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"Atolado na lama": ecoidioma de sofrimento com doenças respiratórias infantis em um manguezal urbano do Nordeste do Brasil

Situado no neodemocrático globalizado Nordeste do Brasil, este estudo antropológico analisa o papel do contexto ecológico no enquadramento de experimentar e expressar a miséria humana. Entrevistas etnográficas, narrativas e "análise semântica contextualizada" revelam a experiência vivida por 22 residentes de manguezais urbanos com doenças respiratórias infantis. Informantes falam em uma "eco-linguagem de desconforto respiratório", baseada em uma "eco-lógica" popular, refletindo a dura realidade de "viver na umidade, no mangue". Residentes de áreas elevadas legitimam seus sentimentos de superioridade, estigmatizando residentes da "Baixada" como tabu, doentes (cisticercose suína, gripe suína etc.) como "porcos imundos, atolados na lama". Animalizando as identidades de seus habitantes, depreciando-os a não-pessoas. Além de infecções, as crianças sofrem barreiras sociais, ostracismo, estigma e falta de acesso aos cuidados. Promover um "ambiente favorável" requer a redução do risco ecológico, contestando preconceito classista e restaurando a dignidade humana.

Antropologia Médica; Doenças Respiratórias; Ecologia


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