupo de maior renda, podendo ser uma característica específica da população de obesos graves. Assim, sugere-se que outras pesquisas avaliem o consumo alimentar de indivíduos com obesidade grave para que outras peculiaridades sejam identificadas.

Entre as possíveis limitações metodológicas desta pesquisa destaca-se a uniformidade da população estudada quanto ao nível de renda, em sua maioria de baixo poder aquisitivo, o que pode ter reduzido a possibilidade de encontrar outras associações. Outra limitação é inerente ao próprio desenho do estudo, ou seja, a causalidade reversa.

A interface entre os determinantes sociais e os aspectos relacionados à obesidade grave são explorados neste trabalho mostrando que uma maior renda familiar per capitase associou à ausência de cardiopatia e maior consumo de vegetais folhosos e doces. Já a escolaridade não se manteve associada às condições de saúde e nutrição. Há poucos estudos sobre as condições de saúde e nutrição de obesos graves e suas inter-relações com os níveis de renda e escolaridade, assim esta pesquisa traz informações relevantes sobre esse grupo populacional e que auxiliam no aprofundamento do conhecimento desse tema. Essas informações podem ser úteis para direcionar o tratamento clínico e nutricional, e ainda como subsídio para elaborar protocolos que atendam às características peculiares dos obesos graves. Conhecer melhor as características desse grupo pode contribuir com as equipes de saúde para que estejam mais preparadas para receber esses pacientes e, consequentemente, melhorar a adesão e a efetividade do tratamento. Poderão auxiliar também os gestores em saúde na elaboração de ações de promoção à saúde e políticas de saúde publica para combater e controlar a obesidade grave.

Agradecimentos

Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de mestrado da autora principal, à graduanda em Nutrição Ana Gabriela Estavam Brito pelo auxílio na coleta dos dados, à Universidade Federal de Goiás pela bolsa de extensão da estagiária Ana Gabriela e aos pacientes do Ambulatório de Nutrição e Obesidade (ANOG) do Hospital das Clínicas/ UFG pela colaboração.

