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TESES THESIS

ROTENBERG, S., 1999. Práticas Alimentares e o Cuidado da Saúde da Criança de Baixo Peso (João Aprigio Guerra de Almeida e Sonia Maria de Vargas, orientadores). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz. 206 pp.

O objetivo deste estudo foi analisar o significado do cuidado da saúde da criança, da desnutrição e das práticas alimentares para mães de crianças sob risco nutricional, moradoras da Rocinha e freqüentadoras do grupo de mães do Centro Municipal de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues. Na busca de subsídios que possibilitem a reformulação de propostas de intervenção e a análise e compreensão do problema, foi utilizado o caminho da pesquisa qualitativa, por meio de entrevistas semi-estruturadas e da observação participante. As práticas alimentares e o cuidado da saúde da criança foram compreendidos como práticas sociais, integrantes das redes sociais. O estudo possibilitou identificar que essas práticas são permeadas pelo aprendizado materno, que tem início na infância e é associado aos hábitos urbanos de consumo. O saber popular é construído no contato com diferentes saberes, com os rituais de socialização, com o saber científico e a mídia, valendo-se das condições concretas de vida. Destacamos, nesse sentido, a contribuição e limitação dos serviços e dos profissionais de saúde na promoção da saúde da criança. A qualidade do atendimento, a relação de confiança entre profissionais, mães e crianças revelaram-se fatores positivos na formação de vínculo aos serviços de saúde. Os achados revelaram ainda que nem profissionais, nem usuários são indivíduos iguais: portam valores, sentimentos distintos e, às vezes, contraditórios, cuja mediação se realiza com o diálogo. O debate de temas com a comunidade permite o aprofundamento da realidade para ambos. Esta pode passar a ser vista como histórica e cultural, criada pelo homem e passível, portanto, de ser transformada.

MELLO, J. L., 1999. Avaliação da Contaminação por HCH e DDT dos Leites de Vaca e Humano Provenientes da Cidade dos Meninos, Duque de Caxias - RJ (Silvana do Couto Jacob, orientadora). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. 127 pp.

Os resíduos de organoclorados são contaminantes, persistentes e penetram em todos os compartimentos do ecossistema global. A investigação e controle desses resíduos é de interesse sanitário, ecológico, econômico e social, tendo em vista que são considerados biocidas e não são facilmente eliminados do meio ambiente. Na localidade chamada Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro, foi desativada uma fábrica de hexaclorociclohexano (HCH, comumente conhecido como BHC), organoclorado, amplamente utilizado no combate de vetores da malária e doença de Chagas. No mesmo local também se produziam pastas de DDT (tricloro bis (clorofenil)etano). O processo de desativação dessa fábrica ocorreu sem controle, deixando cerca de trezentas toneladas de produtos tóxicos no local, contaminado o meio ambiente e toda a população local. A principal rota de exposição humana a pesticidas organoclorados é por intermédio dos alimentos, sendo o leite a fonte mais importante de contaminação. O leite acumula resíduos de organoclorados na sua fração gordurosa e é considerado como um indicador adequado para subsidiar uma avaliação da exposição a estes compostos. Considerou-se importante, portanto, investigar a contaminação por HCH e DDT dos leites de vaca e materno, provenientes da Cidade dos Meninos, para que os dados obtidos possam contribuir para uma melhor avaliação da contaminação ambiental dessa área, constituindo tal investigação o objetivo principal desta dissertação. As amostras de leite de vaca apresentaram contaminações significantes de b HCH, que é o isômetro do HCH mais estável e com maior acúmulo em organismos vivos. Os resultados encontrados confirmaram a exposição anterior ao DDT e a persistência do p,p' DDE, uma vez que foi o único metabólito encontrado nas amostras de leite de vaca. A contaminação das amostras de leite materno foi altamente significativa para o b HCH, atingindo valores de ingestão diária estimada de até vinte vezes o valor da ingestão diária aceitável (IDA). O DDT não ultrapassou o valor da IDA. A maior contaminação das amostras de leite vaca pode ser atribuída ao processo de biomagnificação na cadeira trófica.

MEDEIROS, Z., 1998. Contribuição ao Estudo Epidemiológico da Filariose na Região Metropolitana do Recife (Amaury Coutinho e Gerusa Dreyer, orientadores). Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz. 135 pp.

