O que é a alimentação saudável e a não saudável |
F1 |
“Não é o café farto, assim, dentro das possibilidades da gente né, um pãozinho, um biscoito, uma fruta, um cafezinho, depois um almoço, um lanchinho entre intermediário o café da manhã e o almoço né?” (Grupo 1) |
F2 |
“Tanto a questão da qualidade, da qualidade né, e para o nosso corpo funcionar. Então, quando eu penso na alimentação que tem essa base né da quantidade e da qualidade pra gente poder fazer o nosso corpo e nossa mente funcionar” (Grupo 2) |
F3 |
“Não respeitar a diversidade cultural daquele ambiente, por exemplo, se for pra fazer uma cesta básica na região aqui onde eu moro em Sergipe, tem que ter um cuscuz, [risos], tem que ter um alimento que é típico, entendeu?” (Grupo 1) |
F4 |
“Bem, os alimentos saudáveis pra mim é as frutas, as verduras, os legumes, né, a gente deixar de ingerir sal, não ingerir muito açúcar, pra quem é diabético de jeito nenhum, né, então assim alimentação saudável é não contar muito carboidrato, isso aí, naturais, sem conservante, é o que a gente tem sempre levado à população, a diminuir os conservantes e sal, e investir mais na alimentação sem agrotóxico também, né? Mais, é... legumes e frutas” (Grupo 2) |
F5 |
“Eu entendo que é ter acesso aos alimentos básicos, né, aquela famosa prato coloridinho, aquela pirâmide alimentar, em que tem o arroz e feijão, talvez uma fonte de proteína, ter acesso a frutas, legumes e verduras frescas” (Grupo 2) |
F6 |
“Tá, aí eu cito acho que os ultraprocessados como os principais vilões, assim, a gente vê aumentando o consumo desse tipo de alimento nos últimos anos, é, são alimentos com grande quantidade de sal, açúcar e gordura e muitos deles com uma grande concentração de calorias, é... que... todos esses componentes consumidos em excesso tendem a piorar a qualidade da alimentação e trazer... aumentar os riscos né, doenças associadas à alimentação” (Grupo 2) |
F7 |
“Alimentos processados, por exemplo em lugares de favela que é onde eu atuo são muitos alimentos processados com muito carboidrato, muita massa, enfim, muita coisa mais pesada” (Grupo 1) |
Informação sobre alimentos e alimentação |
F8 |
“Uma é que não sabem fazer as coisas, o conhecimento não chega, assim, entre comer, sei lá, montar um prato com arroz e feijão, aí bota arroz, feijão, macarrão, farofa e batata palha por cima, então não sabe fazer a escolha inteligente” (Grupo 2) |
F9 |
“É que eu vou sempre ir além do que seria mais objetivo porque na prática a gente observa muito isso, tem muita gente que sabe se alimentar, ter esses alimentos variados e conseguir esse acesso às informações do que seria mais saudável, mas tem a impossibilidade de ter esse acesso a esse direito por conta mesmo da falta de recursos a ter essa variação” (Grupo 1) |
Percepção sobre a alimentação de cada pessoa |
F10 |
“Então, tipo, eu... eu sacio muita a minha fome com a água, porque quando começa a pegar o bicho aí eu vou na garrafinha de água até chegar em casa pra fazer o almoço, mas eu queria que melhorasse muito, fizesse aquela regrinha, comer de 3 em 3 horas. A correria do dia a dia, cê já acorda de manhã, ainda tem que preparar o pessoal pra sair pra trabalhar, não tem... ó, é a correria do dia a dia” (Grupo 1) |
F11 |
“Mas pode melhorar especialmente no jantar no sentido de, é... opções melhores. Então, talvez é meio, eu trabalho de fazer as quentinhas, minhas marmitinhas de fazer no almoço, fazer também pro jantar esse é mais meu desafio ai até o final do ano” (Grupo 2) |
F12 |
“Se as condições econômicas me permitissem, é... castanhas, nozes, adoraria colocar [risos] essas, esses alimentos, essas coisinhas, essas coisas diferentes né que a gente geralmente não consegue colocar. Mas, eu queria colocar mais peixe, mais variedade de frutas, sementes, castanhas, eu gostaria de colocar isso mais na minha vida sim” (Grupo 1) |
