Resumo:
O estudo teve como objetivo verificar a associação entre o hábito de comprar produtos alimentícios anunciados na televisão e o consumo de determinados alimentos, em uma amostra transversal de alunos do quarto ano do Ensino Fundamental na rede municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Foram analisados dados antropométricos, o hábito de comprar alimentos e bebidas anunciados na televisão e o consumo de alimentos específicos (dois recordatórios alimentares de 24 horas). Foram construídos modelos de regressão logística ajustados para sexo, idade, calorias na dieta, estado nutricional e privação social da região de residência. O estudo avaliou 797 crianças, com média de idade de 9,81 (0,59) anos, 50,7% das quais do sexo feminino e 32,4% com sobrepeso. A prevalência do hábito de comprar alimentos anunciados na televisão foi de 43,1%. Entre estas crianças, 99,3% relatavam alimentos ultraprocessados de acordo com a classificação proposta por Monteiro et al. (2016), com destaque para as bebidas lácteas (12,1%), biscoitos industrializados (11,5%) e doces (9,5%). O hábito de comprar produtos alimentícios anunciados na TV aumentava o consumo de alimentos ultraprocessados (OR = 1,92; IC95%: 1,06-3,46). Não houve associação entre esse hábito e o consumo de alimentos minimamente processados ou processados (p < 0,05). Os achados podem contribuir para o debate sobre políticas regulatórias para a propaganda de produtos alimentícios, além de assistir no desenvolvimento de intervenções nutricionais efetivas entre escolares, o que deve envolver ações educacionais integradas, com a participação das crianças e seus pais.
Palavras-chave:
Consumo de Alimentos; Publicidade de Alimentos; Criança; Televisão