Open-access Prática da enfermeira na atenção primária à saúde em municípios rurais remotos

Nursing practices in primary care in remote rural municipalities

Práctica del profesional de enfermería en la atención primaria de salud en municipios rurales remotos

Resumos

Analisam-se as práticas desenvolvidas por enfermeiras em equipes de saúde da família (EqSF) de municípios rurais remotos. Trata-se de um estudo de casos múltiplos, com abordagem qualitativa, realizado por meio de 52 entrevistas semiestruturadas com enfermeiras de 27 municípios rurais remotos distribuídas entre 10 estados. De acordo com os resultados, as enfermeiras destacaram-se, com poucas especificidades entre os municípios rurais remotos, por desenvolverem um escopo variado de competências em atividades gerenciais, práticas assistenciais individuais e ações no território. Independentemente dos obstáculos impostos ao atendimento das EqSF em todos os municípios rurais remotos, sobressaiu-se a articulação das enfermeiras na busca por contornar as adversidades, restabelecer fluxos para os usuários e minimizar ao máximo a desassistência. As enfermeiras, em todos os municípios rurais remotos, buscavam restabelecer o vínculo comunicacional e viabilizar a continuidade do cuidado das pessoas que necessitavam de alguma assistência fora da atenção primária à saúde (APS). De forma unânime, nenhuma enfermeira estabelecia uma interlocução entre o saber popular e as ações biomédicas das práticas consolidadas na APS, ainda que reconhecessem a diversidade cultural e étnica que povoava os territórios. Em síntese, as enfermeiras nos municípios rurais remotos buscavam driblar as adversidades comunicacionais e forjavam, ainda que limitadas, práticas sensíveis às demandas das pessoas e da comunidade.

Palavras-chave:
Enfermagem; Serviços de Saúde Rural; Atenção Primária à Saúde; Acesso aos Serviços de Saúde; Padrões de Práticas de Enfermagem


Practices developed by nurses of family health teams (FHTs) in remote rural municipalities were analyzed. A multiple case study with a qualitative approach was conducted through 52 interviews with nurses from 27 remote rural municipalities distributed across 10 states. With few specificities among the remote rural municipalities, nurses stood out for developing a broad range of skills related to management activities, individual care practices, and actions in the local community. Irrespective of the obstacles to care faced by FHTs, the work of nurses stood out in all remote rural municipalities to overcome adversities, reestablish patient flow, and minimize the lack of care as much as possible. In all remote rural municipalities, nurses sought to reestablish the communication link and enable the continuity of care for individuals who required assistance outside primary care. None of the nurses established dialogue between folk knowledge and the biomedical actions of the practices established in primary care but recognized the cultural and ethnic diversity in the local communities. In summary, nurses in the remote rural municipalities sought to overcome communication difficulties and forged - although in a limited way - practices sensitive to the needs of individuals and the community.

Keywords:
Nursing; Rural Health Services; Primary Health Care; Health Services Accessibility; Nurses’ Practice Patterns


Se analizan las prácticas desarrolladas por los profesionales de enfermería en equipos de salud familiar (EqSF) en municipios rurales remotos. Se trata de un estudio de caso múltiple, con enfoque cualitativo, realizado mediante la aplicación de 52 entrevistas semiestructuradas con los profesionales de enfermería de 27 municipios rurales remotos distribuidos en 10 estados brasileños. Los resultados revelan que los profesionales de la enfermería se destacaron, con pocas especificidades entre los municipios rurales remotos, por desarrollar una amplia gama de competencias en actividades gerenciales, en prácticas de cuidado individual y en acciones en el territorio. Independientemente de los obstáculos impuestos a la atención en las EqSF en todos los municipios rurales remotos, la articulación de estos profesionales se destacó en la búsqueda de superar las adversidades, de restablecer los flujos para los usuarios y de minimizar al máximo la falta de atención. Los profesionales de enfermería en todos los municipios rurales remotos buscaron restablecer el vínculo de comunicación y permitir la continuidad de la atención a las personas que necesitaban asistencia fuera de la atención primaria de salud (APS). Por unanimidad, ninguno de ellos estableció un diálogo entre el conocimiento popular y las acciones biomédicas de las prácticas establecidas en la APS, a pesar de reconocer la diversidad cultural y étnica de los territorios. Se concluye que estos profesionales en los municipios rurales remotos buscaron eludir las adversidades de la comunicación y trazaron prácticas sensibles, aunque limitadas, a las demandas de las personas y la comunidad.