Maiores dificuldades para se ter uma alimentação saudável |
F13 |
“Olha, eu acho que a minha questão é mais, eu acho que boa parte das pessoas passa por isso, é uma questão mais emocional e que eu carrego desde a infância assim, do fundamental ou ensino médio, ah semana de prova, semana de estudar aquilo de muitos compromissos eu acabo descontando em minha alimentação, acabo incluindo alimentos que eu sei que não são tão legais assim, entendeu? Então, eu acredito que eu poderia melhorar nesse aspecto” (Grupo 1) |
F14 |
“É... a violência também nos territórios de favelas a gente acaba também tendo essa questão da alimentação abalada, muita gente deixa de comer, né, e muita gente se alimenta mais e ruim por conta do acesso, né? Falando agora um pouco de mim, dessa ansiedade que eu tenho, sempre quando eu tenho em dias de tiroteios essas coisas, porque eu tenho uma relação com a comida muito boa, eu gosto muito de comer, então eu como quando eu to triste, eu como quando eu to ansiosa, eu como quando eu to feliz, enfim, eu tenho uma relação com a comida que é muito ampla né? Mas, nesses dias de muita tensão eu fico procurando coisas assim que o paladar se sinta mais satisfeito, né, é... com doces, salgadinhos pacotes e tal, então isso acaba me dando um, talvez, em texturas, enfim, um pouco mais de tranquilidade, mais ou menos né, mas é o que são as minhas válvulas de escape, né, então é isso” (Grupo 1) |
F15 |
“É porque o... como foi dito, a gente tende a comer o que é mais fácil, né? De maneira geral, e... se o ambiente ao nosso redor nos oferece alimentos que não são tão saudáveis a tendência é que a gente consuma mais desses alimentos, né? Então, acho que esse é o maior problema de muitas comunidades assim o ambiente e o que a gente encontra dentro dos comércios e regiões ali dentro, né? Se a pessoa tem uma dificuldade maior pra comprar frutas, legumes e verduras, fazer um grande deslocamento por exemplo, a tendência é que ela coma menos desse tipo de alimento, e isso aí vai fazer com que a qualidade da nossa alimentação vá piorando. É muito fácil a gente cair na armadilha e deixar de consumir, ou consumir com menos frequência as frutas, legumes e verduras” (Grupo 2) |
F16 |
“Eu praticamente fico em jejum né até passar aquele momento ali, até realizar aquele determinado problema, aí eu vou me alimentar. Eu acho que isso é um fator que influencia né no nosso psicológico também, ainda mais hoje em dia que a maioria fala né da doença do século né, então, a gente deveria ter mais cuidado né, relacionado ao alimento, como o ambiente ali pode nos afetar de uma forma tão drástica que acaba até afetando a nossa alimentação” (Grupo 1) |
Locais onde são comprados os alimentos |
F17 |
“Eu compro mais no supermercado aqui pertinho de casa mesmo, ou nas redes de supermercados né? E... verdura no sacolão, e carne geralmente já to dentro do supermercado geralmente eu procuro já comprar lá dentro nos açougues dos supermercados mesmo” (Grupo 2) |
Percepção sobre o acesso aos alimentos saudáveis na vizinhança e nos locais de compra |
F18 |
“Porque se no sacolão tiver alguma verdura que não tenha agrotóxico, ai eu vou comprar o que não tem, mas se não tem eu vou levar o que tem lá dentro, entendeu? Então, assim, assim me fez refletir muito que com a pandemia subiu tudo, ficou tudo tão caro, ficava muito triste de ficar sem requeijão, igual eu moro num bairro mais assim de risco elevado, as pessoas meio que não tinha porque houve muito desespero, eu vi as pessoas pegando o que o pessoal desprezada no balde pra jogar fora, elas estavam pegando aquelas verduras, aquelas coisas sabe? Então, quando que a gente tem acesso a gente leva” (Grupo 2) |
F19 |
