Resumo:
O presente artigo analisa as intersecções entre experiências terapêuticas e vínculos afetivos nas trajetórias de dois grupos de pacientes com padecimentos crônicos: pessoas com consumos problemáticos de drogas em tratamento dentro de locais religiosos de atenção terapêutica; e pessoas com HIV sob os cuidados clínicos e tratamento antirretroviral. O artigo parte de uma estratégia metodológica qualitativa, baseada em entrevistas em profundidade. A hipótese é que os tratamentos (farmacológicos ou psicológicos) comumente resultam insuficientes para proporcionar respostas terapêuticas adequadas para estas duas doenças crônicas. Os grupos entrevistados reconhecem a centralidade das dimensões afetivas para a aderência nas pautas dos tratamentos propostos e para uma abordagem integral, e consequentemente mais efetiva, do HIV e da dependência as drogas. O artigo conclui apresentando uma noção de aderência que excede o comportamento individual de mero cumprimento das prescrições dos tratamentos. A aderência é menos uma experiência pessoal do que coletiva, em que o ambiente familiar, as redes de pares e profissionais junto com outros referentes terapêuticos jogam um papel central.
Palavras-chave:
Pacientes Incuráveis; Tratamentos; Cooperação do Paciente; Drogas; HIV