| Corriqueiramente a UBS era o primeiro ponto de contato da população na rede de atenção |
“Ele [usuário] primeiro costuma vir direto à unidade ou, às vezes, ele fala com o ACS” (Bonito de Minas, Minas Gerais, Norte Minas) |
| “Ele [usuário] vem primeiro aqui. Podem tá passando mal, até pra parir; eles passam primeiro aqui, pra eu dizer que tem que ir pra lá [hospital]. (...) Até pra ir ao [serviço] particular, eles passam aqui pra dizer que vão ao particular” (Ipupiara, Bahia, Semiárido) |
| “Sempre a UBS [é o primeiro ponto de contato], porque é mais perto e devido a carência da população” (Vitória do Jari, Amapá, Norte Águas) |
| UBS funcionavam em horário comercial com poucas variações |
“A gente inicia às 8 horas, o atendimento, fecha meio-dia, retorna às 14 horas e fecha às 17h. (...) De segunda a sexta e, às vezes, o dentista atende no sábado, na parte da manhã” (Ipupiara, Bahia, Semiárido) |
| “De segunda-feira à sexta-feira, das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30” (Vitória do Jari, Amapá, Norte Águas) |
| “[o funcionamento da UBS] é das 7 às 11h e das 13 às 17h” (Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso, Vetor Centro-Oeste) |
| “Das 8h às 17h, de segunda à sexta, tem o intervalo do almoço e volta” (Júlio Borges, Piauí, Matopiba) |
| “O nosso horário é das 7h30min até 11h30min e, à tarde, funciona das 13h30min até 17h30min” (Jacareacanga, Pará, Norte Estradas) |
| “Segunda à sexta, de 7h às 11h e de 13h às 17h, isso para o técnico e demais funcionários. O médico faz horário corrido” (Rubelita, Minas Gerais, Norte Minas) |
| Organização dos fluxos administrativos e assistenciais, bem como das práticas na comunidade, centrados nos enfermeiros |
“Nesse momento não está tendo [atividade educativa], como estou sozinha na unidade, tenho que suprir com toda a demanda e é muita coisa só para um enfermeiro” (Jacareacanga, Pará, Norte Águas) |
| “Hoje, sou enfermeira da unidade e gestora da unidade. Coordenadora e enfermeira, então, a gente está em duas funções em uma. Que deveria ser só o horário comercial, [mas] trabalho em tempo integral. Não vou dizer que concordo, mas me acostumei” (Morpará, Bahia, Semiárido) |
| “Eu que levo, que encaminho [as solicitações]. O médico faz, às vezes. Ele até me chama na sala e fala: ‘oh, pra esse atendimento aqui, tenho uma maior necessidade’. Aí, ele pede pra escrever ‘urgente’, ligo para o pessoal que faz essa marcação e aviso que o médico pediu para ser o mais rápido possível (...). Fica tudo comigo, coloco em um envelope e o motorista leva. Eu ainda ligo e oriento direitinho o que é que tem que ser feito” (Rubelita, Minas Gerais, Norte Minas) |
| Agenda era organizada, predominantemente, por ações programáticas por ciclo de vida ou condição de saúde |
“A gente trabalha com cronograma semanal: segunda é criança, então é só pra criança; quarta é só gestante, mas nada disso atrapalha de a gente atender a demanda espontânea. A gente segue o cronograma, mas junto a demanda espontânea; um dia pra teste rápido” (Vitória do Jari, Amapá, Norte Águas) |
| “Dia de quarta, é gestante; dia de quinta; é o dia do hipertenso e aqueles que usam medicamento controlado, saúde mental e aqueles que só precisam e fazem acompanhamento e que vai usar medicação por 6 meses, que só tem que fazer a troca de receita, aí, eles vêm na quinta, a gente faz a troca da receita. Na segunda e na sexta, é demanda [livre]. Na quinta-feira à tarde, é feito teste rápido, mas se tiver alguma emergência, a gente faz também” (Nova Lacerda, Mato Grosso, Vetor Centro-Oeste) |
| “A gente tem um cronograma, segunda de manhã, por exemplo, faz pré-natal, e o médico faz consulta agendada e consulta normal. Segunda à tarde, a gente faz também consulta, aí, vai indo; terça, visita, eu vou com ACS; à tarde, tem o dia dos idosos; aí, na quarta-feira pela manhã, a gente faz o hiperdia; na quinta de manhã, eu faço prevenção e ele tá fazendo consulta normal; aí, na quinta à tarde, ou é atendimento domiciliar ou pré-natal, e, na sexta, a gente vai se virando” (Júlio Borges, Piauí, Matopiba) |