A filariose linfática representa um problema de saúde pública em muitas regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, a doença parece ser atribuída exclusivamente à espécie Wuchereria bancrofti, sendo uma endemia reconhecida, principalmente em Recife - PE. Recentemente, em razão do surgimento de novas estratégias de controle, a OMS elaborou uma proposta para eliminação da filariose linfática como um problema de saúde pública no mundo. Com base nessa proposta, o Ministério da Saúde do Brasil está implementando o programa de eliminação da doença no País. Para que seja executada qualquer estratégia de controle da transmissão e/ou da morbidade, necessita-se conhecer quais as áreas onde existe transmissão ativa e definir quais os instrumentos que serão utilizados para a identificação do impacto das medidas de intervenção. O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de mapear novas áreas de transmissão da filariose da Região Metropolitana do Recife (RMR), pela identificação de casos autóctones da infecção e validar o estudo de aglomerados populacionais na monitorização dos programas de controle. Foram estudados indivíduos microfilarêmicos autóctones, atendidos no serviço de referência para filariose (CPqAM/Fiocruz), militares e algumas das famílias residentes na RMR. Valendo-se dos casos autóctones, identificou-se a expansão da endemia em mais sete municípios da RMR Os inquéritos em aglomerados militares mostraram-se um modelo adequado na identificação de áreas de transmissão ativa da filariose, podendo também ser utilizados na monitorização de áreas consideradas focos extintos da doença e na certificação de eliminação desta. Os exames das famílias de microfilarêmicos, como eventos-sentinelas, podem ser um modelo usado na monitorização periódica do controle aplicado e, assim, identificar quando a transmissão for interrompida. Dessa forma, esses modelos poderão viabilizar o modo operacional e reduzir os custos dos programas de controle.

FERREIRA, V. M. B., 1999. Análise da Subnotificação de Casos de Aids no Contexto da Assistência Hospitalar Coberta pelo SUS: Implicações e Intervenções Potenciais (Margareth Crisóstomo Portela, orientadora; Maurício Teixeira Leite de Vasconcelos, co-orientador). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. 59 pp. Anexos.

O presente trabalho teve como meta avaliar a subnotificação de casos de Aids no Município do Rio de Janeiro, tendo como base as informações sobre as internações por procedimentos relacionados à Aids realizadas em unidades hospitalares vinculadas ao SUS, no ano de 1996. Este estudo se desenvolve na forma de dois artigos. No primeiro, é utilizada uma metodologia de correlação de bancos de dados com o objetivo de estimar a subnotificação de casos de Aids no Município do Rio de Janeiro. Os bancos utilizados foram o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) e o Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação (SINAN). As informações referentes às internações por procedimentos relacionados à Aids realizadas em unidades hospitalares situadas no Município do Rio de Janeiro, em 1996, foram correlacionadas por nome do paciente e data do nascimento com a série histórica de registros de casos de Aids em adultos e crianças atualizada pela Secretaria Municipal de Saúde, até setembro de 1997. Os resultados do primeiro artigo apontaram para subnotificação de 42,7% e para uma associação entre faixa etária, diagnóstico principal, número de internações no ano e natureza jurídica do hospital e subnotificação de casos de Aids. No segundo artigo, foi utilizada uma amostra aleatória de prontuários, por meio da qual os pacientes foram reclassificados em notificados, não notificados e sem evidência para a notificação. Foi utilizado um modelo multinominal para a análise das chances de ocorrência de subnotificação versus notificação, bem como de não notificação sem evidência de diagnóstico de Aids versus notificação. A reclassificação dos pacientes, segundo a definição de caso de Aids vigente na época, alterou o índice de subnotificação para 34,8%. Foram encontradas associações significativas entre a presença de um profissional de referência na unidade hospitalar e a existência de um setor de vigilância epidemiológica em funcionamento dentro do hospital e notificação de casos de Aids, apontando para a necessidade de normatização de processos e fluxos, a fim de melhorar a qualidade do sistema de informação em saúde.

JIMÉNEZ, A. L., 1999. Prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis: Associação com Variáveis Econômicas, Sociais e Demográficas (Sabina Léa Davidson Gotlieb, orientadora). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. 63 pp. Anexos.