Palabras-clave:
Enfermería; Servicios de Salud Rural; Atención Primaria de Salud; Acceso a los Servicios de Salud; Pautas de la Práctica en Enfermería


Introdução

A atração e fixação de enfermeiras para atuarem na atenção primária à saúde (APS) em áreas rurais e remotas permanece um grande desafio em escala global 1, seja em países de alta 2, média 3 ou baixa renda 4. As especificidades do trabalho em contextos de ruralidade − insuficiência de transporte e trafegabilidade precária 5, populações dispersas e condições socioeconômicas historicamente desfavoráveis 6, vazios assistenciais 7, pior infraestrutura e acesso aos serviços de saúde em tempo oportuno 8, entre outros − tencionam para que enfermeiras desenvolvam competências assistenciais 9,10 e gerenciais 11 em um escopo ampliado de práticas 12, além de forte atuação comunitária 13.

Não obstante, estresse, isolamento social, geográfico ou profissional influenciam o trabalho de enfermeiras em contexto rural e, ao mesmo tempo, condicionam o desenvolvimento de práticas isoladas, com pouco apoio de outros profissionais, em cenários que vão de unidades de APS à regulação assistencial de urgência e emergência 14,15. O próprio tempo gasto com o deslocamento interfere na viabilização da assistência em meio rural 5, na medida em que diminui a permanência dos profissionais nas unidades 16, exigindo um conjunto de adequações nos processos de trabalho de toda a equipe de APS 17,18.

A competência cultural 13 é um atributo fundamental nos territórios rurais, presente na atuação da enfermeira e necessário à oferta de cuidados integrais que, rotineiramente, extrapolam as atividades assistenciais 19. O alinhamento entre saberes tradicionais e a prática da enfermeira em contexto rural inclui conexões pessoais e profissionais com a comunidade local, sensação de pertencimento, amplo escopo de práticas e atuação que, comumente, extrapola o período laboral oficial 20. Por conseguinte, conhecer como as enfermeiras organizam seu processo de trabalho pode colaborar para a implementação de políticas e ações para o enfrentamento dos problemas identificados, contribuir para produção do cuidado aos usuários e influenciar positivamente na satisfação com o trabalho em cenário rural 21.

Para tanto, compreende-se que o processo de trabalho da enfermeira 22 envolve a interface entre a dimensão gerencial 11 e a dimensão do cuidado 23, muito embora a precarização do trabalho de enfermeiras 24,25 e a formação hegemônica 26 mitiguem a potência da clínica ampliada 27 e do trabalho interprofissional 28. Deste modo, analisam-se as práticas desenvolvidas por enfermeiras em equipes de saúde da família (EqSF) de municípios rurais remotos.

Metodologia

Este artigo analisa parte dos resultados da pesquisa Atenção Primária à Saúde em Municípios Rurais Remotos no Brasil29. Partiu-se da caracterização dos 323 municípios rurais remotos, segundo classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 30, que foram tipificados segundo características socioeconômicas, demográficas e de saúde e definidos seis clusters com lógicas espaciais específicas: Matopiba, Norte Minas, Norte Águas, Norte Estradas, Semiárido e Vetor Centro-Oeste 7.

A amostra de municípios foi intencional, estruturada a partir dos seis clusters, nos quais foram escolhidos dois ou mais municípios que corresponderiam ao “município tipo”, ou seja, com características socioeconômicas, demográficas e de saúde mais frequentes no conjunto dos municípios rurais remotos do respectivo cluster. Ao “município tipo”, agregou-se um ou mais municípios outliers. Ao final, foram selecionados 27 municípios rurais remotos distribuídos em 10 estados − Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí e Tocantins − para realização de estudo de casos múltiplos, com abordagem qualitativa, por meio de entrevistas semiestruturadas 29.

Em cada município rural remoto, foram entrevistadas 52 enfermeiras de unidades básicas de saúde (UBS) localizadas na zona urbana e na zona rural, para compreensão do processo de trabalho e compartilhamento de práticas na APS. As entrevistas foram codificadas para garantir o anonimato.

As entrevistas foram presenciais, realizadas nos respectivos locais de trabalho, entre maio a outubro de 2019, com duração média de 60 minutos, gravadas em áudio e transcritas na íntegra. Os roteiros semiestruturados, disponíveis no site da pesquisa (https://apsmrr.ensp.fiocruz.br/wp-content/uploads/2021/10/ROTEIRO-PROFISSIONAIS.pdf), serviram de apoio ao entrevistador, sendo as enfermeiras estimuladas a responder aos temas abordados de forma espontânea.

