Resumo
A guia-interpretação para pessoas surdocegas corresponde a uma especialização do trabalho do Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais (TILS). O objetivo deste estudo é apresentar considerações fundamentais sobre a guia-interpretação para a Língua Brasileira de Sinais Tátil (Libras Tátil) em contexto de conferências, mais especificamente no que se refere às adaptações e ao léxico específico para interpretação da entonação expressiva dos enunciados, considerando os efeitos de modalidade de língua e condições de produção e recepção. Para tanto, foram analisados três registros em vídeo de guia-interpretação em conferências e diário de campo no trabalho em equipe em outras conferências. Observamos o uso de diferentes unidades lexicais assumindo a função de entonação expressiva para sentenças afirmativas e negativas, substituindo morfemas produzidos pelo parâmetro marcação não manual (expressões faciais e corporais) ou pelo parâmetro movimento. Consideramos que, na atividade de interpretação para a Libras Tátil, um item lexical simples pode vir a assumir diferentes funções gramaticais. Aparentemente sobressalente ou redundante, ele se apresenta como termo que se desloca para ser empregado como elemento de entonação expressiva. Por isso, a atuação em conferências demanda do profissional guia-intérprete, além de competências de descrição e tradução, competência linguística específica.
Palavras-chave
Guia-interpretação; Entonação expressiva; Libras tátil; Conferências