| Equipes com menor flexibilidade na organização da oferta de serviços e focadas em ações programáticas |
“Na segunda, é teste do pezinho; na terça, é inscrição pré-natal; na quarta, é seguimento; na quinta, é preventivo; e na sexta, é demanda espontânea” (Jacareacanga, Pará, Norte Estradas) |
| Equipes cujo atendimento, via demanda espontânea, era o padrão prevalente ou mesmo a única forma de oferta de serviços |
“[a organização da agenda] é por demanda espontânea, a gente não está conseguindo trabalhar, ainda, com agendamento. A gente atende a todo mundo que chega” (Tabaporã, Mato Grosso, Vetor Centro-Oeste) |
| “...as fichas de dente são distribuídas pelos ACS, as consultas programadas pelos ACS, mas a gente ainda tem 80% da população que vem de demanda espontânea pra UBS” (Indaiabira, Minas Gerais, Norte Minas) |
| “É mais espontânea! Eu acho que é mais espontânea. Porque quando a gente está tentando organizar a agenda, aí, tem uma mudança, por exemplo, um médico. Deu aquele problema dos cubanos do Programa Mais Médicos. Quando eram os Médicos brasileiros, passavam só uma semana aqui e iam embora, os que têm CRM, iam embora. Aí a gente ficava sem Médico. Então, não tem como fazer uma agenda” (Boa Vista de Ramos, Amazonas, Norte Águas) |
| Equipes com atendimento balanceado entre demanda espontânea e organizada |
“Quando é [demanda espontânea] da zona rural, sempre olho com um carinho diferente; agora, quando é uma pessoa que mora perto do posto, aí, converso e peço para voltar no dia certo mesmo” (Assis Brasil, Acre, Norte Estradas) |
| “Temos agenda [organizada] da médica, enfermeira e dentista; aí, a gente acolhe, se a gente tiver vaga, encaixa no mesmo dia, se não marca pra amanhã (...). Hoje, por exemplo, a doutora deve ter atendido quase 40 pessoas, por que assim, a gente atende pra não fazer voltar, tenta resolver o problema naquele momento que a pessoa chegou. (...) e se tiver muito cheio no dia, aí, ela agenda pro outro dia, mas se tiver vaga no mesmo dia, é atendido, no mesmo dia” (Ipupiara, Bahia, Semiárido) |
| Equipes sensíveis às peculiaridades de populações da zona rural, particularmente as que residiam em territórios mais longínquos ou com maior dificuldade de transporte |
“Então, a zona rural, eles [usuários] têm muita dificuldade de transporte pra vir pra cá [zona urbana]. Então, não é todo dia que acham transporte pra vir pra cá. O dia que tem transporte é o dia da feira, que é segunda-feira, aí, a segunda-feira já é a demanda pra zona rural; pro da sede, a gente pode marcar pra manhã ou dependendo pro turno da tarde” (Ipupiara, Bahia, Semiárido) |
| “Das comunidades, por exemplo, São José, Mamãe Anã, Boca do Limão, Porto Rico e os garimpos. Não é nosso, mas a gente não deixa de atender, porque não podemos negar atendimento. (...). Eles vêm da beira do rio” (Jacareacanga, Pará, Norte Estradas) |
| Atendimento era itinerante, com visitas esporádicas da equipe a diferentes comunidades e atendimento em locais adaptados |
“Viajamos de segunda à quinta-feira, temos um cronograma [cada dia a equipe vai em uma comunidade]. A gente marca, (...) pra atender hipertenso, diabético, vacina e visita domiciliar. Então, em um dia a gente faz tudo isso. O médico também, ele vai, tem os dias do médico ir, no caso desse mês, como estamos trabalhando na prevenção do câncer de mama, colo de útero, então eu fiz aqui pra atender todas as minhas comunidades pra fazer o Papanicolau” (Bonito de Minas, Minas Gerais, Norte Minas) |