Este artigo inspira-se na compreensão do processo de trabalho em saúde na perspectiva de Mendes-Gonçalves 31 e leva em consideração a interface entre a dimensão gerencial e a dimensão do cuidado na prática da enfermeira exercida em realidades rurais. Para tanto, a interpretação dos dados foi orientada pela análise de “conteúdo temática”, identificando-se convergências e divergências. Realizou-se a ordenação dos dados a partir da leitura geral do material transcrito. O corpus foi ordenado e classificado, etapas em que as transcrições foram lidas exaustivamente e assim emergiram 34 componentes temáticos (Quadros 1, 2, 3 e 4).

Quadro 1
Protagonismo gerencial das enfermeiras nos territórios: porta de entrada e organização da agenda.
Quadro 2
Abrangência e longitudinalidade das práticas da enfermeira: ações compartimentalizadas e centradas na queixa-conduta.
Quadro 3
Coordenação do cuidado: tentativas de superação das adversidades comunicacionais no fluxo assistencial fragmentado.
Quadro 4
Competência cultural residual: saber-fazer biomédico hegemônico em detrimento à diversidade cultural e étnica nos territórios.

Na sequência, realizou-se o cotejamento entre os componentes temáticos que, ao final, engendraram quatro categorias empíricas: (1) Protagonismo gerencial das enfermeiras nos territórios: porta de entrada e organização da agenda; (2) Abrangência e longitudinalidade das práticas da enfermeira: ações compartimentalizadas e centradas na queixa-conduta; (3) Coordenação do cuidado: tentativas de superação das adversidades comunicacionais no fluxo assistencial fragmentado; e (4) Competência cultural residual: saber-fazer biomédico hegemônico em detrimento da diversidade cultural e étnica nos territórios.

O conjunto de dados contém as características essenciais do universo pretendido e seus resultados agregam elementos representativos e passíveis de transferibilidade 32 em outros cenários nacionais similares.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz, parecer nº 2.832.559), com anuência dos municípios. Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados e discussão

A formulação das quatro categorias empíricas fundamentou-se nos resultados emergentes dos 34 componentes temáticos identificados (Quadros 1, 2, 3 e 4). A discussão está ancorada na concepção da APS como principal porta de entrada para produção do cuidado 33. Para a nomeação das categorias, foram considerados os atributos de uma APS robusta − acesso/primeiro contato, longitudinalidade, abrangência das práticas, coordenação do cuidado, orientação comunitária e competência cultural − que funcionaram como eixos analíticos orientadores da interpretação dos dados.

Buscou-se articular os atributos da APS com a prática das enfermeiras e a organização do seu processo de trabalho no contexto de municípios rurais remotos. Para tal, adotou-se como referencial teórico central o modelo proposto por Mendes-Gonçalves 31, o qual oferece subsídios para a análise crítica do processo de trabalho em saúde. Esse referencial foi complementado por aportes teóricos de autores que abordam as práticas em saúde sob uma perspectiva contra-hegemônica. Destaca-se a contribuição de Peduzzi et al. 28, no que tange à compreensão das práticas interprofissionais e à construção do trabalho em equipe; de Pinheiro 23, ao abordar o cuidado em saúde em sua dimensão ético-política; e de Campos et al. 27, ao propor os conceitos de clínica ampliada e cogestão como estratégias para repensar o trabalho em saúde, integrando autonomia profissional e responsabilidade coletiva.

Por fim, foram selecionados fragmentos representativos de relatos das enfermeiras de diferentes municípios rurais remotos e distintos clusters para ilustrar as categorias empíricas (Quadros 1, 2, 3 e 4).

Protagonismo gerencial das enfermeiras nos territórios: porta de entrada e organização da agenda

Em todos os clusters estudados, garantir o acesso oportuno e facilitado às UBS tem sido um grande desafio às EqSF, notadamente em localidades mais afastadas das sedes municipais 5. Nesses cenários, as enfermeiras destacaram-se, com poucas diferenças/especificidades entre os clusters, por desenvolverem um escopo variado de competências em atividades gerenciais, práticas assistenciais individuais − em consultório e domicílio − e ações no território. Ainda assim, as atividades gerenciais e assistenciais em diferentes modelos de APS, embora diversificadas, revelam, igualmente, as vicissitudes das enfermeiras para compatibilizar as práticas individuais e coletivas 9, bem como, expõem a complexidade do trabalho da enfermeira em diferentes espaços sociais e para distintos ciclos de vida ou condições de saúde 34.

