Este estudo transversal avaliou associações de variáveis demográficas e socioeconômicas com o acúmulo de morbidades aos 40 anos de idade em participantes da coorte de nascimentos de Pelotas (Brasil) de 1982. Aos 40 anos de idade, os participantes do estudo foram convidados a visitar a clínica de pesquisa para serem examinados e responderam a um questionário online. Os sujeitos relataram diagnósticos médicos de diversas morbidades, que foram agrupadas de acordo com a 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças em quatro grupos (endócrino, cardiovascular, musculoesquelético e alérgico/respiratório). Utilizou-se a regressão logística ordinal para estimar a razão de chances proporcional e aplicou-se o teste de Brant para verificar a suposição de chances proporcionais. Utilizou-se a análise de classe latente para identificar padrões de multimorbidade e avaliou-se associações com fatores demográficos e socioeconômicos por meio de regressão logística multinomial. Ao total, 2.986 participantes foram incluídos no presente estudo. Um total de 48,1% relataram pelo menos um distúrbio endócrino, 26,6% relataram morbidades cardiovasculares, 59% morbidades alérgicas/respiratórias e 32,5% morbidades musculoesqueléticas. Na análise de classe latente, três padrões de morbidade foram identificados: relativamente saudável, metabólico e alérgico/respiratório. A chance de pertencer a uma categoria mais alta de morbidades cardiovasculares foi maior entre os negros (OR = 1,79; IC95%: 1,43; 2,24), enquanto o nível socioeconômico mais baixo se associou à menor chance de pertencer a uma categoria mais alta de morbidades alérgicas/respiratórias (OR = 0,59; IC95%: 0,47; 0,74) e a maior chance de pertencer a uma categoria mais alta de morbidades cardiovasculares e musculoesqueléticas. Nossos achados sugerem que múltiplas morbidades ocorrem em diferentes direções, dependendo dos níveis socioeconômicos e educacionais.
Palavras-chave:
Morbidade; Doenças Não Transmissíveis; Fatores Socioeconômicos