APS no SUS municipal |
Cobertura e (in)disponibilidade de serviços |
“A Cobertura é de 90%. Tem algumas populações mais distantes descobertas. Em época de vacina, por exemplo, agora vai estar tendo a campanha de sarampo, a gente vai até a comunidade e já aproveita e leva o médico e o enfermeiro, que são aqui da unidade da sede. [...] Da última vez que a vacina foi, eles saíram eram 4 horas da manhã e chegaram eram quase 9 horas lá na comunidade.” (13GM1) |
“Na região de Várzea, ESF Ribeirinha, nós temos três comunidades sem cobertura e são comunidades grandes. Na região de rios nós temos quatro comunidades, ou seja, sete. Na região de terra firme nós temos duas comunidades descobertas, duas áreas cobertas. Quase dez comunidades onde a população está sem assistência do agente de saúde.” (13GM2) |
“As unidades precisam ser mais próximas, porém temos um problema na nossa região, que são as distâncias. Eu não posso colocar uma UBS em cada comunidade, não vou ter 114 UBS e não vou ter como manter 114 unidades então o nosso grande problema é a dispersão territorial.” (12GM2) |
Adaptações das diretrizes da PNAB à realidade Amazônica: múltiplos e sincrônicos formatos de organização da APS |
“Nós temos equipe completa lá com o médico, dentista, enfermeiro aonde eles trabalham de acordo com a população ribeirinha, mas com algumas diferenças. Porque afinal de contas a nossa região Amazônica é diferenciada do restante do país. Nem tudo dá para levar ao pé da letra da portaria. Às vezes você precisa fazer um arranjo organizacional ali para ver se as coisas realmente fluem melhor.” (16GM2) |
“A gente acaba adequando o funcionamento da unidade em prol dessas pessoas que chegam das áreas ribeirinhas, quem vem da área rural. Tanto que a gente reserva as fichas para eles, geralmente reserva quatro vagas para o profissional atender esses casos que vem da zona rural, casos de mais urgência. Então a gente faz essa diferença para que eles sejam atendidos e se ele vier esse horário e não tiver como encaixar pela manhã, já deixo o agendamento dele direitinho para parte da tarde.” (16GM1) |
“O técnico, se for alguma que ele estiver em dúvida, que ele as vezes possa resolver lá, ele liga para gente e a gente orienta, - não, aguarda mais um pouco”, ou então faz isso, espera mais uma hora ou duas aí, entendeu? Agora quando é parto, corte extenso, algum acidente, alguma coisa assim, ou um AVC, ou um infarto, qualquer coisa, aí ele nem entra em contato. Já manda direto e só depois liga para gente que está chegando um paciente assim, para gente preparar o suporte, para receber ele. (14GM2) |
“Como nós não temos postos de saúde na área rural como é que eu trabalho com elas [EqSF]? Eu trabalho de forma itinerante, então uma vez por mês essas duas equipes, cada uma na sua região, cada equipe cobre um território. Eles vão em um barco, vai o médico, dois enfermeiros e técnicos de enfermagem, então eles vão parando de comunidade em comunidade e fazendo atendimento de toda aquela área, então duas equipes trabalham num barco de forma itinerante todo mês, o restante dos dias que eles não estão em área, estão atendendo aqui na unidade básica, aqui da zona urbana atendendo essa clientela que vem da zona rural. Até que a gente consiga construir o posto de saúde para essas regiões e conseguir transferir de vez essas equipes para lá.” (16GM1) |
“A UBS fluvial é uma coisa especial que veio para o [Estado], que muda de fato, a questão da população ribeirinha do interior. É uma coisa que realmente muda a vida das pessoas.” (17GM1) |
“A gente não leva na [UBSF] somente uma, a gente leva todas elas [vacinas]. Aí leva a antirrábica também para a vigilância fazer nos cachorros e gatos, quando a gente vai passando a gente vai vacinando também. Aí tem o pessoal da captura [morcegos]; vai Assistência Social com a parte de Bolsa Família fazer o cadastro, a atualização. A gente vai ajudando-os no peso, altura vacina. Aí tem também a parte da estética que vai, tem o pessoal do cartório que vai tirar os documentos.” (14GM2) |
“O ACS faz orientação, promoção e prevenção da saúde. Para a gente na Secretaria, eles são nossos olhos da comunidade, porque nós estamos muito distantes da realidade, eles estão lá, estão vendo realmente a comunidade, e através do agente de saúde que as informações chegam aos usuários, o dia de vacinação, o dia da consulta médica, o dia da oferta do PCCU, qual é o dia que são agendados os pré-natais, fazem o agendamento.” (12GM2) |
“O papel dos ACS é realizar visitas domiciliares [...] ele é autoridade máxima da saúde em uma comunidade, então se alguém está doente, ele espera que o agente de saúde medique, ele espera que o acesso seja por ele [...] eu sempre falo para eles, que uma população bem orientada, ela adoece pouco.” (16GM1) |