Diante da diversidade dos contextos, as equipes de APS organizavam suas ações de forma adaptada à dinâmica social de cada território. De modo convergente, a UBS se consolidou como principal espaço de busca por cuidado, funcionando, em geral, em horário comercial. Observou-se, ainda, que a organização dos fluxos administrativos, assistenciais e das práticas comunitárias era majoritariamente centralizada nas enfermeiras.

À vista disso, as EqSF, embora constituídas por diferentes profissionais, concentram as atividades gerenciais na enfermeira que, por sua vez, acumula múltiplas práticas de gerenciamento e de assistência 35, ainda que devam ser exercidas de modo compartilhado e horizontal combinando responsabilidade e autonomia. A autoridade gerencial e o protagonismo assistencial da enfermeira em diferentes cenários são importantes atributos da prática 36, o que torna tal profissão requisitada pelos municípios para assumir espaços na gestão local 37, conquanto persistam lacunas na formação que atenda a essa competência 38. A incongruência reside na sobrecarga laboral, estresse ocupacional 39 e pouco reconhecimento por meio de salários e outros direitos trabalhistas 40.

A agenda era organizada, predominantemente, por ações programáticas segmentadas por ciclo de vida ou condição de saúde, por meio de uma “semana típica” que orientava o conjunto de ações assistenciais e os grupos populacionais atendidos em cada turno. Após consultas programáticas com médicos ou enfermeiras, especialmente em casos de agravos crônicos, alguns usuários saíam da UBS com retorno agendado − prática não sistemática e marcada por variações na organização das agendas. Em equipes com menor flexibilidade e foco estrito em ações programáticas, ainda que de forma pontual, observou-se que a agenda se tornava uma barreira de acesso, ao não contemplar as demandas espontâneas dos usuários.

Em contraste, havia equipes em que o atendimento por demanda espontânea era predominante ou mesmo exclusivo, especialmente nas ações itinerantes em territórios distantes da UBS. Em outras, essa modalidade coexistia com a oferta programada ou ganhava centralidade diante da ausência de profissionais, notadamente médicos. Algumas equipes, mesmo com agendas estruturadas, demonstravam sensibilidade às especificidades das populações rurais, sobretudo as mais isoladas ou com dificuldade de transporte. Nesses casos, priorizavam os atendimentos no turno da manhã, concentravam-nos nos dias com maior disponibilidade de transporte ou buscavam encaixá-los na programação, evitando que os usuários retornassem sem acesso ao cuidado.

Práticas centradas nas pessoas requerem um balanço entre atendimentos às demandas programadas e à demanda espontânea, corroborando uma APS que seja resolutiva e se proponha a ser reconhecida como serviço de procura regular 10. A organização da oferta e da demanda atenta à dinâmica do território distingue a APS integral, resolutiva e comunitária de outras modalidades que realizam ações programáticas concentradas em certos grupos populacionais, que excluem algumas pessoas e limitam seu acesso. A organização do processo de trabalho de EqSF por meio de agendas muito fechadas, que somente preveem atendimento à demanda organizada, limita o acesso oportuno, por outra via, unidade de saúde da família que somente atende à demanda espontânea incorre no risco de centrar o cuidado em modelo tradicional de queixa-consulta 10.

Nos municípios rurais remotos, em decorrência das distâncias e dificuldades de acesso à UBS, para populações mais dispersas em áreas rurais, o atendimento era itinerante, com visitas esporádicas da equipe a diferentes comunidades e atendimento em locais adaptados. Pela falta de modelos mais específicos de atenção à saúde rural no Brasil, esses atendimentos, muitas vezes, ocorrem em locais adaptados, sem condições ideais 17. Em alguns municípios, há pequenas unidades que funcionam como postos avançados, nos quais, em geral, técnicas de enfermagem atendem regularmente a população em seu escopo de prática e para onde a EqSF se desloca em intervalos variados. Nesses casos, a demanda era organizada pelos ACS ou, na ausência desses, por algum líder comunitário. Por fim, o ACS, também, é um importante sujeito discricionário da oferta, pois direciona às UBS um conjunto de usuários, conforme captação nos territórios, ou seja, regulando a oferta e a demanda às equipes 41.