Referências

  • 1
    Bessesen DH. Update on obesity. J Clin Endocrinol Metab 2008; 93(6):2027-2034.
  • 2
    Wanderley EN, Ferreira VA. Obesidade: uma perspectiva plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194.
  • 3
    Flegal KM, Carroll MD, Ogden CL, Curtin LR. Prevalence and trends in obesity among US adults, 1999-2008. JAMA 2010; 303(3):235-241.
  • 4
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de orçamentos familiares, 2008-2009. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.
  • 5
    Flegal KM, Graubard BI, Williamson DF, Gail MH. Excess deaths associated with underweight, overweight, and obesity. JAMA 2005; 293(15):1861-1867.
  • 6
    Stommel M, Schoenborn CA. Variations in BMI and prevalence of health risks in diverse racial and ethnic populations. Obesity (Silver Spring) 2010; 18(9):1821-1826.
  • 7
    Ogden CL, Lamb MM, Carroll MD, Flegal KM. Obesity and socioeconomic status in adults: United States, 2005-2008. NCHS Data Brief 2010; (50):1-8.
  • 8
    Monteiro CA, Moura EC, Conde WL, Popkin BM. Socioeconomic status and obesity in adult populations of developing countries: a review. Bull World Health Organ 2004; 82(12):940-946.
  • 9
    Monteiro CA, Conde WL, Popkin BM. Independent effects of income and education on the risk of obesity in the Brazilian adult population. J Nutr 2001; 131(3):881S-886S.
  • 10
    Thompson WG, Cook DA, Clark MM, Bardia A, Levine JA. Treatment of obesity. Mayo Clin Proc 2007; 82(1):93-101; quiz 101-102.
  • 11
    Residori L, Garcia-Lorda P, Flancbaum L, Pi-Sunyer FX, Laferrere B. Prevalence of co-morbidities in obese patients before bariatric surgery: effect of race. Obes Surg 2003; 13(3):333-340.
  • 12
    Merkus MP, Mathus-Vliegen LM, Broekhoff C, Heijnen AM. Extreme obesity: sociodemographic, familial and behavioural correlates in The Netherlands. J Epidemiol Community Health 1995; 49(1):22-27.
  • 13
    Howard NJ, Taylor AW, Gill TK, Chittleborough CR. Severe obesity: Investigating the socio-demographics within the extremes of body mass index. Obes Res Clin Pract 2008; 2(1):51-59.
  • 14
    Canedo FC, Silveira EA. Implementação do núcleo de atenção nutricional e pesquisa em obesidade no Hospital das Clínicas da UFG [dissertação]. Faculdade de Nutrição: Universidade Federal de Goiás; 2008.
  • 15
    Araújo CLP. Referências Antropométricas. In: Kac G, Sichieri R, Gigante DP, editors. Epidemiologia Nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz, Editora Atheneu; 2007. p. 65-77.
  • 16
    Block G, Hartman AM, Dresser CM, Carroll MD, Gannon J, Gardner L. A data-based approach to diet questionnaire design and testing. Am J Epidemiol 1986; 124(3):453-469.
  • 17
    World Health Organization (WHO). Global recommendations on physical activity for health. Geneva: WHO; 2010.
  • 18
    World Health Organization (WHO). Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. Geneva: WHO Technical Report; 1995.
  • 19
    World Health Organization (WHO). Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation. Geneva: WHO Technical Report; 2000.
  • 20
    American Diabetes Association. Diagnosis and classification of diabetes melito. Diabetes Care 2011; 34(Supl. 1):S62-S69.
  • 21
    Sposito AC, Caramelli B, Fonseca FAH, Bertolami MC, Rassi Junior A, Comitê de Aterosclerose. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose: Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2007; 88(Supl. 1):2-19.
  • 22
    Fisbach F. Manual de enfermagem: exames laboratoriais e diagnósticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.
  • 23
    Porto MCV, Brito IC, Calfa ADF, Amoras M, Villela NB, Araújo LMB. Perfil do obeso classe III do ambulatório de obesidade de um hospital universitário de Salvador, Bahia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia 2002; 46(6):668-673.
  • 24
    Costa ACC, Ivo ML, Cantero WdB, Tognini JRF. Obesidade em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica. Acta Paulista de Enfermagem 2009; 22(1):55-59.
  • 25
    Lima LP, Sampaio HAC. Caracterização socioeconômica, antropométrica e alimentar de obesos graves. Cien Saude Colet 2007; 12(4):1011-1020.
  • 26
    Buchwald H, Avidor Y, Braunwald E, Jensen MD, Pories W, Fahrbach K, Schoelles K. Bariatric surgery: a systematic review and meta-analysis. JAMA 2004; 292(14):1724-1737.
  • 27
    Lins APM, Sichieri R, Coutinho WF, Ramos EG, Peixoto MVM, Fonseca VM. Alimentação saudável, escolaridade e excesso de peso entre mulheres de baixa renda. Cien Saude Colet 2013; 18(2):357-366.
  • 28
    Jakobsen GS, Hofso D, Roislien J, Sandbu R, Hjelmesaeth J. Morbidly obese patients--who undergoes bariatric surgery? Obes Surg 2010; 20(8):1142-1148.
  • 29
    Travassos C, Viacava F, Pinheiro R, Brito A. Utilização dos serviços de saúde no Brasil: gênero, características familiares e condição social. Rev Panam Salud Pública 2002; 11(5-6):365-373.
  • 30
    Gigante DP, Dias-da-Costa JS, Olinto MTA, Menezes AMB, Silvia M. Obesidade da população adulta de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil e associação com nível sócio-econômico. Cad Saude Publica 2006; 22(9):1873-1879.
  • 31
    Molarius A, Seidell JC, Sans S, Tuomilehto J, Kuulasmaa K. Educational level, relative body weight, and changes in their association over 10 years: an international perspective from the WHO MONICA Project. Am J Public Health 2000; 90(8):1260-1268.
  • 32
    Stamler J, Elliott P, Appel L, Chan Q, Buzzard M, Dennis B, Dyer AR, Elmer P, Greenland P, Jones D, Kesteloot H, Kuller L, Labarthe D, Liu K, Moag-Stahlberg A, Nichaman M, Okayama A, Okuda N, Robertson C, Rodriguez B, Stevens M, Ueshima H, Horn LV, Zhou B. Higher blood pressure in middle-aged American adults with less education-role of multiple dietary factors: the INTERMAP study. J Hum Hypertens 2003; 17(9):655-775.
  • 33
    Vargas CM, Ingram DD, Gillum RF. Incidence of hypertension and educational attainment: the NHANES I epidemiologic followup study. First National Health and Nutrition Examination Survey. Am J Epidemiol 2000; 152(3):272-278.
  • 34
    Clark AM, DesMeules M, Luo W, Duncan AS, Wielgosz A. Socioeconomic status and cardiovascular disease: risks and implications for care. Nat Rev Cardiol 2009; 6(11):712-722.
  • 35
    Lee DS, Chiu M, Manuel DG, Tu K, Wang X, Austin PC, Mattern MY, Mitiku TF, Svenson LW, Putnam W, Flanagan WM, Tu JV; Canadian Cardiovascular Outcomes Research Team. Trends in risk factors for cardiovascular disease in Canada: temporal, socio-demographic and geographic factors. CMAJ 2009; 181(3-4):E55-E66.
  • 36
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2002-2003. Rio de Janeiro: IBGE; 2004.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan 2015

Histórico

  • Recebido
    06 Out 2013
  • Revisado
    18 Mar 2014
  • Aceito
    24 Mar 2014
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Av. Brasil, 4036 - sala 700 Manguinhos, 21040-361 Rio de Janeiro RJ - Brazil, Tel.: +55 21 3882-9153 / 3882-9151 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cienciasaudecoletiva@fiocruz.br