“[...] na zona rural a gente diminui esse número porque a expressão territorial para fazer a visita é mais extensa. Às vezes os ribeirinhos não estão só em vilas, estão sozinhos naquele local, aí até chegar na outra casa é mais não sei quantos minutos de rabeta, que eles utilizam muita rabeta. Cada ACS tem sua rabeta. [...] a rabeta e o combustível a Prefeitura dá, mas não vem recursos para isso do estado, nem do Governo Federal.” (14GM2) |
Desafios para a garantia do acesso a APS |
Financiamento e oferta de serviços de APS |
“Primeiro deles [desafios] é o subfinanciamento da saúde. [...] e todas aquelas questões que eu coloquei durante a entrevista: compromisso dos profissionais com a atenção básica, barreiras geográficas. Ele [subfinanciamento] nos impede muito de realizar um trabalho da forma que nós desejamos. [...] por mais que o município faça sua parte, mesmo assim não é suficiente. [...] Então assim, a parte financeira ela diz muito de como a saúde ela vai se comportar.” (16GM2) |
“A gente tem a questão financeira que nós gostaríamos de fazer muito mais só que ficamos presos. A logística do nosso município é muito complicada, [...] para montar uma campanha de vacina, é um gasto. Para ir precisa de voadeira, de barco, ninguém vai vacinar e voltar. A equipe vai passar cinco a sete dias ali para dentro. Para colônia tem que ter carro ou moto, e com isso você gasta gelo, comida, diária de funcionário que precisa ser paga, [...]” (13GM2) |
“Eu fiz a viagem da UBS fluvial agora de 16 dias, foram 30 mil reais de combustível para rodar 16 dias. Eu recebo 90 mil do Ministério da Saúde. Nesses 16 dias eu gastei 120 mil em medicamentos e insumos, mais os profissionais, mais quase 10 mil de alimentação e material de limpeza. Essa viagem saiu para mim em torno de 200 mil reais.” (17GM1) |
“Comprou as ambulâncias, entregou e elas estão funcionando plenamente. Aí o combustível e o profissional que pilota é a prefeitura que arca com isso. Ele conseguiu a emenda somente para compra né, aí a Prefeitura mantém. A gente notou um grande avanço.” (14GM2) |
“A mãe da saúde é nossa UBSF. Foram projetistas da nossa região que fizeram a planta, com tudo que a gente precisava para atender toda a população ribeirinha [...] até que chegou no Governo Federal e o [município] foi um dos contemplados. [...] O medicamento e o profissional levam quase todo o dinheiro [do repasse do Ministério da Saúde].” (14GM2) |
Provisão e fixação de profissionais |
“[...] agora o que avançaria mesmo era ou a habilitação da UBS fluvial ou então a habilitação dessas estratégias na zona rural. Só que nós também achamos inviável habilitar as estratégias da zona rural porque o recurso é bem baixo para manter os profissionais lá e para a gente conseguir também médicos, enfermeiros que queiram morar, residir na zona rural, ainda mais essas de difícil acesso como é. Fica muito complicado.” (14GM2) |
“Acabou também tirando um peso financeiro das costas do município. Porque hoje ao invés de eu pagar 15, 16 mil, eu estou pagando R$2500,00. O resto o Ministério da Saúde custeia isso. Quando o médico sabe que é o Ministério da Saúde que vai pagar o salário deles, eles trabalham sem receio de não serem pagos. Dessa forma, é um atrativo para eles virem para o município. Mas eu acho que é um programa que veio para melhorar muito. A gente costuma falar que hoje não tem como fazer a atenção básica sem os Mais Médicos.” (17GM1) |
Acesso geográfico e mobilidade para o cuidado em saúde |
“A nossa maior dificuldade lá no [município] é a questão dos partos, e uma das nossas brigas é que seja estruturada a unidade mista para os partos normais, mas aí ia precisar de equipamento, do profissional de plantão, porque geralmente é mais a noite que acontece essas transferências [...] Eles [a população] questionam muito essa situação. [...] Infelizmente por essa demora e pela condição da estrada fez com que algumas crianças viessem a óbito. Por isso que a maior briga do [município] é para melhorar esse atendimento na unidade mista [...].” (18GM1) |
“A gente tem a questão financeira que nós gostaríamos de fazer muito mais só que ficamos presos. A logística do nosso município é muito complicada, [...] para montar uma campanha de vacina, é um gasto. Para ir precisa de voadeira, de barco, ninguém vai vacinar e voltar. A equipe vai passar cinco a sete dias ali para dentro. Para colônia tem que ter carro ou moto, e com isso você gasta gelo, comida, diária de funcionário que precisa ser paga, [...]” (13GM2) |
Então tem ambulância nas UBS? R: A ambulância não deu muito certo em comunidade [rural 1] por causa da estrada. Ela atolava, quebrava, não dava conta, para lá tem que ser caminhonete traçada. Já aconteceu de ir buscar o paciente e a ambulância ficar atolada no meio da estrada, teve que ir daqui outro carro para socorrer. (15GM2) |