A existência de áreas descobertas influenciava negativamente na oferta de uma agenda programática, pois o fluxo de usuários ficava confuso sem a presença do ACS no território para articular os aprazamentos dos grupos prioritários, contribuindo para busca espontânea na UBS. Outros desafios da agenda na UBS foram as características territoriais, uma vez que, especialmente na região norte, o ciclo das águas determina o fluxo dos usuários nas UBS que, por sua vez, requer ajustes periódicos na organização das ações 18. Ademais, a rotatividade de profissionais e a restrição de transporte para deslocamento da população rural à UBS impunham rearranjos na agenda dos serviços, aspectos, esses, amplamente documentados em diferentes estudos 5,42.

Todos esses empecilhos e incertezas no atendimento em local adequado e tempo oportuno contribuem para uso inapropriado dos serviços, elevado tempo de espera e, consequentemente, insatisfação com a APS 43. Estudos sugerem que diversificar os modos de marcação de consultas − por telefone, e-mail e recursos digitais/aplicativos 44 −, acolher a demanda espontânea, expandir o escopo de práticas das enfermeiras 12, incluir consultas remotas 45, realizar atividades assistenciais itinerantes 46 e ampliar as ações em grupo no território 47 são estratégias capazes de ampliar e diversificar o acesso em municípios e áreas dispersas.

Independentemente dos obstáculos impostos ao atendimento na UBS, em todos os municípios rurais remotos, sobressaiu-se a articulação das enfermeiras na busca por contornar as adversidades, restabelecer fluxos para os usuários e minimizar ao máximo a desassistência. Inclusive, havia enfermeiras que residiam na zona rural e ficavam à disposição para atender/encaminhar as intercorrências fora do expediente, bem como estavam fortemente vinculadas à comunidade. As características da ruralidade impõem importantes desafios organizacionais, ainda assim, enfermeiras das áreas rurais têm intensa relação com a população e, por isso, respondem de maneira criativa e implicada às demandas da comunidade, ou seja, concebem o cuidado como um valor ético-político para consecução de práticas integrais 23.

Abrangência e longitudinalidade das práticas da enfermeira: ações compartimentalizadas e centradas na queixa-conduta

De modo geral, alguns aspectos contribuíam para que as práticas profissionais tivessem um caráter mais individual do que compartilhado nas equipes dos municípios rurais remotos. Assim, a rotatividade, especificamente de médicos, comprometia a longitudinalidade do cuidado e havia um constante recomeço (retrabalho) na conduta terapêutica entre profissional-paciente. Igualmente, os períodos com equipes desfalcadas geravam demandas acumuladas na população que, por sua vez, buscava a UBS por demanda espontânea, contribuindo para a predominância de práticas na lógica da queixa-conduta.

As características dos territórios também impunham desafios ao trabalho compartilhado. Em áreas remotas, com dificuldades de acesso ou transporte à UBS, usuários de regiões mais dispersas eram frequentemente atendidos por demanda espontânea, inseridos de forma pontual na rotina programática. Diante desse cenário, enfermeiras e médicos adotavam práticas mais isoladas e compartimentalizadas, visando agilizar os atendimentos e dar conta da elevada demanda assistencial.

Em municípios rurais remotos, um mosaico de problemas, agindo em sinergia, torna premente o processo de trabalho colaborativo na APS 48 e, consequentemente, requer maior engajamento das equipes numa perspectiva interprofissional 28. Paradoxalmente, a escassez, a rotatividade e o perfil predominante de médicos que atuam nestes contextos 49 comprometem a assunção de um trabalho compartilhado com a equipe em decorrência, inclusive, da própria divisão social do trabalho 50 e das condições laborais da força de trabalho da enfermeira 24.

As barreiras de acesso 8 − políticas, geográficas, socioeconômicas, técnico-organizacionais e simbólicas − às UBS em municípios rurais remotos, também desfavorecem o trabalho colaborativo, sobretudo pela produção de demanda reprimida e o tensionamento por um atendimento centrado na doença e, por conseguinte, na medicalização social 51. Por meio desse modelo, o compartilhamento das práticas restringe-se a um agir instrumental pautado na racionalidade técnico-científica de cada profissional, prejudicando a construção de acordos mútuos entre profissionais e destes com os usuários e famílias 28.

