Em 2008, a Organização Mundial da Saúde lançou o Programa de Ação para Lacuna em Saúde Mental (mhGAP, acrônimo em inglês) com o objetivo de ampliar o atendimento à saúde mental em serviços não especializados. Estudos demonstraram os benefícios do uso do mhGAP, ao mesmo tempo em que destacam a necessidade de melhor adaptação contextual e apoio contínuo. O desafio de integrar a saúde mental à atenção primária é particularmente acentuado em contextos precários e atingidos por conflitos, onde a necessidade desses serviços é maior e os sistemas de saúde estão muitas vezes interrompidos. Uma busca bibliográfica foi realizada nas bases de dados PubMed, PsycINFO, Scopus e Web of Science para identificar estudos relevantes que abordem a eficácia do uso do mhGAP em contextos precários e atingidos por conflitos. Foram coletadas informações sobre as principais características e o desenho dos estudos, o impacto do uso do mhGAP e os principais desafios operacionais. Após a análise dos artigos completos, 10 preencheram os critérios de inclusão, relatando o impacto do mhGAP nos profissionais de atenção primária, nos desfechos relacionados aos usuários e nos serviços de saúde. Os estudos relataram uma melhora do conhecimento após o treinamento, principalmente sobre epilepsia e psicose, enquanto lacunas nas habilidades foram relatadas na realização de um exame do estado mental, na avaliação do risco de suicídio e no fortalecimento do apoio psicossocial. Os estudos não apresentaram resultados conclusivos sobre o impacto do mhGAP para ampliar o acesso aos cuidados de saúde mental no nível primário de atenção. Vários desafios para implementar o mhGAP em contextos precários foram apresentados, inclusive o foco na transferência de conhecimento e a falta de supervisão estruturada após o treinamento do mhGAP.
Palavras-chave:
Saúde Mental; Atenção Primária à Saúde; Fortalecimento Institucional; Efetividade; Emergência
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mhGAP: Mental Health Gap Action Program.
