Este texto procura mostrar a importância da abordagem de gênero na construção teórica da área de Saúde do Trabalhador, uma vez que homens e mulheres são expostos a condições de trabalho diferenciadas no processo produtivo. No caso das trabalhadoras, destaca-se a conjugação do capitalismo e patriarcalismo como determinantes da opressão feminina nas relações hierárquicas do trabalho, assim como a responsabilidade social oculta do trabalho doméstico, realizado na esfera do privado, o que distancia a mulher do mundo social e político e gera fortes impactos à sua saúde. Pela divisão sexual do trabalho, são reservadas às trabalhadoras, na indústria, as tarefas mais repetitivas e que exigem grande resistência nervosa - condições que não são especialmente saudáveis e que implicam um padrão específico de desgaste. Concluímos que são necessárias mudanças nos planos da vida social, além da ruptura das crenças que sustentam a divisão sexual do trabalho, para que se transformem as condições agressivas impostas à saúde dos homens e mulheres, no processo de trabalho.