“Onde eu vivo é mais difícil, a qualidade não é boa e o preço também não é bom. Se eu quiser comprar frutas, legumes e verduras num preço... mais legal e de uma qualidade também, eu tenho que aguardar o varejão, como falam, que acontece dentro do centro comunitário da comunidade, das comunidades da cidade, é... que acontece uma vez por semana, né, ai lá eu consigo comprar legumes e verduras com uma qualidade maior. Se não, eu fico dependendo desses pequenos comércios, é, onde de certa forma tem que fazer um deslocamento maior pra comprar as frutas, legumes e verduras, lá a qualidade não é boa e nem o preço” (Grupo 2) |
F20 |
“E aí vem né, a questão financeira, porque são alimentos também que são mais caros, e ai a gente entra naquele ciclo né, ‘ah ter uma alimentação saudável acaba sendo mais caro’, uma questão que contribuiu muito aqui em casa é que minha família é pequena, sou filha única, não tem uma quantidade de pessoas aqui, quando aumenta a quantidade de pessoas na residência aí acaba complicando a questão, mas é isso, é optar por feiras livres mesmo, não pela questão de comprar alimentos in natura no supermercado que a gente sabe que ali tem uma presença maior de agroquímicos” (Grupo 1) |
Presença de propagandas e promoções |
F21 |
“Propaganda de alimento saudável não, não existe. É... a maior parte da propaganda se concentra em folder de mercado, desses pequenos mercados que eu comentei, é... tem também o WhatsApp e tal presente de... é... padarias, outros pequenos comércios e tal que vão, é... contém seu contato né no banco do produto, é... tem cartazes dentro dessas quitandas, desses pequenos comércios, então, a gente tem um, não assédio, mas a gente tem um ambiente que não é legal porque vamos supor que a gente pega uma pessoa que tem a mente cansada da jornada de trabalho, quando ela entra na comunidade, ou no bairro, né, já tem ali salgado R$2,00, é... espetinho não sei quanto, então a chance dela parar ali e comer uma parada assim é grande” (Grupo 2) |
Utilização de serviços de entrega de alimentos |
F22 |
“Então tem uns combos assim gigantes que dá às vezes pra uma família inteira comer, contando com cunhados, enfim, que forma aquele grupo grande que vem até numa pizza que vem batata-frita, nuggets, filezinho de frango frito né, que é aquelas coisinhas, e um outro negócio, então assim vem um negócio recheado, bastante gordura, bastante coisa bem não saudável, e... aí o combo é R$ 30,00, R$ 40,00, então todo mundo divide e come aquilo dali, que fica um pouco mais em conta e dá pra todo mundo divertir naquele momento, como se fosse uma diversão de final de semana” (Grupo 1) |
Presença de hortas comunitárias ou vizinhos com hortas que vendiam ou doavam alimentos |
F23 |
“Então assim o poder paralelo tem certo domínio sobre essa parte, então eles não deixam os militantes chegar próximo nem fazer os movimentos com a horta, mas o que a gente via é que ela funcionava assim muito bem, só não era muito de acesso pra qualquer pessoa não, era um pouco restrito, então acho que era por isso inclusive que a gente não podia chegar perto, mas quando eu passava assim pertinho, assim só pra dar uma olhada de curiosidade só pra ver, encontrar alguém ali mexendo pra poder conversar e tentar fazer uma ponte com Manguinhos solidário que era do próprio território e tal ai sempre os avisos era sempre cara deixa isso quieto, não mexe, fica tranquilo ai de boinha, “pô mas saiu no jornal”, não, fica tranquilo, deixa isso quieto, deixa isso pra lá, depois a gente conversa melhor sobre, mas aí era muito isso, tinha até girassol plantado no lugar, uma coisa grande, entendeu? Bonita” (Grupo 1) |
Recebimento de doações |
F24 |
“A gente tem muita gente da Venezuela que veio morar no bairro, então a gente recorre às ONGs né, às igrejas, doações pra gente tá distribuindo pra essas pessoas” (Grupo 2) |