Objetivo: Investigar, em um grupo de mulheres de Campinas (SP), a adoção de comportamentos preventivos para a DST e a possível associação com variáveis sócio-econômicas e demográficas. Método: Estudo descritivo, com dados secundários de uma pesquisa, na qual foram entrevistadas 635 mulheres, selecionadas por meio da técnica 'bola de neve' e classificadas em quatro grupos: adolescentes e adultas, com status sócio-econômico médio-alto e baixo. A análise estatística consistiu em teste de associação e regressão múltipla. Resultados: As participantes, principalmente as de status sócio-econômico baixo, pouco se preveniram das DST/Aids. Isto foi nítido entre as mais idosas e casadas ou em união. O condom masculino foi o método mais referido entre as que se preveniram. Entretanto, a principal razão para pedir seu uso ao parceiro foi a de evitar uma gravidez. A referência de uso ou de uso constante do condom pelo parceiro foi mais freqüente entre as mulheres de status sócioe-conômico médio-alto e com escolaridade acima da oitava série. Conclusões: O maior uso do condom entre as mulheres mais jovens, com maior escolaridade e de status sócio-econômico médio-alto sugere um processo paulatino de mudança de comportamento. Isto permite imaginar que, a médio/longo prazo, esse novo comportamento poderá ser adotado pelos demais grupos.

GIOVANELLA, L. 1998. Entre a Solidariedade e a Subsidiariedade. Políticas de Contenção no Seguro Social de Doença Alemão: A 'Terceira Etapa da Reforma da Saúde' (Eduardo Navarro Stotz e Hans Ulrich Deppe, orientadores). Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. 485 pp.

Esta tese consiste em um estudo de caso da proteção social à saúde na República Federal Alemã. Tem como foco o processo recente de contenção de gastos, em particular no que concerne à 'terceira etapa da reforma' do Seguro Social de Doença - Gesetzliche Krankenversicherung-GKV -, cuja legislação foi promulgada em junho de 1997. Na primeira parte, analisa-se a proteção social ao risco de adoecer de forma meticulosa, buscando demonstrar as especificidades do caso alemão. Discute-se o modelo de seguro social, paradigma dos sistemas de proteção social modernos, analisando-se seus princípios e características básicas. O Seguro Social de Doença - GKV é extensivamente analisado em sua forma de organização, abrangência da proteção e cobertura. O sistema de atenção à saúde alemão é descrito analisando-se a organização e modos de regulação dos setores ambulatorial e hospitalar, assim como a evolução dos gastos em saúde em comparação com os de outros países centrais. Na segunda parte, descreve-se o processo de contenção de gastos em saúde nos anos 90. Discutem-se as duas etapas anteriores da reforma e apresentam-se as propostas dos principais atores sociais para a 'terceira etapa da reforma do GKV'. Examinam-se, em detalhe, as medidas aprovadas pela coalizão liberal conservadora, apontando-se possíveis repercussões sobre a prestação de serviços e a garantia da proteção à saúde. Demonstra-se que tal legislação estimula a competição entre as Caixas e dá prioridade a medidas de controle da demanda, em especial, por meio da majoração compulsória do co-pagamento, empregada como mecanismo coercitivo para a estabilização das taxas de contribuição. Destacam-se as singularidades da aplicação de medidas de contenção neoconservadoras - provenientes de receituário internacional comum - ao caso alemão. Apontam-se os efeitos deletérios da competição e dos mecanismos introduzidos - seleção de riscos e privatização parcial do risco de adoecer - para a proteção social à saúde, chamando-se a atenção para a atenuação destes resultados em decorrência das especificidades da proteção social alemã, sua institucionalidade e modos de articulação de interesses. Embora a reforma implique restrições, a proteção permaneceu abrangente, tendo sido elaborados mecanismos com o fim de atenuar prováveis efeitos adversos da competição e proteger os grupos mais vulneráveis do deslocamento de parte do financiamento público e solidário para os domicílios privados. A ampla aceitação da solidariedade, a estrutura neocorporativa bem desenvolvida e a tradição reguladora do Estado alemão são aspectos importantes que moldaram tais resultados.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Ago 2001
  • Data do Fascículo
    Set 1999
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