Outrossim, não havia um padrão comum para todas as equipes em relação ao trabalho compartilhado entre enfermeira e outros membros da equipe. De forma geral, o compartilhamento dava-se por atendimento intercalado entre médico e enfermeira, por meio de revezamento na conduta clínica, frequente no cuidado materno-infantil. Ainda nesse aspecto, em algumas equipes, o trabalho da enfermeira ficava submisso ao apoio à prática médica ou sujeito à sua avaliação pós-consulta. Em outras equipes, a consulta individual geral era realizada pelo médico, enquanto a enfermeira realizava as ações programáticas, assumia as práticas preteridas pelos médicos (comumente, o exame preventivo, as ações comunitárias e as atividades gerenciais) ou, simplesmente, limitava-se à divisão de tarefas sem uma ação, verdadeiramente comum.

Em algumas UBS, os casos crônicos controlados eram acompanhados pela enfermeira, enquanto os descompensados eram direcionados ao médico. Embora menos frequentes, ocorriam consultas sequenciais no mesmo dia ou atendimentos conjuntos em situações clínicas específicas que exigiam avaliação compartilhada, ainda que sem construção de plano terapêutico comum. Tais práticas respondiam a necessidades individuais − clínicas e/ou sociais − e não configuravam um padrão no processo de trabalho das equipes.

Os resultados expõem, embora de maneira pontual, um trabalho em equipe numa perspectiva multiprofissional colaborativa entre médicos e enfermeiras, uma vez que as ações compartimentalizadas e centradas na queixa-conduta dominam o processo de trabalho nas UBS. Em contrapartida, enfermeiras têm incorporado tarefas antes exclusivas à categoria médica, sobretudo de diagnóstico e terapêutica, respaldadas por protocolos, ampliando o escopo de práticas com novas atribuições (task-shifting) 42,52. Globalmente, reconhece-se que as enfermeiras possuem um perfil profissional que converge com aquele exigido para atuação em territórios rurais, uma vez que exercem um rol amplo de práticas em assistência, gestão e educação. Não obstante, sua plena capacidade sofre reiteradas restrições pela baixa compreensão da contribuição e do processo de trabalho da enfermeira, havendo centralização excessiva da oferta de atenção à saúde sob domínio dos médicos 42,49. De tal modo, é indispensável fortalecer e reconhecer a autonomia da enfermeira, junto com uma cultura de colaboração interprofissional.

Ademais, as reuniões de equipe, convocadas e presididas pelas enfermeiras, serviam como espaço de interlocução para compartilhamento de agendas, rotinas e, esporadicamente, discussão de algum caso clínico mais emblemático, embora com menor participação de médicos. De modo geral, as enfermeiras estavam envolvidas direta ou indiretamente com todas as ações individuais e coletivas na UBS ou na comunidade, convergindo em um padrão de colaboração intrínseco às práticas multiprofissionais em todos os municípios rurais remotos. Em muitos casos, o trabalho compartilhado restringia-se às ações de educação em saúde para grupos específicos, especialmente em formato de palestras na comunidade, envolvendo enfermeiras, agentes comunitários de saúde (ACS) e equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Por fim, chama a atenção que as práticas desenvolvidas, independentemente da interface entre os profissionais e o seu grau de compartilhamento, não se mostravam articuladas com a população nas decisões sobre sua saúde.

Em síntese, havia interação e comunicação entre profissionais de diferentes áreas nas equipes, sendo este um dos atributos centrais e uma condição sine qua non para o trabalho interprofissional 28. Contudo, o protagonismo do processo de trabalho de enfermeiras em municípios rurais remotos revela-se, também, na estreita dependência da organização da agenda e na definição dos fluxos dos diferentes profissionais nas UBS. Em certa medida, a gerência das UBS atribuída às enfermeiras em todas os municípios rurais remotos, contraditoriamente, confere-lhes um status de poder relativo sobre a programação/planejamento das ações na APS 11, porém, ao mesmo tempo, representa uma indisponibilidade/recusa dos demais profissionais, especialmente médicos, em assumirem tal responsabilidade organizacional 10,49. Além disso, as enfermeiras recebem menores salários, comumente cumprem 40 horas semanais de trabalho nas UBS e acumulam um leque diverso de atividades gerais − comum à equipe − e específicas do seu núcleo profissional 9. Tais constatações teóricas e empíricas ressaltam a precarização do trabalho da enfermeira em detrimento à sua importância na APS 24,25.

