Resumos
O objetivo deste estudo foi analisar a cobertura de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil e Unidades da Federação (UF), utilizando dados secundários do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN), comparar com o indicador de razão de exames na população feminina, utilizado classicamente como proxy da cobertura e estimar a cobertura possível, caso as diretrizes nacionais preconizadas pelo Ministério da Saúde fossem seguidas adequadamente pelos profissionais de saúde. Foram selecionados exames citopatológicos realizados entre 2021 e 2023, em mulheres até 64 anos de idade, registrados no SISCAN e no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Indicadores de cobertura e razão foram calculados por UF de residência. Estimou-se a cobertura possível de rastreamento somando todos os exames realizados no período em mulheres até 64 anos e dividindo-se pela população-alvo (25 a 64 anos). A cobertura de rastreamento estimada para o Brasil foi de 35,6%, inferior aos valores do indicador de razão (47,4 e 47,8 por 100 mulheres pelo SISCAN e SIA/SUS, respectivamente). Verificou-se que ao direcionar os exames realizados para faixa etária e periodicidade adequadas, a cobertura poderia atingir 53,9% no Brasil e superar 70% no Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina. Concluiu-se que o indicador de razão superestima a cobertura em aproximadamente 35% e que as coberturas de rastreamento estão muito abaixo dos 70% preconizados pela Organização Mundial da Saúde. Entretanto, a sensibilização dos profissionais quanto às diretrizes do Ministério da Saúde podem modificar esse cenário, otimizando recursos e gerando impacto na incidência e mortalidade por câncer do colo do útero.
Palavras-chave:
Neoplasias do Colo do Útero; Programas de Rastreamento; Políticas, Planejamento e Administração em Saúde