Resumo:
Nos últimos anos, as atitudes de rejeição ou hesitação à vacinação e o crescimento dos chamados “movimentos antivacina” vêm sendo definidos como um desafio para a Saúde Coletiva. O objetivo do artigo é analisar os processos de decisão de mães pertencentes a classe média da região metropolitana de Buenos Aires, Argentina, em relação à vacinação de seus filhos/as, levando em consideração os fatores que desencadeiam atitudes de relutância ou temor à vacinação. Foram realizadas 35 entrevistas em profundidade com mães da classe média da cidade de Buenos Aires, identificadas com estilos de maternidade “naturais” ou afins à denominada “criação respeitosa”. São descritas diferentes trajetórias ou caminhos para a relutância ou rejeição à vacina: (a) geradas previamente por comentários ou indicações de profissionais de saúde durante o parto ou consultas pediátricas; (b) decorrentes de mudanças mais gerais nos estilos de vida, marcadas pela opção por cuidados de saúde alternativos ou “naturais”; (c) inseridas em processos de crítica e desconfiança em relação à biomedicina e de afirmação da autonomia nas decisões de saúde; e (d) a partir de uma busca ativa de informações em fontes majoritariamente contrárias à vacinação. As dúvidas ou ambiguidades relativas à vacinação que estas mães apresentam não se traduzem inequivocamente na rejeição da vacinação, mas sim numa diversidade de práticas: vacinação com restrições, seleção ou adiamento de algumas vacinas e a não vacinação.
Palavras-chave:
Vacinação; Hesitação Vacinal; Pesquisa Qualitativa