Coordenação do cuidado: tentativas de superação das adversidades comunicacionais no fluxo assistencial fragmentado

Nos municípios rurais remotos, as informações necessárias à coordenação do cuidado de usuários que foram assistidos em serviços fora da APS, mesmo que encaminhados pela UBS, eram repassadas à equipe, frequentemente, pelos ACS, principalmente pela ausência de contrarreferência ou qualquer outra formalização comunicacional entre os diferentes níveis de atenção. Nesse aspecto, os ACS, frequentemente, intermediavam a visita domiciliar após a alta hospitalar, para que médicos ou enfermeiras assistissem o usuário que não podia ir à UBS. Os ACS destacam-se em distintas experiências como um trabalhador imprescindível para a comunicação entre serviços e comunidade 53, inclusive, para viabilizar as informações sobre o fluxo assistencial e alguma coordenação horizontal pela equipe em áreas rurais 54. Ademais, as enfermeiras buscavam diretamente com os usuários as informações sobre a conduta terapêutica realizada fora do âmbito da APS, muitas vezes, por busca ativa no território.

Desse modo, as enfermeiras, em todos os municípios rurais remotos, realizavam um trabalho fundamental para restabelecer o vínculo comunicacional e viabilizar a continuidade do cuidado das pessoas que necessitavam de alguma assistência fora da APS. Fundamentalmente, eram o elo entre os usuários e as centrais de marcação de consultas e, comumente, buscavam intervir para agilizar o fluxo, especialmente, para os casos que requeriam atenção clínica diferenciada. Dessa forma, enfermeiras realizavam contatos informais com médicos especialistas da rede ou utilizavam seu prestígio no município para contornar adversidades no fluxo assistencial e tentar diminuir o tempo de espera. Os resultados ratificam outros estudos que destacam a atuação das enfermeiras na garantia de coordenação em função do envolvimento mais próximo aos usuários e suas famílias, protagonismo na resolução e manejo de cuidados na APS por meio das consultas de enfermagem, utilização de prontuários eletrônicos, ações de educação permanente em saúde, atuação direta no processo de referência e contrarreferência entre os serviços da Rede de Atenção à Saúde (RAS), além do acompanhamento pós-alta, por meio da comunicação e articulação com profissionais e serviços de saúde 55. Nesse sentido, as práticas das enfermeiras permitem, de alguma forma, concretizar a coordenação na perspectiva do sistema de saúde e a continuidade na experiência dos usuários 55.

Habitualmente, as enfermeiras ou médicos da APS não tinham contato com os profissionais da atenção especializada ou hospitalar, requerendo que os usuários fossem os porta-vozes da conduta terapêutica desenvolvida fora da UBS. Embora pacientes e familiares sejam frequentemente alçados ao posto de único elo comunicacional entre os pontos de atenção na RAS com a missão de facilitar ou produzir alguma continuidade assistencial, tal responsabilidade não vem acompanhada das habilidades ou confiança necessárias. A repetição das histórias clínicas e pessoais aumenta a sensação de insegurança e dificulta a navegação pelo sistema de saúde 56. Frente a este problema, as enfermeiras buscavam algum nível de coordenação do cuidado e lançavam mão de táticas para compor o mosaico de informações necessárias à continuidade assistencial: busca ativa do usuário; reunião de documentos (receitas e resultados de exames) em posse do paciente/familiar; interlocução com a secretaria de saúde e, quando possível, tentativa de contato com o profissional/serviço que atendeu o usuário.

Em caso das enfermeiras que residiam na comunidade rural, havia um envolvimento estreito com as demandas dos usuários e, nesse sentido, realizavam alguma coordenação do cuidado − agendando transporte sanitário, encaminhando documentos para marcação de consultas/exames, interferindo nos fluxos, buscando articular as informações clínicas etc. − por meio do contato direto com os pacientes pelo celular.

Competência cultural residual: saber-fazer biomédico hegemônico em detrimento à diversidade cultural e étnica nos territórios

Em todas as entrevistas, em menor ou maior amplitude, as práticas populares de cuidado, as terapias tradicionais e os praticantes leigos de cura estavam presentes no cotidiano dos territórios dos municípios rurais remotos. Ainda assim, de forma unânime, nenhuma enfermeira estabelecia uma interlocução entre o saber popular e as ações biomédicas das práticas estabelecidas na APS, ainda que reconhecessem a diversidade cultural e étnica que povoava os territórios.