| “A minha saída geralmente é na terça-feira de Vitória do Jari [sede]. Minha primeira parada é comunidade Paga Dívida, tem umas 7 casas e um posto de saúde, aí, eu faço atendimento, procuro levar a vacina e passo adiante. Já subo [pelo rio], venho fazendo Marajó, mesmo procedimento, distribuo a medicação, faço atendimento, levo atendimento odontológico [apenas extração dentária] e a vacina. Por fim, chegamos aqui na UBS de Jarulândia, onde temos um atendimento maior” (Vitória do Jari, Amapá, Norte Águas) |
| Demanda era organizada pelos ACS ou, na ausência desses, por algum líder comunitário |
“...suponha-se que em um ano, nós passamos duas vezes em cada comunidade, depende muito da demanda. Por exemplo, se o responsável [líder comunitário] pela comunidade achar que está precisando, eles entram em contato com a secretaria; a secretaria faz uma análise e se for para ir, nós vamos” (Jacareacanga, Pará, Norte Estradas) |
| “...através do ACS, eles vêm, trazem o caso e a gente vai lá [na comunidade] fazer as ações; tudo é através do ACS” (Rurópolis, Pará, Norte Estradas) |
| Áreas descobertas influenciavam negativamente na oferta de uma agenda programática |
“A gente atua fazendo mutirão. Somente nos programas específicos dos hipertensos, diabéticos, grávidas e nas crianças. Não é com muita frequência. Como a área de abrangência é muito grande e eu tenho duas microáreas descobertas. Faço uma vez no mês, é o que tenho feito. (...) Então, uma vez no mês, vamos [a equipe] visitar aquela área” (Maués, Amazonas, Norte Águas) |
| Ciclo das águas determina o fluxo dos usuários nas UBS |
“...no inverno, nós atendemos ribeirinhos e, no verão, o pessoal das estradas” (Enfermeiro 1, Assis Brasil, Acre, Norte Estradas) |
| “No verão, demoram [usuários] umas quatro horas de viagem [até a UBS] e no inverno é mais rápido. Eles vêm de voadeira” (Jacareacanga, Pará, Norte Águas) |
| “Nesse período, agora, está melhorando de transição dos usuários. No inverno é o problema, dá para vir pela estrada, ônibus, carro e moto, mas quando o rio está cheio o acesse é feito pelo rio, depois de secar o rio é só por estrada; o usuário vai ter que fazer um novo caminho para chegar aqui [na UBS] de novo, então, querendo ou não, fica complicado de acessar por causa das chuvas” (Curuá, Pará, Norte Águas) |
| Sobressaiu-se a articulação das enfermeiras na busca por contornar as adversidades, reestabelecer fluxos para os usuários e minimizar ao máximo a desassistência |
“...já teve caso de deixarmos o carro na estrada e ir andando até a casa da paciente. Às vezes, a gente tem que ir buscar grávida que está com dor para parir na vicinal; já fui de moto, às vezes, a gente vai fazer vacinação de moto que é mais fácil de chegar nas comunidades, mas a gente consegue chegar” (Rurópolis, Pará, Norte Estradas) |
| “Às vezes, quando está sem médico, teve uns três meses sem médico no município, a gente atendia com a consulta de enfermagem. Os casos mais graves, a gente encaminhava para o hospital, que é o único lugar que não fica sem médico. (...) essa rotatividade afeta o trabalho da enfermagem, porque sobrecarrega o profissional. A gente fica tipo, fazendo trabalho em dobro” (Boa Vista de Ramos, Amazonas, Norte Águas) |
| Havia enfermeiras que residiam na zona rural e ficam à disposição para atender/encaminhar as intercorrências |
“...moro bem aqui, na outra esquina [próximo à UBS rural], então, quando elas [técnicas de plantão] não dão conta de resolver aquele caso mais complexo, chama a gente [à noite]. (...). Como te falei, todo mundo conhece todo mundo, às vezes, a pessoa nem vem no posto, ela vai na minha casa: ‘Enfermeira, vamos lá, fulano está assim, assim, assim!’. A gente tem o coração mole e tem que ir, acabo vindo, às vezes, 3 horas da manhã” (Rurópolis, Pará, Norte Estradas) |
| “Eu fico aqui, mas eles me dão todos os subsídios para que eu esteja morando aqui na zona rural - local, almoço, isso é por conta da secretaria” (Morpará, Bahia, Semiárido) |