A competência cultural é um importante atributo da APS, por meio da qual a equipe deve reconhecer as diferentes necessidades dos grupos populacionais, suas características étnicas, raciais e culturais, entendendo suas representações dos processos saúde-enfermidade-cuidado. A ausência de competência cultural reforça, especialmente, em territórios com povos e comunidades tradicionais, (ribeirinhos, quilombolas, população indígena etc.), como em municípios rurais remotos, as iniquidades em saúde. Ainda assim, a competência cultural não deve ser tomada como uma ação instrumental da prática cotidiana voltada à intervenção biomédica, mas uma estratégia de compromisso ético-político com o cuidado sensível e intercultural 13.

Outrossim, a interculturalidade manifestou-se em situações pontuais, como um curso para parteiras na Região Norte e o uso pessoal de terapias populares como a garrafada, por enfermeiras, embora não integradas à prática profissional. Em um dos territórios do norte, uma técnica de enfermagem também atuava como parteira reconhecida pela comunidade, ainda que sua atuação não estivesse vinculada às ações da APS. Além disso, no semiárido baiano, uma enfermeira residente na zona rural participava da pastoral católica e do movimento dos trabalhadores rurais, fortemente influenciada pela trajetória militante de sua mãe em movimentos populares no território.

A excepcionalidade nas práticas interculturais das enfermeiras, em municípios rurais remotos, restrita ao uso pessoal/familiar, reforça a hegemonia do saber biomédico e a proeminência de ações individuais e coletivas na APS sem interlocução com os saberes e fazeres comunitários. Entretanto, trata-se de um obstáculo que extrapola as escolhas individuais dos profissionais, pois estão presentes, até mesmo, na formulação de políticas de saúde que reproduzem o caráter etnocêntrico com inúmeras contradições e negligências que não contemplam, de fato, o intercâmbio e a articulação com o saber tradicional e outras cosmovisões acerca dos processos de saúde-doença-cuidado-morte 57. A interculturalidade, por outro lado, é um importante enfoque ético-político para a construção de práticas integrais na APS 58, sendo, cada vez mais, parte das políticas sanitárias de países latino-americanos, embora com distintos níveis de implementação 59.

Ademais, as enfermeiras, junto às equipes, organizavam agendas, ações e intervenções considerando adversidades como dificuldades de trafegabilidade, escassez de transporte à UBS, condições climáticas e os fluxos cotidianos da população. Ainda que de forma pontual, essas práticas demonstravam certa competência cultural e evidenciavam a importância da APS territorializada. Assim, mesmo diante de limitações, as enfermeiras nos municípios rurais remotos buscavam contornar obstáculos e desenvolver práticas sensíveis às demandas das pessoas e das comunidades.

Considerações finais

A análise da atuação e do compartilhamento das práticas das enfermeiras na municípios rurais remotos brasileira revela seu protagonismo na gestão das UBS e equipes de APS, especialmente nas atividades que viabilizam ações gerenciais, assistenciais e comunitárias. Simultaneamente, trabalham de modo estratégico na coordenação do cuidado e na comunicação entre os pontos de atenção e os usuários, em contextos marcados pela rotatividade médica e por barreiras geográficas significativas de acesso à RAS.

O predomínio de processos de trabalho compartimentalizados, ancorados no modelo assistencial queixa-conduta, com frágil atuação interprofissional e limitada competência cultural, constitui um desafio à produção do cuidado na APS, devendo ser analisada à luz da dinâmica das equipes. Por fim, considerando o protagonismo das enfermeiras, especialmente nas EqSF em municípios rurais remotos, defende-se que sua valorização ocorra não apenas por meio de formação e remuneração condizentes, com garantia do piso nacional, mas também mediante políticas sensíveis a arranjos que ampliem sua inserção em contextos específicos.

Como limitação do estudo, destaca-se o fato de que os dados foram produzidos exclusivamente a partir de entrevistas com enfermeiras, restringindo o contraste com a experiência e a percepção de outros sujeitos sociais.

Agradecimentos

Ao Ministério da Saúde e à Fundação Oswaldo Cruz pelo financiamento do estudo. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio à A. M. Santos, por meio da bolsa de Pós-doutorado Sênior (PDS); pelo apoio à L. Giovanella e à P. F. Almeida, por meio da bolsa de Produtividade em Pesquisa.

Referências

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Editado por

  • Editora Associada
    Coordenadora da avaliação: Lenaura Lobato (0000-0002-2646-9523)

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Out 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    14 Nov 2024
  • Revisado
    06 Jun 2025
  • Aceito
    11 Jun 2025
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